A redenção em Cristo: o sacrifício vicário do Filho de Deus

Seja muito bem-vindo(a) à AULA MESTRE | EBD – Escola Bíblica Dominical | Lição 12 – Revista Lições Biblicas | 3º Trimestre/2025 .
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Com linguagem clara e fundamentação sólida nas Escrituras, este material oferece um recurso adicional que aprofunda o estudo, enriquece a aplicação e amplia a compreensão das verdades bíblicas de cada lição.
É fundamental esclarecer que os textos da AULA MESTRE | EBD | Lições Bíblicas não são cópias da revista impressa.
Embora a estrutura de títulos, tópicos e subtópicos siga fielmente o conteúdo oficial, os textos aqui apresentados são comentários inéditos, reflexões aprofundadas e aplicações teológicas elaboradas pelo Pr. Francisco Miranda , fundador do IBI “ Instituto Bíblico Internacional” e do Teologia24horas.
Mesmo para quem já possui a revista impressa, a AULA MESTRE | EBD | Lições Bíblicas representa uma oportunidade valiosa de preparação, oferecendo uma abordagem teológica e ped
Texto Áureo
“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João 14:6 – ACF).
Aqui, Jesus se apresenta como o único mediador entre Deus e os homens (1Tm 2:5).
A palavra grega hodos (caminho) indica direção segura; alētheia (verdade) enfatiza a realidade absoluta de Deus revelada em Cristo; e zōē (vida) aponta para a vida eterna que só Ele pode conceder.
O texto afirma a exclusividade da obra redentora do Filho de Deus.
Verdade Aplicada
Fé, arrependimento e perseverança são condições indispensáveis para desfrutarmos das bênçãos da gloriosa e perfeita obra de redenção consumada por Jesus Cristo.
A salvação não é fruto de obras humanas, mas do sacrifício vicário de Cristo.
Porém, cabe ao homem responder em fé ( pistis ), arrependimento ( metanoia ) e perseverança ( hypomonē ), permanecendo firme até o fim (Hb 10:36).
Objetivos da Lição
- Compreender a redenção como uma intervenção divina para salvar a humanidade.
A redenção não é fruto de mérito humano, mas intervenção soberana de Deus, planejada “antes da fundação do mundo” ( pro katabolēs kosmou , πρὸ καταβολῆς κόσμου – Ef 1:4; 1Pe 1:20). Ela revela o amor divino ( agapē , ἀγάπη – Jo 3:16) e o ato de resgate ( lutroō , λυτρόω – Tt 2:14) pelo sangue de Cristo. - Ressaltar que o Filho de Deus é o único e verdadeiro mediador da redenção.
A Bíblia declara que “há um só Deus, e um só Mediador ( mesitēs , μεσίτης) entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1Tm 2:5). Nenhum outro nome ( onoma , ὄνομα) foi dado “pelo qual devamos ser salvos” (At 4:12). Assim, apenas Cristo é o caminho exclusivo para o Pai (Jo 14:6). - Saber que o homem não teria condições de redimir a si mesmo.
A humanidade está destituída da glória de Deus (Rm 3:23) e incapaz de se salvar. A palavra hebraica goel (גֹּאֵל – Jó 19:25) descreve o “parente-redentor” que resgata o necessitado. Assim é Cristo: nosso Redentor ( lytrōtēs , λυτρωτής – At 7:35), que pagou o preço do resgate ( apolutrōsis , ἀπολύτρωσις – Ef 1:7) e nos reconciliou com Deus (2Co 5:18-19).
Textos de Referência
João 1:12
“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome.”
- O verbo elabon (ἔλαβον – “receberam”) indica aceitação voluntária de Cristo.
- “Poder” é exousia (ἐξουσία), que significa “autoridade legal, direito conferido”, revelando que a filiação divina não é simbólica, mas jurídica e espiritual.
- “Filhos” aqui é tekna (τέκνα), enfatizando a relação familiar e íntima, fruto da redenção.
João 1:29
“No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.”
- “Cordeiro” é amnos (ἀμνός), remetendo ao cordeiro pascal (Êx 12:3-13) e ao servo sofredor de Isaías 53:7.
- O verbo airō (αἴρω – “tirar, remover”) indica não apenas cobrir os pecados, mas removê-los definitivamente.
- João apresenta Jesus como o verdadeiro substituto sacrificial.
João 3:14-16
“E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
- A referência à serpente de bronze (Nm 21:8-9) é tipologia do sacrifício de Cristo, que ao ser levantado na cruz atrai a salvação para todos os que nele olham com fé.
- “Filho unigênito” é monogenēs (μονογενής), termo que não significa apenas “único gerado”, mas “único em essência, singular em natureza”, revelando a divindade e exclusividade de Cristo.
- “Vida eterna” é zōē aiōnios (ζωὴ αἰώνιος), não apenas vida sem fim, mas uma nova qualidade de vida em comunhão com Deus (Jo 17:3).
Leituras Complementares
- Segunda | Rm 3.24 – A redenção vem somente pelo Filho de Deus.
- Terça | Gl 3.13 – O Filho de Deus nos redimiu da maldição da Lei.
- Quarta | Cl 1.14 – Temos direito à redenção pelo sangue de Jesus.
- Quinta | Sl 71.23 – Cantarei ao Senhor, pois Ele me redimiu.
- Sexta | Sl 130.7 – No Senhor há amor e plena redenção.
- Sábado | Lc 1.68 – O Deus de Israel visitou e redimiu o Seu povo.
Hinos Sugeridos
- 131 – Mais Perto Quero Estar
Este hino expressa o anseio do redimido em viver em comunhão com Cristo. Relaciona-se com a obra redentora porque, pela cruz, fomos reconciliados com Deus (Cl 1:20). O sangue de Jesus nos abriu o caminho ao Pai (Hb 10:19-22), tornando possível a intimidade espiritual. - 266 – Oh! Que Amigo em Cristo Temos
Destaca Jesus como o intercessor fiel, lembrando que Ele é o único Mediador ( mesitēs , μεσίτης) entre Deus e os homens (1Tm 2:5). Pela redenção, temos paz com Deus (Rm 5:1) e podemos lançar sobre Ele nossas ansiedades (1Pe 5:7), vivendo a segurança de sua presença. - 515 – Redimido por Cristo
Um hino que declara a alegria e a certeza do crente redimido pelo sangue do Cordeiro (1Pe 1:18-19; Ef 1:7). Exalta a obra consumada na cruz ( tetelestai , τετέλεσται – Jo 19:30), proclamando que pertencemos ao Senhor, nosso Redentor ( goel , גֹּאֵל – Jó 19:25).
Os hinos escolhidos reforçam a mensagem da lição: a redenção em Cristo nos aproxima de Deus, nos dá confiança no Mediador e nos alegra com a certeza de pertencermos ao Redentor vivo.
Motivo de Oração
Ore para que mais pessoas reconheçam a Cristo como seu único e suficiente Redentor , o Cordeiro de Deus ( Amnos tou Theou , ἀμνὸς τοῦ Θεοῦ – Jo 1:29), que tira definitivamente o pecado do mundo.
