Uma Igreja que enfrenta os seus problemas

Seja muito bem-vindo(a) à AULA MESTRE | EBD – Escola Bíblica Dominical | Lição 8 – Revista Lições Biblicas | 3º Trimestre/2025 .
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Com linguagem clara e fundamentação sólida nas Escrituras, este material oferece um recurso adicional que aprofunda o estudo, enriquece a aplicação e amplia a compreensão das verdades bíblicas de cada lição.
É fundamental esclarecer que os textos da AULA MESTRE | EBD | Lições Bíblicas não são cópias da revista impressa.
Embora a estrutura de títulos, tópicos e subtópicos siga fielmente o conteúdo oficial, os textos aqui apresentados são comentários inéditos, reflexões aprofundadas e aplicações teológicas elaboradas pelo Pr. Francisco Miranda , fundador do IBI “ Instituto Bíblico Internacional” e do Teologia24horas.
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Texto Áureo
“Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio” (At 6.3)
O Texto Áureo de Atos 6.3 revela a seriedade com que a Igreja deve tratar o serviço cristão.
A escolha dos sete diáconos não se fundamentou apenas em habilidades humanas, mas em critérios espirituais: boa reputação, plenitude do Espírito Santo e sabedoria.
A expressão “boa reputação” aponta para o testemunho público de vida íntegra, indispensável à liderança cristã (1Tm 3.7).
Já a exigência de serem “cheios do Espírito Santo” indica que o serviço, mesmo administrativo, só é eficaz quando conduzido pela unção divina (Zc 4.6).
Por fim, a sabedoria, dom que vem do alto (Tg 3.17), garante discernimento para lidar com pessoas e situações complexas.
Assim, aprendemos que o “importante negócio” da diaconia não é algo secundário, mas parte vital da missão da Igreja, onde caráter, espiritualidade e discernimento se unem para a glória de Deus.
Verdade Aplicada
A Verdade Aplicada ensina que a verdadeira sabedoria para resolver conflitos na Igreja não vem da carne, mas do Espírito Santo.
Conflitos de relacionamentos sempre existirão, pois a comunidade cristã é formada por pessoas diferentes em cultura, temperamento e visão (1Co 1.10-11).
Contudo, a sabedoria que vem do alto é primeiramente pura, pacífica e cheia de misericórdia (Tg 3.17), capacitando os crentes a lidar com divergências sem comprometer a unidade do Corpo de Cristo.
Quando a Igreja se submete ao Espírito, ela age com prudência e amor, não permitindo que pequenas contendas se transformem em divisões.
Assim, a sabedoria espiritual preserva a comunhão, fortalece o testemunho e reflete o caráter de Cristo, que nos chamou para ser pacificadores (Mt 5.9).
Objetivos da lição
- Analisar os conflitos culturais e sociais enfrentados pela Igreja primitiva, compreendendo suas causas e soluções, e refletindo sobre a relevância desses desafios para a Igreja contemporânea.
- Explicar a importância da organização e da distribuição de funções ministeriais, mostrando como a delegação equilibrada preserva a missão espiritual e fortalece a unidade do Corpo de Cristo.
- Aplicar os princípios bíblicos de caráter, sabedoria e serviço como fundamentos indispensáveis para a vida cristã e para o exercício saudável do ministério na comunidade de fé.
Leitura Diária
- Segunda | At 6:1,2 – Identificando a natureza dos conflitos
- Terça | I Co 6:5 – Resolvendo conflitos na esfera da igreja
- Quarta | Mt 5:9 – Pacificando todos os tipos de conflitos
- Quinta | II Tm 2:24 – Gentileza, paciência e habilidades para evitar os conflitos
- Sexta | Gl 5:13 – Servindo uns aos outros para prevenir os conflitos
- Sábado | Pv 13:10 – O valor de sábios conselhos na resolução de conflitos
Leitura Bíblica em Classe
Atos 6.1-7 (ACF)
1 – Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano.
2 – E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.
3 – Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.
4 – Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.
5 – E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.
6 – E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.
7 – E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.
A passagem de Atos 6.1-7 registra um marco importante na organização da Igreja primitiva.
O crescimento numérico trouxe consigo tensões culturais e sociais, reveladas na murmuração dos helenistas contra os hebreus quanto ao cuidado das viúvas.
Esse desafio poderia gerar divisão, mas os apóstolos, guiados pelo Espírito Santo, discerniram que a solução não estava em abandonar a oração e a pregação, mas em delegar responsabilidades por meio da escolha dos sete diáconos.
A imposição de mãos mostrou reconhecimento público e consagração espiritual desse ministério.
O resultado foi crescimento equilibrado: a Palavra se expandiu, a comunhão foi preservada e até sacerdotes se converteram.
O texto nos ensina que a Igreja só permanece saudável quando une espiritualidade e serviço, organização e unção, Palavra e ação social.
