A expansão da Igreja – A força que nasce da perseguição

A expansão da Igreja

Seja muito bem-vindo(a) à AULA MESTRE | EBD – Escola Bíblica Dominical | Lição 10 – Revista Lições Biblicas | 3º Trimestre/2025 .

Este conteúdo foi preparado especialmente para auxiliar você, professor(a) da maior escola do mundo, no planejamento de sua aula, oferecendo suporte pedagógico, didático e teológico.

Com linguagem clara e fundamentação sólida nas Escrituras, este material oferece um recurso adicional que aprofunda o estudo, enriquece a aplicação e amplia a compreensão das verdades bíblicas de cada lição.

É fundamental esclarecer que os textos da AULA MESTRE | EBD | Lições Bíblicas não são cópias da revista impressa. 

Embora a estrutura de títulos, tópicos e subtópicos siga fielmente o conteúdo oficial, os textos aqui apresentados são comentários inéditos, reflexões aprofundadas e aplicações teológicas elaboradas pelo Pr. Francisco Miranda , fundador do IBI “ Instituto Bíblico Internacional” e do Teologia24horas.

Mesmo para quem já possui a revista impressa, a AULA MESTRE | EBD | Lições Bíblicas representa uma oportunidade valiosa de preparação, oferecendo uma abordagem teológica e pedagógica mais completa, capaz de fortalecer o ensino e contribuir diretamente para a edificação da Igreja local.

Texto Áureo

“Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra. E, descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo” (At 8.4,5)

O Texto Áureo (At 8.4-5) mostra como Deus transformou a dispersão da Igreja, causada pela perseguição, em oportunidade missionária.

O verbo grego usado para “anunciar” é εὐαγγελίζω ( euangelízō ) , que significa “proclamar as boas-novas”, e revela que os discípulos não se calaram, mas espalharam o Evangelho como sementes lançadas em muitos campos (cf. Mt 13.3; Rm 10.17).

Filipe, ao descer a Samaria, “lhes pregava a Cristo”; o termo grego Χριστός ( Christós ) , equivalente ao hebraico מָשִׁיחַ ( Mashiach ) , indica que Jesus é o Ungido de Deus, o Messias prometido.

Assim, a mensagem não era centrada em ideologias, mas na pessoa e obra de Cristo crucificado e ressurreto (1Co 1.23; At 4.12).

Este texto nos ensina que nenhuma adversidade pode impedir a expansão do Reino: quando a Igreja permanece fiel à Palavra e guiada pelo Espírito, até a perseguição se torna instrumento para o cumprimento da missão (Fp 1.12; At 1.8).

Verdade Prática

A igreja só crescerá quando ultrapassar seus próprios limites e levar a mensagem de Cristo para além de suas paredes.

A Verdade Prática nos lembra que a Igreja não foi chamada para viver em clausura, mas para cumprir sua missão de alcançar o mundo com o Evangelho.

O próprio Cristo ordenou: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (Mt 28.19), e o verbo grego πορευθέντες ( poreuthéntes ) , “indo”, implica movimento constante, ultrapassando fronteiras culturais, geográficas e sociais.

No Antigo Testamento, Israel foi escolhido para ser “luz para as nações” (Is 49.6), e no Novo Testamento, a Igreja assume essa identidade: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5.14).

Portanto, o crescimento da Igreja depende de sua disposição em sair de dentro das paredes físicas e religiosas para proclamar Cristo ( Christós , Χριστός; Mashiach , מָשִׁיחַ), o único Salvador (At 4.12).

A comunidade cristã só experimenta expansão genuína quando entende que sua vocação é ser testemunha de Jesus “até aos confins da terra” (At 1.8), vivendo a missão de Deus com coragem, amor e fidelidade.

Objetivos da Lição

Os objetivos destacam três eixos fundamentais para compreender a expansão da Igreja primitiva.

  • Primeiro, mostrar que a perseguição contribuiu para a propagação do Evangelho , pois os discípulos dispersos se tornaram semeadores da Palavra, cumprindo Atos 1.8; o termo grego διασπείρω ( diaspeírō ) , “espalhar como semente” (At 8.1,4), revela que a hostilidade foi transformada em instrumento de Deus.
  • Segundo, expor a centralidade de Cristo ( Christós , Χριστός; Mashiach , מָשִׁיחַ) e da Palavra de Deus ( lógos , λόγος) na evangelização, visto que a mensagem não era filosófica ou humana, mas o anúncio do Ungido prometido (At 8.5; 1Co 1.23; Rm 10.17).
  • Terceiro, enfatizar o papel da Igreja no discipulado ( mathētēs , μαθητής, “aprendiz”), mostrando que a missão não termina na conversão, mas continua no ensino, no cuidado e no revestimento do Espírito Santo (Mt 28.19-20; At 8.15-17; Ef 4.11-12).

Assim, a lição nos chama a viver a mesma prática apostólica: pregar, discipular e sustentar uns aos outros até que Cristo seja formado em cada crente (Gl 4.19).