Clame para que o Espírito Santo convença os corações do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16:8), conduzindo-os ao arrependimento ( metanoia , μετάνοια – At 3:19) e à fé salvadora em Cristo ( pistis , πίστις – Ef 2:8).
Peça para que muitos experimentem a reconciliação ( katallagē , καταλλαγή – 2Co 5:18-19) com Deus, tornando-se filhos de adoção ( huiothesia , υἱοθεσία – Rm 8:15) e testemunhas vivas do poder do Evangelho (Rm 1:16).
Que a oração da igreja seja movida pela certeza de que “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Jl 2:32; At 2:21; Rm 10:13).
Introdução
Desde a eternidade, o Pai já havia estabelecido o plano perfeito de redenção, não como um improviso, mas como parte do Seu eterno propósito ( prothesis tōn aiōnōn , πρόθεσις τῶν αἰώνων – Ef 3:11).
O apóstolo Pedro declara que Cristo “foi conhecido ainda antes da fundação do mundo ( pro katabolēs kosmou , πρὸ καταβολῆς κόσμου), mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós” (1Pe 1:20).
Assim, a encarnação e a morte de Cristo não foram acidentes da história, mas cumprimento do desígnio divino já preparado desde a eternidade (Ap 13:8).
O Pai enviou Seu Filho unigênito ( monogenēs , μονογενής – Jo 3:16), expressão que significa “único em essência”, para realizar de uma vez por todas a obra redentora.
Pelo Seu sacrifício na cruz, o ser humano é resgatado ( elytrōthēte , ἐλυτρώθητε – 1Pe 1:18; do verbo lytroō , libertar mediante pagamento) de sua vã maneira de viver herdada dos pais, reconciliado ( katallagē , καταλλαγή – 2Co 5:18) com Deus e transferido do império das trevas para o Reino do Filho amado (Cl 1:13-14).
A cruz se torna, portanto, o centro da fé cristã , o eixo em torno do qual gira a história da salvação.
Ali, a justiça de Deus ( dikaiosynē , δικαιοσύνη – Rm 3:25-26), que exige a punição do pecado, encontra-se com o Seu amor ( hesed , חֶסֶד – bondade, misericórdia leal – Sl 85:10; agapē , ἀγάπη – Jo 15:13), que se doa em favor do pecador.
O salmista já havia profetizado esse encontro sublime: “A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram” (Sl 85:10).
Portanto, compreender a cruz como o coração da redenção é entender que nela se revelam, ao mesmo tempo, a santidade de Deus que não tolera o pecado, e a graça de Deus que oferece perdão e vida eterna a todo aquele que crê (Jo 3:36; Rm 5:8; 1Co 1:18).
Ponto de Partida
Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus ( Amnos tou Theou , ἀμνὸς τοῦ Θεοῦ – Jo 1:29), é o único e perfeito agente da nossa redenção, pois em nenhum outro há salvação (At 4:12).
1 – A promessa de um Redentor se cumpre
A promessa da redenção não nasceu no Novo Testamento, mas foi revelada já no Éden, logo após a queda do homem.
Em Gênesis 3:15, encontramos a chamada protoevangelium (“primeiro evangelho”), quando Deus declara à serpente: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.
O termo hebraico para “semente” é zeraʿ (זֶרַע), que significa descendência ou posteridade, apontando não apenas para um povo, mas para um descendente específico que viria esmagar a cabeça da serpente — Cristo (Gl 3:16).
Esse anúncio é a primeira profecia messiânica, antecipando o plano eterno de Deus.
O apóstolo Paulo afirma que este desígnio não foi improvisado, mas faz parte do “eterno propósito” ( prothesis tōn aiōnōn – Ef 3:11), concebido “antes da fundação do mundo” (1Pe 1:20; Ap 13:8).
O Evangelho de João inicia revelando que “no princípio era o Verbo ( Logos , λόγος), e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1:1).
A palavra Logos significa “razão, discurso, expressão”, mostrando que Cristo é a plena manifestação de Deus.
Esse Logos eterno “se fez carne” ( sarx egeneto , Jo 1:14), ou seja, assumiu a realidade humana em toda a sua limitação, sem deixar de ser divino (Fp 2:6-7).
A encarnação de Cristo não foi acidente da história, mas cumprimento do plano divino.
O apóstolo Paulo ensina que, “vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou o Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4:4).
Aqui, “plenitude” traduz o grego plērōma tou chronou , indicando o tempo exato estabelecido por Deus, em que todas as profecias e preparações históricas convergiram para o nascimento do Redentor.
Jesus mesmo testifica de sua preexistência ao afirmar: “Antes que Abraão existisse, EU SOU” ( egō eimi – Jo 8:58).
O uso da expressão egō eimi remete diretamente ao nome divino revelado em Êxodo 3:14 ( Ehyeh asher Ehyeh – “Eu Sou o que Sou”), revelando sua identidade eterna com o Deus de Israel.
Assim, a vinda do Filho Unigênito ( monogenēs , μονογενής – Jo 1:14,18; 3:16), aquele que é único em essência e não apenas em ordem de nascimento, é o cumprimento do que Deus prometera desde o Éden.
O próprio Cristo declarou que sua missão foi ordenada pelo Pai: “Esta é a obra de Deus: que creiais naquele que Ele enviou” (Jo 6:29).
A promessa de um Redentor se cumpre plenamente em Jesus Cristo, o Verbo eterno encarnado, anunciado desde o Gênesis, prefigurado em toda a história de Israel e manifestado em plenitude na cruz.
1.1 – O grande plano de redenção
A humanidade, após a queda, foi mergulhada em estado de perdição espiritual, alienada da vida de Deus (Ef 4:18). O profeta Ezequiel declara: “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:20).
O termo hebraico para “alma” é nefesh (נֶפֶשׁ), que significa ser vivente, indicando que a responsabilidade pelo pecado é pessoal e intransferível.
Paulo ecoa essa verdade: “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23).
O verbo grego hēmarton (ἥμαρτον – “pecaram”) transmite a ideia de errar o alvo, mostrando que o homem se desviou do propósito original de refletir a glória de Deus.
Nesse contexto de condenação, surge o Cordeiro prometido: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29).
O título “Cordeiro” remete ao hebraico seh (שֶׂה), usado em Êxodo 12:3 para o cordeiro pascal, cujo sangue livrava os primogênitos da morte. Isaías também o descreve como “o servo sofredor”, que “verdadeiramente tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou” (Is 53:4-5).
O termo hebraico nāsāʾ (נָשָׂא – “tomar sobre si”) indica carregar voluntariamente, revelando que Cristo assumiu a culpa da humanidade.
Esse sacrifício é denominado vicário , do latim vicarius , que significa “em lugar de outro”.
O Novo Testamento expressa isso em palavras como anti (ἀντί – “em lugar de”, Mt 20:28) e hyper (ὑπέρ – “em favor de”, 1Pe 3:18), reforçando a substituição penal: “Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8).