Introdução
A Igreja de Cristo, desde seus primórdios, não esteve isenta de tensões internas, pois a comunhão dos santos envolve pessoas de diferentes origens, culturas e temperamentos.
O crescimento numérico (At 2.41; At 4.4) trouxe consigo desafios sociais e culturais, e a murmuração registrada em Atos 6.1 evidencia que até mesmo a comunidade nascida no fogo de Pentecostes precisava lidar com falhas humanas.
No entanto, a resposta dos apóstolos demonstrou maturidade espiritual e clara direção do Espírito Santo.
A instituição da diaconia (do grego διακονία , diakonía , “serviço, ministração”) mostrou que a Igreja não deveria negligenciar a dimensão social em favor apenas da espiritual (Tg 1.27; 1Jo 3.17), mas equilibrar ambas.
O exemplo da Igreja de Jerusalém ecoa os princípios do Antigo Testamento, onde Deus já havia ordenado cuidado com órfãos, viúvas e estrangeiros (Dt 10.18; Is 1.17).
A atitude dos apóstolos também ressalta a centralidade da oração ( προσευχή , proseuchḗ ) e do ministério da palavra ( διακονία τοῦ λόγου , diakonía tou lógou ) como prioridades absolutas (At 6.4), sem deixar de lado o serviço às mesas.
A palavra “igreja” traduz o grego ἐκκλησία ( ekklēsía ), “assembleia dos chamados para fora”, o que pressupõe tanto adoração coletiva quanto serviço mútuo (Ef 4.11-13).
Assim, aprendemos que a verdadeira comunidade cristã não ignora seus problemas, mas os enfrenta com sabedoria ( σοφία , sophía , Tg 3.17), oração perseverante (At 1.14), caráter aprovado (1Tm 3.7-13) e amor fraternal ( ἀγάπη , agápē , Jo 13.34-35).
Essa combinação preserva a comunhão e mantém a Igreja fiel à sua missão: glorificar a Cristo e proclamar o Evangelho (Mt 28.19-20).
1 – A identificação dos conflitos
O crescimento da Igreja primitiva, em vez de eliminar as diferenças culturais e sociais, acabou por evidenciá-las ainda mais. Em Atos 6.1, lemos que as viúvas dos helenistas estavam sendo negligenciadas na distribuição diária.
O termo “helenistas” deriva do grego Ἑλληνισταί ( hellēnistai ), referindo-se aos judeus de língua grega, influenciados pela cultura helênica, em contraste com os “hebreus” ( Ἑβραῖοι – hebraîoi ), judeus que mantinham a língua aramaica/hebraica e as tradições locais.
Essa distinção cultural e linguística produziu tensões dentro da comunidade cristã, mostrando que a Igreja não era imune às realidades humanas.
A negligência das viúvas revela um problema social e estrutural .
O Antigo Testamento já enfatizava a importância do cuidado com órfãos e viúvas, repetidamente ordenado pela Torá: “O SENHOR… faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e veste” (Dt 10.18; cf. Is 1.17; Sl 68.5).
Em hebraico, a palavra “viúva” é אַלְמָנָה ( ’almānāh ), que denota não apenas a mulher sem marido, mas também a pessoa em estado de vulnerabilidade.
O descuido para com elas não era apenas uma falha administrativa, mas um pecado diante de Deus (Êx 22.22-24).
A crise, portanto, poderia comprometer a unidade da Igreja nascente ( ἑνότης – henótēs , “unidade”, cf. Ef 4.3), minando seu testemunho público.
No entanto, os apóstolos não ignoraram o problema, antes discerniram sua natureza e propuseram uma solução que equilibrasse a diaconia da Palavra ( διακονία τοῦ λόγου – diakonía tou lógou , At 6.4) com a diaconia social ( διακονεῖν τραπέζαις – diakonein trapézais , “servir às mesas”, At 6.2).
Esse equilíbrio refletia a prática de Jesus, que pregava o Evangelho e também atendia às necessidades materiais (Mt 14.19; Mc 6.41).
Esse episódio ensina que os conflitos, quando tratados biblicamente, podem se tornar oportunidades de crescimento e amadurecimento espiritual.
O resultado do tratamento correto foi o fortalecimento da missão: “E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos” (At 6.7).
Assim, aprendemos que a Igreja de Cristo deve reconhecer as diferenças, enfrentar os problemas com sabedoria ( σοφία – sophía , Tg 3.17) e manter a unidade do Espírito ( ἑνότης τοῦ πνεύματος – henótēs tou pneumatos , Ef 4.3), demonstrando o amor fraternal como sinal do discipulado verdadeiro (Jo 13.34-35).
1.1 – Conflito de natureza cultural
Em Atos 6.1, a tensão entre “hebreus” ( Ἑβραῖοι – hebraîoi ) e “gregos” ( Ἑλληνισταί – hellēnistai ) reflete não apenas uma diferença linguística, mas também identitária.
