Jonadabe e Amnom, uma amizade fatal

Jonadabe e Amnom, uma amizade fatal

Apesar de ser especificamente escolhido por Deus para ser o rei de Israel e fundador de uma dinastia que se estenderia até o próprio Cristo, Davi teve uma vida difícil e cheia de tumulto e conflito.

Uma das histórias mais complicadas e tristes começou com uma amizade entre dois jovens.

Amnon foi o primeiro filho de Davi (II Samuel 3:2) e Jonadabe, primo de Amnon, era um amigo tão chegado que este compartilhava com ele seus pensamentos mais íntimos.

Um dia, Amnon confessou a Jonadabe seu desejo para com sua própria irmã, Tamar (filha do mesmo pai, mas de outra mãe).

Se Jonadabe fosse um amigo de verdade, se ele amasse seu primo e desejasse seu bem, sua resposta teria sido firme.

Ele teria repreendido Amnon por hospedar pensamentos impuros e por desejar sua própria irmã.

Os dois sendo judeus sujeitos à Lei revelada por meio de Moisés, Jonadabe deveria ter relembrado seu primo que qualquer relação sexual entre parentes próximos foi claramente proibida (Levítico 18:6-9). 

Jonadabe, se fosse um bom amigo, teria repetido as palavras da Lei: “Não descobrirás a nudez da filha da mulher de teu pai, gerada de teu pai; ela é tua irmã” (Levítico 18:11).

E se Amnon tivesse insistido, contra o bom conselho do seu amigo, Jonadabe teria agido para proteger Tamar e ainda levar Amnon ao arrependimento.

Mas Jonadabe não mostrou o caráter de um verdadeiro amigo. 

Ao invés de corrigir seu primo, ele apoiou e alimentou suas intenções pecaminosas. 

Jonadabe não falou o que seu amigo precisava ouvir; ele disse o que Amnon queria ouvir. 

Amigos que distorcem a verdade para nos apoiar não demonstram o amor e não são bons amigos.

As palavras de Jonadabe incentivaram mais erros na vida de Amnom. 

Ele reforçou o senso de direito desse príncipe de Israel. 

Como um filho do rei, neste caso o herdeiro provável do trono, seria negado algum desejo? 

Ele sugeriu para Amnon um plano para conseguir uma oportunidade de estar a sós com Tamar: “Disse-lhe Jonadabe: Deita-te na tua cama e finge-te doente; quando teu pai vier visitar-te, dize-lhe: Peço-te que minha irmã Tamar venha e me dê de comer pão, pois, vendo-a eu preparar-me a comida, comerei de sua mão” (II Samuel 13:5).

Os resultados foram desastrosos. Quando Amnon aceitou o conselho perverso do seu primo, deu início a uma série de eventos que destruíram vidas e ameaçaram a estabilidade da nação de Israel.

No segundo livro de Samuel, os capítulos de 13 a 20 relatam os eventos que vieram em consequência do mau conselho de Jonadabe, uma moça inocente foi estuprada.

Amnon seguiu o plano de Jonadabe e conseguiu sua oportunidade de estar com Tamar. 

Quando ela recusou seu convite, Amnon estuprou sua irmã. Ela voltou para casa totalmente angustiada.

Absalão, irmão de Tamar (tiveram o mesmo pai e a mesma mãe), ficou indignado com Amnon. 

Ele ficou quieto durante dois anos esperando momento oportuno para se vingar de Amnon pelo estupro de Tamar. Armou uma cilada e mandou que seus servos matassem Amnon.

Com medo do seu pai, Davi, Absalão fugiu para Gesur, onde ficou sob a proteção do seu avô materno. 

Depois de três anos, Absalão voltou para Jerusalém, com a autorização de Davi. 

O rei, porém, recusou receber seu filho pessoalmente, e o clima entre os dois continuou tenso. 

Depois de dois anos, Davi e Absalão se reconciliaram, mas este não se sujeitou ao rei. 

Absalão manipulou as pessoas e conquistou o apoio de muitos para levantar uma revolta contra o rei. 

O resultado foi uma guerra civil em Israel que terminou com a morte de Absalão.

E mesmo depois das mortes de Amnon e Absalão, Davi sofreu para reunir seu reino. 

Houve conflitos internos e intrigas entre pessoas influentes, deixando a nação mais fraca do que antes.

Obviamente, essa história envolve muitas pessoas e várias decisões erradas, mas ainda perguntamos: quanto sofrimento poderia ter sido prevenido se Amnon tivesse escolhido um amigo melhor?

Olá, graça e paz, aqui é o seu irmão em Cristo, Pr. Francisco Miranda do Teologia24horas, que essa “paz que excede todo entendimento, que é Cristo Jesus, seja o árbitro em nosso coração, nesse dia que se chama hoje…” (Fl 4:7; Cl 3:15).

