Sete Palavras que criaram o mundo e sustentam todo o universo

No princípio — antes do tempo contar sua primeira fração, antes do espaço ser medido, antes da matéria existir — Deus falou.
Ele não moldou o universo com ferramentas forjadas por mãos, nem arquitetou os céus com estruturas materiais.
Seu instrumento foi a Palavra.
E não se tratava de qualquer discurso, mas de sete palavras eternas, carregadas de poder criativo, perfeição estrutural e propósito eterno.
O primeiro versículo da Bíblia, Gênesis 1:1, expressa esse ato inaugural da criação com uma sentença hebraica composta por exatamente sete palavras e vinte e oito letras:
בְּרֵאשִׁית בָּרָא אֱלֹהִים אֵת הַשָּׁמַיִם וְאֵת הָאָרֶץ
Bereshit bará Elohim et hashamayim ve’et ha’aretz
“No princípio, criou Deus os céus e a terra.”
Essa composição não é resultado de estilo literário acidental, mas sim uma construção divina, precisa e carregada de significado espiritual.
A quantidade de palavras e letras reflete, com precisão matemática, uma teologia da totalidade:
- Sete, número da plenitude, do descanso e da aliança.
- Vinte e oito, múltiplo de sete por quatro, unindo o divino (7) ao mundo criado (4 – os quatro cantos da terra, os quatro rios do Éden, os quatro ventos, as quatro bestas de Daniel).
Essas sete palavras não apenas introduzem a narrativa da criação — elas inauguram a revelação de Deus ao homem.
O que temos aqui é mais do que um relato histórico: é o alicerce de toda a Escritura, o DNA da teologia bíblica e a primeira revelação do Logos eterno, que viria a se encarnar (João 1:1–3, 14).
Cada uma dessas sete palavras possui peso teológico, profundidade simbólica e ecos escatológicos.
Como pedras fundacionais, elas sustentam o edifício da fé cristã.
E não por acaso, ao longo de toda a Bíblia, o padrão de sete reaparece: sete dias da criação, sete festas de Israel, sete espíritos diante do trono, sete trombetas do Apocalipse e as sete últimas palavras de Cristo na cruz.
Neste Refrigério Teológico, somos convidados a mergulhar nas águas profundas do Gênesis, onde cada palavra hebraica carrega um universo de revelações.
Exploraremos como essas sete palavras falam não apenas da criação do cosmos, mas da arquitetura do Reino de Deus, da redenção futura e da sustentação presente de todas as coisas — “pela Palavra do seu poder” (Hebreus 1:3).
Nosso objetivo é mais do que acadêmico: é espiritual.
Que ao contemplarmos o peso dessas palavras iniciais, sejamos despertados para o fato de que Deus ainda fala, e com as mesmas sete palavras que criaram o mundo, Ele continua recriando vidas, restaurando corações e sustentando o universo.
Olá, graça e paz, aqui é o seu irmão em Cristo, Pr. Francisco Miranda do Teologia24horas, que essa “paz que excede todo entendimento, que é Cristo Jesus, seja o árbitro em nosso coração, nesse dia que se chama hoje…” (Fl 4:7; Cl 3:15).
Sete Palavras: O alicerce teológico da revelação bíblica
As primeiras sete palavras da Bíblia não são apenas uma introdução narrativa — são uma declaração teológica, uma fundação doutrinária, e um esboço completo do Reino de Deus em embrião.
Não é exagero dizer que Gênesis 1:1 condensa toda a teologia bíblica em forma seminal: Deus, o tempo, a criação, o propósito, a aliança e o destino da humanidade.
No original hebraico, o versículo contém exatamente sete palavras, formando uma estrutura perfeita e reveladora, cada palavra é uma coluna desse templo revelacional.
Abaixo, aprofundamos teologicamente cada uma delas:
1. בְּרֵאשִׁית (Bereshit – “No princípio”)
Aqui temos o início do tempo, o marco inaugural da história linear. “Bereshit” é mais do que uma referência cronológica — é um ponto de origem intencional, um princípio com propósito.
