Rute: lições de lealdade, o caminho da redenção

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Embora a estrutura de títulos, tópicos e subtópicos siga fielmente o conteúdo oficial, os textos aqui apresentados são comentários inéditos, reflexões aprofundadas e aplicações teológicas elaboradas pelo Pr. Francisco Miranda , fundador do IBI “Instituto Bíblico Internacional” e do Teologia24horas.
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Texto Áureo
“Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti. Porque aonde quer que tu fores, irei eu; e onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1:17).
O versículo de Rute 1:17 é mais que uma promessa de fidelidade humana; é uma confissão de fé redentora.
O verbo hebraico dabaq (דָּבַק), traduzido por “apegar-se”, expressa um vínculo profundo, a mesma palavra usada em Gn 2:24 para a união matrimonial.
Assim, a lealdade de Rute ultrapassa o afeto humano e manifesta uma entrega total ao Deus de Israel.
É um testemunho de conversão genuína, em que a fé ( emunah , אֱמוּנָה) transforma a estrangeira em parte do povo da aliança.
Verdade Aplicada
A fidelidade é uma das marcas distintivas do verdadeiro discípulo de Cristo, pois reflete o próprio caráter de Deus, cuja natureza é imutável e fiel ( ’ĕmûnāh , אֱמוּנָה).
Essa palavra hebraica, usada em Dt 32:4 — “fiel é o Senhor” — provém da raiz ’āman (אָמַן), que significa “ser firme, estável, digno de confiança”.
No grego do Novo Testamento, o termo correspondente é pistis (πίστις), que não designa apenas crença intelectual, mas também lealdade e compromisso perseverante (Gl 5:22; Hb 10:23).
A fidelidade ( ’ĕmûnāh / pistis ) é a marca daqueles que, como Rute, refletem o caráter do Redentor em suas relações diárias e ministeriais (Pv 3:3-4; Mt 24:45-46).
Objetivos da Lição
- Conhecer a origem de Rute
Compreender o contexto histórico e espiritual da moabita Rute, sua inserção em um povo estrangeiro e hostil a Israel (Dt 23:3; Jz 3:12-14), e como, pela fé ( ’emunah , אֱמוּנָה), ela rompeu barreiras étnicas e religiosas para se unir ao Deus de Israel. O aluno deve perceber que a graça divina transcende fronteiras culturais e alcança aqueles que, como Rute, se voltam sinceramente ao Senhor (Rt 1:16; Ef 2:12-13). - Reconhecer o valor da fidelidade
Entender que a fidelidade ( ’ĕmûnāh em hebraico; pistis em grego) é um atributo divino que deve refletir-se na vida do crente (Dt 32:4; Gl 5:22). A história de Rute ensina que lealdade, compromisso e constância são marcas dos verdadeiros discípulos de Cristo. Sua firme decisão de seguir Noemi e servir ao Deus de Israel (Rt 1:17) demonstra que a fé autêntica produz fidelidade visível em atitudes, relacionamentos e serviço cristão (1Co 4:2; Hb 10:23). - Ressaltar que Deus levanta remidores
Mostrar que o goel (גֹּאֵל), o redentor, é uma figura profética do próprio Cristo (Is 59:20; Hb 9:12). Boaz, como parente remidor, representa o amor restaurador de Deus, que intervém na história humana para redimir, restaurar e incluir os marginalizados em Sua aliança (Rt 4:9-10; Gl 4:4-5). Assim como Rute foi resgatada e incluída na genealogia de Cristo (Mt 1:5), também nós fomos redimidos pelo sangue do Cordeiro (Ef 1:7; 1Pe 1:18-19).
Textos de Referência
Rute 1:14-18
14 – Então levantaram a sua voz e tornaram a chorar; e Orfa beijou a sua sogra, porém Rute se apegou a ela.
O verbo hebraico dāvaq (דָּבַק), traduzido como “apegou-se”, transmite a ideia de adesão firme, ligação de aliança. É o mesmo termo usado em Gn 2:24, descrevendo a união conjugal — “se unirá à sua mulher”. A lealdade de Rute, portanto, assume caráter de pacto, e não apenas de afeto natural.
15 – Pelo que disse Noemi: Eis que voltou tua cunhada ao seu povo e aos seus deuses; volta tu também após a tua cunhada.
A fala de Noemi evidencia o contraste entre os deuses de Moabe (Quemos e Baal-Peor, Nm 21:29; 1Rs 11:7) e o Deus de Israel , o Deus da aliança. Aqui se define a fronteira entre idolatria e fé verdadeira.
16 – Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque aonde quer que tu fores, irei eu, e onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.
Este é o ápice da confissão de fé de Rute. O verbo ‘āzav (עָזַב, “deixar, abandonar”) indica uma renúncia total ao passado. Sua expressão “o teu Deus é o meu Deus” é uma confissão monoteísta semelhante ao Shema Israel (Dt 6:4). Aqui Rute se torna símbolo da conversão dos gentios à fé em YHWH.
17 – Onde quer que morreres, morrerei eu, e ali serei sepultada; faça-me assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.