Embora nunca tenha cometido pecado ( hamartia , ἁμαρτία – 2Co 5:21), Ele se fez pecado por nós, assumindo nossa culpa para que fôssemos feitos justiça de Deus.
Esse plano divino de redenção revela amor incondicional.
O amor descrito em João 15:13 é agapē (ἀγάπη), o amor sacrificial que busca o bem do outro mesmo à custa da própria vida: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos”.
O Filho de Deus se entregou livremente, como Ele mesmo declarou: “Eu dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou” (Jo 10:17-18).
O apóstolo Pedro confirma: “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver…, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” (1Pe 1:18-19).
O termo grego lutroō (λυτρόω – “resgatar, redimir”) traz a ideia de pagamento de um preço para libertar um escravo.
Assim, em Cristo, não apenas fomos comprados, mas libertos do domínio do pecado e de Satanás (Cl 1:13-14).
Os acusadores de Jesus não encontraram nele culpa alguma, pois Ele é o “Cordeiro sem mácula” (Hb 9:14; Jo 8:46).
Sua morte foi injusta sob o ponto de vista humano, mas necessária no plano eterno de Deus.
Na cruz, Ele desarmou os principados e potestades, triunfando sobre eles (Cl 2:15).
Israel Maia resume bem: “A redenção não somente lança os olhos de volta para o Calvário, mas também contempla a liberdade na qual se encontram os redimidos”.
Isso ecoa em Gálatas 5:1: “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou”.
Pela fé ( pistis , πίστις – confiança absoluta), o crente apropria-se da graça ( charis , χάρις – favor imerecido), sendo justificado e reconciliado com Deus (Rm 5:1; 2Co 5:19).
Portanto, o grande plano de redenção revela tanto a justiça de Deus, que exige a morte pelo pecado, quanto seu amor perfeito, que proveu em Cristo o substituto para todo pecador. Essa é a base da nossa esperança, tanto no presente quanto na eternidade (Hb 9:12; Ap 5:9).
1.2 – Redenção só em Jesus
A Escritura é clara ao afirmar que não há outro mediador entre Deus e os homens, senão Jesus Cristo .
Pedro declara diante do Sinédrio: “E em nenhum outro há salvação; porque também debaixo do céu nenhum outro nome ( onoma , ὄνομα) há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4:12).
O termo onoma no grego não significa apenas “nome” como designação, mas envolve autoridade, identidade e missão. Logo, só Jesus tem a autoridade legítima para redimir.
Paulo confirma que “há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1Tm 2:5).
A palavra grega mesitēs (μεσίτης) traduzida como “mediador” carrega o sentido jurídico de alguém que intervém entre duas partes para estabelecer paz e reconciliação.
Assim, Cristo é o único que, por sua natureza divina e humana, pôde reconciliar o homem com o Pai (Cl 1:20-22).
Antes de encarar o Gólgota, Jesus ergueu os olhos ao céu em oração (Jo 17:1).
Esse gesto simboliza submissão e dependência ao Pai.
O verbo usado por João para “erguer os olhos” é epairō (ἐπαίρω), que significa levantar-se em direção, indicando não apenas o movimento físico, mas a atitude espiritual de confiança.
Ele declarou que havia chegado a “sua hora” ( hōra , ὥρα – Jo 17:1), termo que em João sempre aponta para o clímax da missão redentora: a cruz (Jo 2:4; 7:30; 12:23).
Sua prisão, julgamento e condenação foram injustos aos olhos humanos (Jo 18:12-14, 28-40), mas dentro do plano soberano de Deus.
O profeta Isaías já havia anunciado: “Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro ( seh , שֶׂה) foi levado ao matadouro” (Is 53:7).
Aqui, a comparação com o cordeiro sacrificial aponta para a substituição vicária que se consumaria no Calvário.
Cristo foi crucificado e morreu (Jo 19:30), mas a morte não pôde retê-lo, pois Ele ressuscitou ao terceiro dia (Jo 20:17; 1Co 15:3-4).
O termo grego egeirō (ἐγείρω – “levantar, despertar”) usado para a ressurreição indica não apenas despertar do sono da morte, mas também inaugurar uma nova realidade: vida eterna para todos os que nele creem (Rm 6:9-10).
Por meio de sua morte e ressurreição, Jesus se tornou o único caminho para a reconciliação com Deus.
Paulo escreve: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação” (2Co 5:19).
O verbo grego katallassō (καταλλάσσω) traduzido por “reconciliar” significa trocar a inimizade por amizade, restaurar relacionamentos quebrados.
Assim, em Cristo, fomos tirados da condição de inimigos (Rm 5:10) para nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1:12).
Dilmo dos Santos observa que a oração de João 17 revela não apenas a intimidade de Jesus com o Pai, mas o marco central do plano redentor.
Ele já havia testemunhado publicamente dessa unidade em seu batismo (Mt 3:13-17), em suas obras (Jo 5:19-23) e em suas palavras (Jo 12:49-50).
Agora, prestes ao sacrifício, reafirma sua missão de conceder vida eterna ( zōē aiōnios , ζωή αἰώνιος – Jo 17:3), que não é apenas duração infinita, mas qualidade de vida em comunhão com Deus.
Portanto, toda tentativa humana de buscar redenção fora de Cristo é vã.
Religiões, obras, filosofia ou moralidade não têm poder de salvar.
Somente Jesus Cristo, pela sua obediência até a morte e ressurreição gloriosa, pode oferecer redenção eterna (Hb 9:12).
1.3 – A obra redentora
Na cruz, Jesus proclamou em alta voz: Tetelestai (τετέλεσται – Jo 19:30), expressão grega que significa “está consumado, concluído, plenamente pago”.
Este termo era usado em recibos comerciais no mundo greco-romano, indicando que uma dívida havia sido quitada.
Assim, a declaração de Cristo revela que a dívida do pecado foi totalmente paga (Cl 2:14), cumprindo plenamente a justiça divina.
A obra redentora de Jesus satisfez a santidade e a justiça de Deus, ao mesmo tempo em que manifestou Seu amor.
O apóstolo Paulo ensina que Deus “propôs Cristo como propiciação ( hilastērion , ἱλαστήριον) pela fé no seu sangue” (Rm 3:25).
O termo hilastērion remete à tampa da arca da aliança, o “propiciatório” ( kappōreth , כַּפֹּרֶת – Lv 16:14), onde o sangue era aspergido no Dia da Expiação.
Assim, Cristo é o verdadeiro propiciatório, o lugar onde a ira de Deus foi aplacada e a comunhão foi restaurada.
Paulo ainda declara: “Nele temos a redenção ( apolutrōsis , ἀπολύτρωσις) pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça” (Ef 1:7).
A palavra apolutrōsis é formada por apo (“de, fora de”) e lutron (“resgate, preço pago”), transmitindo a ideia de libertação mediante pagamento.