Leitura Diária

  • Segunda | Mt 28:19 – Respondendo ao “Ide” de Jesus
  • Terça | Lc 4:18 – A sublime missão de pregar o Evangelho
  • Quarta | I Co 9:16 – A necessidade de pregar o Evangelho
  • Quinta | At 8:12 – Proclamando as Boas-Novas do Reino de Deus
  • Sexta | I Co 2:4 – Pregando o Evangelho de poder
  • Sábado | At 8:4 – Pregando em todo lugar e para todas as pessoas

Leitura Bíblica em Classe

Atos 8:1-8, 12-15
1 –
E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos.
2 – E uns varões piedosos foram enterrar Estêvão e fizeram sobre ele grande pranto.
3 – E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão.
4 – Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra.
5 – E, descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo.
6 – E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia,
7 – pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados.
8 – E havia grande alegria naquela cidade.
12 – Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres.
13 – E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou, de contínuo, com Filipe e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito.
14 – Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João,
15 – os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo.

Introdução

A expansão da Igreja no livro de Atos é fruto direto da ação soberana do Espírito Santo ( Pneûma Hágion , Πνεῦμα Ἅγιον), que guiou os discípulos a cumprir a missão dada por Cristo.

Mesmo diante da perseguição e da hostilidade, eles não se calaram, mas anunciaram com ousadia o Evangelho além dos muros de Jerusalém.

Lucas registra que “os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra” (At 8.4).

O verbo grego διασπείρω ( diaspeírō ) , “espalhar como semente”, mostra que a perseguição foi o vento que lançou os crentes como semeadores do Reino, cumprindo a promessa de Jesus de que seriam testemunhas “em Jerusalém, e em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8).

Assim, o que parecia derrota tornou-se parte do plano divino.

  • No Tópico 1 , veremos que, mesmo perseguida, a Igreja não foi fragmentada, mas permaneceu unida, chorando a morte de Estêvão sem perder a esperança, e avançando com coragem (At 8.1-3; 2Co 4.8-9).
  • No Tópico 2 , estudaremos que a evangelização não nasceu de estratégias humanas, mas foi centrada na Palavra ( lógos , λόγος), na pessoa de Cristo ( Christós , Χριστός; Mashiach , מָשִׁיחַ) e confirmada por sinais e maravilhas ( sēmeia , σημεῖα; Mc 16.20; At 8.6-7).
  • Finalmente, no Tópico 3 , veremos que a expansão missionária não era obra de indivíduos isolados, mas da comunidade de fé ( ekklēsía , ἐκκλησία), que apoiava, discipulava e conduzia os novos convertidos à plenitude do Espírito ( plēróō , πληρόω; At 8.15-17).

Dessa forma, aprendemos que a Igreja cresce quando permanece fiel à Palavra, centrada em Cristo e sustentada pelo Espírito, transformando a perseguição em oportunidade e o luto em vitória para a glória de Deus (Rm 8.28; Mt 16.18).

1 – A Igreja diante da perseguição

O crescimento da Igreja não foi contido pela oposição dos homens; ao contrário, a perseguição tornou-se instrumento divino para a propagação da fé.

O livro de Atos afirma que, após a morte de Estêvão, “levantou-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém” (At 8.1).

O verbo grego utilizado para “perseguir” é διώκω ( diōkō ) , que significa “correr atrás com hostilidade”, “caçar” ou “oprimir” — revelando que a perseguição era intencional e sistemática.

Contudo, essa pressão não fragmentou o corpo de Cristo; antes, cumpriu a profecia de Jesus: “E ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8).

A própria palavra “Igreja” traduz o grego ἐκκλησία ( ekklēsía ) , que significa “assembleia dos chamados para fora”.

Isto é, mesmo quando a perseguição tentava sufocar o movimento cristão, a identidade da Igreja estava em ser separada e enviada.

O sangue dos mártires, como Estêvão (At 7.59-60), tornou-se “semente” (em latim semen est sanguis christianorum , Tertuliano) que fecundava novos crentes.

Assim, a perseguição não era sinal de abandono divino, mas cumprimento do que o próprio Cristo havia advertido: “Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão” (Jo 15.20).

O Antigo Testamento já antecipava que o povo de Deus enfrentaria aflições.

O termo hebraico צָרָה ( tsarah ) , traduzido por “angústia” ou “tribulação” (Sl 46.1; Jr 30.7), descreve um aperto ou estreitamento que o justo experimenta.

Essa realidade ecoa no Novo Testamento, onde Paulo afirma: “E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2Tm 3.12).

No entanto, a promessa acompanha a tribulação: “Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas” (Sl 34.19).

Portanto, a perseguição não impediu o crescimento, mas serviu como catalisador.

O verbo grego usado em Atos 8.4, διασπείρω ( diaspeirō ) , significa “espalhar como semente”.

Assim como o agricultor lança a semente para que frutifique em vários campos (Ec 11.6; Mt 13.3-9), Deus usou a perseguição para lançar seus servos em novas terras, transformando lágrimas em colheita (Sl 126.5-6).

1.1 – Embora perseguida, não fragmentada

A morte de Estêvão marcou um divisor de águas: “E fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos… exceto os apóstolos” (At 8.1).

O verbo grego διασπείρω ( diaspeirō ) , traduzido por “dispersar”, significa literalmente “espalhar como semente”, termo também usado na Septuaginta em textos agrícolas (cf. Is 32.20).