O juramento solene “faça-me assim o Senhor” (koh ya‘aseh YHWH) é fórmula típica de aliança no Antigo Oriente (cf. 1Sm 3:17; 1Rs 2:23). Rute sela sua decisão invocando o nome do Senhor — YHWH — algo inédito para uma moabita. Sua fé agora está firmada no Deus vivo.
18 – Vendo, pois, Noemi que de todo estava resolvida para ir com ela, deixou de lhe falar nisso.
O termo “resolvida” traduz o hebraico ’āmats (אָמַץ), “ser forte, determinado”, o mesmo usado em Js 1:6 — “esforça-te e tem bom ânimo”. Essa ligação lexical revela que o mesmo Espírito que fortaleceu Josué para conquistar Canaã agora impulsiona Rute a entrar na terra da promessa pela fé.
Rute 1:14-18 narra o momento decisivo da fé que atravessa fronteiras. Sua confissão transforma a estrangeira em herdeira da promessa (Gl 3:14).
O texto mostra que a fidelidade ( ’emunah ) e o amor leal ( hesed ) conduzem à redenção, prefigurando a entrada da Igreja gentílica na aliança por meio de Cristo, o verdadeiro Goel (Is 59:20; Ef 2:12-13).
Leituras Complementares
- Segunda | Rt 1:14 – Rute prossegue, e Orfa volta por falta de visão.
- Terça | Rt 2:2-3 – Deus exaltou Rute na sua humildade.
- Quarta | Rt 4:13-22 – Deus concede um filho a Rute.
- Quinta | Mt 1:5 – Rute passa a fazer parte da genealogia de Jesus.
- Sexta | 1Co 4:2 – Rute foi decidida e achada fiel ao seu chamado.
- Sábado | Hb 10:38-39 – A fé levou Rute a não retroceder.
Hinos Sugeridos
- Hino 459 – “Mais perto quero estar”
Este hino expressa o anseio de comunhão íntima com Deus, mesmo em meio às provas e dores. Assim como Rute decidiu permanecer ao lado de Noemi e seguir o Deus de Israel (Rt 1:16-17), o cristão fiel busca viver próximo do Redentor, confiando que o sofrimento terreno prepara-o para a glória eterna (Fp 3:10; Tg 4:8). - Hino 564 – “Mais puro quero ser”
Este cântico reflete o desejo de santificação e pureza espiritual. A jornada de Rute, da terra idólatra de Moabe à “Casa do Pão” (Belém), simboliza o processo de purificação e separação que ocorre quando alguém decide seguir a Deus (2Co 7:1; 1Ts 4:3). - Hino 597 – “Mais perto da redenção”
Este hino celebra a esperança da redenção final em Cristo. O tema central conecta-se diretamente à figura de Boaz, o goel (גֹּאֵל), o remidor que prefigura Jesus (Rt 4:9-10; Gl 4:4-5). Ele é aquele que nos resgatou da perdição e nos tornou parte da Sua família espiritual (Ef 1:7).
Os hinos 459, 564 e 597 conduzem o adorador à mesma experiência de Rute: aproximar-se de Deus com fidelidade, purificar-se pela obediência e celebrar a redenção . O cântico torna-se expressão viva do hesed (חֶסֶד) — o amor leal que une o redimido ao seu Redentor.
Motivo de Oração
Ore para que o Espírito Santo nos ensine a viver em fidelidade ( ’ĕmûnāh , אֱמוּנָה) e amor leal ( hesed , חֶסֶד), refletindo o caráter de Cristo em todos os nossos relacionamentos.
Que sejamos constantes na fé ( pistis , πίστις) e íntegros no trato com o próximo, manifestando o mesmo amor sacrificial ( agápē , ἀγάπη) que o Senhor demonstrou ao entregar-se por nós (Ef 5:2).
Peça ao Senhor que nos dê graça para permanecer firmes na aliança, mesmo diante das provações, assim como Rute permaneceu leal a Noemi e ao Deus de Israel (Rt 1:16-17).
Que nossa fidelidade a Deus se traduza em atitudes concretas de justiça, misericórdia e humildade (Mq 6:8), e que cada família da Igreja seja um reflexo da fidelidade do Redentor — “Aquele que prometeu é fiel” (Hb 10:23).
Versículos de apoio para o momento de oração:
- Sl 86:11 – “Une o meu coração ao temor do teu nome.”
- Pv 3:3-4 – “Não te desamparem a benignidade e a fidelidade.”
- 1Co 4:2 – “O que se requer dos despenseiros é que cada um se ache fiel.”
- 2Ts 3:3 – “Mas fiel é o Senhor, que vos confirmará e guardará do maligno.”
A oração do justo fiel alcança o coração de Deus. Ao orarmos por fidelidade, pedimos mais do que constância — pedimos um coração moldado pelo amor leal de Cristo, capaz de perseverar na graça e refletir Sua luz nas relações familiares, ministeriais e fraternas.
Ponto de Partida
Rute está na genealogia de Cristo (Mt 1:5) e representa tipologicamente a Igreja redimida pela graça.
A moabita, outrora estrangeira e excluída das promessas (Ef 2:12), foi inserida na linhagem messiânica por meio da fidelidade e da providência divina.