Isso nos lembra o conceito hebraico gāʾal (גָּאַל – “redimir, resgatar”), usado para o parente-remidor ( goel ) que resgatava propriedades ou libertava um parente da escravidão (Lv 25:25; Rt 4:4-6). Jesus é o nosso Goel eterno, que nos resgatou da escravidão do pecado (Gl 3:13).
Colossenses 1:19-20 resume essa obra: “Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude ( plērōma , πλήρωμα) nele habitasse, e que, havendo feito a paz ( eirēnopoieō , εἰρηνοποιέω) pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas”.
Aqui, plērōma indica a totalidade da divindade (cf. Cl 2:9), e eirēnopoieō significa literalmente “fazer a paz”, mostrando que o sangue de Cristo estabeleceu a reconciliação definitiva.
Sua ressurreição confirmou a eficácia dessa obra (Jo 20:6-8; 1Co 15:17).
O termo anastasis (ἀνάστασις – “ressurreição”) não aponta apenas para um retorno à vida, mas para o início de uma nova criação (2Co 5:17).
Ele venceu a morte e inaugurou uma nova realidade espiritual, concedendo vida eterna aos que creem (Jo 11:25-26).
Essa obra consumada é o fundamento do cristianismo. Sem cruz e ressurreição, a fé seria vã (1Co 15:14).
A cruz não é apenas um evento histórico, mas o centro do plano divino de salvação, que uniu justiça e misericórdia: “A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram” (Sl 85:10).
Por isso, Cristo não apenas reconciliou o homem com Deus, mas também enviou seus discípulos a proclamarem essa boa nova: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16:15).
O evangelho da cruz é o poder de Deus ( dynamis Theou , δύναμις θεοῦ) para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1:16).
Assim, a obra redentora de Jesus Cristo é única, suficiente e eterna . Por meio dela, fomos reconciliados ( katallagē , καταλλαγή – Rm 5:11), justificados ( dikaioō , δικαιόω – Rm 5:9), santificados ( hagiazō , ἁγιάζω – Hb 10:10) e chamados a viver como novas criaturas (2Co 5:17).
Na cruz, Cristo não apenas perdoou pecados, mas inaugurou uma nova era: a do acesso livre ao Pai (Hb 10:19-20), a reconciliação universal em sua pessoa e a transformação de vidas pela sua obra perfeita.
📌 Até aqui, aprendemos que …
O plano eterno de Deus (prothesis, πρόθεσις – Ef 3:11) para redimir a humanidade foi plenamente cumprido em Cristo, o Cordeiro de Deus (Amnos tou Theou, ἀμνὸς τοῦ Θεοῦ – Jo 1:29), prometido desde o Éden (Gn 3:15). Sua morte vicária satisfez a justiça divina (dikaiosynē, δικαιοσύνη – Rm 3:25-26) e sua ressurreição (anástasis, ἀνάστασις – Jo 11:25) inaugurou a nova criação, garantindo não apenas perdão, mas reconciliação (katallagē, καταλλαγή – 2Co 5:18) e vida eterna aos que creem.
2 – A suficiente e perfeita obra redentora
A redenção em Cristo não foi improviso ou um “plano B” divino, mas já estava determinada desde a eternidade.
João afirma em Apocalipse 13:8 que o Cordeiro foi morto “desde a fundação do mundo”.
O termo grego usado, katabolē kosmou (καταβολὴ κόσμου), literalmente “lançamento do mundo”, aponta para o início da criação. Isso significa que, no conselho eterno da Trindade ( etzat ʿolam , עֲצַת עוֹלָם – Sl 33:11), a obra da cruz já estava estabelecida.
Paulo confirma em Efésios 1:4 que Deus nos elegeu “antes da fundação do mundo” ( pro katabolēs kosmou , πρὸ καταβολῆς κόσμου), revelando que a redenção não foi resposta tardia ao pecado, mas parte do desígnio eterno de Deus ( prothesis tōn aiōnōn , πρόθεσις τῶν αἰώνων – Ef 3:11).
Pedro também testemunha que Cristo, como Cordeiro imaculado, “conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, mas manifesto nestes últimos tempos por amor de vós” (1Pe 1:20).
No Antigo Testamento, a expectativa de redenção já estava prefigurada nos sacrifícios.
O sistema levítico apontava para uma realidade maior: “Porque a vida da carne está no sangue ( ha-dam , הַדָּם), e eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação ( kippēr , כִּפֶּר) pelas vossas almas” (Lv 17:11).
O termo hebraico kippēr significa “cobrir, expiar”, mas os sacrifícios da Lei eram apenas sombras ( skia , σκιᾶ – Hb 10:1) e não podiam remover definitivamente o pecado.
O autor de Hebreus ensina que Cristo “havendo oferecido para sempre um único sacrifício ( mian thusian , μίαν θυσίαν) pelos pecados, está assentado para sempre à destra de Deus” (Hb 10:12).
O verbo prospherō (προσφέρω – “oferecer”) aqui indica a entrega voluntária e suficiente de Cristo. Não há necessidade de repetição, pois Ele é o sumo sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 7:24-27).
Na cruz, Cristo cumpriu de uma vez por todas o plano redentor. A palavra usada em João 19:30, Tetelestai (τετέλεσται – “Está consumado”), no perfeito passivo, mostra que a obra foi plenamente realizada e seus efeitos permanecem para sempre. Assim, Ele é tanto o sacerdote que oferece quanto a oferta em si mesma (Hb 9:14).
A consumação da obra redentora manifesta as “riquezas da sua graça” ( ploutos tēs charitos autou , πλοῦτος τῆς χάριτος αὐτοῦ – Ef 1:7), pois a salvação é dádiva divina e não mérito humano (Ef 2:8-9).
Pela graça, somos justificados ( dikaioumenoi , δικαιούμενοι – Rm 3:24), reconciliados ( katallagentes , καταλλαγέντες – Rm 5:10) e libertos ( eleutherōthentes , ἐλευθερωθέντες – Rm 6:18) da escravidão do pecado.
Portanto, a obra redentora de Cristo é suficiente porque cobre todos os pecados (1Jo 1:7), e perfeita porque nunca precisará ser repetida (Hb 9:26-28).
Como Paulo escreve: “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5:21).
A cruz é, assim, o testemunho supremo da provisão divina de salvação e a revelação máxima da benignidade de Deus ( chrēstotēs tou Theou , χρηστότης τοῦ θεοῦ – Rm 2:4).
Ao olharmos para o Calvário, vemos a convergência entre amor e justiça, graça e verdade (Sl 85:10; Jo 1:14).
Glória, pois, a Ele, que executou desde a eternidade o perfeito plano de redenção!
2.1 – A preciosa redenção
O preço da nossa salvação não foi algo corruptível ou passageiro, mas o sangue do Cordeiro . O apóstolo Pedro ensina:
“Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver…, mas com o precioso sangue (timios haima, τίμιος αἷμα) de Cristo, como de um cordeiro (amnos, ἀμνός) imaculado e incontaminado” (1 Pe 1:18-19).
O termo grego timios significa algo de grande valor, inestimável, e haima refere-se ao sangue derramado como vida oferecida.