A raiz da palavra רֵאשִׁית (reshit) está relacionada à ideia de primícia, ou seja, aquilo que vem primeiro com excelência, o que é consagrado a Deus (cf. Provérbios 3:9).
João faz eco dessa palavra em João 1:1 — “No princípio era o Verbo…” — mostrando que Cristo é o princípio não apenas cronológico, mas ontológico. Ele é o início de tudo, antes que houvesse qualquer coisa criada (Colossenses 1:17).
2. בָּרָא (Bará – “Criou”)
Este verbo é utilizado exclusivamente para a ação criadora de Deus.
Não há outro sujeito na Bíblia que execute o verbo bará. Diferente de assá (fazer) ou yatsar (formar), bará aponta para a criação ex nihilo – do nada.
Em Romanos 4:17, Paulo declara que Deus “chama à existência as coisas que não existem”, ecoando exatamente essa verdade.
Essa palavra revela que o mundo não é fruto do acaso, mas de um decreto soberano.
O universo veio à existência pela autoridade da Palavra de Deus (cf. Hebreus 11:3).
3. אֱלֹהִים (Elohim – “Deus”)
É um substantivo plural com verbo no singular (bará). Essa gramática única sugere, desde o início, a pluralidade na unidade divina.
Embora o texto hebraico seja estritamente monoteísta, ele insinua o mistério trinitário — um só Deus em mais de uma pessoa.
Essa complexidade é revelada progressivamente: o Pai Criador, o Espírito pairando sobre as águas (v.2), e o Verbo criador (João 1:1-3).
Elohim aparece mais de 2.500 vezes no Antigo Testamento como o nome geral de Deus — o Todo-Poderoso, o transcendente, o absoluto.
4. אֵת (Et)
Essa pequena palavra não tem tradução direta — ela serve como marcador gramatical do objeto direto. Contudo, seu conteúdo simbólico é vasto.
Composta pelas letras א (Aleph) e ת (Tav) — a primeira e a última do alfabeto hebraico — ela se torna, para muitos estudiosos messiânicos, um símbolo de Cristo.
Em Apocalipse 22:13, Jesus declara: “Eu sou o Alfa e o Ômega” — a mesma estrutura, agora no alfabeto grego.
Assim, et torna-se um sinal oculto do Logos no próprio versículo da criação.
É como se o Espírito inspirasse Moisés a deixar um vestígio do Verbo invisível: o Alfa e o Ômega estavam presentes desde o princípio.
5. הַשָּׁמַיִם (Hashamayim – “os céus”)
Palavra dual no hebraico — não apenas plural. Indica dupla realidade dos céus: o físico e o espiritual. O céu visível (firmamento, estrelas, atmosfera) e o céu invisível (morada espiritual de Deus e dos seres celestiais).
Efésios 1:3 diz que fomos abençoados com bênçãos espirituais “nas regiões celestiais” — isso aponta para uma realidade já existente no mundo invisível.
Em outras palavras, os céus foram criados para abrigar tanto o trono divino quanto os propósitos eternos que seriam revelados aos homens.
6. וְאֵת (Ve’et – “e o”)
Esta conjunção de ligação liga os dois objetos criados — céus e terra. Mas teologicamente, ela revela a unidade da criação.
Céus e terra não são mundos separados, mas esferas interligadas por um único ato criativo.
Essa conexão se rompeu com o pecado, mas será restaurada por Cristo: “Pois aprouve a Deus […] tornar a reunir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra” (Efésios 1:9-10).
O “ve’et” é uma ponte: da eternidade ao tempo, do invisível ao visível, do trono ao altar.
7. הָאָרֶץ (Ha’aretz – “a terra”)
A terra é mais que solo — é o palco do drama da redenção.
Aqui estará o Éden, onde o homem cairá. Aqui será o Calvário, onde Cristo se entregará.
E aqui será a Nova Jerusalém, onde a glória de Deus habitará entre os homens (Ap 21:1-3).
A terra, por sua vez, foi “dada aos filhos dos homens” (Salmo 115:16) e, ao mesmo tempo, “geme” aguardando a redenção (Romanos 8:22).