Assim como Boaz, o goel (גֹּאֵל — redentor), tomou Rute por esposa e lhe concedeu herança entre o povo de Deus (Rt 4:9-10), Cristo — nosso Redentor ( Lutrōtēs , Λυτρωτής; Tt 2:14) — resgatou a humanidade, reconciliando-nos com o Pai e fazendo-nos “povo adquirido” (1Pe 2:9).
Em Rute contemplamos o plano eterno da salvação: Deus chamando um povo entre as nações (At 15:14), redimindo os que estavam longe e unindo-os ao Seu Reino por meio da fé (Rm 3:29-30).
Sua história é mais do que um relato de fidelidade humana — é uma profecia viva da graça que transforma estrangeiros em herdeiros e pecadores em noiva do Cordeiro (Ap 19:7-9).
Rute aponta para a Igreja: redimida, acolhida e inserida na herança de Cristo. O mesmo Deus que a elevou de estrangeira a ancestral do Messias é o que hoje transforma os fiéis em participantes de Sua aliança eterna (Rm 8:17).
Introdução
O livro de Rute é uma das mais belas expressões do amor redentor de Deus na história humana.
Em apenas quatro capítulos, o autor inspirado tece uma narrativa de fé, lealdade e providência divina que floresce no terreno da perda.
O contexto histórico é o dos juízes (Rt 1:1) — um período em que “cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos” (Jz 21:25), mas em meio à escuridão moral e espiritual, a luz da graça ( ḥesed , חֶסֶד — amor leal, bondade fiel) começa a brilhar discretamente em Belém, a “Casa do Pão”.
A jornada da moabita Rute ilustra o poder transformador da graça: uma estrangeira amaldiçoada (Dt 23:3) torna-se parte do povo da aliança, sendo acolhida sob as “asas” ( kānāp , כָּנָף) do Deus de Israel (Rt 2:12).
Essa imagem de refúgio e proteção se cumpre plenamente em Cristo, o nosso Redentor ( Lutrōtēs , Λυτρωτής; Tt 2:14), sob cujas asas a Igreja encontra descanso e salvação (Mt 23:37; Sl 91:4).
De forma simbólica, Rute é o oitavo livro da Bíblia, e o número oito na tipologia hebraica aponta para a nova criação, ressurreição e recomeço espiritual (Gn 17:12; 1Pe 3:20-21; Jo 20:26).
Na tipologia bíblica :
- O seis representa incompletude , o que falta para que a obra de Deus seja plena (Gn 1:26–31).
- O sete representa completude e descanso (Ap 1:4; Zc 4:10).
- O oito aponta para algo que vai além da completude : a nova criação , a ressurreição e o recomeço espiritual (Lc 9:28–31; Jo 20:26).
Por isso, o fato de Rute ser o oitavo livro da Bíblia não é acidental. Ele profetiza que o plano de Deus não terminou no descanso do sétimo dia, mas avança para o cumprimento final da redenção — a formação de um povo santo e glorificado (Ef 1:4–5).
Após o caos moral de Juízes (incompletude do homem sem rei) e antes da monarquia de 1 Samuel (o estabelecimento do reino), o livro de Rute anuncia o novo começo do propósito divino: a redenção que conduz ao reinado messiânico .
Em Rute, esse “oito” está ligado à esperança e expectativa pelo verdadeiro Redentor, Boaz como figura de Cristo, que não descansará até consumar a obra (Rt 3:18).
Estrutura do Livro de Rute
O livro de Rute é pequeno (apenas 4 capítulos) mas extremamente rico, organizado de forma narrativa e progressiva , com uma mensagem teológica central de redenção e providência divina .
Capítulo 1 – A partida e o retorno (Perda e decisão)
- Contexto: Tempo dos juízes, crise de fome em Belém.
- Elimeleque, Noemi e seus filhos migram para Moabe.
- Morte do marido e dos filhos de Noemi.
- Rute decide seguir Noemi e o Deus de Israel.
- Verso-chave: “O teu povo será o meu povo, o teu Deus será o meu Deus” (Rt 1:16).
- Tema: Conversão e compromisso.
Capítulo 2 – O campo de Boaz (Providência e favor)
- Rute vai respigar no campo de Boaz.
- Boaz demonstra bondade e cuidado.
- Introdução do conceito de goel (resgatador).
- Tema: Graça e provisão divina.
Capítulo 3 – A proposta no eirado (Entrega e resgate)
- Noemi orienta Rute a se apresentar a Boaz.
- Pedido de cobertura ( kanaph — “asas”, símbolo de proteção e aliança).
- Boaz aceita o papel de resgatador, mas há um parente mais próximo.
- Tema: Submissão, aliança e justiça.
Capítulo 4 – A redenção e o casamento (Restauração e glória)
- Boaz resolve a questão legal na porta da cidade.
- Casa-se com Rute, garantindo herança e descendência.
- O filho Obede nasce — avô do rei Davi.
- Tema: Redenção e cumprimento do propósito de Deus.