A ideia é que, ao invés de aniquilar a Igreja, a perseguição a multiplicou, tal como a semente lançada no solo que frutifica em muitos lugares (Jo 12.24).

Cada crente se tornou um semeador do Evangelho, cumprindo o “Ide” de Cristo (Mt 28.19; Mc 16.15).

É importante notar que, mesmo sob dispersão, não houve fragmentação espiritual.

A Igreja permaneceu unida como corpo, conforme Paulo ensina: “Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular” (1Co 12.27).

O termo grego σῶμα ( sōma ) , corpo, implica um organismo vivo e indivisível, ainda que espalhado geograficamente.

Assim, a comunhão ( koinonía , κοινωνία), descrita em Atos 2.42, continuou a ser o elo invisível que mantinha a Igreja coesa.

A permanência dos apóstolos em Jerusalém não indica ausência de perseguição, mas liderança firme em meio à crise.

Eles permaneceram como colunas (Gl 2.9), sustentando espiritualmente a comunidade que sofria pressões.

Isso ecoa a promessa de Jesus: “Edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).

Ainda que houvesse dispersão territorial, não houve desagregação estrutural nem doutrinária.

O Antigo Testamento já previa esse padrão.
O termo hebraico פָּוָה ( pāwah ) , usado em Mq 5.7 para “espalhar como orvalho”, mostra que o povo de Deus, mesmo disperso, seria instrumento de bênção entre as nações.

Assim também a Igreja, mesmo perseguida, continuava a irradiar a luz de Cristo (Mt 5.14-16).

Portanto, a perseguição não desorganizou a Igreja, mas antes a fortaleceu. Sua unidade não dependia da geografia, mas da presença do Espírito Santo, que habita em cada crente (1Co 3.16; Ef 2.22).

Espalhada como semente, a Igreja permaneceu unida na fé, no amor e na esperança (Cl 1.4-5), mostrando que “a palavra de Deus não está presa” (2Tm 2.9).

1.2 – A Igreja em luto

O martírio de Estêvão não passou despercebido pela comunidade cristã.

Lucas registra que “uns varões piedosos foram enterrar Estêvão e fizeram sobre ele grande pranto” (At 8.2).

O termo grego usado para “pranto” é κοπετός ( kophetós ) , que designa uma lamentação profunda, acompanhada de gestos públicos de dor, como rasgar as vestes ou bater no peito (cf. Gn 37.34; Mt 11.17).

Não se trata de um choro superficial, mas de um luto intenso diante da perda de um justo.

O luto revela a humanidade da Igreja, que não é uma comunidade de super-homens insensíveis, mas de irmãos que compartilham dores e esperanças (Rm 12.15: “chorai com os que choram”).

Contudo, esse lamento não era um choro desesperado.

Paulo ensina que “não queremos, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais como os demais, que não têm esperança” (1Ts 4.13).

O verbo grego κοιμάω ( koimáō ) , “dormir”, usado para a morte dos santos, aponta para a certeza da ressurreição (Jo 11.11; 1Co 15.51). Assim, a Igreja chora suas perdas, mas sem perder a esperança da vida eterna (Jo 14.1-3).

Além disso, o texto menciona que foram “varões piedosos” que sepultaram Estêvão.

O adjetivo grego εὐλαβής ( eulabḗs ) significa “reverente, devoto, temente a Deus” (cf. Lc 2.25; At 2.5).

A piedade desses homens demonstra que o testemunho de Estêvão impactou não apenas os cristãos, mas também judeus respeitosos, que reconheceram nele um justo.

Esse gesto cumpria o princípio do Antigo Testamento, segundo o qual o sepultamento era sinal de honra e dignidade para o falecido (Gn 23.19; 2Sm 2.5-6).

O salmista já declarava: “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos” (Sl 116.15).

O termo hebraico para “preciosa” é יָקָר ( yāqār ) , que significa “valiosa, de grande estima”. Ou seja, ainda que o mundo considerasse Estêvão como um derrotado, diante de Deus sua morte era honrosa, tornando-se semente para a expansão da Igreja (Jo 12.24).

Assim, a Igreja em luto nos lembra que a comunidade da fé é chamada a viver a tensão entre a dor do presente e a esperança futura.

Chora suas perdas com humanidade, mas celebra a vitória da ressurreição com fé.

A morte de Estêvão não foi o fim, mas o início de um novo capítulo na missão da Igreja, confirmando que “se morremos com Ele, também com Ele viveremos” (2Tm 2.11).

1.3 – Mas não desesperada

Ainda que a morte de Estêvão tenha trazido dor à comunidade cristã, a Igreja não se entregou ao desespero.

O choro foi real, mas não absoluto, pois a fé cristã é sustentada pela esperança escatológica . Paulo afirma: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18).

O termo grego ἐλπίς ( elpís ) , traduzido como “esperança”, não significa mero otimismo humano, mas confiança firme no cumprimento das promessas divinas (Hb 6.19).

Assim, embora abatida, a Igreja não foi destruída.
Paulo descreve essa tensão em 2Co 4.8-9: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desesperados ( exaporeó – ἐξαπορέω, “sem saída”); perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos”.

