Apascentar: Quando a multidão mata a comunhão e o discipulado

Vivemos tempos em que o crescimento numérico das igrejas é frequentemente celebrado como sinônimo de sucesso ministerial.
Palcos iluminados, auditórios lotados e transmissões para milhões tornaram-se símbolos de relevância e impacto.
No entanto, por trás desse brilho, uma inquietação espiritual cresce no coração de muitos: é realmente possível apascentar milhares sem comprometer a essência do Evangelho?
A pergunta não é sobre eficiência organizacional, mas sobre fidelidade ao modelo de Cristo.
O termo “apascentar” tem sido reduzido, em muitos contextos, à ideia de liderar, administrar ou influenciar multidões.
Contudo, à luz das Escrituras, apascentar é algo infinitamente mais profundo.
No original grego, a palavra usada para apascentar é ποιμαίνω (poimainō), que significa guiar com ternura, proteger com firmeza e alimentar com fidelidade.
Trata-se de uma ação relacional e sacrificial, ou seja, apascentar exige proximidade, atenção individualizada, conhecimento pessoal e disponibilidade constante.
Envolve conhecer o nome, discernir a dor, caminhar ao lado, repreender com amor e celebrar com alegria.
No contexto bíblico, apascentar está intrinsecamente ligado à imagem de Deus como Pastor (Sl 23:1), à missão de Jesus como o Bom Pastor (Jo 10:11), e ao encargo apostólico confiado por Cristo aos seus discípulos (Jo 21:15-17).
É mais do que função pastoral: é um reflexo do coração de Deus para com o seu povo.
Neste Refrigério Teológico, vamos mergulhar nas Escrituras para compreender por que o chamado bíblico de apascentar impõe limites espirituais e práticos.
Veremos como a descentralização da liderança, a formação de pequenos grupos e a vivência comunitária são expressões coerentes do modelo estabelecido por Cristo.
A jornada não é sobre ampliar plateias, mas sobre multiplicar pastores que cuidem de ovelhas com zelo, verdade e presença.
Olá, graça e paz, aqui é o seu irmão em Cristo, Pr. Francisco Miranda do Teologia24horas, que essa “paz que excede todo entendimento, que é Cristo Jesus, seja o árbitro em nosso coração, nesse dia que se chama hoje…” (Fl 4:7; Cl 3:15).
O conceito bíblico de apascentar
Apascentar não é apenas uma metáfora bonita; é uma doutrina central no relacionamento entre Deus, seus líderes e o seu povo.
Na Bíblia, o verbo apascentar carrega o sentido de guiar com ternura, proteger com firmeza e alimentar com fidelidade.
Etimologia no hebraico: רָעָה (ra‘ah)
No Antigo Testamento, o equivalente hebraico é o verbo רָעָה (ra‘ah), usado mais de 160 vezes.
Significa “pastorear, cuidar, alimentar, guiar” e está ligado tanto a pastores humanos quanto ao próprio Deus como Pastor de Israel.
“O Senhor é o meu pastor (ra‘ah), e de nada terei falta” (Sl 23:1)
- Também aparece em passagens como:
- Jeremias 3:15 – “E vos darei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com ciência e com inteligência.”
- Ezequiel 34 – Deus condena os pastores que não apascentam suas ovelhas, mas cuidam apenas de si mesmos.
O verbo “apascentar”, em sua forma portuguesa, deriva do latim pascere, que significa “alimentar”, “pastorear” ou “levar ao pasto”.
Mas seu uso bíblico carrega muito mais do que uma ideia de prover alimento físico; trata-se de um ato espiritual, relacional e contínuo de cuidado.
Na Bíblia, encontramos dois principais termos gregos que foram traduzidos como “apascentar” no Novo Testamento, ambos com significados distintos, mas complementares:
Etimologia no grego: όσκω (boskō) – “apascentar cordeiros”
Uso em João 21:15 – “Apascenta os meus cordeiros” (gr. βόσκε τὰ ἀρνία μου).
- Raiz: Do verbo grego boskō (βόσκω), significa dar de comer, alimentar, nutrir.
- Aplicação: Jesus usa este termo quando se refere aos cordeiros (arnía – ἀρνία), isto é, os novos convertidos, os mais jovens na fé.
- Implicação pastoral: Apascentar neste contexto é alimentar com doçura e paciência os que ainda estão nos primeiros passos da fé. Trata-se de cuidado maternal, atenção formativa e ensino básico do Evangelho. O verbo aqui tem uma conotação de alimentar para desenvolver.