Três qualidades de um bom amigo segundo a Bíblia

O princípio da amizade também é encontrado em Amós. “Andarão dois juntos, se não houver acordo entre eles?” (Amós 3:3).

Os amigos compartilham os mesmos interesses.

Um amigo é alguém em quem se pode ter total confiança.

Um amigo é alguém com quem se compartilha respeito mútuo, não com base em mérito, mas com base em uma semelhança de espírito.

As Escrituras nos orientam sobre a escolha e o tratamento dos nossos amigos.

Amigos têm muita influência em nossas vidas: “O justo serve de guia para o seu companheiro, mas o caminho dos perversos os faz errar” (Provérbios 12:26). 

Por este motivo, a escolha de companheiros é um assunto de grande importância: “Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se tornará mau” (Provérbios 13:20). 

No final de contas, nossas escolhas não envolvem apenas pessoas, mas decidem a nossa direção na vida e na eternidade. 

Tiago frisou bem este fato quando perguntou: “Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tiago 4:4). 

O mesmo livro fala de um homem de grande fé que rejeitou os caminhos errados de outros homens e mostrou a sua lealdade ao Senhor. O resultado desta escolha de Abraão? “Foi chamado amigo de Deus” (Tiago 2:23). 

Devemos escolher bons amigos que nos ajudarão, especialmente em termos espirituais.

É fácil escolher mal. Muitas pessoas que não amam a Deus e não respeitam a palavra dele nos oferecem a sua amizade. Às vezes, podemos influenciar tais pessoas pela nossa fé e o exemplo de uma vida reta. 

O próprio Jesus fez questão de ter contato com pecadores, oferecendo-lhes a palavra eterna da salvação (Lucas 15:1; Mateus 9:10-13). 

O perigo vem quando não confessamos a nossa fé no meio de uma geração perversa (Marcos 8:38). Ao invés de conduzir outros a Cristo, deixamos as más influências nos corromperem.

Uma vez que escolhemos bons amigos, devemos ser bons amigos! 

As Escrituras nos aconselham sobre as responsabilidades de companheiros fiéis.

Amigos contam com a presença uns dos outros: “Mais vale o vizinho perto do que o irmão longe” (Provérbios 27:10). “O olhar de amigo alegra o coração; as boas-novas fortalecem até os ossos” (Provérbios 15:30). 

Por outro lado, não devemos abusar da amizade, causando aborrecimentos: “Não sejas freqüente na casa do teu próximo, para que não se enfade de ti e te aborreça” (Provérbios 25:17). 

Amigos verdadeiros não são interesseiros, mas aqueles companheiros fiéis que ficam nos bons tempos e nos maus: “Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão” (Provérbios 17:17). 

A amizade verdadeira traz benefícios mútuos: “Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu amigo” (Provérbios 27:17).

1. Não deixa de amar 

O amigo por interesse não é amigo de verdade. O bom amigo não desiste facilmente de sua amizade. Como é bom ter um amigo em quem podemos confiar nos tempos difíceis!

“Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão” (Provérbios 17:17).

2. Diz o que precisa ser dito

O bom amigo se preocupa com o bem de seu amigo. Ele não mente para seu amigo mas lhe diz a verdade, mesmo quando dói. Não tenha medo de repreender para salvar seu amigo.

“Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto. Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos” (Provérbios 27:5,6)

3. Se sacrifica pelos amigos

Jesus é o melhor amigo. Ele deu Sua vida por nós. O bom amigo tenta ser como Jesus, dando seu tempo e seus recursos para ajudar seus amigos quando precisam. O bom amigo dá valor aos seus amigos, assim como Jesus dá valor aos seus amigos.

“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer” (João 15:13-15).

Algumas características da amizade verdadeira segundo a Bíblia são:

  • Amor – o amor é a chave para qualquer bom relacionamento; a verdadeira amizade é firmada no amor fraternal – Provérbios 17:17
  • União – os amigos gostam de estar juntos e defendem um ao outro; a partilha de interesses ajuda a ficar mais unidos – Eclesiastes 4:12
  • Respeito – um amigo não é um meio para atingir um fim, tem valor em si mesmo; a amizade verdadeira respeita o valor da pessoa e procura seu bem – Romanos 12:10
  • Honestidade – a mentira destrói amizades; o amigo diz a verdade em amor, mesmo quando o outro não vai gostar, para seu bem – Provérbios 27:5-6
  • Ajuda – o amigo verdadeiro ajuda seu companheiro quando sabe que está passando por dificuldades ou problemas – Provérbios 27:10
  • Confiança – na amizade verdadeira não há lugar para inveja, fofoca nem traição; um amigo verdadeiro não é perfeito mas é uma pessoa confiável  

Um grande exemplo de amizade na bíblia

Um dos grandes exemplos de amizades do texto sagrado foi entre Davi e Jônatas, bem antes de Davi se tornar rei e famoso em Israel, Jônatas percebeu seu talento e o honrou.