O vocábulo ἐξαπορέω ( exaporeó ) indica uma situação aparentemente sem saída, mas que encontra alívio pela intervenção de Deus. A Igreja chorou, mas não ficou paralisada; sofreu, mas não perdeu o rumo.

A morte de Estêvão foi dolorosa, mas não estéril. Como Jesus declarou: “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto” (Jo 12.24).

O sangue derramado tornou-se semente missionária, espalhando os discípulos para além de Jerusalém (At 8.4).

O termo hebraico תִּקְוָה ( tiqvâ ) , traduzido como “esperança” no Antigo Testamento (Jr 29.11), significa também “cordão, expectativa segura”, ilustrando a fé que mantém o povo de Deus firme em meio ao caos.

Jesus já havia advertido: “No mundo tereis aflições ( thlipsis – θλῖψις, “pressão, opressão”), mas tende bom ânimo ( tharseite – θαρσεῖτε, “coragem, firmeza de coração”); eu venci o mundo” (Jo 16.33).

A vitória de Cristo é a base da resiliência da Igreja, por isso, mesmo diante da morte, ela não se calou.

Ao contrário, o martírio de Estêvão incendiou ainda mais a chama da evangelização, pois os discípulos saíram anunciando a Palavra em toda parte (At 8.4).

Assim, a Igreja em Atos nos ensina que a tristeza não deve degenerar em desespero.

A morte de um justo pode ferir a comunidade, mas nunca pode silenciar o testemunho do Evangelho.

Como Paulo declara em I Co 15:58: “Sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor”.

👉 Até aqui, aprendemos que…

A perseguição não dividiu a Igreja, mas a espalhou como semente viva, mantendo sua unidade no corpo de Cristo (At 8:1; I Co 12:27). Mesmo em luto pela morte de Estêvão, os discípulos não perderam a esperança, pois sabiam que a vida dos santos é preciosa aos olhos do Senhor e que a ressurreição é certeza para os que creem (At 8:2; I Ts 4:13; Sl 116:15). E ainda que ferida pela dor, a Igreja não se deixou dominar pelo desespero, antes prosseguiu em sua missão com coragem e fé, sustentada pela vitória de Cristo sobre o mundo (II Co 4:8-9; Jo 16:33).

Sinopse I

Mesmo perseguida, entristecida pelo martírio de Estêvão e dispersa geograficamente, a Igreja não se fragmentou.

Permaneceu unida no Espírito ( koinonía ), firme na esperança ( elpís ) e atuante na missão de proclamar Cristo até os confins da terra (At 1.8; 2Co 4.8-9).

Auxílio Vida Cristã

Deus usa até as circunstâncias mais adversas para cumprir Seus propósitos eternos.

A perseguição, que aos olhos humanos parecia uma tragédia, foi transformada em oportunidade divina para o avanço do Evangelho.

Atos 8:4 declara: “Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a Palavra”.

O verbo grego διασπείρω (diaspeirō) significa ‘espalhar como semente’, indicando que a perseguição foi o vento que lançou os discípulos em novos campos missionários, cumprindo Atos 1:8.

O mesmo princípio já se via no Antigo Testamento: José, vendido pelos irmãos, declarou que o mal intentado contra ele Deus converteu em bem para salvar muitas vidas (Gn 50:20).

Da mesma forma, Paulo escreve que ‘todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus’ (Rm 8.28), mostrando que nem dor nem aflição podem frustrar o plano divino.

O termo hebraico צָרָה (tsarah) , usado para ‘angústia’ (Sl 46:1; Jr 30:7), descreve aperto e pressão, mas sempre acompanhado da promessa de livramento.

Assim, a perseguição não silenciou a Igreja, mas a impulsionou; não foi sinal de derrota, mas de que a Palavra de Deus é viva e não pode ser acorrentada (II Tm 2:9).

O cristão precisa aprender, portanto, que nas provas e pressões, Deus está gerando novos frutos e abrindo novos caminhos para a Sua glória.”

2 – A Igreja que evangeliza

O avanço da fé cristã não foi fruto de técnicas humanas ou estratégias políticas, mas resultado da centralidade da Palavra de Deus e da pregação de Cristo crucificado e ressurreto.

Em Atos 8.4, lemos que “os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra”.

O verbo grego utilizado aqui é εὐαγγελίζω ( euangelízō ) , que significa “proclamar as boas-novas”, derivado de εὐαγγέλιον ( euangélion ) , “evangelho, boas-novas de salvação” (Rm 1:16).

A mensagem não estava baseada em sabedoria humana, mas no poder de Deus (I Co 2:4-5).

A Igreja evangelizava não por imposição, mas por obediência ao mandato do Senhor: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16:15).

O conteúdo central da pregação era Cristo: “E Filipe, descendo à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo” (At 8:5).

O termo grego Χριστός ( Christós ) significa “Ungido”, equivalente ao hebraico מָשִׁיחַ ( Mashiach ) , o Messias prometido (Dn 9.25-26; Jo 1.41).

Isso revela que a evangelização cristã não se baseava em um sistema religioso novo, mas no cumprimento das Escrituras que apontavam para Jesus como o Salvador.

O próprio Jesus havia afirmado: “As palavras que eu vos disse são espírito e vida” (Jo 6:63).