Isso mostra que o plano de Deus não é apenas espiritual, mas também cósmico.
Uma cosmovisão completa em Sete Palavras
Essas sete palavras não apenas apresentam uma narrativa; elas sintetizam uma cosmovisão completa. Veja o que está contido nelas:
Palavra | Tema Principal | Aplicação Teológica |
---|---|---|
Bereshit | Tempo | Deus é Senhor do tempo e da história |
Bará | Criação | Deus cria do nada, com soberania e poder |
Elohim | Divindade | Unidade na pluralidade – indício da Trindade |
Et | Objeto direto / símbolo do Verbo | Cristo está oculto desde o princípio |
Hashamayim | Céus | Reino invisível já criado e em operação |
Ve’et | Conexão | Céu e terra estão entrelaçados |
Ha’aretz | Terra | Palco da história redentiva |
Os rabinos sempre consideraram Gênesis 1:1 um versículo carregado de códigos.
Os místicos judeus viam nas suas sete palavras um mistério da criação.
Os pais da Igreja, como Justino e Irineu, enxergaram nelas uma antecipação do Verbo encarnado.
Não é à toa que as Escrituras começam com sete palavras.
Essa estrutura é como o DNA da revelação, um padrão que se repetirá em Apocalipse — a consumação do que foi iniciado aqui.
Essas sete palavras formam a primeira semente da revelação escrita, e cada uma delas germina ao longo da Bíblia em doutrinas, símbolos e experiências espirituais.
Elas são o fundamento teológico da Bíblia, o início de tudo — não apenas do mundo criado, mas do plano eterno de Deus para os céus e a terra.
E se a Escritura começa com sete palavras, nossa fé deve também se alicerçar nelas.
Pois assim como Deus criou o mundo com sete palavras, Ele está nos recriando pela Palavra viva que habita em nós.
Do caos à luz: As Sete Palavras que rompem a escuridão
A narrativa da criação não é uma simples descrição cronológica de eventos cósmicos.
Ela é teologia em movimento, onde as palavras divinas moldam realidades, dissipam trevas e instalam a ordem.
Entre Gênesis 1:1 e 1:3, ocorre uma poderosa transição: do caos primordial ao surgimento da luz — e essa transição não é acidental, mas recheada de significados espirituais e simbólicos.
Gênesis 1:2 – O vazio antes da voz
Texto Hebraico:
וְהָאָרֶץ הָיְתָה תֹהוּ וָבֹהוּ וְחֹשֶךְ עַל־פְּנֵי תְהוֹם וְרוּחַ אֱלֹהִים מְרַחֶפֶת עַל־פְּנֵי הַמָּיִם
Transliteração:
Vehaaretz hayetah tohu vavohu vechoshech al-penei tehom veruach Elohim merachefet al-penei hamayim
Esse versículo contém 14 palavras e 52 letras hebraicas, o que já carrega significado simbólico profundo:
- 14 = 2 × 7 → Dupla medida de plenitude, mas ainda no campo do potencial não realizado. O número perfeito aparece aqui, mas ainda envolto em caos, como que à espera de um decreto divino.
- 52 letras pode ser lido, segundo algumas tradições rabínicas e messiânicas, como uma referência numérica à palavra hebraica Ben (בֵּן, “Filho”), sugerindo a presença velada do Verbo (Logos) que pairava sobre o caos.
A terra em estado de “Tohu vaVohu”
A expressão hebraica תֹהוּ וָבֹהוּ (tohu va-vohu) significa “sem forma e vazia”. Esse estado não é de inexistência absoluta, mas de desordem e desestrutura.
É o caos pré-formado, o barro ainda não moldado, a tela ainda não pintada. Em termos teológicos, é o estado da criação sem a ordenação da Palavra.
O apóstolo Paulo ecoa essa realidade em 2 Coríntios 4:6, ao declarar:
“Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações…”
Ou seja, a escuridão física do Gênesis se torna metáfora da escuridão espiritual antes da salvação — e o ato divino de falar é o que rompe esse ciclo de vazio.