Etimologia no grego: Ποιμαίνω (poimainō) – “apascentar ovelhas”
Uso em João 21:16-17 – “Apascenta as minhas ovelhas” (gr. ποίμαινε τὰ πρόβατά μου).
- Raiz: Do verbo poimainō (ποιμαίνω), que significa pastorear, guiar, proteger, disciplinar e liderar espiritualmente.
- Substantivo relacionado: Poimēn (ποιμήν), que significa pastor.
- Aplicação: Aqui Jesus se refere às ovelhas maduras (probatá – πρόβατα), ou seja, crentes experientes que ainda precisam de supervisão espiritual, correção e comunhão.
- Implicação pastoral: Apascentar com poimainō implica em muito mais do que alimentar: trata-se de liderar com graça, corrigir com sabedoria e proteger com autoridade espiritual. É o papel do pastor que vai além do ensino — envolve disciplina, discernimento e direção.
Comparando όσκω (boskō) e Ποιμαίνω (poimainō)
Termo Grego | Tradução | Público-alvo | Ênfase | Referência | Aplicação Pastoral |
---|---|---|---|---|---|
Boskō (βόσκω) | Alimentar | Cordeiros (ἀρνία) | Nutrição básica | João 21:15 | Ensinar, proteger, iniciar |
Poimainō (ποιμαίνω) | Pastorear | Ovelhas (πρόβατα) | Liderança espiritual | João 21:16-17 | Discipular, corrigir, conduzir |
A combinação de boskō e poimainō com ra‘ah mostra que apascentar é um chamado multidimensional:
- Cuidar dos fracos e recém-chegados (boskō – cordeiros).
- Guiar e manter os maduros no caminho da justiça (poimainō – ovelhas).
- Ser reflexo do coração pastoral de Deus (ra‘ah – o Senhor é Pastor).
Logo, o apascentar bíblico não é genérico nem impessoal. É intencional, relacional e sacrificial.
Exige discernimento para saber se o que está diante de nós é um cordeiro que precisa de leite (1Pe 2:2), ou uma ovelha que precisa de correção (Hb 12:6).
Ao longo de toda a Escritura, apascentar é atribuído não apenas aos pastores humanos, mas, sobretudo, ao próprio Deus.
É Ele quem estabelece o padrão.
Por isso, antes de entendermos o chamado pastoral na prática, é necessário mergulhar no coração teológico da missão de apascentar. E tudo começa com o caráter do próprio Senhor.
O coração pastoral de Deus
Desde o Antigo Testamento, vemos que apascentar é parte da própria identidade de Deus.
No Salmo 23, Davi declara: “O Senhor é o meu pastor, e de nada terei falta” (Sl 23:1).
Deus não apenas governa; Ele apascenta. Ele cuida das ovelhas, as guia, as alimenta e as protege.
Jesus retoma essa linguagem em João 10, ao se apresentar como o “bom Pastor” que dá a vida pelas ovelhas (Jo 10:11).
Esse pastor conhece cada ovelha pelo nome (Jo 10:3), e as ovelhas reconhecem Sua voz.
O vínculo aqui é de intimidade e cuidado constante.
Esse é o verdadeiro sentido de apascentar.
E quando comparamos isso com a realidade de igrejas com milhares de membros, percebemos um desafio pastoral quase impossível: como conhecer e cuidar de tantas ovelhas?
A missão delegada aos líderes
Em João 21:15-17, Jesus confia a Pedro a tarefa de apascentar Suas ovelhas. Três vezes Ele diz: “apascenta os meus cordeiros… apascenta as minhas ovelhas”.
Aqui, o verbo usado é também “ποιμαίνω” – o mesmo do Salmo 23 na Septuaginta. Não é uma tarefa organizacional, mas relacional. Pedro deveria imitar o Mestre: cuidar, corrigir, restaurar e caminhar com cada um.
Logo, a função de apascentar não pode ser reduzida a um sermão genérico no domingo. Ela exige presença, discipulado, escuta e envolvimento na vida do outro.
Pastor vem de pasto
A palavra “pastor” vem do latim pastor, derivada do verbo pascere, que significa literalmente “levar ao pasto”, “alimentar” ou “nutrir”.
Etimologicamente, portanto, o pastor é, antes de tudo, um servidor das ovelhas — aquele que não apenas as guia, mas também fornece alimento, proteção e ambiente seguro para descanso e crescimento.