Esse paralelo remete ao hebraico ha-dam (הַדָּם – “o sangue”), usado em Levítico 17:11: “Porque a vida da carne está no sangue; e eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação (kippēr, כִּפֶּר) pelas vossas almas”.
O sangue, portanto, é símbolo da vida entregue para satisfazer a justiça de Deus e reconciliar o homem.
A redenção é fundamentada no amor infinito de Deus.
“Porque Deus amou (ēgapēsen, ἠγάπησεν – de agapē, amor sacrificial) o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16).
Esse amor se manifesta de forma suprema na reconciliação: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2Co 5:19).
O verbo grego katallassō (καταλλάσσω) significa “trocar a inimizade por amizade”, restaurar relações rompidas.
Não é por acaso que a Bíblia apresenta o Senhor como Redentor . Jó declarou: “Eu sei que o meu Redentor (goel, גֹּאֵל) vive, e que por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19:25).
O termo hebraico goel designava o parente-remidor, responsável por libertar seus familiares da escravidão ou recuperar propriedades perdidas (Lv 25:25; Rt 4:4-6).
Cristo é o nosso Goel perfeito, que pagou o preço da nossa liberdade (Gl 3:13).
Isaías reforça essa verdade, chamando o Senhor de “Redentor de Israel” ( goel Yisra’el , גּוֹאֵל יִשְׂרָאֵל – Is 41:14; 47:4; 63:16).
Ele é aquele que resgata o seu povo, não apenas de opressões temporais, mas da escravidão do pecado e da morte eterna.
O autor de Hebreus explica que Jesus, como sumo sacerdote perfeito, entrou não em um santuário terreno, mas no celestial, e “não por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue ( dia tou idiou haimatos , διὰ τοῦ ἰδίου αἵματος), entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção ( aiōnian lutrōsin , αἰωνίαν λύτρωσιν)” (Hb 9:12).
O termo lutrosis (λύτρωσις) significa libertação mediante pagamento de preço, ecoando a ideia veterotestamentária do resgate.
Assim, a redenção é “preciosa” porque custou o sangue do Filho de Deus, algo que ultrapassa qualquer valor humano (Sl 49:7-8).
O ser humano jamais poderia pagar esse preço, pois “todos pecaram” (Rm 3:23), mas Cristo pagou em nosso lugar, garantindo libertação eterna.
A redenção é preciosa porque manifesta o amor eterno do Pai, o sacrifício único do Filho e a aplicação eficaz do Espírito Santo.
Esse ato culmina na reconciliação do pecador com Deus e na segurança da salvação eterna (Rm 5:9-11).
2.2 – O nosso Redentor vive
A obra de redenção realizada por Cristo encontra seu clímax em sua morte vicária e em sua ressurreição gloriosa .
Jó, em meio ao sofrimento, declarou profeticamente: “Eu sei que o meu Redentor ( goel , גֹּאֵל) vive, e que por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19:25).
O termo hebraico goel designa o parente-remidor, responsável por resgatar seus familiares da escravidão, restaurar propriedades perdidas e vingar injustiças (Lv 25:25; Rt 4:4-6).
Essa figura aponta diretamente para Cristo, que se tornou nosso Goel eterno, pagando o preço da nossa libertação com seu próprio sangue (1Pe 1:18-19).
O Novo Testamento confirma que a redenção não se baseia em méritos humanos, mas na obra consumada do Filho de Deus. “Se, pois, o Filho vos libertar ( eleutherōsē , ἐλευθερώσῃ), verdadeiramente sereis livres” (Jo 8:36).
O verbo grego eleutheroō significa libertar de uma condição de escravidão para a plena liberdade.
Cristo nos livrou não apenas da culpa do pecado, mas também do seu domínio (Rm 6:18).
Jesus deixou claro o caráter substitutivo de sua morte: “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate ( lytron anti pollōn , λύτρον ἀντὶ πολλῶν) por muitos” (Mt 20:28).
A palavra lytron significa “resgate, preço pago por libertação”, e a preposição anti indica substituição — Ele morreu em nosso lugar .
O autor de Hebreus reforça essa verdade: “Cristo apareceu, uma vez por todas, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hb 9:26).
O verbo athetēsis (ἀθέτησις – “aniquilar, remover”) mostra que Ele não apenas cobriu os pecados, como acontecia nos sacrifícios levíticos ( kippēr , כִּפֶּר – expiar, cobrir), mas os removeu de forma definitiva.
Paulo explica que Deus “propôs Jesus Cristo como propiciação ( hilastērion , ἱλαστήριον) pela fé no seu sangue” (Rm 3:25).
Esse termo se refere ao “propiciatório” do Antigo Testamento ( kappōreth , כַּפֹּרֶת – Lv 16:14), a tampa da arca da aliança onde o sangue era aspergido no Dia da Expiação.
Em Cristo, o sangue foi derramado não sobre um objeto simbólico, mas oferecido diante do próprio Pai, satisfazendo sua justiça ( dikaiosynē , δικαιοσύνη – Rm 3:26) e abrindo o caminho da reconciliação (Cl 1:20).
A ressurreição de Cristo é a garantia de que a obra redentora foi aceita por Deus. Paulo afirma: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1Co 15:17).
O termo grego anástasis (ἀνάστασις – “ressurreição”) indica não apenas retorno à vida, mas início de uma nova realidade: Ele é “as primícias dos que dormem” (1Co 15:20), inaugurando a vitória sobre a morte.
Portanto, a morte vicária de Cristo satisfez a justiça divina, e sua ressurreição nos garante vida eterna (Jo 11:25-26).
Ele é o Redentor vivo que intercede continuamente por nós (Hb 7:25), assegurando que a salvação é perfeita, completa e eterna (Hb 9:12).
O nosso Redentor vive! Ele morreu em nosso lugar ( anti pollōn ), removeu definitivamente os pecados ( athetēsis ), satisfez a ira de Deus ( hilastērion ) e nos concedeu liberdade eterna ( eleutheria ).
2.3 – A necessidade de redenção
A redenção é necessária porque o pecado, com seu falso encanto, seduz e escraviza o ser humano. Jesus declarou: “Todo aquele que comete pecado é servo ( doulos , δοῦλος) do pecado” (Jo 8:34).
O termo doulos significa “escravo, submisso a um senhor”, mostrando que o pecador não é livre, mas prisioneiro de sua própria iniquidade (Pv 5:22).
Desde o Antigo Testamento, os profetas denunciaram essa condição. João Batista pregava: “Endireitai ( euthynate , εὐθύνατε) o caminho do Senhor” (Jo 1:23; cf. Is 40:3).
O verbo euthynō significa “tornar reto, alinhar”, indicando a necessidade de arrependimento ( metanoia , μετάνοια – mudança de mente e de direção).
Sem arrependimento, o homem continua amando seus pecados (Jo 3:19-20) e permanece longe da vida de Deus.
Jesus repreendeu as cidades que viram seus milagres mas não se arrependeram: “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida!” (Mt 11:20-21).