Aplicação Tipológica – Rute e a Igreja
O livro de Rute pode ser lido historicamente (fato real no período dos juízes) e tipologicamente (como figura profética da relação entre Cristo e a Igreja).
| Elemento em Rute | Figura Tipológica | Referência Bíblica |
|---|---|---|
| Rute – Moabita, gentia, estrangeira, sem direito à herança | A Igreja – formada majoritariamente de gentios, estrangeira às alianças de Israel | Ef 2:12-13 |
| Noemi – judia, figura de Israel, que perdeu a terra, a família e a alegria | Israel – afastado de sua herança por causa da desobediência | Rm 11:11-12 |
| Boaz – parente remidor ( goel ), homem rico e justo | Cristo – nosso Redentor, parente pela encarnação, rico em graça e poder para nos salvar | Hb 2:14-15; Ef 1:7 |
| Campo de Boaz – lugar de provisão e graça | O Reino de Deus – onde a Igreja é sustentada pelo Senhor | Jo 15:16 |
| Casamento de Boaz e Rute | União de Cristo e a Igreja – casamento espiritual | Ef 5:25-27; Ap 19:7-9 |
| Nascimento de Obede – avô de Davi, linhagem messiânica | Fruto da união Cristo-Igreja – multiplicação espiritual, preparação para o Reino Messiânico | Jo 15:8; Ap 5:9-10 |
Rute aponta para a redenção dos gentios , a restauração de Israel e o casamento espiritual entre Cristo e a Igreja . A história nos lembra que a salvação é totalmente pela graça e que o Redentor está disposto a nos acolher, proteger e dar uma herança eterna.
1 – A origem de Rute
Rute, cujo nome hebraico Rûth (רוּת) significa “amizade”, “companheira” ou “amizade fiel”, era uma mulher moabita , descendente de Moabe , o patriarca do povo moabita.
Moabe foi filho de Ló com sua filha mais velha, concebido após ambas embriagarem o pai para “preservar a descendência” após a destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 19:30–37).
O nome “Moabe” significa literalmente “filho do seu pai” — expressão que carrega uma conotação de vergonha e impureza moral.
A nação moabita se estabeleceu a leste do mar Morto, entre o Arnom e o deserto, e tornou-se inimiga constante de Israel (Nm 22:1–6; Jz 3:12–14).
Apesar dessa origem marcada por pecado e idolatria, o livro de Rute demonstra que a graça de Deus é soberana e ilimitada.
Mesmo uma nação nascida de um ato vergonhoso pode ser tocada pela misericórdia divina ( raḥamîm , רַחֲמִים), que transforma maldição em bênção (Nm 23:8; Gl 3:13).
A Lei mosaica proibia que moabitas entrassem na congregação do Senhor até a décima geração (Dt 23:3), mas o ḥesed (חֶסֶד) — o amor leal e redentor de Deus — sempre ultrapassa os limites legais quando há fé genuína.
Assim, Rute emerge como exemplo da ação redentora que vem “de fora” de Israel.
Ela deixa Moabe, a terra de Quemos (1Rs 11:7), símbolo da idolatria, e busca refúgio sob as “asas” ( kānāp , כָּנָף) do Deus de Israel (Rt 2:12).
Seu ato de fé ( ’emunah , אֱמוּנָה) reflete o mesmo chamado que Abraão ouviu: “Sai da tua terra e da tua parentela…” (Gn 12:1–4; Hb 11:8).
Em Rute, o Evangelho é antecipado: uma estrangeira excluída é acolhida pela graça e inserida na genealogia do Messias (Mt 1:5).
Ela representa o cumprimento do propósito eterno de Deus — unir judeus e gentios em um só corpo (Ef 2:14–16) e revelar que nenhum passado é capaz de impedir o avanço da redenção divina.
De uma linhagem nascida da vergonha, Deus faz surgir um testemunho de fé e fidelidade.
A origem de Rute confirma que a graça ( charis , χάρις) é mais poderosa que a herança do pecado — e que o Deus de Israel é capaz de transformar qualquer história marcada por culpa em instrumento de redenção e glória eterna.
1.1 – Rute, a companheira
O vínculo entre Rute e Noemi é uma das mais puras manifestações de ḥesed (חֶסֶד) — termo hebraico que expressa amor leal, bondade e fidelidade pactuai, atributos que refletem o próprio caráter de Deus (Ex 34:6; Sl 136).
Rute encarna o ḥesed humano ao permanecer com Noemi mesmo sem obrigação legal, enquanto experimenta o ḥesed divino que age por trás de cada circunstância (Rt 2:12).
A amizade entre ambas transcende laços sanguíneos e revela o poder da graça que une corações sob a aliança de Deus.
Enquanto o livro dos Juízes retrata o caos espiritual e a ausência de liderança (“cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos” – Jz 21:25), o livro de Rute apresenta o agir silencioso ( apókruphos , ἀπόκρυφος – oculto, misterioso; cf. Cl 2:3) da providência divina, que se manifesta por meio de gestos simples de fidelidade e amor.
Deus escreve Sua história redentora através de corações obedientes e relacionamentos marcados por ḥesed .
1.2 – Uma história de amizade
A relação entre Rute e Noemi é uma das mais sublimes manifestações do ḥesed (חֶסֶד) — termo hebraico que descreve o amor leal, misericordioso e duradouro de Deus (Ex 34:6; Sl 136).