A profundeza (Tehom) e o Espírito pairando
A palavra תְּהוֹם (tehom) descreve o “abismo”, a vastidão profunda e escura das águas primordiais.
O interessante é que o Espírito de Deus já está presente ali — não passivo, mas “merachefet” (מְרַחֶפֶת), verbo que no hebraico traz a ideia de “pairar, vibrar, incubar”.
É o mesmo verbo usado em Deuteronômio 32:11, para descrever a águia que cobre seus filhotes para protegê-los e aquecê-los:
“Como a águia desperta o seu ninho, paira sobre os seus filhotes…”
Isso sugere que o Espírito de Deus estava incubando a criação, como quem aquece uma semente à beira da germinação.
Tudo está prestes a acontecer. A criação não será parida pela força, mas pela fala. O caos está prenhe da ordem, aguardando as sete palavras.
Gênesis 1:3 – A Palavra que rasga a escuridão
Texto Hebraico:
וַיֹּאמֶר אֱלֹהִים יְהִי אוֹר וַיְהִי אוֹר
Transliteração:
Vayomer Elohim yehi or, vayehi or
Tradução:
“Disse Deus: Haja luz; e houve luz.”
Aqui vemos o primeiro pronunciamento direto de Deus — e não por acaso, mais uma vez, composto por exatamente sete palavras hebraicas.
Essa estrutura repete o padrão de Gênesis 1:1, como se Deus estivesse reafirmando Sua assinatura criativa: a ordem nasce pela fala, e a fala é construída em sete palavras.
- 7 palavras = totalidade, conclusão, perfeição.
- 21 letras (3 × 7) = uma perfeição triplicada. Isso aponta para uma luz não apenas natural, mas também espiritual, moral e revelacional.
Que luz é essa?
Se o sol ainda não fora criado (Gênesis 1:14-16), que luz é essa que resplandece?
A resposta está nas Escrituras:
- Salmo 104:2 – “O Senhor… cobre-se de luz como de um manto.”
- João 1:4-5 – “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.”
- 2 Coríntios 4:6 – “Deus que disse: Das trevas resplandecerá a luz…”
Essa luz é a manifestação da glória de Deus, da Sua presença ativa, do início da ordem moral no cosmos. Não é a luz de um astro, mas a luz do Verbo que se revela.
Em Apocalipse 21:23, vemos que a Nova Jerusalém não precisará de sol, pois “a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada”.
Tabelando a revelação: Palavras, Letras e significados
Versículo | Palavras | Letras | Simbolismo Principal |
---|---|---|---|
Gênesis 1:1 | 7 | 28 | Perfeição divina na criação |
Gênesis 1:2 | 14 | 52 | O caos com potencial ordenado |
Gênesis 1:3 | 7 | 21 | A luz da revelação e da ordem espiritual |
O movimento entre os versículos 1, 2 e 3 de Gênesis apresenta uma narrativa da redenção em miniatura:
- Gênesis 1:1 – A Palavra que inicia tudo.
- A Palavra criadora, invisível, poderosa, estruturante.
- Gênesis 1:2 – O caos, o vazio, a escuridão.
- Estado humano antes da regeneração. Potencial, mas sem direção.
- Gênesis 1:3 – A luz que invade.
- Revelação, salvação, regeneração. A voz de Deus que diz: “Haja luz”.
O padrão bíblico é claro: a ordem vem pela Palavra, e essa Palavra se revela repetidamente em estruturas de sete palavras.
O mesmo Verbo que disse “Haja luz” é o mesmo que hoje diz: “Vinde a mim” (Mateus 11:28) — e onde Sua voz ressoa, o caos cessa, a luz se acende e o Espírito se move.
As sete palavras que abriram os céus e a terra são também as palavras que reconstroem corações, famílias e ministérios.
Por isso, ao enfrentarmos nossos próprios abismos, escuridões e desordens, precisamos apenas ouvir o som eterno das sete palavras de Deus: “Vayomer Elohim: Yehi or, vayehi or” — “Haja luz; e houve luz.”