O termo hebraico correspondente, shuv (שׁוּב – “voltar, retornar”), usado em todo o Antigo Testamento para descrever arrependimento, revela que a verdadeira conversão é um retorno a Deus.
A Escritura é clara: “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23).
O pecado nos torna inimigos ( echthroi , ἐχθροί) de Deus (Tg 4:4; Cl 1:21).
O termo echthros significa “hostil, adversário”, mostrando que a humanidade, em sua condição natural, está em guerra contra o Criador.
Jesus afirmou categoricamente: “Quem não nascer de novo ( gennēthē anōthen , γεννηθῇ ἄνωθεν – ‘nascer do alto’) não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3:3).
O novo nascimento ( palingenesia , παλιγγενεσία – Tt 3:5) é obra exclusiva do Espírito Santo, que gera vida espiritual onde antes havia morte (Ef 2:1-5).
Sem essa transformação, não é possível adorar a Deus em espírito e em verdade (Jo 4:24), pois “o que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3:6).
Por isso, o Pai enviou o Filho, a fim de quebrar a barreira da inimizade ( echthra , ἔχθρα – Ef 2:14-16), reconciliando-nos consigo mesmo.
Paulo declara: “Se, quando inimigos, fomos reconciliados ( katēllagēmen , κατηλλάγημεν) com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm 5:10).
O verbo katallassō significa “trocar hostilidade por amizade”, mostrando que a obra da cruz nos leva de inimigos a amigos de Deus.
Assim, a necessidade da redenção é universal e absoluta.
Sem Cristo, o homem permanece escravo do pecado, cego para a verdade (2Co 4:4) e morto espiritualmente (Ef 2:1).
Mas, em Cristo, há perdão ( aphesis , ἄφεσις – “libertação, cancelamento da dívida” – Lc 4:18), reconciliação e nova vida como filhos de Deus (Jo 1:12-13).
A redenção é necessária porque o pecado nos torna escravos, inimigos e mortos espiritualmente.
Somente em Cristo, pelo novo nascimento, recebemos perdão, reconciliação e a verdadeira liberdade de viver como filhos de Deus.
📌 Até aqui, aprendemos que…
A obra de Cristo na cruz é única, plena e suficiente, pois satisfez a justiça de Deus ( dikaiosynē , δικαιοσύνη – Rm 3:26) e revelou sua graça ( charis , χάρις – Ef 2:8). Pelo sangue do Cordeiro ( ha-dam , הַדָּם – Lv 17:11; Ef 1:7), recebemos redenção ( apolutrōsis , ἀπολύτρωσις), perdão e acesso ao Pai. Sua ressurreição ( anástasis , ἀνάστασις – 1Co 15:17) confirma a eficácia eterna dessa obra, que nunca precisará ser repetida (Hb 9:12).
3 – Resultados do plano divino da redenção
A redenção em Cristo não se limita ao perdão dos pecados , mas resulta em uma transformação integral da vida.
O Espírito Santo aplica de forma eficaz a obra consumada do Filho em cada crente, operando regeneração ( palingenesia , παλιγγενεσία – Tt 3:5), santificação ( hagiasmos , ἁγιασμός – 1Ts 4:3) e adoção ( huiothesia , υἱοθεσία – Rm 8:15).
Jesus afirmou: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16).
A fé ( pistis , πίστις) é o meio pelo qual o pecador se apropria da obra redentora.
João escreveu seu evangelho “para que creiais… e, crendo, tenhais vida ( zōē , ζωή) em seu nome” (Jo 20:31).
O apóstolo Paulo declara que o evangelho é “o poder de Deus ( dynamis Theou , δύναμις Θεοῦ) para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1:16).
A salvação não é apenas livramento da condenação eterna, mas também restauração do relacionamento com Deus, tornando o homem justo diante dele ( dikaiosynē , δικαιοσύνη – Rm 1:17).
No entanto, a obra de Cristo exige resposta humana: arrependimento ( metanoia , μετάνοια – Mc 1:14-15) e fé genuína.
O arrependimento não é mero remorso, mas mudança radical de mente e direção, voltando-se para Deus ( shuv , שׁוּב – “retornar” – Jl 2:12-13).
O apóstolo Paulo adverte que não devemos desprezar a benignidade ( chrēstotēs , χρηστότης), tolerância e longanimidade ( makrothymia , μακροθυμία) de Deus, pois “a bondade de Deus te conduz ao arrependimento” (Rm 2:4).
Esse processo não é fruto da vontade humana, mas da ação graciosa de Deus, que nos chama, convence e regenera.
Assim, os resultados do plano divino da redenção se manifestam em várias dimensões:
- Posicional : somos justificados diante de Deus (Rm 5:1).
- Relacional : somos reconciliados com Ele e adotados como filhos (Jo 1:12; Rm 8:15-16).
- Transformacional : somos santificados pelo Espírito (1Ts 5:23).
- Missional : recebemos o ministério da reconciliação (2Co 5:18-20).
A redenção gera muito mais que perdão — ela cria uma nova identidade em Cristo, nos insere na família de Deus, nos concede vida eterna e nos impulsiona a viver em santidade e missão no poder do Espírito.
3.1 – Filhos de adoção
Um dos resultados mais gloriosos da redenção é a nossa adoção na família de Deus .
O evangelista João declara: “Mas, a todos quantos o receberam ( elabon , ἔλαβον), deu-lhes o poder ( exousia , ἐξουσία – autoridade, direito legal) de serem feitos filhos de Deus ( tekna Theou , τέκνα Θεοῦ), aos que creem no seu nome” (Jo 1:12).
O versículo seguinte reforça: “Os quais não nasceram do sangue ( haimatōn , αἱμάτων), nem da vontade da carne ( sarkos , σαρκός), nem da vontade do homem ( andros , ἀνδρός), mas de Deus” (Jo 1:13).
A filiação divina não é resultado de descendência biológica, mérito humano ou decisão familiar, mas de uma ação soberana de Deus que gera nova vida.
Jesus afirmou a Nicodemos: “Quem não nascer de novo ( gennēthē anōthen , γεννηθῇ ἄνωθεν – nascer do alto) não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3:3).
Esse novo nascimento é obra do Espírito Santo, que nos regenera ( palingenesia , παλιγγενεσία – Tt 3:5), tornando-nos filhos espirituais de Deus.
O apóstolo Paulo reforça essa verdade: “Todos sois filhos de Deus ( huioi Theou , υἱοὶ Θεοῦ) pela fé em Cristo Jesus” (Gl 3:26).
E em Efésios 1:5, ele ensina que fomos predestinados “para sermos adotados como filhos ( huiothesia , υἱοθεσία) por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito da sua vontade”.
O termo huiothesia significa literalmente “colocação como filho”, expressão jurídica usada no mundo greco-romano para indicar a adoção plena de alguém que recebia todos os direitos de herdeiro.
Essa adoção espiritual é confirmada pela habitação do Espírito Santo: “Porque não recebestes o espírito de escravidão para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção ( pneuma huiothesias , πνεῦμα υἱοθεσίας), pelo qual clamamos: Aba, Pai” (Rm 8:15).