Os judeus de Jerusalém, ligados ao aramaico e às tradições mais estritas, viam-se distintos dos judeus helenistas, moldados pela língua grega e influências culturais estrangeiras.
Essa barreira cultural lembrava que a Igreja nascente precisava enfrentar a realidade da diversidade.
O mesmo desafio reaparece em textos como Atos 15.1-11, quando a inclusão dos gentios gerou debates sobre costumes mosaicos.
Contudo, o evangelho proclamado pelos apóstolos mostrava que Cristo havia derrubado “a parede de separação” ( μεσότοιχον – mesótoichon , Ef 2.14), unindo judeus e gentios em um só corpo.
A Igreja, portanto, não poderia ser construída sobre muros culturais ou étnicos, mas sobre o fundamento de Cristo (1Co 3.11).
Como Paulo declara, “em Cristo não há grego nem judeu… mas Cristo é tudo em todos” (Cl 3.11; Gl 3.28).
1.2 – Conflito de natureza social
O problema não se limitava às diferenças culturais, mas alcançava uma dimensão social grave: as viúvas helenistas estavam sendo negligenciadas no cuidado diário ( διακονία – diakonía , At 6.1).
Em Israel, a viúva ( אַלְמָנָה – ’almānāh , hebraico para “mulher desamparada”) era símbolo de vulnerabilidade social.
Por isso, a Lei repetidamente ordenava que fossem protegidas e sustentadas (Dt 10.18; Sl 68.5; Is 1.17).
Negligenciar essas mulheres era, portanto, falhar contra a justiça do próprio Deus, que se apresenta como defensor dos órfãos e viúvas.
No Novo Testamento, Tiago retoma esse princípio ao definir a religião pura e imaculada como visitar os órfãos e as viúvas em suas tribulações (Tg 1.27).
A omissão, portanto, revelava não apenas uma falha administrativa, mas também espiritual.
O cuidado social sempre foi parte do testemunho do povo de Deus (Lc 4.18-19; Mt 25.35-36).
Assim, o conflito em Jerusalém reforça que a Igreja de Cristo não pode separar sua espiritualidade do amor prático, pois fé sem obras é morta (Tg 2.17).
1.3 – Qual é a prioridade?
Os apóstolos, ao discernirem a crise, não minimizaram o problema, mas compreenderam que não poderiam “deixar a palavra de Deus e servir às mesas” (At 6.2).
O verbo usado aqui é διακονεῖν ( diakonein ), que significa “servir”, e aparece tanto para o cuidado material quanto para o ministério da Palavra. A distinção, portanto, não é de valor espiritual, mas de função.
A prioridade dos apóstolos era a oração ( προσευχή – proseuchḗ ) e a pregação, sem que isso anulasse a importância do serviço social.
O equilíbrio entre Palavra e serviço reflete a própria prática de Jesus, que pregava e, ao mesmo tempo, alimentava os famintos (Mc 6.34-42) e cuidava dos doentes (Mt 14.14).
Do mesmo modo, Isaías já havia denunciado um culto vazio que desprezava a justiça social (Is 58.6-7).
Logo, a verdadeira adoração é integral: envolve amar a Deus com todo o coração e ao próximo como a si mesmo (Mc 12.30-31).
A Igreja deve viver essa integração, cuidando do espírito e do corpo, mantendo-se fiel à sua missão espiritual e social.
Sinopse I
A Igreja primitiva, mesmo cheia do Espírito, não esteve isenta de conflitos culturais e sociais. Contudo, pela direção divina e pela aplicação da sabedoria espiritual, transformou tensões internas em oportunidade de crescimento, fortalecendo a comunhão, a justiça e a unidade do corpo de Cristo (At 6.1-7; Ef 4.3).
Auxílio bibliológico
O relato de Atos 6 evidencia que a Igreja é, ao mesmo tempo, espiritual e social.
O discipulado cristão autêntico não se limita à proclamação da Palavra, mas integra a fé às necessidades práticas da comunidade.
A negligência às viúvas helenistas revelou que a espiritualidade desvinculada do cuidado social é incompleta (Tg 1.27).
A palavra grega usada para “serviço” é diakonía , que designa tanto o ministério da Palavra como o cuidado material, mostrando que ambos são expressões de um mesmo chamado cristão (At 6.2-4).
Assim, aprendemos que a verdadeira Igreja é aquela que une oração e ação, culto e compaixão, sempre refletindo o caráter de Cristo, que “andou fazendo o bem” (At 10.38) e ensinou que servir é a essência do Reino (Mc 10.45).
2 – A delegação de tarefas
Os apóstolos, diante da crise, compreenderam que não poderiam negligenciar sua principal vocação: a oração ( proseuché , no grego) e o ministério da Palavra ( diakonía tou lógou , At 6.4).