O pasto, nesse sentido, não é apenas o local físico da provisão, mas simboliza o espaço onde a vida se renova, onde a ovelha é tratada, curada e fortalecida.
Essa ideia é perfeitamente expressa no Salmo 23, quando Davi declara:
“O Senhor é o meu pastor; e de nada terei falta. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas” (Sl 23:1-2).
Aqui, a figura do pastor divino está ligada diretamente ao pasto, como lugar de abundância, refrigério e direção segura.
O termo hebraico usado para “pastor” é רֹעֶה (ro‘eh), derivado do verbo רָעָה (ra‘ah), que significa “pastorear, conduzir, alimentar, cuidar, guiar”.
O uso de ra‘ah no Antigo Testamento revela que pastor não é apenas quem está à frente, mas quem cuida de perto — aquele que caminha com o rebanho, compartilha o terreno, sente o cheiro das ovelhas e sabe de suas feridas.
Já no Novo Testamento, o conceito se aprofunda com o uso do termo grego ποιμήν (poimēn), que também significa pastor, e está diretamente relacionado ao verbo ποιμαίνω (poimainō) — apascentar.
Em João 10:11, Jesus declara:
“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.”
Esse pastor bíblico é mais do que um guia; é um provedor sacrificial, alguém que se entrega totalmente por suas ovelhas.
Ele as leva ao pasto não apenas com palavras, mas com sangue, cruz e comunhão.
Ele não terceiriza a alimentação espiritual, mas se torna Ele mesmo o pão da vida (Jo 6:35) e a água que sacia para sempre (Jo 4:14).
Logo, afirmar que “pastor” vem de “pasto” não é apenas uma curiosidade linguística, mas uma afirmação teológica central: o ministério pastoral é indissociável do alimento espiritual.
Onde não há pasto — Palavra viva, comunhão genuína, oração contínua e presença do Espírito — não há pastoreio verdadeiro.
Em termos práticos, isso significa que:
- Pastor que não alimenta, não é pastor, mas lobo (Ez 34:2).
- Pastor que não conduz ao pasto, mas ao entretenimento, está desviando o rebanho do propósito (Jr 50:6).
- Pastor que se preocupa mais com o palco do que com o pasto perdeu sua vocação original (1Pe 5:2-4).
Por isso, o chamado pastoral, do latim pastor, exige mais do que técnica ou carisma — exige coração, renúncia, maturidade espiritual e amor pelas ovelhas.
Afinal, o verdadeiro pastor, segundo o coração de Deus, é aquele que conduz o rebanho ao pasto da eternidade, e não à vitrine da visibilidade.
O limite do cérebro humano: o número de Dunbar
Um estudo da antropologia moderna, conduzido por Robin Dunbar, revelou que o ser humano só consegue manter uma rede significativa entre 100 a 150 relacionamentos estáveis.
Isso inclui lembrar nomes, histórias, contextos e manter interações com qualidade emocional.
Por analogia, isso nos leva a refletir: se um pastor precisa apascentar verdadeiramente suas ovelhas, como fazê-lo com mil, três mil ou cinco mil pessoas?
É biologicamente impossível.
Mesmo com uma memória excelente, o coração não alcança tantas histórias.
E aqui nasce a necessidade de descentralizar o ministério, conforme o próprio Jesus demonstrou.
A parábola das 100 ovelhas
“Que vos parece? Se algum homem tiver cem ovelhas, e uma delas se desgarrar, não deixa as noventa e nove nos montes, indo buscar a que se desviou?” (Mt 18:12)
Nesta parábola, Jesus poderia ter usado qualquer número — mil, quinhentas, setenta vezes sete — mas escolheu cem como padrão para o rebanho sob a responsabilidade de um único pastor.
Isso não é um detalhe aleatório. O ensino bíblico sempre carrega intenções simbólicas e práticas.
O número 100, no contexto judaico, era um número completo, suficiente e manejável. Indica um rebanho de porte considerável, mas ainda possível de ser cuidadosamente observado, contado e apascentado.
A atenção do pastor aos detalhes
A parábola mostra que o pastor conhece a totalidade do seu rebanho a ponto de perceber que uma única ovelha se perdeu. Isso implica:
- Que ele conhece cada uma individualmente, ou pelo menos tem consciência da presença de todas.
- Que ele conta com regularidade, o que só é possível em um número limitado de ovelhas.
- Que ele dá valor à individualidade, e não à massa.