O ḥesed une justiça e graça: é a fidelidade que permanece mesmo quando não há obrigação, um amor que reflete o caráter do próprio Senhor.
Rute encarna esse amor quando, em meio à dor e à perda, escolhe permanecer com Noemi (Rt 1:16–17), tornando-se expressão viva do ḥesed humano sustentado pelo ḥesed divino (Rt 2:20).
Enquanto o livro dos Juízes mostra a ausência de fidelidade — “cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos” (Jz 21:25) —, o livro de Rute revela a providência oculta de Deus ( apókruphos , ἀπόκρυφος; Cl 2:3) agindo por meio de corações simples.
Assim, a amizade entre essas duas mulheres reflete a verdade eterna: Deus escreve Sua história redentora através de gestos de amor e fidelidade que espelham o Seu próprio coração.
1.3 – O início da história
O relato inicia-se em um contexto de crise: fome, exílio e morte (Rt 1:1–5).
A escassez de pão em Belém — cujo nome em hebraico, Bêth-leḥem (בֵּית לֶחֶם), significa “casa do pão” — evidencia o paradoxo espiritual de Israel: o povo da aliança vivendo sem o sustento do Deus da aliança (Dt 8:3).
Contudo, o juízo se torna o cenário da graça, pois as provações abrem espaço para o mover redentor de Deus.
O retorno de Noemi e Rute à “Casa do Pão” prefigura o retorno da humanidade à presença do Senhor, o verdadeiro Pão da Vida ( artos tēs zōēs , ἄρτος τῆς ζωῆς; Jo 6:35).
A jornada da moabita faminta é símbolo da conversão ( metanoia , μετάνοια) — mudança de mente e direção — e de uma fé que renuncia ao passado para abraçar o Deus vivo (Sl 73:28; Fp 3:7–8).
O início da história de Rute, portanto, é o início da restauração divina: da fome à plenitude, do exílio à comunhão, da perda à promessa.
📌 Até aqui, aprendemos que…
O Deus soberano transforma perdas em novos começos para os que se rendem à Sua vontade. Assim como Rute deixou Moabe e buscou refúgio sob as “asas” (kānāp, כָּנָף) do Altíssimo (Rt 2:12; Sl 91:4), também nós encontramos restauração ao confiar em Seu propósito redentor. O Senhor faz brotar esperança no deserto (elpis, ἐλπίς; Rm 15:13) e converte a dor em promessa (Rm 8:28).
2 – Rute foi recompensada por sua fidelidade
A fidelidade de Rute foi provada na adversidade e recompensada pela graça. Sua decisão — “O teu povo será o meu povo, o teu Deus será o meu Deus” (Rt 1:16) — foi mais do que uma escolha emocional: foi um ato de fé ( ’emunah , אֱמוּנָה) e rendição à soberania do Deus de Israel.
A moabita, outrora excluída da aliança (Ef 2:12), foi gradualmente conduzida pela providência divina a experimentar uma transformação espiritual profunda.
Rute atravessa quatro estágios espirituais que revelam sua jornada de redenção:
- No Capítulo 1 – Ela é a moabita: uma estrangeira e estranha à aliança, marcada pela perda e pela exclusão (Rt 1:22). No entanto, sua fé rompe barreiras e a conduz a Belém, a “Casa do Pão” ( Bêth-leḥem , בֵּית לֶחֶם).
- No Capítulo 2 – Ela é a rebuscadora: dependente da graça ( ḥēn , חֵן), ela vive da generosidade de outro, colhendo nos campos de Boaz (Rt 2:2). Aqui vemos o retrato da alma que, humilhada, encontra sustento na misericórdia divina — como a mulher siro-fenícia que disse: “até os cachorrinhos comem das migalhas” (Mt 15:27).
- No Capítulo 3 – Ela é a serva: aos pés de Boaz, Rute se coloca em submissão e confiança, pedindo cobertura sob suas “asas” ( kānāp , כָּנָף), símbolo de proteção e aliança (Rt 3:9; Sl 91:4; Lc 10:39).
- No Capítulo 4 – Ela é a esposa: unida ao redentor, participa da herança e do nome, tornando-se mãe de Obede, ancestral de Davi e de Cristo (Rt 4:13; Ap 19:7).
Essa progressão tipifica o caminho da Igreja: da alienação em pecado à comunhão plena com Cristo, o Goel (גֹּאֵל — Redentor).
Rute começou colhendo restos, mas terminou gerando promessa.
Sua fidelidade foi recompensada com honra, herança e propósito eterno — porque Deus nunca se esquece dos que confiam sob Suas asas (Rt 2:12; Hb 6:10).
A jornada de Rute espelha a caminhada espiritual do crente: da pobreza à plenitude, da servidão à aliança.
Quem permanece fiel ( pistos , πιστός) ao Senhor é conduzido do campo da necessidade ao lar da herança eterna (Fp 1:6; 2Tm 2:13).
2.1 – A bênção da lealdade
A lealdade de Rute é uma expressão viva do ḥesed (חֶסֶד) — amor fiel, benevolente e duradouro — que reflete o próprio caráter de Deus (Sl 36:7; Ex 34:6).