O termo aramaico Abba (אַבָּא – “papai”) expressa intimidade e confiança, mostrando que nossa nova relação com Deus não é de medo, mas de amor filial.
Ao mesmo tempo, a Escritura reconhece que nem todos entram nessa família.
Muitos rejeitam a Cristo, como diz João: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1:11).
Essa recusa mostra que a filiação é condicional à fé ( pistis , πίστις) e ao arrependimento ( metanoia , μετάνοια).
Assim, a adoção em Cristo nos dá não apenas um novo status diante de Deus, mas também uma nova identidade, com direitos de herança: “Se somos filhos, somos também herdeiros ( klēronomoi , κληρονόμοι) de Deus e coerdeiros com Cristo” (Rm 8:17).
A obra da redenção nos faz filhos de adoção, não por nascimento natural ou méritos humanos, mas pela fé em Cristo e pelo novo nascimento operado pelo Espírito. Essa filiação nos concede intimidade com o Pai, segurança eterna e herança gloriosa com Cristo.
3.2 – A Presença do Espírito Santo
Um dos maiores resultados da obra redentora de Cristo é o dom do Espírito Santo , enviado para habitar permanentemente nos crentes.
Jesus prometeu: “E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” (Jo 14:16).
O termo grego traduzido por “Consolador” é paraklētos (παράκλητος), que significa literalmente “aquele chamado para estar ao lado”, podendo ser traduzido também como advogado, intercessor, auxiliador ou defensor (1Jo 2:1).
No versículo seguinte, Jesus especifica: “O Espírito da verdade ( pneuma tēs alētheias , πνεῦμα τῆς ἀληθείας), que o mundo não pode receber” (Jo 14:17).
A palavra pneuma (πνεῦμα) significa “sopro, vento, espírito” e traduz o hebraico ruach (רוּחַ), usado no Antigo Testamento tanto para o fôlego de vida (Gn 2:7) como para o Espírito de Deus que age na criação (Gn 1:2).
Isso mostra que apenas os que pertencem a Cristo podem receber esse Espírito vivificador, pois o mundo incrédulo permanece em trevas (1Co 2:14).
É significativo que Judas Iscariotes já não estivesse presente no momento em que Jesus prometeu o Espírito (Jo 13:30-31).
A presença do Espírito Santo é, portanto, privilégio exclusivo dos que são verdadeiros discípulos de Cristo.
Paulo confirma essa verdade ao dizer: “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus” (Rm 8:14).
Aqui, a palavra “guiados” vem de agō (ἄγω), que significa “conduzir”, ressaltando que o Espírito nos dirige diariamente como filhos adotivos de Deus ( huiothesia , υἱοθεσία – Rm 8:15).
Esse testemunho interior é obra do Espírito: “O mesmo Espírito testifica ( symmartyrei , συμμαρτυρεῖ) com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8:16).
O verbo symmartyreō significa “dar testemunho juntamente com”, revelando a íntima cooperação do Espírito com o nosso ser regenerado.
Do mesmo modo, em Gálatas 4:6 Paulo declara: “E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai”.
O termo aramaico Abba (אַבָּא) expressa intimidade filial, indicando que a adoção é confirmada pelo clamor do Espírito em nós.
O recebimento do Espírito Santo está diretamente vinculado à redenção consumada por Cristo.
Paulo ensina: “Cristo nos resgatou ( exēgorasen , ἐξηγόρασεν – comprar de volta, libertar) da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós… para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios em Cristo Jesus, e para que pela fé recebêssemos a promessa do Espírito” (Gl 3:13-14).
Primeiro ocorre o resgate ( lutron , λύτρον – Mt 20:28; Hb 9:12), e então o Espírito é concedido como selo da nova aliança (Ef 1:13-14).
Portanto, a presença do Espírito Santo é tanto sinal da nossa filiação divina como garantia da nossa herança eterna .
Ele é chamado em Efésios 1:14 de “penhor ( arrabōn , ἀρραβών) da nossa herança”, indicando que já desfrutamos, no presente, das primícias do Reino, enquanto aguardamos a plena redenção do corpo (Rm 8:23).
A presença do Espírito Santo é resultado direto da obra redentora de Cristo.
Ele habita nos crentes como Consolador, guia, selo e penhor da herança eterna, confirmando nossa adoção e garantindo que pertencemos definitivamente à família de Deus.
3.3 – Paz com Deus e Paz de Deus
Um dos resultados mais preciosos da obra redentora de Cristo é a paz .
Antes da cruz, a humanidade estava em inimizade ( echthra , ἔχθρα) contra Deus (Rm 8:7; Ef 2:14-16).
Mas por meio da morte vicária de Cristo, essa barreira foi removida, e agora desfrutamos da paz com Deus (Rm 5:1) e da paz de Deus (Fp 4:7).
Jesus prometeu a seus discípulos: “Deixo-vos a paz ( eirēnēn , εἰρήνην), a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá” (Jo 14:27).
O termo grego eirēnē significa ausência de guerra, mas também bem-estar, harmonia e segurança.
No Antigo Testamento, o equivalente hebraico é shalom (שָׁלוֹם), uma palavra de grande riqueza semântica que inclui integridade, plenitude, saúde, prosperidade e reconciliação.
Cristo é chamado “Príncipe da Paz” ( Sar Shalom , שַׂר־שָׁלוֹם) em Isaías 9:6, porque Sua obra redentora estabelece reconciliação plena: “O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53:5).
A palavra hebraica para “castigo” é musar (מוּסָר), que significa disciplina corretiva, mostrando que a punição que merecíamos foi transferida para Ele, para que recebêssemos shalom .
Paulo explica: “Tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou ( katallaxantos , καταλλάξαντος) consigo mesmo por Jesus Cristo” (2Co 5:18).
O verbo katallassō significa transformar uma relação de hostilidade em amizade. A reconciliação não é apenas ausência de conflito, mas restauração plena do relacionamento com o Pai.
Dessa reconciliação resulta a paz com Deus ( eirēnē pros ton Theon , εἰρήνη πρὸς τὸν Θεόν – Rm 5:1), que é objetiva e judicial: o pecador não está mais debaixo da ira divina (Jo 3:36), mas é declarado justo pela fé em Cristo.
Mas também recebemos a paz de Deus ( eirēnē tou Theou , εἰρήνη τοῦ Θεοῦ – Fp 4:7), que é subjetiva e experiencial.
Paulo ensina que essa paz “excede todo o entendimento” e guarda ( phroureō , φρουρέω – “vigiar como um sentinela”) nossos corações e mentes em Cristo.
Trata-se de uma paz interior que permanece mesmo em meio às tribulações, pois não depende das circunstâncias, mas da presença do Espírito Santo (Jo 16:33; Gl 5:22).
Assim, pela redenção de Cristo, somos retirados do estado de inimigos de Deus (Cl 1:21-22) e introduzidos na condição de filhos que desfrutam tanto da paz posicional (Rm 5:1) quanto da paz experiencial (Fp 4:7).