Sete palavras como padrão para a criação, redenção e restauração
Ao observarmos a revelação bíblica em sua totalidade, torna-se evidente que Deus não age ao acaso.
Há um padrão, uma cadência, uma estrutura divina que organiza os atos de Deus na história.
E, entre todos os números que aparecem nas Escrituras, o número sete se destaca como o símbolo mais recorrente de perfeição, completude e aliança.
Não por coincidência, a Bíblia se inicia com sete palavras em Gênesis 1:1.
Isso não é apenas uma estrutura estilística, mas uma afirmação teológica: tudo o que Deus faz — da criação à redenção — segue um modelo de plenitude estabelecido por Sua própria Palavra.
O número sete como arquétipo da perfeição
O número sete na Bíblia está carregado de significado espiritual.
Em hebraico, o número שֶׁבַע (sheva) está relacionado à raiz verbal שָׁבַע (shavá), que significa “completar, jurar, selar um pacto”.
Daí vem a expressão “fazer um juramento” (literamente, “fazer um sete”) — o que revela que o número não é apenas quantitativo, mas qualitativo, evocando ideias de totalidade, fidelidade e plenitude espiritual.
Sete dias da criação (Gênesis 2:2)
A criação se conclui em sete dias. Seis dias de trabalho e um dia de descanso.
Esse ciclo estabelece o ritmo divino do tempo e se torna a base do sábado (shabat), que também deriva da mesma raiz de “sete”.
“E havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra…” (Gn 2:2)
Aqui, Deus sela o tempo com plenitude.
Sete Festas do Senhor (Levítico 23)
O calendário litúrgico de Israel é estruturado sobre sete festas santas, que apontam para a obra redentora de Cristo:
- Páscoa – Pêssach (פֶּסַח)
- Pães Asmos – Matzot (מַצּוֹת)
- Primícias – Reshit Katzir (רֵאשִׁית קָצִיר)
- Pentecostes – Shavuot (שָׁבוּעוֹת)
- Trombetas – Yom Teruá (יוֹם תְּרוּעָה)
- Dia da Expiação – Yom Kipur (יוֹם כִּפּוּר)
- Tabernáculos – Sucot (סֻכּוֹת)
As quatro primeiras festas ocorrem na primeira metade do ano bíblico (primavera) e estão cumpridas em Cristo:
- Páscoa – Pessach → morte do Cordeiro (João 1:29)
- Pães Asmos – Matzot → santificação pela Palavra (1 Coríntios 5:7-8)
- Primícias – Reshit Katzir → ressurreição como primícias (1 Coríntios 15:20)
- Pentecostes – Shavuot → derramamento do Espírito Santo (Atos 2)
As três últimas festas são proféticas e escatológicas, ligadas à segunda vinda de Cristo e à restauração final de todas as coisas:
- Trombetas – Yom Teruá → arrebatamento e retorno do Rei
- Dia da Expiação – Yom Kipur → julgamento e purificação de Israel
- Tabernáculos – Sucot → reino milenar e habitação de Deus com os homens (Zacarias 14:16-19)
Cada uma dessas festas carrega dimensões escatológicas, elas não são apenas celebrações rituais, mas sinais proféticos do plano de redenção — e todas se completam no Messias.
O número sete revela que a redenção é completa e progressiva no tempo de Deus.
Sete Lâmpadas do Candelabro (Menorá) (Êxodo 25:37)
No Tabernáculo, Deus ordena a construção da menorá com sete lâmpadas — símbolo da iluminação perfeita, da presença do Espírito Santo e da revelação contínua de Deus.
Apocalipse 4:5 associa essas lâmpadas aos sete Espíritos de Deus, como veremos a seguir.
Sete Espíritos de Deus (Isaías 11:2; Apocalipse 1:4)
Isaías 11:2 descreve as sete manifestações do Espírito sobre o Messias:
- Espírito do Senhor
- Espírito de Sabedoria
- Espírito de Entendimento
- Espírito de Conselho
- Espírito de Fortaleza
- Espírito de Conhecimento
- Espírito do Temor do Senhor
João, em Apocalipse, vê os “sete Espíritos que estão diante do trono”, apontando para a plenitude do Espírito Santo, atuando em toda a terra (Ap 5:6).