O termo diakonía (“serviço”) aparece tanto para o cuidado material (At 6.1-2) quanto para a proclamação espiritual, revelando que ambos os aspectos pertencem à missão integral da Igreja.
A decisão não refletia desprezo pelo serviço às mesas ( trapezais diakonein ), mas a consciência de que cada função exige dedicação exclusiva e graça específica de Deus (Rm 12.6-8).
A resposta foi a delegação , princípio já visto no Antigo Testamento quando Moisés, aconselhado por Jetro, estabeleceu líderes para cuidar das causas menores, enquanto ele permanecia diante de Deus e instruía o povo em Sua lei (Êx 18.17-23).
Do mesmo modo, a Igreja entendeu que o corpo de Cristo possui muitos membros, cada um dotado de dons ( charísmata ) e funções ( prágmata ) para o bem comum (1Co 12.4-7; Ef 4.11-12).
Assim, aprendemos que a verdadeira maturidade eclesial consiste em reconhecer os diferentes ministérios, valorizando cada serviço como parte indispensável da edificação do Reino (1Pe 4.10-11).
2.1 – O ministério da oração e da Palavra
Diante do conflito interno, os apóstolos discerniram que não poderiam resolver um problema criando outro.
Se por um lado havia uma parte da comunidade sendo negligenciada — as viúvas helenistas — que precisavam de cuidados imediatos, por outro, o ministério da oração ( proseuchḗ , προσευχή) e da Palavra ( lógos , λόγος) não poderia ser abandonado (At 6.4).
Essa distinção não cria uma hierarquia de importância, mas uma consciência de que cada esfera do ministério é indispensável.
A Igreja é chamada a servir integralmente, unindo o aspecto devocional e evangelístico ao aspecto social, de modo que a fé seja expressa tanto em palavras como em obras (Tg 2.15-17).
O texto de Atos mostra que os apóstolos entenderam o equilíbrio necessário para que a missão permanecesse plena.
A diakonía (serviço) da Palavra e a diakonía das mesas fazem parte da mesma missão de Cristo.
De fato, Jesus mesmo demonstrou essa integralidade, anunciando o Reino de Deus e, ao mesmo tempo, alimentando os famintos (Mc 6.34-44), curando os enfermos (Mt 14.14) e cuidando dos marginalizados (Lc 4.18-19).
Assim, oração e evangelização não podem ser vistas separadas do cuidado com os necessitados.
São, como já foi dito, “dois lados da mesma moeda”, ambos essenciais para que a Igreja cumpra fielmente o seu chamado de ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13-16).
2.2 – Não há conflito entre tarefas
A leitura de Atos 6 não deve ser entendida como se houvesse oposição entre o ministério da oração e da pregação e o ministério do serviço social.
A palavra grega usada para ambos é diakonía (serviço), indicando que tanto servir às mesas quanto proclamar a Palavra pertencem ao mesmo chamado.
Não existe um ministério “mais espiritual” e outro “menos espiritual”, pois toda boa obra feita em Cristo é expressão da graça de Deus (Cl 3.17; 1Co 10.31).
O próprio Jesus afirmou: “Eu estou entre vós como aquele que serve” ( ho diakonōn , Lc 22.27), mostrando que a essência da missão é inseparável do serviço.
Assim, se a Igreja ora ( proseuché ) e prega ( kērygma ), mas não cuida dos necessitados, falha em sua missão, contrariando o ensino de Tiago: “A religião pura e imaculada diante de Deus é visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações” (Tg 1.27).
Por outro lado, se a comunidade cristã se torna apenas um centro de assistência social, negligenciando a oração e a pregação, perde sua identidade espiritual, deixando de ser a Igreja de Cristo.
A harmonia entre Palavra, oração e ação é o que manifesta o Reino de Deus, como ensinado por Jesus em Mateus 23.23: “Estas coisas importava fazer, e não omitir aquelas” .
A Igreja, portanto, é chamada a manter esse equilíbrio, unindo culto e serviço, adoração e compaixão, de modo que sua missão permaneça integral (At 10.38; Mq 6.8).
2.3 – A diaconia
O parecer dos apóstolos foi que fossem escolhidos varões habilitados para assumir “este importante negócio” (At 6.3).
O termo grego usado para “importante negócio” é chreía (χρεία), que denota algo necessário, indispensável e urgente. Esse serviço é identificado como diakonía (διακονία), derivado do verbo diakonéō (διακονέω), que significa “servir” ou “ministrar”.
É interessante notar que o mesmo termo é usado tanto para o serviço da Palavra (At 6.4 – diakonía tou logou ) quanto para o serviço às mesas (At 6.2 – diakonéō trapezais ). Isso mostra que, na visão apostólica, ambos os ministérios são complementares e igualmente honrosos.