Sua fidelidade não brota da conveniência, mas de uma fé genuína ( ’emunah , אֱמוּנָה) que confia plenamente na providência divina.
Mesmo sendo estrangeira e sem direito à herança, Rute deposita sua esperança no Deus de Israel e encontra ḥēn (חֵן), “graça” ou “favor”, diante de Boaz (Rt 2:10).
Esse favor não é mérito, mas dom gratuito — a mesma charis (χάρις) revelada em Cristo, “cheio de graça e de verdade” (Jo 1:14,16).
Assim como Rute foi acolhida nos campos de Boaz, também nós, outrora “estranhos às alianças da promessa” (Ef 2:12), fomos recebidos no campo do Redentor.
Sua lealdade nos ensina que Deus recompensa a constância dos corações sinceros (Pv 3:3–4; Hb 11:6), e que a graça divina sempre alcança os que se abrigam sob Suas asas ( kānāp , כָּנָף; Rt 2:12; Sl 91:4).
2.2 – Rute e Orfa
A decisão de Rute contrasta com a de Orfa.
Ambas choraram e expressaram afeto por Noemi (Rt 1:14), mas apenas Rute permaneceu firme.
O verbo hebraico dāvaq (דָּבַק), “apegar-se”, descreve sua lealdade profunda, o mesmo termo usado em Gn 2:24 para a união conjugal — uma ligação de pacto e compromisso.
Orfa, cujo nome pode significar “nuca” ou “a que volta as costas”, simboliza os que recuam diante do chamado divino (Hb 10:38–39).
Rute, ao contrário, representa os que perseveram pela fé ( pistis , πίστις), mesmo sem garantias visíveis (2Co 5:7).
O beijo de despedida de Orfa encerra sua história, enquanto o abraço fiel de Rute inaugura uma nova aliança de fé e graça.
Sua escolha revela o princípio espiritual de Mt 6:21 — “onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração”.
Na jornada da fé, o verdadeiro discipulado se prova não pelas emoções, mas pela constância na obediência (Lc 9:62).
2.3 – A convicção de quem sabe o que quer
A expressão de Rute — “faça-me o Senhor assim e outro tanto” (Rt 1:17) — é um juramento solene de aliança: YHWH ya‘aseh li kōh , uma fórmula de autoimprecação usada em pactos (cf. 1Sm 3:17; 2Sm 3:9).
Trata-se de uma entrega total, na qual o nome divino é invocado como testemunha da fidelidade.
Essa convicção nasce de um coração transformado pela fé ( ’emunah , אֱמוּנָה), que não busca conveniência, mas comunhão com o Deus vivo.
Rute demonstra o mesmo espírito de perseverança que Cristo exigiu de seus discípulos: “Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus” (Lc 9:62).
Sua decisão revela o verdadeiro discipulado — seguir sem reservas e confiar sem garantias (Hb 11:8).
Como ensina Am 3:3, “andar juntos” implica acordo e propósito comum.
Rute, em aliança com Noemi e com YHWH, torna-se paradigma da fidelidade inabalável ( pistis , πίστις) que persevera até o fim (Mt 24:13; 2Tm 4:7).
📌 Até aqui, aprendemos que…
Quem confia no Senhor caminha com fé (pistis, πίστις) e permanece firme na Sua vontade (thelēma, θέλημα), mesmo sem ver o caminho completo. Assim como Rute, o crente fiel entrega-se ao hesed (חֶסֶד) — o amor leal de Deus — e descansa na certeza de Sua providência (pronoia, πρόνοια; Rm 8:28). A fidelidade transforma incertezas em direção e obediência em recompensa eterna (Hb 10:23; Sl 37:5).
3 – O remidor
O termo hebraico para “remidor” é goel (גֹּאֵל), derivado da raiz ga’al (גָּאַל), que significa “redimir, resgatar, recuperar o que foi perdido”.
Na Lei Mosaica, o goel era o parente próximo com o dever de restaurar os direitos e a dignidade de um membro da família em necessidade (Lv 25:25; Nm 35:19; Rt 4:1-6).
Essa função incluía recomprar terras vendidas por pobreza, libertar parentes da escravidão e até vingar injustiças — tudo em nome da preservação da aliança e do nome familiar (Dt 25:5-6).
Boaz, ao agir como goel , prefigura Cristo, o verdadeiro Redentor da humanidade.
Assim como Boaz pagou o preço para restaurar a herança de Elimeleque e desposar Rute (Rt 4:9-10), Cristo, nosso Lutrōtēs (Λυτρωτής — “Redentor”, Tt 2:14), entregou-Se como resgate ( lutron , λύτρον) para libertar-nos da escravidão do pecado (Mc 10:45; 1Pe 1:18-19).
O preço da redenção não foi prata nem ouro, mas o Seu próprio sangue (Ef 1:7; Ap 5:9).
O papel do goel também revela o coração do Deus da aliança: Ele não abandona os Seus, mas intervém para restaurar e dar um futuro de esperança (Jó 19:25; Is 41:14).