A obra de Cristo não apenas removeu a inimizade, mas nos concedeu shalom verdadeiro.
Temos agora paz com Deus – fruto da justificação – e a paz de Deus – fruto da comunhão diária com o Espírito Santo.
📌 Até aqui, aprendemos que …
A redenção em Cristo nos dá nova identidade como filhos de Deus ( tekna Theou , τέκνα Θεοῦ – Jo 1:12), garante vida eterna ( zōē aiōnios , ζωή αἰώνιος – Jo 3:16) e nos concede o ministério da reconciliação ( katallagē , καταλλαγή – 2Co 5:18). O crente redimido não apenas é liberto do poder do pecado, mas também chamado a viver como nova criatura ( kainē ktisis , καινὴ κτίσις – 2Co 5:17), refletindo a glória de Cristo no mundo.
Conclusão
Conhecer e experimentar a gloriosa Obra Redentora consumada por Jesus Cristo não pode ser apenas um conceito doutrinário, mas deve gerar no discípulo atitudes que expressem um viver coerente com a nova identidade recebida em Cristo, sempre para a glória de Deus (1Co 10:31).
O apóstolo Pedro nos lembra: “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados ( elytrōthēte , ἐλυτρώθητε), da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo” (1Pe 1:18-19).
O verbo lytroō significa libertar mediante pagamento de preço, e aponta para a ideia veterotestamentária de redenção ( gāʾal , גָּאַל – resgatar, livrar, restaurar).
Assim, o preço da nossa salvação foi o sangue de Jesus, não uma moeda terrena, mas o dom mais elevado do céu (Hb 9:12; Ap 5:9).
Se compreendemos isso, nossa vida deve ser marcada por temor reverente ( phobos , φόβος – respeito profundo, reverência a Deus – 1Pe 1:17), santificação ( hagiasmos , ἁγιασμός – separação para Deus – Hb 12:14) e gratidão constante ( eucharistia , εὐχαριστία – ação de graças – Cl 3:15-17).
A redenção não apenas nos livra da condenação, mas nos chama para uma nova maneira de viver (Rm 6:4), como povo adquirido ( peripoiēsis , περιποίησις – 1Pe 2:9), templo do Espírito (1Co 6:19-20) e embaixadores da reconciliação (2Co 5:18-20).
Quem foi redimido deve manifestar frutos de justiça ( karpos dikaiosynēs , καρπὸς δικαιοσύνης – Fp 1:11), testemunhando ao mundo que o Cordeiro que morreu está vivo e reina para sempre (Ap 1:18).
Portanto, a redenção não se limita a um evento do passado, mas é uma realidade presente que molda nosso caráter e uma esperança futura que nos garante herança incorruptível ( aphtharton klēronomian , ἄφθαρτον κληρονομίαν – 1Pe 1:4).
O discípulo de Cristo que conhece essa verdade é chamado a viver em santidade, temor e gratidão, proclamando com a vida e com os lábios: “O meu Redentor vive” (Jó 19:25).
Perguntas para reflexão:
- Como a consciência de que fomos resgatados pelo sangue de Cristo transforma nossa maneira de viver diariamente?
- O que significa, na prática, viver com “temor, santificação e gratidão” diante da obra da cruz?
- De que forma podemos testemunhar ao mundo, com palavras e ações, que Cristo é nosso Redentor vivo?
Aplicação prática
A obra redentora de Cristo nos convoca a viver em gratidão , santidade e missão .
A gratidão ( eucharistia , εὐχαριστία – Cl 3:15-17) deve ser a marca constante do crente, pois fomos libertos não por méritos humanos, mas pelo sangue precioso do Cordeiro (1Pe 1:18-19; Hb 9:12).
Santidade ( hagiasmos , ἁγιασμός – Hb 12:14) é a resposta adequada àquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1Pe 2:9).
Além disso, quem foi redimido recebeu também um chamado missionário: proclamar que só Jesus salva (At 4:12).
Paulo afirma que Deus nos confiou o “ministério da reconciliação” ( diakonia tēs katallagēs , διακονία τῆς καταλλαγῆς – 2Co 5:18), fazendo-nos embaixadores de Cristo no mundo.
Essa missão começa no lar , com a vivência prática do evangelho (Dt 6:6-7; Ef 5:25-33), continua na igreja , com o serviço aos irmãos (Gl 6:10; 1Pe 4:10), e se estende à sociedade , sendo luz e sal em meio à corrupção (Mt 5:13-16; Fp 2:15).
Portanto, viver a redenção significa refletir a vida de Cristo em cada esfera da existência, testemunhando pela palavra e pelo exemplo que “o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19:10).
Desafio da semana
Nesta semana, desafie-se a compartilhar seu testemunho pessoal de redenção com alguém que ainda não conhece a Cristo.
Mostre, com simplicidade e sinceridade, como Jesus transformou a sua vida, enfatizando que Ele é o único Redentor ( goel , גֹּאֵל – Jó 19:25; lytrōtēs , λυτρωτής – At 7:35).
Lembre-se de que o testemunho não é apenas contar uma história, mas proclamar a obra de Deus em sua vida (Sl 107:2; Ap 12:11).
Fale sobre como experimentou o perdão ( aphesis , ἄφεσις – Lc 24:47), a reconciliação ( katallagē , καταλλαγή – 2Co 5:18) e a nova vida em Cristo (2Co 5:17).
Assim como a mulher samaritana não guardou para si o encontro com Jesus, mas anunciou à sua cidade (Jo 4:28-30), você também é chamado a ser testemunha viva do Evangelho (At 1:8).
📖 Desafio: Ore pedindo ousadia ao Espírito Santo e compartilhe, nesta semana, com pelo menos uma pessoa, como Cristo mudou sua vida.
Seu irmão em Cristo, Pr. Francisco Miranda do Teologia24horas, um jeito inteligente de ensinar e aprender!
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VOCÊ ENTENDE O VERDADEIRO SIGNIFICADO DA REDENÇÃO?
No próximo domingo, através da Revista Betel Dominical, estudaremos a Lição 12 – A redenção em Cristo: o sacrifício vicário do Filho de Deus.
Vivemos em um mundo que busca salvação em filosofias, tradições e obras humanas.
Mas a Palavra de Deus nos lembra que somente em Cristo há redenção plena: “Nele temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça” (Ef 1:7).
Nesta lição aprenderemos que:
– ✅ A redenção foi planejada antes da fundação do mundo (1Pe 1:20; Ef 1:4)
– ✅ Cristo é o único Mediador entre Deus e os homens (1Tm 2:5; At 4:12)
– ✅ O sangue de Jesus é o preço da nossa liberdade (1Pe 1:18-19; Hb 9:12)
Você está preparado para proclamar com firmeza: “O meu Redentor vive!” (Jó 19:25)?
💬 Marque um professor da EBD ou um amigo que precisa ser lembrado de que só Jesus é o Redentor.
Vamos juntos fortalecer a Igreja com uma fé firme e um testemunho vivo da cruz de Cristo!