Por isso, os apóstolos pregavam a Palavra ( logos , λόγος), conscientes de que ela é “viva e eficaz” (Hb 4:12) e que “a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10:17).

Assim, o crescimento da Igreja não era manipulação ou estratégia retórica, mas resultado do agir do Espírito Santo, que convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16:8).

Portanto, a Igreja que evangeliza é aquela que mantém Cristo no centro de sua mensagem e a Escritura como fundamento inabalável.

O método pode variar, mas o conteúdo não muda: Jesus Cristo, “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14:6).

Essa é a essência da missão e o segredo do crescimento: uma pregação bíblica, cristocêntrica e no poder do Espírito.

2.1 – Evangelização centrada na Palavra

A expansão da Igreja primitiva foi possível porque ela estava firmada na proclamação da Palavra de Deus.

Atos 8.4 declara: “os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra”.

O verbo grego καταγγέλλω ( katangéllō ) , também usado em Atos 13:5, significa “anunciar publicamente, proclamar com autoridade”.

Não era uma conversa informal, mas a proclamação de uma verdade absoluta. A Palavra ( logos , λόγος) é viva (Hb 4.12), eficaz, e não volta vazia (Is 55.11).

Esse princípio já estava revelado desde o Antigo Testamento: “Abre bem a tua boca, e ta encherei” (Sl 81.10).

Jeremias declara: “Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e a alegria do meu coração” (Jr 15.16).

Assim também, os discípulos anunciavam não suas próprias ideias, mas a revelação divina.

Paulo reforça que “a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10.17).

A Igreja cresceu porque sua mensagem tinha fundamento eterno.

2.2 – Evangelização centrada em Cristo

O núcleo da evangelização não era a tradição judaica ou a filosofia grega, mas a pessoa e obra de Cristo. “Filipe desceu à cidade de Samaria e lhes pregava a Cristo” (At 8:5).

O verbo grego usado para “pregar” é κηρύσσω ( kēryssō ) , que significa “proclamar como um arauto oficial do rei”.

Filipe não propagava uma ideia, mas anunciava a vitória do Messias.

O título Χριστός ( Christós ) , “Ungido”, corresponde ao hebraico מָשִׁיחַ ( Mashiach ) .

Ele é o Messias esperado, cumprindo as profecias messiânicas (Is 53; Dn 9:25-26; Mq 5:2).

Paulo reafirma essa centralidade: “Nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, e loucura para os gregos” (I Co 1:23).

A Igreja não podia se apoiar em discursos agradáveis, mas na mensagem da cruz, que é “poder de Deus” (I Co 1:18).

A evangelização bíblica é, portanto, cristocêntrica.

Pedro declarou: “E não há salvação em nenhum outro, porque abaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4:12).

A Igreja cresceu porque anunciava Jesus como Senhor (At 10.36) e Salvador (Lc 2.11).

2.3 – Evangelização acompanhada de sinais

A pregação de Filipe em Samaria não veio apenas em palavras, mas também em demonstrações do poder de Deus: “as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia” (At 8.6).

O termo grego σημεῖα ( sēmeia ) significa “sinais que apontam para uma realidade maior”, evidências visíveis do Reino.

Esses sinais confirmavam a mensagem, assim como em Marcos 16.20: “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiam”.

Jesus já havia prometido que tais sinais acompanhariam os que cressem (Mc 16.17-18). Entre eles, a expulsão de espíritos malignos, a cura de enfermos e a manifestação do poder divino.

O termo hebraico אוֹת ( ’ôt ) , usado no Antigo Testamento para “sinal” (Êx 4.8; Is 7.14), traz a ideia de uma evidência dada por Deus para autenticar Sua vontade.

Assim, os milagres realizados por Filipe não eram fins em si mesmos, mas indicações claras de que Deus estava operando e confirmando a mensagem do Evangelho.

Esses sinais atraíam a atenção, mas o foco permanecia em Cristo.

Muitos coxos e paralíticos foram curados (At 8.7), ecoando a promessa messiânica de Isaías 35.6: “Então, os coxos saltarão como cervos, e a língua do mudo cantará”.

Isso provava que o Reino de Deus havia chegado (Mt 11.5).

👉 Até aqui, aprendemos que…

A evangelização da Igreja primitiva não se apoiava em estratégias humanas, mas era firmada na Palavra de Deus (logos, λόγος), viva e eficaz (Hb 4.12; Rm 10.17), tendo como centro a pessoa de Cristo (Christós, Χριστός; Mashiach, מָשִׁיחַ), o Ungido prometido nas Escrituras (Dn 9.25; Is 53.5; At 8.5), e era confirmada por sinais e maravilhas (sēmeia, σημεῖα), que autenticavam a mensagem e revelavam a presença do Reino de Deus (Mc 16.20; At 8.6-7; Is 35.6). Assim, a Igreja crescia porque pregava a cruz (1Co 1.23), vivia no poder do Espírito Santo (At 1.8) e testemunhava com autoridade que somente em Jesus há salvação (At 4.12).

Sinopse II

A Igreja primitiva, cheia do Espírito Santo ( plērēs pneumatos hagiou , πληρής πνεύματος ἁγίου – At 4.31), não dependia de métodos humanos, mas da ação sobrenatural de Deus.