Boaz agiu em obediência à Torá, mas movido por hesed (חֶסֶד) — amor leal e misericordioso —, refletindo o caráter do próprio YHWH, o Goel de Israel (Is 43:1).
No Novo Testamento, Cristo é chamado nosso parákletos (παράκλητος — “intercessor”, 1Jo 2:1), Aquele que defende e redime.
Assim, a história de Boaz e Rute antecipa a obra redentora de Cristo, que uniu o estrangeiro e o marginalizado à Sua linhagem espiritual (Gl 3:13-14; Ef 2:13).
O goel é a figura do Deus que intervém na história para restaurar o que foi perdido.
Em Boaz vemos um vislumbre de Cristo — o Redentor que pagou o preço total da nossa herança e nos fez participantes de Sua família eterna (Rm 8:15-17).
3.1 – Boaz, o remidor
O conceito de goel (גֹּאֵל), “remidor” ou “resgatador”, é essencial na teologia da aliança.
Derivado do verbo ga’al (גָּאַל), “resgatar, restaurar, recuperar o que foi perdido”, ele descreve o parente próximo encarregado de restituir a herança e o nome da família (Lv 25:25; Dt 25:5-6).
Boaz cumpre esse papel exemplarmente, não apenas recomprando os bens de Elimeleque, mas restaurando a dignidade de Noemi e unindo-se em casamento a Rute, a estrangeira redimida (Rt 4:9-10).
Esse ato de redenção aponta profeticamente para Cristo, o nosso verdadeiro Goel , que “se fez carne” ( sarx egeneto , σάρξ ἐγένετο; Jo 1:14) e compartilhou da nossa humanidade (Hb 2:14-15) para nos libertar da morte.
Na cruz, Ele pagou o preço do resgate ( lutron , λύτρον; Mt 20:28), oferecendo Sua vida em lugar dos pecadores.
Assim como Boaz restaurou a herança perdida, Jesus nos reconciliou com Deus (2Co 5:18-19), fazendo-nos coerdeiros do Seu Reino (Rm 8:17; Ef 1:7).
3.2 – Boaz e Rute
O encontro de Rute com Boaz na eira (Rt 3:7-9) é uma das cenas mais belas da teologia bíblica da redenção.
Ao se deitar aos pés do remidor, Rute se coloca em atitude de humildade e submissão.
Seu pedido — “Estende a tua capa ( kānāp , כָּנָף) sobre a tua serva” — é uma invocação de aliança.
Kānāp , literalmente “asa” ou “orla do manto”, é símbolo da proteção divina (Sl 91:4; Ez 16:8).
Assim, o gesto de Rute é um clamor por redenção ( ge’ullāh , גְּאֻלָּה), e não mera proposta matrimonial.
Boaz, homem justo ( ṣaddîq , צַדִּיק), responde com graça ( ḥēn , חֵן) e retidão, refletindo o caráter do Deus que redime (Rt 3:10-11).
A cena antecipa a postura da Igreja, que, como Maria aos pés do Senhor (Lc 10:39) e a mulher pecadora que O adorou (Lc 7:37-38), se prostra diante de Cristo, o verdadeiro Goel (גֹּאֵל), pedindo cobertura, redenção e comunhão eterna sob Suas asas (Mt 23:37; Ef 5:25-27).
3.3 – A recompensa de Rute e Noemi
Boaz cumpre o papel de goel (גֹּאֵל – remidor) diante das testemunhas à porta da cidade (Rt 4:9-10), unindo justiça ( tsedaqah , צְדָקָה) e amor ( ḥesed , חֶסֶד) — atributos que refletem o caráter do próprio Deus (Sl 85:10).
A união de Boaz e Rute gera Obede , cujo nome significa “servo” ( ‘oved , עֹבֵד), figura profética do Servo do Senhor anunciado por Isaías (Is 53:11; Fp 2:7).
Dessa linhagem vem Davi, e de Davi, o Messias Jesus (Mt 1:5-6; Lc 3:31-34), cumprindo o plano eterno de redenção.
A moabita antes excluída é inserida na genealogia real, mostrando que a graça divina ( charis , χάρις) transforma vergonha em honra e estrangeiros em herdeiros (Ef 2:19).
Noemi, que antes dizia: “O Todo-Poderoso me fez amarga” (Rt 1:20), agora se alegra ao embalar o neto prometido (Rt 4:16-17).
A história termina onde começou: em Belém, a “Casa do Pão”, onde o Redentor traria vida ao mundo (Mq 5:2; Jo 6:51).
📌 Até aqui, aprendemos que…
O amor redentor de Deus — ḥesed (חֶסֶד), leal e eterno — transforma estrangeiros em filhos (Ef 2:19) e restaura o que estava perdido. Assim como Boaz, o goel (גֹּאֵל), redimiu Rute e Noemi, Cristo, nosso Lutrōtēs (Λυτρωτής), nos resgatou pelo Seu sangue (Ef 1:7; 1Pe 1:18-19). O impossível torna-se história de salvação quando a graça (charis, χάρις) encontra a fé obediente (pistis, πίστις; Hb 11:6).
Conclusão
A história de Rute é um retrato vívido do ḥesed (חֶסֶד) — o amor leal e redentor de Deus — que age em meio às perdas humanas para cumprir Seus propósitos eternos.