Em Atos 6, o destaque não está no título ou ofício formal de “diácono” ( diákonos , de diá = através + kónis = pó, literalmente “aquele que corre levantando poeira para servir”), mas na função exercida: homens cheios do Espírito Santo, sabedoria e boa reputação (At 6.3).
Essa narrativa se tornou o fundamento para a instituição do diaconato cristão, posteriormente confirmado por Paulo em 1 Timóteo 3.8-13, onde descreve as qualificações morais e espirituais do diácono.
Infelizmente, em muitas comunidades atuais, o diaconato é visto como ministério de menor relevância, mas o texto bíblico demonstra o oposto: trata-se de um “importante negócio” ( chreía ), essencial para a saúde e a missão da Igreja.
Portanto, a diaconia não é um cargo secundário, mas um serviço especial que requer pessoas espiritualmente qualificadas, que vivam em santidade, sejam exemplares no lar, na fé e no caráter.
O diácono, longe de ser um “obreiro inferior”, é alguém que, seguindo o modelo de Cristo — o Servo por excelência (Mc 10.45; Fl 2.7) —, encarna no cotidiano da Igreja a prática da compaixão, do cuidado e da ordem.
Sinopse II
A instituição dos diáconos em Atos 6 demonstrou que a Igreja, guiada pelo Espírito, deve manter equilíbrio entre a proclamação da Palavra ( kērygma ) e a vida de oração ( proseuchḗ ), sem negligenciar o cuidado social ( diakonía ).
Ao delegar responsabilidades, os apóstolos preservaram sua missão central, enquanto a comunidade foi edificada por meio de um serviço justo e fraterno (At 6.3-4; 1Tm 3.8-13).
Auxílio bibliológico
O equilíbrio entre ministérios é indispensável para a saúde da Igreja.
Em Atos 6, vemos que tanto a pregação ( kērygma ) quanto a diaconia ( diakonía , serviço prático) são expressões complementares do mesmo Evangelho.
A Palavra e a oração (At 6.4) nutrem a vida espiritual, enquanto o serviço aos necessitados expressa o amor em ação (Tg 2.14-17).
Negligenciar qualquer um desses aspectos mutila o testemunho cristão.
Quando a Igreja mantém esse equilíbrio, manifesta a integralidade do Reino de Deus (Rm 14.17) e se torna um testemunho vivo de Cristo, que uniu em si o ministério da proclamação e o serviço sacrificial (Mc 10.45; Jo 13.14-15).
Assim, a missão é preservada em sua plenitude: espiritual e social, palavra e prática, fé e amor (Gl 5.6).
3 – Seguindo os princípios cristãos
A escolha dos sete em Atos 6.3 revela que o ministério cristão não se fundamenta em habilidades técnicas, mas em critérios espirituais.
O texto usa três qualificações: “boa reputação” ( marturoumenos – testemunho aprovado), “cheios do Espírito Santo” ( plērēs pneumatos hagiou – controlados e capacitados pelo Espírito de Deus) e “sabedoria” ( sophía – habilidade prática iluminada pela revelação divina).
Esses requisitos revelam que a Igreja primitiva entendia que a obra de Deus só pode ser realizada por homens que vivem em santidade ( hagiótēs ), fé genuína ( pístis ) e discernimento espiritual.
Não era suficiente ter competência administrativa; era necessário ser um vaso cheio da presença de Deus (2 Tm 2.20-21).
O serviço cristão, portanto, é fruto de uma vida conduzida pelo Espírito ( pneuma ), não apenas de talentos humanos.
Jesus ensinou que o maior entre os discípulos deveria ser servo ( diákonos – Mt 20.26), e Ele mesmo é o modelo, pois não veio para ser servido, mas para servir ( diakonēsai ) e dar a sua vida em resgate de muitos (Mc 10.45).
Esse princípio remete ao Antigo Testamento, onde o servo fiel de Deus é aquele que obedece e serve em temor ( ʿābad – trabalhar, adorar, servir; Js 24.15).
Assim, a Igreja cresce e permanece saudável quando seus líderes entendem que sua autoridade é expressa não pela posição que ocupam, mas pelo caráter que manifestam e pelo Espírito que os guia (Gl 5.22-23; 1 Pe 5.2-3).
Quando líderes servem com integridade ( tāmîm – inteireza, caráter íntegro; Gn 17.1), fé viva ( pístis zōsa ; Hb 11.6) e sabedoria do alto (Tg 3.17), eles refletem Cristo em cada ato de cuidado e tornam-se canais de graça para a comunidade.
O resultado é o fortalecimento do corpo de Cristo, pois cada dom espiritual ( charisma ) é colocado a serviço da edificação mútua (1 Co 12.4-7; Ef 4.11-12).
Esse padrão divino assegura que o crescimento da Igreja não seja apenas numérico, mas qualitativo, fundamentado na Palavra ( lógos ), na oração ( proseuché ) e na prática do amor ( agápē ), que é o vínculo da perfeição (Cl 3.14).