Sete Trombetas em Jericó (Josué 6)
Na conquista de Jericó, Deus instrui:
- Sete sacerdotes
- Com sete trombetas
- Durante sete dias
- Rodeando a cidade sete vezes no último dia
A vitória sobre Jericó não foi militar, mas litúrgica e profética. O número sete assinala que Deus é quem entrega a vitória quando tudo está completo segundo a Sua palavra.
Sete Palavras na Cruz de Cristo
No Novo Testamento, Jesus encerra sua missão terrena com sete frases ditas na cruz — sete palavras que ecoam as sete de Gênesis 1:1. São elas:
- “Pai, perdoa-lhes…” (Lc 23:34)
- “Hoje estarás comigo…” (Lc 23:43)
- “Mulher, eis aí teu filho…” (Jo 19:26)
- “Deus meu, Deus meu…” (Mt 27:46)
- “Tenho sede.” (Jo 19:28)
- “Está consumado.” (Jo 19:30)
- “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.” (Lc 23:46)
Essas sete palavras não foram apenas declarações — foram atos criativos e redentores. Se as primeiras sete palavras criaram o mundo, essas recriaram a humanidade.
Aplicações práticas
As sete palavras de Deus não foram ditas apenas no início da criação ou na cruz — elas continuam ecoando em cada alma, em cada crise, em cada vazio.
Elas são modelos eternos da ação divina: ordem no caos, direção no deserto, luz na escuridão, redenção no vale da morte.
Volte-se para as sete palavras de Gênesis 1:3 “Disse Deus: Haja luz; e houve luz.”
Mesmo quando tudo parece informe e vazio, o Espírito de Deus paira sobre o abismo da sua alma.
A voz que rompeu as trevas do universo pode dissipar também as trevas da mente, do coração e da história. A luz que criou o cosmos ainda tem o poder de restaurar o seu interior.
Medite nas sete palavras de Gênesis 1:1 “No princípio criou Deus os céus e a terra.”
Você não é fruto do acaso, nem poeira cósmica sem destino. Sua origem está no Deus Criador.
Há um princípio, uma criação, um céu (chamado espiritual) e uma terra (missão prática).
Você foi criado com ordem, chamado com intenção, e posicionado com propósito.
Sente-se condenado, quebrado ou distante de Deus?
Ouça as sete palavras da cruz de Cristo — “Pai, perdoa-lhes…” / “Está consumado.” / “Pai, nas tuas mãos…”
Cada frase proferida por Jesus no Calvário refaz a jornada da humanidade: do pecado ao perdão, da separação à reconciliação, da morte à vida.
Essas sete palavras são uma nova criação: elas refazem o que foi corrompido, renovam o que foi ferido, e recriam o que parecia irreversível.
As sete palavras de Gênesis 1:1 não são apenas poesia sagrada — são a planta da criação, o código-fonte da realidade, o primeiro evangelho da Palavra que organiza tudo.
Em Cristo, o Verbo que se fez carne (Jo 1:14), essas palavras ganham forma humana, expressão salvífica e aplicação redentora.
Se Deus criou todas as coisas com sete palavras, Ele pode recriar a sua história com as mesmas sete palavras.
E se Jesus encerrou sua missão terrena com sete palavras na cruz, Ele pode encerrar seus ciclos de dor com a mesma autoridade.
Cada crise da alma encontra resposta em uma série de sete palavras de Deus.
Cada sombra interior pode ser dissipada pela luz da Palavra Criadora.
Cada história despedaçada pode ser reescrita pelo Verbo Vivo.
- Você precisa de ordem? Volte ao Gênesis da sua fé.
- Você está em trevas? Espere pela palavra que diz: “Haja luz”.
- Você está perdido? Escute a voz da cruz: “Está consumado”.
Em toda a Escritura, cada série de sete palavras aponta para um novo mover restaurador de Deus.
O Deus que falou no princípio ainda fala hoje — e uma única palavra dEle é suficiente para recriar tudo em você.