Sua mensagem era centrada em Cristo ( Christós , Χριστός; Mashiach , מָשִׁיחַ), o Ungido prometido nas Escrituras (Is 53.5; Dn 9.25; At 8.5), e sua proclamação da Palavra ( logos , λόγος) era revestida de poder (Rm 1.16; Hb 4.12).

Por isso, em cada cidade alcançada, o Evangelho não apenas era ouvido, mas também confirmado por sinais ( sēmeia , σημεῖα) e maravilhas, autenticando a presença do Reino de Deus (Mc 16.20; At 8.6-7).

Auxílio Vida Cristã

A Igreja de Atos ensina que evangelizar não é apenas pronunciar palavras sobre Cristo, mas viver no poder do Espírito Santo ( dýnamis tou pneumatos hagiou – δύναμις τοῦ πνεύματος ἁγίου; cf. At 1.8).

A pregação apostólica era acompanhada de autoridade espiritual porque a mensagem anunciada não era filosofia humana, mas a Palavra de Deus ( logos , λόγος), que é viva e eficaz (Hb 4.12) e nunca volta vazia (Is 55.11).

Por isso, Paulo declara: ‘a nossa palavra do evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder ( dýnamis ), e no Espírito Santo’ (1Ts 1.5).

Os sinais ( sēmeia , σημεῖα) e maravilhas ( terata , τέρατα) que acompanhavam os discípulos (At 8.6-7; Mc 16.20) não eram espetáculo, mas evidências de que o Reino de Deus havia chegado (Mt 12.28).

O termo hebraico אוֹת ( ’ôt ) , traduzido por “sinal” no Antigo Testamento (Êx 4.8; Is 7.14), já indicava uma marca visível do agir divino na história.

Assim também, em Atos, os milagres confirmavam a verdade do Evangelho e autenticavam a missão da Igreja.

Portanto, evangelizar é proclamar a Cristo crucificado e ressurreto (1Co 1.23), viver na dependência do Espírito (Gl 5.25) e permitir que a própria vida seja um testemunho do poder de Deus (2Co 3.2-3).

A Igreja que vive e prega dessa forma experimenta a promessa de Jesus: ‘Eis que estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos’ (Mt 28.20).”

3 – A Igreja que dá suporte à evangelização

A expansão da fé não era tarefa de indivíduos isolados, mas resultado da ação comunitária do povo de Deus.

Desde o princípio, a missão foi confiada à Igreja como corpo ( sōma Christou – σῶμα Χριστοῦ; cf. 1Co 12.27), onde cada membro coopera com seus dons espirituais ( charísmata , χαρίσματα) para edificação mútua (1Co 12.4-7; Ef 4.11-12).

Isso reflete o princípio estabelecido no Antigo Testamento: “Dois valem mais do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho” (Ec 4.9).

Quando Filipe anunciou Cristo em Samaria, a Igreja em Jerusalém não permaneceu indiferente, mas enviou Pedro e João para dar suporte espiritual e doutrinário (At 8.14-15).

O verbo grego ἀποστέλλω ( apostéllō ) , “enviar com autoridade”, indica que não se tratava apenas de acompanhamento humano, mas de uma comissão oficial, confirmando que a evangelização é uma obra corporativa sob direção apostólica.

Esse envio remete ao próprio modelo de Cristo, o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão ( apostolos , ἀπόστολος; Hb 3.1), que também foi “enviado” pelo Pai (Jo 20.21).

A Igreja primitiva entendia que missão não é obra solitária. Jesus enviou os discípulos “de dois em dois” (Mc 6.7), mostrando que a evangelização exige cooperação, apoio e prestação de contas.

O termo hebraico חָבֵר ( chaver ) , usado para “companheiro” (Pv 18.24), enfatiza que a comunhão fraterna é essencial para sustentar a caminhada e a missão.

Esse suporte da Igreja também se manifesta em oração, intercessão e cuidado pastoral.

Em Samaria, os novos crentes não apenas ouviram a mensagem, mas receberam acompanhamento para que fossem cheios do Espírito Santo (At 8.15-17), completando o discipulado.

Paulo confirma esse princípio em Gl 6.2: “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo”.

Portanto, a expansão missionária só acontece de forma plena quando a Igreja entende que cada discípulo é chamado a cooperar.

O Evangelho avança quando há unidade (Sl 133.1-3), mutualidade (At 2.44-47) e disposição em sustentar espiritualmente aqueles que anunciam Cristo.

A missão não é peso de um só, mas responsabilidade de todo o corpo de Cristo, pois “somos cooperadores de Deus” ( synergoi Theou – συνεργοί Θεοῦ; 1Co 3.9).

3.1 – O suporte da Igreja

O testemunho de Filipe em Samaria não foi deixado sem acompanhamento.

Quando os apóstolos ouviram que a cidade havia recebido a Palavra, “enviaram para lá Pedro e João” (At 8:14).

O verbo grego ἀποστέλλω ( apostéllō ) , “enviar com autoridade”, aparece aqui como ação deliberada da Igreja, indicando cuidado, supervisão e unidade.

A evangelização não é obra isolada de evangelistas carismáticos, mas missão sustentada pela comunidade.