3.1 – Privilegiando o caráter
Nas qualificações exigidas para o exercício do diaconato, o caráter ocupa lugar central.
Em Atos 6:3, a orientação é clara: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria”.
A expressão “boa reputação” traduz o verbo grego martureó (μαρτυρέω), cujo sentido primário é “dar testemunho”, “ser atestado” ou “confirmar publicamente” (cf. Jo 1:7; Hb 11:2,39).
O substantivo cognato martys (μάρτυς) deu origem ao termo “mártir”, apontando para alguém cuja vida é um testemunho tão fiel que pode ser confirmado até diante da morte.
Assim, os diáconos deveriam ser não apenas servos habilidosos, mas homens cuja integridade fosse reconhecida pela comunidade e aprovada por Deus (Pv 22:1).
Essa ênfase no caráter lembra a exigência feita a Moisés ao escolher líderes para auxiliar na condução do povo: “Escolherás homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza” (Êx 18:21).
Portanto, a reputação no serviço cristão não é mera aparência, mas reflexo de uma vida saturada pelo temor do Senhor ( yir’ah , יִרְאָה), princípio da sabedoria (Pv 9:10).
Se até aqueles que “cuidariam das mesas” ( diakonein trapezais , διακονεῖν τραπέζαις – At 6:2), isto é, os diáconos, precisavam demonstrar caráter irrepreensível, quanto mais os pastores e bispos, cuja responsabilidade envolve todo o rebanho (1 Pe 5:2-3).
Paulo ecoa essa mesma prioridade ao instruir Timóteo: “Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível” ( anepilēmptos , ἀνεπίλημπτος – 1 Tm 3:2), termo que denota alguém contra o qual não se pode levantar acusação válida.
Do mesmo modo, aos diáconos é exigido que sejam “honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância” (1 Tm 3:8).
Logo, o caráter precede o carisma, e a santidade precede a habilidade. A Igreja só pode manter sua credibilidade diante do mundo quando seus líderes vivem como cartas abertas, conhecidas e lidas por todos os homens (2 Co 3:2-3), encarnando em suas atitudes a verdade do Evangelho.
3.2 – Exercitando os dons
Os primeiros diáconos foram chamados não apenas a servir ( diakoneō , do grego διακονέω, “ministrar, atender, servir”), mas a fazê-lo como homens “cheios do Espírito Santo e de sabedoria” (At 6:3).
A expressão “cheios do Espírito” traduz o grego plērēs pneumatos , que indica não apenas um momento de êxtase espiritual, mas uma vida constantemente submissa e guiada pelo Espírito Santo (Ef 5:18; Gl 5:16-25).
Já a palavra “sabedoria” ( sophia , σοφία) não se refere a mera sagacidade humana, mas à sabedoria do alto, que é “primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos” (Tg 3:17).
Assim, a Igreja primitiva estabeleceu um padrão: não bastava que os diáconos fossem apenas ortodoxos ( orthodoxía = “reta doutrina”), mas era necessário que fossem também pneumáticos (guiados pelo Espírito) e prudentes em suas decisões, unindo doutrina, vida e prática no serviço à comunidade (1 Co 12:4-7).
Esse equilíbrio entre dons espirituais e sabedoria revela o coração do Evangelho, pois um cristão pode até ter “a fé para remover montanhas”, mas sem amor nada é (1 Co 13:2).
De igual modo, pode possuir grande erudição doutrinária, mas, se lhe faltar unção e discernimento, o ministério torna-se estéril.
Jesus é o modelo perfeito desse equilíbrio: “cheio do Espírito Santo” desde o batismo (Lc 4:1) e “crescendo em sabedoria” desde a infância (Lc 2:52).
Por isso, o ideal de Deus é que o cristão viva em integridade, exercitando os dons espirituais ( charismata , χαρίσματα) com sabedoria ( sophia ) e humildade no exercício da diaconia ( diakonia , διακονία), lembrando que “a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (1 Co 12:7).
Assim, a diaconia não é mera função administrativa, mas expressão prática da espiritualidade cristã que une a ortodoxia, o poder do Espírito e a sabedoria de Deus no serviço ao próximo.
3.3 – O resultado da escolha
O relato de Atos 6:7 mostra que, após a ordenação dos sete diáconos, “crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé”.
A expressão “crescia a palavra” no grego é ēuxaneto ho logos tou Theou (ηὔξανετο ὁ λόγος τοῦ Θεοῦ), indicando crescimento contínuo, como uma planta que floresce (cf. Is 55:11; 1 Co 3:6).
Esse crescimento não foi apenas intelectual, mas espiritual, gerando fruto e expansão do Reino.
A organização ministerial, baseada em oração, sabedoria e serviço, abriu espaço para que a Palavra cumprisse seu propósito de transformar vidas.