Sua fidelidade ( ’emunah , אֱמוּנָה) em seguir o Deus de Israel, mesmo sem garantias, revela que a verdadeira fé floresce na adversidade (Hb 11:8; 1Pe 1:6-7).
Em cada passo da narrativa, o Senhor transforma tragédia em triunfo, provando que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8:28).
Rute figura a Igreja, chamada dentre as nações e redimida pela graça ( charis , χάρις) de Cristo.
Assim como ela saiu dos campos da humilhação em Moabe para o lar da herança em Belém, também a Igreja é conduzida do pecado à comunhão com o Redentor.
O goel (גֹּאֵל) Boaz prefigura o Cristo que, por amor, tomou nossa causa, pagou o preço ( lutron , λύτρον; Mt 20:28) e nos inseriu em Sua família espiritual (Ef 2:19).
Belém, a “Casa do Pão” ( Bêth-leḥem , בֵּית לֶחֶם), aponta profeticamente para Aquele que é o Pão da Vida (Jo 6:35), nascido do ventre de uma descendente da própria Rute (Mt 1:5).
Assim, da mulher estrangeira surge a linhagem da esperança — o Messias que salvaria o mundo (Lc 2:10-11).
Portanto, Rute nos ensina que a fidelidade é o caminho da redenção e da glória.
Deus recompensa a constância, exalta os humildes (Tg 4:10) e transforma histórias marcadas pela dor em testemunhos de graça e vitória.
Perguntas para reflexão:
- O que a decisão de Rute nos ensina sobre fidelidade em meio à adversidade?
- De que forma o goel (גֹּאֵל) prefigura o ministério redentor de Cristo?
- Em qual dos quatro estágios espirituais de Rute a Igreja se encontra hoje?
Aplicação Prática
A fidelidade de Rute nos desafia a viver uma fé prática, expressa por lealdade e amor constante ( ḥesed , חֶסֶד) em todos os relacionamentos.
No lar, no ministério e na sociedade, a lealdade é a marca do discípulo que reflete o caráter de Cristo, o Fiel e Verdadeiro (Ap 19:11).
Assim como Rute serviu com humildade ( tapeinōsis , ταπείνωσις) e encontrou ḥēn (חֵן — “graça, favor”) diante de Boaz, a Igreja é chamada a servir no campo do Senhor, aguardando o retorno do Redentor (Mt 9:37-38; 1Co 15:58).
A vida de Rute mostra que fidelidade é mais do que devoção emocional — é perseverança ( hypomonē , ὑπομονή) em amar, servir e confiar, mesmo quando o futuro parece incerto.
Quando vivemos em obediência e constância, Deus transforma nossa semeadura em colheita abundante (Gl 6:9).
Assim, cada ato de lealdade torna-se semente de redenção que frutifica para a glória de Deus (Jo 15:8).
Desafio da Semana
Nesta semana, pratique a lealdade ( ḥesed , חֶסֶד) em seus relacionamentos, refletindo o amor fiel de Cristo.
Ore por alguém que precise experimentar a graça ( charis , χάρις) do Redentor e peça ao Espírito Santo que lhe conceda sensibilidade para compartilhar o evangelho (Mc 16:15; Cl 4:5-6).
Seja, como Boaz, um instrumento de restauração e esperança para os que estão à margem, demonstrando a fé por meio de atitudes concretas de compaixão (Tg 2:17).
Que sua vida seja um testemunho do poder transformador da redenção divina (2Co 5:18-20).
📌 Não caminhe sozinho(a)!
A Oficina do Mestre , do Teologia24Horas , é um ambiente especialmente preparado para homens e mulheres vocacionados por Deus para o santo ministério do ensino.
Aqui formamos e fortalecemos servos e servas que têm o privilégio e a responsabilidade de ensinar a Palavra na maior escola do mundo: a Escola Bíblica Dominical .
Aprenda, compartilhe e cresça no conhecimento da verdade, seguindo o exemplo de Rute — a mulher moabita que escolheu a fidelidade ( ’emunah , אֱמוּנָה) e o amor leal ( ḥesed , חֶסֶד) ao Deus de Israel.
Mesmo sendo estrangeira e sem esperança, Rute decidiu caminhar pela fé ( pistis , πίστις), dizendo: “O teu povo será o meu povo, o teu Deus será o meu Deus” (Rt 1:16).
Essa escolha transformou sua dor em destino, sua perda em promessa e sua lealdade em linhagem messiânica (Mt 1:5; Ef 2:13).
Assim como Rute, somos chamados a viver a fidelidade que permanece, a graça que acolhe e o amor que redime.
O mesmo Deus que recompensou a obediência de Rute continua levantando homens e mulheres que, com humildade e perseverança ( hypomonē , ὑπομονή), servem no “campo do Redentor” (Rt 2:12; Mt 9:37-38).
Não caminhe sozinho(a)! Permita que sua fé e sua lealdade inspirem outros.
Deixe que o ensino da Palavra, sustentado pela graça ( charis , χάρις), transforme corações, famílias e gerações — como Deus fez com Rute, a mulher que foi da exclusão à redenção.
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