A Palavra que sustenta todas as coisas
“Sustentando todas as coisas pela Palavra do seu poder…” (Hebreus 1:3)
A criação não foi apenas iniciada pela Palavra — ela é continuamente mantida, sustentada e governada por essa mesma Palavra.
O Verbo não apenas falou, Ele continua falando, e sua voz mantém o universo coeso, funcional e em movimento.
As sete palavras de Gênesis 1:1 não foram apenas o “start” da existência.
Elas são o alicerce invisível sobre o qual tudo repousa — do giro das galáxias à estrutura moral da consciência humana.
Cristo, o Verbo Eterno, é aquele que, segundo Hebreus 1:3, sustenta todas as coisas pela Palavra do seu poder — e não pelo poder da Sua palavra, mas pela palavra que carrega o Seu poder.
Se o universo inteiro repousa sobre sete palavras…
Quanto mais:
- A nossa fé — que é alimentada pelo ouvir da Palavra (Romanos 10:17),
- O nosso lar — que deve ser edificado sobre a rocha da Palavra (Mateus 7:24-27),
- A nossa igreja — que é coluna e firmeza da verdade (1 Timóteo 3:15).
O que ouvimos primeiro, segundo a revelação bíblica, não foi som de trovão nem instrumentos de guerra. Foi a Palavra do Criador.
E essa Palavra — que começou o tempo, nomeou o espaço e delimitou os céus e a terra — ainda é eficaz, suficiente e viva (Hebreus 4:12).
A sustentação não está nos recursos, nem nas estruturas humanas, mas na Palavra que procede da boca de Deus.
Se sete palavras foram suficientes para lançar os fundamentos do universo, essas mesmas palavras são mais que suficientes para sustentar sua fé, sua casa, seu chamado, sua igreja — sua eternidade.
Portanto, permaneça ouvindo o que o Criador falou no princípio, pois quem criou tudo com palavras, ainda sustenta tudo com elas.
A Nova Jerusalém e as Sete Palavras Eternas
As Escrituras se iniciam com sete palavras criadoras e se encerram com sete manifestações consumadoras.
O Apocalipse, livro da revelação final, é estruturado sobre uma simetria divina de sétuplos, como se Deus estivesse reafirmando, no fim, o mesmo padrão de plenitude que usou no princípio:
- 7 igrejas (Apocalipse 2–3)
- 7 selos (Apocalipse 6–8)
- 7 trombetas (Apocalipse 8–11)
- 7 taças da ira (Apocalipse 16)
- E ainda: 7 trovões (Ap 10:4), 7 bem-aventuranças, 7 anjos…
Cada septuplo não é apenas repetição — é um degrau ascendente na escada do propósito eterno de Deus.
O número sete, que começou revelando a criação física, agora anuncia a restauração espiritual e eterna.
A Palavra criadora e a Palavra consumadora
Se Gênesis 1:1 abriu a história com sete palavras, Apocalipse 19:13 nos revela a Palavra que consumará todas as coisas:
“E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é: A Palavra de Deus.”
Essa Palavra, que é o próprio Cristo, não apenas cria — ela julga, vence e reina.
A Nova Jerusalém, no final de tudo, é a manifestação visível da Palavra invisível que agiu desde o princípio.
A cidade que reúne todos os sete
A Nova Jerusalém é:
- A habitação perfeita de Deus com os homens (Ap 21:3)
- Iluminada não pelo sol, mas pela glória do Cordeiro (Ap 21:23)
- Fundada sobre doze fundamentos, mas sustentada pelo Verbo eterno
- Um lugar onde a Palavra já não é apenas ouvida, mas habitada
Tudo o que começou com sete palavras em Gênesis, culmina em sete dimensões de glória em Apocalipse.
É a consumação da história, onde o Alfa encontra o Ômega, onde o “Haja luz” se torna “Não haverá mais noite” (Ap 22:5).
A Bíblia começa com sete palavras ditas em meio ao vazio, e termina com a Palavra eterna reinando sobre uma cidade de ouro.
