A devoção a Jesus como Salvador é um conceito amplamente aceito no cristianismo.

No entanto, a submissão a Cristo como Redentor e Senhor nem sempre recebe a mesma aceitação.

Muitos buscam a salvação, mas resistem à transformação necessária para viver em plena submissão a Cristo.

Nunca faltou devoção a Jesus como Salvador, mas faltou submissão a Cristo como Redentor.

Independentemente das nuances teológicas, todas as tradições cristãs concordam que a salvação envolve não apenas a libertação do pecado, mas também a conformidade à vontade divina.

Por isso, quando Jesus é apresentado pelo poder do Espírito Santo, Ele é:
“Tu és o Cristo, o Filho”.
“É nascido o Salvador, que é Cristo o Senhor.”

Então, não temos dificuldade em buscar salvação em Jesus, mas o que muitas vezes não entendemos é que a salvação está em se submeter à personalidade do ser Cristo.

Neste Refrigério Teológico, exploraremos a importância da submissão a Cristo como essencial para a verdadeira redenção e para a vivência do Corpo de Cristo.

Olá, graça e paz, aqui é o seu irmão em Cristo, Pr. Francisco Miranda do Teologia24horas, que essa “paz que excede todo entendimento, que é Cristo Jesus, seja o árbitro em nosso coração, nesse dia que se chama hoje…” (Fl 4:7; Cl 3:15).

O significado de ser submisso a Cristo

A palavra “submissão” vem do latim submissio, que significa “ato de submeter-se”. No grego do Novo Testamento, a palavra correspondente é hupotassō (ὑποτάσσω), que transmite a ideia de alinhar-se sob uma autoridade maior.

Mas o que significa, na prática, ser submisso a Cristo?

Ser submisso a Cristo é viver em favor da necessidade do outro, a necessidade só é carente quando é a minha, quando é a do outro, é propósito.

Se sou um ser bem resolvido, compreenderei que tudo o que carrego é para suprir a necessidade do outro e não para atender às minhas próprias carências.

Todos nascemos com necessidades e virtudes:

Minha necessidade é suprida pela virtude do outro.
Minha virtude tem significado na necessidade do outro.

Quando Pedro confessou “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16:16), ele não apenas reconheceu a divindade de Jesus, mas também submeteu-se à sua soberania.

Essa submissão é reiterada em Filipenses 2:10-11, onde Paulo declara:

“Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.”

A verdadeira submissão envolve não apenas reconhecimento, mas também obediência e reverência ao senhorio de Cristo.

A diferença entre Devoção e Submissão

Muitos cristãos demonstram devoção a Jesus, mas poucos se rendem totalmente a Cristo.

A devoção pode se manifestar em práticas religiosas, cânticos e pregações fervorosas, mas submissão significa transformar essa devoção em obediência prática.

“E sede cumpridores da Palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.” (Tiago 1:22)

Jesus não veio apenas para salvar, mas também para nos conduzir a uma nova vida, moldada por sua própria natureza. Quem deseja a salvação deve aceitar a transformação que vem através da submissão a Cristo.

O Corpo de Cristo e a Submissão

A submissão a Cristo leva à unidade do Corpo de Cristo.

“Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor.” (Efésios 4:15-16)

Muitos veem a igreja apenas como um local de suprimento de necessidades pessoais, mas o propósito do Corpo de Cristo é a edificação mútua.

Cristo não veio para suprir todas as nossas carências, mas para nos moldar à sua imagem. Esse processo acontece na prática por meio do desenvolvimento do caráter cristão.

Por exemplo:

Alguém ansioso aprende a confiar em Deus por meio da oração.
Aqueles que eram impacientes desenvolvem longanimidade.
Os que eram dominados pelo ódio, passam a amar com sinceridade.

A verdadeira submissão nos ensina a buscar primeiro o Reino de Deus:

“Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6:33)

Cristo: O Redentor e Senhor

O significado da Redenção em Cristo

No hebraico, Redentor (Goel, גּוֹאֵל) significa “aquele que resgata”.

Cristo é aquele que nos redimiu do pecado pelo seu próprio sangue:

“Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça.” (Efésios 1:7)

A redenção em Cristo não apenas nos livra da condenação do pecado, mas também nos insere em um novo propósito.

Como viver em submissão a Cristo

Negar a si mesmo

A submissão a Cristo exige que neguemos a nós mesmos e carreguemos a nossa cruz diariamente.

Jesus disse:

“E dizia a todos: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” (Lucas 9:23)

Isso significa abandonar nossa própria vontade para viver segundo os princípios do Reino de Deus.

Servir ao próximo

A verdadeira submissão se manifesta em serviço ao próximo.

“Se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros.” (João 13:14-15)

Jesus lavou os pés dos discípulos para nos ensinar que liderança no Reino é serviço (João 13:14-15).

Viver pelo Espírito

A submissão a Cristo requer que andemos pelo Espírito e não pela carne.

Gálatas 5:16 ensina:

“Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.”

O Espírito Santo nos capacita a viver uma vida que agrada a Deus, moldada pela obediência a Cristo.

Discernir necessidade e carência

Jesus satisfazia necessidades, mas não supria carências.

Quando os fariseus pediam sinais para satisfazer inseguranças, Jesus não cedia (Mateus 12:38-39).

Porém, Ele sempre atendia os necessitados de forma autêntica, como no caso do cego Bartimeu (Marcos 10:46-52).

Conclusão

A submissão não é um fardo, mas o caminho para a verdadeira liberdade.

Ser salvo não é apenas escapar do inferno, mas ser transformado para viver segundo a vontade de Deus.

Ao longo da história, muitos cristãos encontraram essa liberdade ao renderem suas vidas ao senhorio de Cristo.

Dietrich Bonhoeffer, teólogo que resistiu ao nazismo, encontrou força na fé para enfrentar a perseguição.
John Newton, ex-traficante de escravos, submeteu-se a Cristo e compôs o hino “Amazing Grace”.

Esses exemplos mostram que a verdadeira liberdade vem quando nos submetemos plenamente a Cristo.

Que possamos aprender com o exemplo de Cristo, vivendo para servir e edificar o Corpo de Cristo, reconhecendo que nossa verdadeira satisfação está em cumprir o propósito divino.

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