Esse princípio já aparece no Antigo Testamento, quando Moisés, ao se sentir sobrecarregado, recebeu auxiliares levantados por Deus para partilhar a liderança (Nm 11:16-17).

No Novo Testamento, Paulo reforça a necessidade de cooperação missionária ao agradecer o suporte da Igreja de Filipos, chamando-os de “cooperadores” ( synergoí , συνεργοί) na causa do Evangelho (Fp 4:3).

O suporte da Igreja garante equilíbrio, evita distorções doutrinárias e fortalece os novos convertidos na fé (Ef 4:11-14).

3.2 – A Igreja que discipula

Mais do que ouvir a Palavra e crer em Cristo, os samaritanos precisavam ser conduzidos ao discipulado completo.

Pedro e João oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo (At 8.15-17).

Aqui, vemos que a missão da Igreja não termina na evangelização, mas continua na formação de discípulos.

O termo grego μαθητής ( mathētēs ) significa “aprendiz, seguidor”, e descreve aquele que imita o Mestre (Lc 6.40).

Jesus ordenou que sua Igreja não apenas pregasse, mas “fizesse discípulos” ( mathēteúsate – Mt 28.19), ensinando-os a guardar tudo o que Ele mandou.

Discipular é conduzir à maturidade, formando homens e mulheres cheios da Palavra e do Espírito (Cl 1.28).

O exemplo dos apóstolos em Samaria revela que discipulado envolve acompanhamento, ensino, imposição de mãos (At 8.17) e experiência no Espírito Santo.

3.3 – Discipulado completo no Espírito

Sem a plenitude do Espírito, o discipulado permanece incompleto.

Filipe havia pregado Cristo e batizado em águas, mas os apóstolos discerniram a necessidade de levar os samaritanos à experiência do Espírito Santo (At 8:15-17).

O verbo grego πληρόω ( plēróō ) , “encher plenamente”, usado em Atos 2:4, indica uma experiência de revestimento e capacitação sobrenatural.

Paulo explica que todos os crentes são selados com o Espírito no momento da fé (Ef 1:13), mas também exorta a Igreja a ser continuamente cheia do Espírito ( plērousthe , Ef 5:18).

Essa plenitude não é opcional, mas essencial para viver e testemunhar com poder (Lc 24:49).

O discipulado apostólico em Samaria mostra que a evangelização precisa culminar na vida cheia do Espírito, pois somente assim os novos convertidos podem perseverar firmes e frutíferos (Gl 5:22-25; At 1:8).

👉 Até aqui, aprendemos que…

A evangelização não é obra isolada, mas missão comunitária sustentada pela Igreja (ekklēsía, ἐκκλησία), que envia (apostéllō) e apoia os que anunciam Cristo (At 8.14; Fp 4.3). O discipulado vai além da conversão inicial: envolve acompanhamento, ensino e formação de verdadeiros aprendizes (mathētēs, μαθητής), conduzidos à maturidade em Cristo (Mt 28.19-20; Cl 1.28). E esse processo só é completo quando o novo crente experimenta a plenitude do Espírito (plēróō, πληρόω), sendo capacitado para viver e testemunhar no poder divino (At 2.4; Ef 5.18; Gl 5.22-25).

Sinopse III

A Igreja primitiva revelou que a expansão missionária não se sustenta em iniciativas individuais, mas no suporte comunitário, no discipulado sólido e na plenitude do Espírito Santo, sem a qual o testemunho cristão permanece incompleto (At 8:15-17; I Co 3:9; Ef 4:11-14).

Auxílio Bibliológico

O recebimento do Espírito Santo em Samaria seguiu o mesmo modelo do Pentecostes (At 2.1-4), mostrando que a promessa não se restringia a Jerusalém, mas se estendia a todos quantos cressem (At 2.39).

O texto declara que Pedro e João oraram ‘para que recebessem o Espírito Santo’ (At 8.15), e o verbo grego usado para receber é λαμβάνω ( lambanō ) , que significa ‘tomar posse, apropriar-se de algo dado’.

Isso indica que a experiência do Espírito não era automática após a conversão, mas uma realidade a ser buscada e vivida em plenitude.

O derramamento em Samaria confirma que a Igreja deve conduzir cada novo crente à totalidade da promessa, pois Jesus declarou: ‘Eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai… até que do alto sejais revestidos de poder’ (Lc 24:49).

O termo grego ἐπαγγελία ( epangelía ) , ‘promessa’, aponta para uma herança assegurada pelo próprio Deus (Gl 3:14).

Assim como no Pentecostes os discípulos foram cheios ( plēróō , πληρόω) do Espírito, também em Samaria os novos convertidos foram levados a experimentar esse revestimento sobrenatural (At 8:17).

Essa continuidade demonstra que o modelo bíblico de discipulado não se limita à instrução doutrinária ou ao batismo em águas, mas envolve levar o crente a experimentar a plenitude da vida no Espírito (Ef 5:18).

Somente assim a Igreja cumpre sua missão com poder (At 1:8), vivendo não em palavras apenas, mas em manifestação de Espírito e poder (I Co 2:4).

Portanto, cada geração de discípulos deve ser conduzida a viver a promessa, pois o Espírito é o selo ( sphragízō , σφραγίζω) e a garantia ( arrabōn , ἀρραβών) da herança eterna (Ef 1:13-14).”