Se o rebanho fosse de mil ou dez mil, seria quase impossível perceber a ausência de uma só ovelha. Mas com cem, isso é possível — e esperado de um bom pastor.
A compatibilidade com o número de Dunbar
Robin Dunbar, antropólogo evolucionista da Universidade de Oxford, identificou que o cérebro humano tem capacidade cognitiva limitada para manter cerca de 100 a 150 relações significativas ao mesmo tempo — pessoas cujo nome, história, interesses e vínculos conseguimos realmente manter com qualidade.
Em um contexto espiritual, essa limitação humana aponta para uma verdade prática no ministério: o pastor, enquanto ser humano, não consegue apascentar profundamente muito mais do que esse número.
Se considerarmos que dentro da igreja local haverá:
- Crianças,
- Novos convertidos,
- Crentes maduros,
- Famílias com problemas,
- Obreiros a serem treinados,
- E conflitos a serem resolvidos,
… então a capacidade relacional real se reduz ainda mais. É razoável, portanto, afirmar que cem ovelhas é um número saudável e realista para o pastoreio pastoral direto.
Descentralizar é bíblico
Diante disso, a implicação prática é clara: quando o rebanho ultrapassa a capacidade de 100 a 150 pessoas, o pastor deve:
- Delegar autoridade pastoral (cf. Êx 18:21).
- Estabelecer líderes de pequenos grupos, supervisores e diáconos.
- Multiplicar a unção e a visão do cuidado, não apenas a estrutura.
Apascentar mais de 100 ovelhas sem estrutura de cuidado é negligência espiritual. A multidão pode ser tocada pelo culto, mas só será transformada pela comunhão e pelo discipulado real.
O modelo de Jesus: doze, não multidão
Jesus pregava para multidões, mas apascentava doze.
Em Marcos 3:14, está escrito: “E nomeou doze, para que estivessem com Ele, e os mandasse a pregar”.
O chamado inicial foi para estar com Ele – relacionamento, intimidade, discipulado.
A multidão ouvia os ensinos; os doze partilhavam do pão.
A multidão recebia cura; os doze entendiam os mistérios.
Jesus investiu tempo em um grupo pequeno, para que depois eles apascentassem outros.
E assim, de grupo em grupo, o mundo foi transformado.
A liderança de Moisés e o conselho de Jetro
Antes mesmo de Jesus estabelecer o modelo dos doze, Moisés enfrentou o dilema de como apascentar um povo numeroso.
Em Êxodo 18, Jetro, seu sogro, ao observar a sobrecarga ministerial de Moisés, aconselha:
“Não é bom o que tu fazes… Tu te cansarás, assim como este povo que está contigo, porque este negócio é mui pesado para ti; tu só não o podes fazer” (Êx 18:17-18).
Jetro sugere então uma estrutura descentralizada: líderes de mil, de cem, de cinquenta e de dez (Êx 18:21-22).
Cada grupo teria alguém que pudesse apascentar de perto, julgar causas menores e apenas levar a Moisés as mais difíceis.
Essa estratégia não era apenas administrativa, mas espiritual.
Era uma forma de garantir que cada pessoa fosse ouvida, cuidada e direcionada.
É uma das primeiras menções bíblicas de que apascentar exige multiplicação de líderes, não acúmulo de função.
A sabedoria de Jetro continua atual: quando o ministério é centralizado em uma só pessoa, o rebanho sofre e o líder adoece.
O modelo de apascentamento bíblico exige uma liderança compartilhada, sensível e próxima.
Atos dos Apóstolos: uma Igreja nos lares
A Igreja primitiva tinha tudo para crescer descontroladamente.
Milhares se convertiam (At 2:41), mas o cuidado não era centralizado.
Atos 2:46 revela que “perseveravam unânimes todos os dias no templo e partiam o pão em casa, com alegria e singeleza de coração”.
Havia uma estrutura de grupos menores que permitia que cada crente fosse apascentado.
Paulo, Pedro e os apóstolos nunca tentaram concentrar autoridade, poder ou influência.
Eles treinavam novos líderes e descentralizavam o apascentar.
Em Atos 20:28, Paulo orienta os presbíteros de Éfeso: “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus”.
A função de apascentar foi repartida entre líderes locais.
A falácia do sucesso numérico
Igrejas grandes parecem bem-sucedidas.
Mas números não são sinônimo de saúde.
É possível ter uma multidão e ninguém ser apascentado.