- A criação foi inaugurada pela voz de Deus;
- A redenção foi selada pela voz do Cordeiro;
- A eternidade será regida pela Palavra que permanece para sempre (1 Pedro 1:25).
Que as sete palavras do princípio continuem nos conduzindo até o dia em que habitaremos com o Verbo eterno, na cidade onde tudo é luz, plenitude e verdade.
Conclusão
O universo inteiro — do mais remoto canto das galáxias ao mais íntimo anseio do coração humano — está sustentado por sete palavras.
Não palavras comuns, mas palavras eternas, proferidas pelo próprio Deus, que em Seu primeiro ato revelado decidiu inaugurar o tempo, o espaço e a história com exatas sete palavras em hebraico.
Começar com sete palavras não foi uma escolha literária poética.
Foi um ato de engenharia divina, meticulosamente arquitetado na eternidade, revelando um padrão que transcende o texto e molda a realidade.
Esse número perfeito, repetido do Gênesis ao Apocalipse, não apenas revela o caráter de Deus — perfeito, completo e soberano — como também nos convida a viver dentro desse padrão de plenitude.
Sete palavras… três momentos… uma história redentora
- As sete palavras de Gênesis 1:1 formam o DNA da criação: o início do tempo, a origem do cosmos, o plano eterno se desenrolando.
- As sete palavras de Gênesis 1:3 revelam a luz que vence o caos: ordem surgindo no meio da desordem, propósito no vazio, revelação nas trevas.
- As sete palavras da cruz de Cristo revelam a vitória final: o pecado vencido, a morte derrotada, a redenção consumada.
Em cada uma dessas etapas, a Palavra é central. Não há criação sem a Palavra, não há luz sem a Palavra, não há salvação sem a Palavra.
É por isso que Hebreus 1:3 declara que Cristo, o Verbo encarnado, sustenta todas as coisas pela Palavra do Seu poder.
Confie, Creia, Caminhe
Se Deus criou tudo a partir de sete palavras, Ele pode recriar a sua história com a mesma precisão, poder e propósito.
Se o caos cedeu à voz divina, também o seu caos pode se dobrar diante da Palavra.
Se a cruz foi palco de sete declarações que mudaram o destino eterno da humanidade, essas mesmas palavras podem reescrever o seu destino, hoje.
- Está no caos? Espere pela voz que diz: “Haja luz.”
- Está em trevas? Lembre-se da Palavra que sustenta todas as coisas.
- Está perdido? Volte às sete palavras da cruz: nelas está o caminho de volta para casa.
Palavra final
O Deus que, com sete palavras, moldou os céus e a terra,
o Deus que, com sete palavras, rasgou a escuridão com luz,
o Deus que, com sete palavras, redimiu o mundo na cruz…
ainda fala. E ainda recria.
Confie, creia e caminhe com Aquele que, com apenas sete palavras, pode transformar o nada em tudo — o caos em ordem, a morte em vida, o fim em recomeço.
Espero que este Refrigério Teológico tenha edificado profundamente sua vida espiritual.
Se você foi tocado por esta mensagem, deixe seu comentário abaixo e compartilhe este conteúdo com outros irmãos. Sua interação é um sinal de que Deus continua falando por meio da Sua Palavra.
Talvez você já tenha se perguntado:
“Como posso compreender a Bíblia de forma mais clara e prática?”
Se sim, saiba que você não está sozinho.
Assim como milhares de pessoas, eu também já enfrentei dificuldades para entender a profundidade das Escrituras.
Mas há um caminho — e ele começa com um convite à jornada do conhecimento, da revelação e da comunhão com Deus.
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Seja você um obreiro, líder, pastor ou estudante da Palavra, aqui é o seu lugar.
Vamos juntos mergulhar nas Escrituras, crescer na graça e transformar aprendizado em ação.
O Reino de Deus precisa de pessoas que conhecem, vivem e anunciam a Palavra com sabedoria e poder.
Entre para a nossa comunidade teológica, e permita que Deus continue falando — talvez, com outras sete palavras que mudarão sua história para sempre.
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