É significativo que até sacerdotes judeus, antes resistentes, se renderam à fé em Cristo, demonstrando que uma Igreja equilibrada em serviço e pregação impacta até os corações mais endurecidos (Rm 10:17; Hb 4:12).
Além disso, o texto mostra que a verdadeira vitória da Igreja sobre os conflitos internos não está em silenciar murmurações, mas em transformar crises em oportunidades de crescimento.
Onde há diakonia (serviço), pneuma (Espírito) e sophia (sabedoria), há avanço do Evangelho.
O resultado prático foi o crescimento numérico, mas o resultado espiritual foi ainda maior: a unidade preservada, a Palavra fortalecida e a glória de Cristo manifestada (Jo 17:21-23).
Assim, aprendemos que a Igreja não cresce apenas por estratégias humanas, mas quando vive em ordem ( taxis ), unção e serviço (1 Co 14:40; Ef 4:11-13).
A boa escolha de líderes espirituais se torna instrumento de multiplicação, pois o Reino de Deus prospera onde há caráter, fé e obediência ao Espírito.
Sinopse III
A escolha dos diáconos foi pautada em critérios espirituais, mostrando que o serviço cristão não se sustenta apenas em capacidade humana, mas na combinação de caráter íntegro ( ethos ), sabedoria do alto (Tg 3:17) e unção do Espírito ( pneuma hagion ). Esse modelo apostólico ensina que toda liderança na Igreja deve refletir Cristo, servindo com santidade e amor, para que o Reino avance em poder e autenticidade (1 Tm 3:8-10; At 6:3).
Auxílio bibliológico
A verdadeira liderança cristã não repousa em títulos ou cargos humanos, mas na união entre caráter transformado e capacitação espiritual.
O termo grego presbyteros (“ancião”, At 14:23; 1 Tm 5:17) e diakonos (“servo”, At 6:3; 1 Tm 3:8) mostram que a ênfase bíblica nunca esteve no status, mas no serviço e na maturidade espiritual.
A Igreja primitiva nos ensina que o critério para o ministério era a integridade de vida ( hagios , santo; 1 Pe 1:15-16), a boa reputação ( martyreó , testemunho; At 6:3) e a plenitude do Espírito ( plērēs pneumatos hagiou , cheio do Espírito Santo; Ef 5:18).
Esse modelo apostólico permanece atual, pois revela que o avanço do Reino não depende da ostentação de títulos, mas de homens e mulheres que vivem em comunhão com Deus e servem com sabedoria.
Assim, o verdadeiro líder é aquele que, à semelhança de Cristo, não veio para ser servido, mas para servir ( diakonēsai , Mc 10:45).
Logo, a liderança cristã é um chamado ao serviço humilde, sustentado pela santidade de vida e pela unção do Espírito, sendo referência para todas as gerações da Igreja (Fp 2:5-7; 1 Tm 3:1-13).
Conclusão
A Igreja primitiva nos ensina que os conflitos, sejam de ordem cultural, social ou ministerial, não são sinais de fraqueza, mas oportunidades para demonstrar a ação do Espírito Santo na comunidade.
O relato de Atos 6 mostra que, diante da murmuração ( goggysmos – “reclamação, insatisfação”; At 6:1), os apóstolos não agiram com indiferença, mas buscaram direção em Deus para preservar a unidade do corpo.
Isso confirma a verdade de que “Deus não é Deus de confusão ( akatastasía ), mas de paz” (1 Co 14:33).
Ao instituir a diaconia ( diakonia – serviço prático; At 6:3), a Igreja revelou que tanto a dimensão espiritual (oração e Palavra) quanto a social (cuidado dos necessitados) fazem parte da missão integral do Evangelho.
Negligenciar qualquer uma delas é distorcer a natureza do Reino, pois a fé autêntica se manifesta em obras de amor (Tg 2:14-17).
O profeta Isaías já denunciava um culto vazio quando não havia cuidado com o pobre (Is 58:6-7), e Jesus confirmou esse princípio ao afirmar: “tive fome, e destes-me de comer” (Mt 25:35). Assim, a Igreja só é verdadeiramente espiritual quando é também serva.
Outro princípio enfatizado é que o serviço no Reino de Deus não se baseia em títulos ou privilégios, mas em caráter e unção.
A escolha dos sete diáconos levou em conta “boa reputação” ( martyreó – testemunho verdadeiro), “cheios do Espírito Santo” ( plērēs pneumatos hagiou ) e “sabedoria” ( sophía ) (At 6:3).
Esse critério espiritual ecoa a exigência paulina para líderes: irrepreensíveis ( anepilēmptos ), sóbrios ( sōphrōn ), hospitaleiros ( philoxenos ), aptos para ensinar ( didaktikos ), e não dominados por interesses carnais (1 Tm 3:1-10).