I Samuel 18:1-4

¹ E sucedeu que, acabando ele de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou, como à sua própria alma.

² E Saul naquele dia o tomou, e não lhe permitiu que voltasse para casa de seu pai.

³ E Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma.

⁴ E Jônatas se despojou da capa que trazia sobre si, e a deu a Davi, como também as suas vestes, até a sua espada, e o seu arco, e o seu cinto. 

Por diversas vezes Jônatas avisou seu amigo sobre as tentativas de atentados por parte de Saul seu pai, quando Jônatas morreu Davi levantou um grande lamento e declara seu amor pelo amigo.

II Samuel 1:25,26

²⁵ Como caíram os poderosos, no meio da peleja! Jônatas nos teus altos foi morto.

²⁶ Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; quão amabilíssimo me eras! Mais maravilhoso me era o teu amor do que o amor das mulheres. 

Anos depois, quando já era rei sobre Israel e Judá, Davi lembrou do pacto que havia feito com seu amigo Jônatas, e procurou saber se não havia ninguém da sua descendência que estivesse vivo.

Ao saber que havia um filho de Jônatas vivo, Mefibosete, ele o convidou a morar no palácio real, sob seus cuidados.

Ter um amigo de verdade em todos os momentos é um grande privilégio!
E mesmo que tenhamos poucos ou muitos amigos, a quantidade não importa, o importante mesmo é ter alguém em quem possamos confiar e que faça a diferença em nossa vida.

Você tem amigos em quem pode confiar?
São amigos que aproximam você de Deus?

Apresentamos grandes exemplos de amigos na Bíblia que nos inspiram a ser esse tipo de amigo — alguém confiável, com palavras de sabedoria e que leve as pessoas a Jesus.

Rute e Noemi (Rute 1:16) — investimento e cuidado

Rute, uma moabita, foi uma amiga leal de sua sogra num momento imprescindível, logo depois que ambas tinham perdido seus maridos.

Elas ficaram unidas, Noemi que antes tinha cuidado de seu marido, seus filhos e noras, agora recebia o cuidado de Rute.

A compaixão de Rute em zelar por sua sogra demonstrou uma amizade verdadeira e que trouxe muitas bênçãos para a vida de ambas.

Abraão e Ló (Gênesis 13) – parceria e oração

Abraão era tio de Ló, mas também era amigo de seu sobrinho.

Os dois saíram juntos da terra em que viviam para habitar onde Deus mostraria.

Em um determinado momento, eles decidem se separar, mas mesmo longe um do outro, Abraão continuou orando a Deus pela vida de Ló e de sua família.

Maria e Isabel (Lucas 1:39-56) – acolhimento e palavras de bênção

Maria visitou sua prima Isabel e durante o tempo que passou ali, as duas estiveram juntas apoiando uma a outra, cuidando uma da outra (ainda que existe uma diferença de idade), num momento bastante particular da vida dessas mulheres — a gestação.

Paulo e Timóteo (Atos 16:1) – comunhão e apoio

Quando Paulo visitou a cidade de Timóteo, Listra, ficou admirado com a dedicação e o caráter daquele jovem.

Com isso, levou Timóteo como seu aprendiz nas viagens missionárias, tornando-se seu mentor e amigo na fé – que o incentivava, desafiava e caminhava com ele em sua vida cristã.

O que aprendemos?

De tudo que a Bíblia fala sobre amizades, devemos aproveitar algumas lições importantes, entre elas:

  1. Escolher cuidadosamente os nossos amigos, evitando amizades que nos levariam ao pecado.
  2. Valorizar amigos que nos corrigem quando erramos.
  3. Cortar amizades que prejudicam a nossa vida espiritual, especialmente quando os “amigos” incentivam o pecado e participação em religiões falsas.
  4. Ser amigos fiéis e de confiança, especialmente nos momentos difíceis quando os amigos mais precisam de nós.
  5. Sempre manter nossa relação com Deus acima de qualquer amizade humana, confessando a nossa fé no meio de uma geração perversa.

Quando se trata de amizade, devemos valorizar qualidade, e não quantidade: “O homem que tem muitos amigos sai perdendo, mas há amigo mais chegado do que um irmão” (Provérbios 18:24).

Conclusão

Na bíblia, amizade é algo de muito valor e deve ser construído ao longo da vida.

Como cristãos devemos nos colocar como amigos, estar dispostos a desenvolver e demostrar lealdade e serviço.

Amizade verdadeira segundo a bíblia, exige em primeiro lugar um compromisso com Deus e com o nosso próximo.

Precisamos querer ser amigos, demonstrar empenho na tarefa.

Por fim, ter bons amigos é uma bênção, é um verdadeiro presente de Deus.

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