Conclusão

A perseguição, que parecia destinada a calar os discípulos, tornou-se o motor divino da expansão missionária .

O sangue de Estêvão foi como a semente lançada à terra que, ao morrer, deu muito fruto (Jo 12:24).

O verbo grego usado em Atos 8.4, διασπείρω ( diaspeirō ) , significa “espalhar como semente”, revelando que a dispersão dos crentes não foi derrota, mas estratégia soberana de Deus para cumprir a promessa de Atos 1:8 — que o Evangelho alcançaria Jerusalém, Judeia, Samaria e os confins da terra.

O crescimento da Igreja se deu porque sua mensagem estava centrada em Cristo ( Christós , Χριστός; Mashiach , מָשִׁיחַ), o Ungido de Deus, cumprimento das Escrituras (Is 53; At 8.5; 1Co 1.23).

Ela estava fundamentada na Palavra ( logos , λόγος), que é viva, eficaz e não pode ser anulada (Hb 4.12; Is 55.11).

E era confirmada pelo Espírito Santo ( pneuma hagion , πνεῦμα ἅγιον), cuja ação se manifestava em sinais ( sēmeia , σημεῖα), maravilhas ( terata , τέρατα) e no revestimento de poder ( dýnamis , δύναμις) que capacitava os crentes a testemunhar com ousadia (At 4.31; 1Ts 1.5).

A lição para nós hoje é clara: mesmo em meio a lutas, pressões e oposições, não devemos retroceder.

Somos chamados a pregar (2Tm 4.2), discipular (Mt 28.19-20) e apoiar uns aos outros na fé (Gl 6.2), sabendo que Aquele que começou a boa obra em nós há de completá-la até o dia de Cristo (Fp 1.6).

Nossa confiança repousa na promessa de Jesus: “Eis que estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos” (Mt 28.20).

Assim, firmados na esperança ( elpis , ἐλπίς) e sustentados pela graça, prosseguimos certos de que o Senhor fará Sua obra até os confins da terra (At 1.8).

Revisando o conteúdo

  • 1- O que os capítulos 4 e 5 de Atos registram quanto à perseguição da Igreja?
    Registram que a perseguição era inicialmente focada nos apóstolos, líderes da igreja.
  • 2- O que Atos 8.4 mostra sobre a Igreja Primitiva?
    Mostra que a igreja primitiva era movida pelo poder do Espírito Santo, ou seja, cheia da presença divina para levar a mensagem de Jesus adiante.
  • 3- De acordo com a lição, que tipo de pregação pode se tornar vazia?
    A pregação que não tem a cruz de Cristo como base pode se tornar vazia e sem poder transformador.
  • 4- O que Atos 8.14 mostra sobre a igreja em Jerusalém?
    Mostra que a igreja em Jerusalém dava suporte ao trabalho missionário, enviando Pedro e João para fortalecer os novos convertidos em Samaria.
  • 5- O que está incompleto sem o recebimento do Espírito Santo?
    O discipulado cristão.

📌 Aplicação Prática da Lição

Seja um semeador do Evangelho em qualquer lugar onde Deus o colocar.

Assim como os cristãos dispersos foram usados por Deus em meio à perseguição para espalhar a Boa-Nova (At 8.4), cada crente é chamado a transformar circunstâncias adversas em oportunidades de testemunho.

O verbo grego σπείρω ( speírō ) , “semear”, é usado por Jesus na parábola do semeador (Mt 13.3), mostrando que a Palavra é a semente que produz frutos eternos (Lc 8.11).

Da mesma forma, Paulo afirma: “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento” (I Co 3:6).

Portanto, não limite seu testemunho às paredes da igreja local, mas viva como carta aberta de Cristo ( epistolē Christou – II Co 3:3), levando o Evangelho em sua casa, trabalho, estudos ou até mesmo em meio às lutas.

Seja como José, que, mesmo no Egito, manteve-se fiel (Gn 39:9), ou como Daniel, que testemunhou em terra estrangeira (Dn 6.10).

Lembre-se: a Palavra de Deus não está presa (II Tm 2:9), e você é chamado a ser luz no mundo (Mt 5:14-16).

📢 Desafio da Semana

Compartilhe Jesus com alguém fora da sua zona de conforto — seja no trabalho, na vizinhança ou até em uma viagem.

Lembre-se de que o próprio Senhor ordenou: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15).

A palavra grega μαρτυρέω ( martyréō ) , “testemunhar”, carrega a ideia de alguém que confirma com sua vida o que anuncia com os lábios (At 1.8).

Tal atitude nos desafia a imitar os primeiros discípulos, que, mesmo dispersos pela perseguição, não deixaram de falar de Cristo (At 8.4).

Paulo também declarou: “Ai de mim se não anunciar o Evangelho!” (1Co 9.16).

Portanto, seja intencional: fale de Jesus a alguém com quem normalmente você não falaria, lembrando que cada semente plantada pode frutificar para a eternidade (Jo 4.35-36; Mt 13.23).

Seu irmão em Cristo, Pr. Francisco Miranda do Teologia24horas, um jei​to inteligente de ensinar e aprender!​

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