Logo, a liderança autêntica é um reflexo do caráter de Cristo, que “não veio para ser servido, mas para servir” ( diakonēsai , Mc 10:45).
Por fim, o resultado da obediência à direção do Espírito é visível: “crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava o número dos discípulos” (At 6:7).
O termo grego auxanō (“crescer, desenvolver”) aponta para um crescimento orgânico e saudável, fruto da fidelidade no serviço.
Onde há ordem, santidade e amor fraternal, o Evangelho prospera e Deus é glorificado (Cl 3:17).
Portanto, a lição que fica é clara: a Igreja de Cristo deve enfrentar seus problemas com oração, sabedoria e serviço, equilibrando missão espiritual e social.
Assim, conflitos se transformam em oportunidades para que o Reino avance e o nome do Senhor seja exaltado.
Hoje, em nossos dias, a Igreja continua enfrentando tensões — sejam culturais, sociais, políticas ou espirituais.
A tentação de dividir-se por tradições, ideologias ou interesses permanece real.
No entanto, a Palavra nos chama a olhar para Atos 6 como um espelho e perguntar: estamos dispostos a servir com humildade, renunciar à vaidade e buscar o bem comum?
Precisamos urgentemente de líderes e membros cheios do Espírito Santo, de sabedoria e de amor prático, capazes de transformar conflitos em testemunho do Reino.
Que cada um de nós se levante como um servo fiel, lembrando que a vitória da Igreja não está em eliminar os problemas, mas em permitir que Cristo reine sobre eles.
O desafio é claro: ou seremos uma Igreja que divide, ou uma Igreja que serve e cresce para a glória de Deus.
Revisando o conteúdo
- Quais são as referências de “gregos” e “hebreus”?
“Gregos” refere-se aos judeus helenistas, que falavam grego e tinham influência da cultura grega, enquanto “hebreus” eram judeus de fala aramaica, ligados à tradição judaica de Jerusalém. - Quais são as duas naturezas do conflito entre os judeus gregos e hebreus?
O conflito era de natureza cultural, devido às diferenças de idioma e costumes, e de natureza social, pois as viúvas dos helenistas estavam sendo negligenciadas na distribuição diária de mantimentos. - Há contradição entre as esferas espiritual e social?
Não há essa contradição, onde um é mais espiritual e o outro menos. Tudo faz parte de uma única missão da Igreja. - Com o que a palavra “diaconia” tem a ver?
A palavra “diaconia” tem a ver mais com a função do que com a forma. Assim, em Atos 6 o que está mais em destaque é a função exercida pelos sete diáconos do cargo ou ofício ocupado por eles. - O que recebeu ênfase pelas exigências e qualificações exigidas para o diaconato?
Nas exigências das qualificações exigidas para o exercício do diaconato, o caráter ganha ênfase. Aqueles que iriam “cuidar das mesas” deveriam ser pessoas de “boa reputação”.
Aplicação Prática da Lição
A lição de Atos 6 nos lembra que todo conflito é uma oportunidade para demonstrarmos a maturidade cristã. A Igreja de hoje precisa aprender que não basta orar e pregar, é necessário também servir com amor e justiça. Assim como os apóstolos discerniram prioridades sem negligenciar as necessidades sociais, também devemos equilibrar espiritualidade e prática. Se a comunidade cristã ignora os necessitados, sua fé se torna estéril (Tg 2:17); mas se reduz o Evangelho apenas a ação social, perde sua essência espiritual (Jo 6:63).
Portanto, a aplicação é clara: líderes e membros devem cultivar caráter irrepreensível ( martyreó – boa reputação), sabedoria prática ( sophía ) e unção do Espírito ( pneuma hagion ) no serviço diário. No lar, no trabalho e na igreja, somos chamados a transformar murmurações em testemunhos, divisões em unidade e necessidades em oportunidades de ministério. Onde há organização, serviço fiel e liderança espiritual, a Palavra cresce e o Reino avança.
Desafio da Semana
Nesta semana, ore pedindo a Deus discernimento para identificar onde você pode servir mais ativamente na obra do Senhor. Pergunte-se: “Tenho sido apenas expectador ou cooperador na minha igreja local?” (1Co 3:9).
Procure uma oportunidade concreta para exercitar a diaconia cristã: visite um irmão necessitado, participe de uma ação solidária, ou ofereça ajuda prática a alguém em dificuldade.
Lembre-se: o verdadeiro discípulo não se limita a palavras, mas expressa sua fé em amor (Gl 5:6).
Transforme possíveis conflitos em oportunidades de serviço e edificação, mostrando que a maturidade cristã se revela quando servimos uns aos outros (Mc 10:45; Jo 13:14-15).
Seu irmão em Cristo, Pr. Francisco Miranda do Teologia24horas, um jeito inteligente de ensinar e aprender!
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