Muitos saem dizendo que “perderam a fé”, quando na verdade apenas não foram amados, não foram ouvidos, não foram apascentados.
Como disse: ir à igreja e sair com fome é mais comum do que parece.
A fé cristã não é consumo de culto, mas vivência comunitária.
Em Gálatas 6:2, Paulo ordena: “Levai as cargas uns dos outros”.
Mas como carregar o fardo de quem sequer conhecemos?
A restauração do pastoreio bíblico
A saída para essa crise de apascentar não é abandonar a Igreja, mas restaurar o modelo bíblico.
Isso passa por três decisões:
- Limitar a carga pastoral: Um único pastor não pode apascentar mil ovelhas. É preciso formar líderes, pastores auxiliares e células.
- Descentralizar a autoridade: Poder e unção devem ser distribuídos. Êxodo 18 mostra como Moisés precisou dividir a liderança.
- Estabelecer pequenos grupos: Onde haja comunhão real, discipulado intencional e cuidado mútuo.
A liderança como cuidado e não domínio
Pedro ensina: “Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente… sendo exemplos do rebanho” (1Pe 5:2-3).
O pastor não é um gestor de eventos, mas um servo que apascenta com o coração de Cristo.
Quando o rebanho cresce demais para ser cuidado, o cuidado se transforma em programa, e o Evangelho se reduz a uma palestra semanal.
Estatísticas que confirmam o problema
Estudos recentes mostram que:
- 70% dos membros de igrejas grandes não têm amigos próximos na congregação.
- 50% sentem que não fazem parte de um corpo.
- Igrejas com células ou pequenos grupos têm índice 4x maior de retenção.
O que essas estatísticas gritam é: sem apascentar, não há permanência.
A fé morre quando é vivida sozinha.
Conclusão
A Igreja não foi chamada para ser um espetáculo de luzes, mas um redil de ovelhas guiadas pela voz do Bom Pastor.
O corpo de Cristo, segundo Efésios 4:11-12, existe para ser aperfeiçoado, edificado e unido — e isso não se alcança com programas, mas com pastores que conhecem suas ovelhas pelo nome (Jo 10:3), que as guiam com vara e cajado (Sl 23:4), e que derramam a vida em favor delas (Jo 10:11).
Pastores não foram chamados para serem astros de púlpito, mas servos do aprisco.
Apascentar não é uma arte de oratória, mas um ministério de lágrimas, paciência, ensino e presença.
A era da celebridade pastoral precisa dar lugar à era do discipulado relacional.
Apascentar exige limites. Não limites de amor, mas de capacidade.
Um só homem não pode cuidar espiritualmente de mil almas. A Bíblia reconhece isso, desde o conselho de Jetro a Moisés (Êx 18), até o modelo de Cristo com os doze (Mc 3:14), e a prática da Igreja primitiva em casas (At 2:46).
Toda tentativa de apascentar multidões sem estrutura de cuidado é contrária ao Evangelho que prioriza o nome, a história e a salvação do indivíduo.
Por isso, este é um tempo de retorno ao essencial:
- Menos multidão e mais discipulado. Porque o Reino de Deus é construído na intimidade da verdade vivida, não no anonimato da multidão.
- Menos palco e mais mesa. Pois a comunhão do pão partilhado revela mais do que um sermão aplaudido.
- Menos show e mais comunhão. Porque onde dois ou três se reúnem em nome de Jesus, ali o céu se manifesta (Mt 18:20).
Então, permita-se confrontar por esta pergunta:
Você está sendo apascentado? Ou está apenas assistindo cultos sem ser visto?
Você está apascentando alguém? Ou seu ministério está centrado em falar, sem ouvir, ensinar sem caminhar?
Essa é a pergunta que importa — hoje e no juízo final (Hb 13:17).
Se a resposta for “sim”, continue. Persevere. Mantenha-se fiel ao rebanho que o Senhor te confiou.
Mas se a resposta for “não”, volte ao modelo de Jesus. Recomece onde Ele começou: com poucos, com profundidade, com verdade.
O mundo foi transformado por doze que foram verdadeiramente apascentados.
Nunca por multidões que apenas ouviram e aplaudiram.
Apascentar é o chamado eterno do pastor segundo o coração de Deus (Jr 3:15).
E é por esse chamado que a Igreja será preparada como esposa, irrepreensível, pronta para o encontro com o Cordeiro (Apocalipse 21:3).
Espero que este Refrigério Teológico tenha edificado sua vida espiritual!
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