O significado de “Mundo” no Evangelho de João: Quem realmente Cristo veio salvar?

Mundo

Ao longo da história da Igreja, um dos debates mais recorrentes tem sido a interpretação da palavra “mundo” (κόσμος, kósmos) nas Escrituras, especialmente no Evangelho de João.

Embora pareça um termo simples à primeira vista, seu significado é teologicamente profundo e impacta diretamente a compreensão da obra redentora de Cristo e do alcance da salvação.

Muitos cristãos interpretam João 3:16 como uma declaração de que Deus ama a totalidade da humanidade sem distinção, enquanto outros argumentam que “mundo” pode ter um sentido mais específico, referindo-se ao povo de Deus ou àqueles que efetivamente receberão a salvação.

A forma como compreendemos essa questão afeta nossa visão sobre a graça, a expiação e a necessidade do arrependimento.

Diante disso, surge uma pergunta essencial: Quando a Bíblia diz que Jesus veio para o mundo, a quem exatamente Ele veio salvar?

Neste Refrigério Teológico, mergulharemos no significado da palavra “mundo” no original grego, analisando suas diversas aplicações ao longo do Evangelho de João.

Nosso objetivo é esclarecer essa questão à luz das Escrituras, fornecendo um entendimento sólido e contextualizado para que estudantes de teologia e pregadores possam interpretar corretamente esse termo e ensinar com fidelidade a Palavra de Deus.

Olá, graça e paz, aqui é o seu irmão em Cristo, Pr. Francisco Miranda do Teologia24horas, que essa “paz que excede todo entendimento, que é Cristo Jesus, seja o árbitro em nosso coração, nesse dia que se chama hoje…” (Fl 4:7; Cl 3:15).

João 3:16 – O maior versículo e o amor incomparável da Bíblia

O versículo de João 3:16 é um dos mais citados e amados das Escrituras:

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16 – ACF)

Alguém disse que este versículo é o maior versículo da Bíblia, não porque ele é o mais extenso, mas porque tudo quanto nele há é grande:

  • Deus – maior ser.
  • Amou – maior sentimento.
  • O mundo – maior quadro.
  • De tal maneira – maior intensidade.
  • Que deu – maior dádiva.
  • Seu Filho unigênito – maior salvador.
  • Para que – maior propósito.
  • Todo aquele que nele crê – maior condição.
  • Não pereça – maior livramento.
  • Mas tenha – maior possessão.
  • A vida eterna – maior promessa.

E é olhando para esse versículo que podemos destacar alguns fatos fundamentais sobre o amor de Deus por nós.

  • O amor de Deus é imensurável – Ele amou “de tal maneira”, uma expressão que indica a grandeza incompreensível desse amor.
  • O amor de Deus é sacrificial – Ele “deu” o Seu Filho, mostrando que esse amor não é apenas uma emoção, mas um ato concreto.
  • O amor de Deus é inclusivo – Ele amou “o mundo”, demonstrando que a oferta da salvação está disponível a todas as pessoas.
  • O amor de Deus exige resposta – “Todo aquele que nele crê” destaca que a salvação requer fé ativa em Cristo.
  • O amor de Deus concede vida eterna – A promessa final deste amor é que aqueles que creem “não pereçam, mas tenham a vida eterna”.

Os diferentes significados de “Mundo” no Evangelho de João

A palavra “mundo” (κόσμος, kósmos) aparece frequentemente no Novo Testamento, especialmente no Evangelho de João.

No entanto, seu significado varia de acordo com o contexto, muitos interpretam essa palavra de maneira equivocada, levando a distorções doutrinárias, como o universalismo.

A palavra “mundo” aqui é traduzida do termo grego koiné κόσμος (kósmos), que significa “ordem”, “universo” ou “humanidade”.

No Novo Testamento, especialmente nos escritos joaninos, a palavra assume diversas conotações, dependendo do contexto.

O verbo “amou” neste versículo é ἠγάπησεν (ēgapēsen), derivado de ἀγαπάω (agapaō), que denota um amor sacrificial e incondicional.

O amor de Deus pelo “mundo” não é meramente emocional, mas um amor ativo que se manifesta na entrega de Cristo como sacrifício pelos pecadores.

Ao dizer que Deus amou o “mundo”, João não está necessariamente afirmando que cada indivíduo sem exceção será salvo, mas que a oferta da salvação é feita a toda a humanidade, sem distinção de raça, cultura ou posição social.

Esse entendimento é crucial para evitar erros doutrinários como o universalismo.

Quando João Batista declara: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29), ele está afirmando que Jesus remove o pecado de todos os indivíduos sem exceção ou de um grupo específico?

A resposta a essa pergunta tem profundas implicações teológicas no Evangelho de João pode ser entendido de pelo menos quatro maneiras:

O “Mundo” como a criação material

A palavra “mundo” (κόσμος, kósmos) no Evangelho de João possui uma riqueza de significados, e um de seus usos se refere à totalidade da criação material.

Isso implica não apenas a Terra, mas toda a ordem criada por Deus, abrangendo o universo visível e suas leis físicas.

A criação como reflexo da glória de Deus

A teologia bíblica ensina que o mundo material não é um acidente cósmico, mas uma expressão deliberada da sabedoria, do poder e da bondade de Deus. Isso é evidente em passagens como:

“Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.” (Salmo 19:1)

O termo kósmos, que significa “ordem” ou “adereço”, revela que a criação de Deus não é caótica, mas estruturada e funcional.

O mundo físico, portanto, manifesta a ordem divina e sua perfeição inicial antes da queda.

João 1:10 e o mundo criado que não conheceu seu criador

No versículo João 1:10, lemos:

“Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.”

Aqui, encontramos um contraste trágico: o Criador entrou em sua própria criação, mas esta não O reconheceu. Essa afirmação levanta alguns pontos teológicos cruciais:

  • Cristo como o Agente Criador: João enfatiza que Jesus não é apenas um mestre ou profeta, mas o próprio Criador do mundo. Ele ecoa Gênesis 1:1 e Colossenses 1:16:“Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis.”
  • A Criação e a Revelação Geral: O mundo material foi feito para refletir a glória de Deus, mas, devido à cegueira espiritual causada pelo pecado, a humanidade falhou em reconhecê-Lo.
  • A Rejeição do Criador: A afirmação de que “o mundo não o conheceu” sugere que a queda da humanidade afetou não apenas a condição espiritual do homem, mas sua percepção da realidade divina.

A redenção e a restauração da criação

Embora o mundo físico tenha sido afetado pelo pecado (Romanos 8:22), a obra redentora de Cristo também inclui a renovação de toda a criação.

O Novo Testamento nos ensina que haverá uma nova criação (2 Pedro 3:13; Apocalipse 21:1), onde Deus restaurará a ordem original sem corrupção.

O conceito do “mundo” como criação material nos lembra que:

  1. Deus é o Criador soberano de todas as coisas.
  2. A criação é boa, mas foi corrompida pelo pecado.
  3. Cristo entrou em sua própria criação para resgatá-la.
  4. A restauração final incluirá novos céus e nova terra.

Portanto, quando João afirma que “o mundo foi feito por Ele, e o mundo não o conheceu”, ele não apenas destaca a rejeição de Cristo pela humanidade, mas também aponta para a necessidade de restauração tanto do homem quanto da própria criação.

O “Mundo” como a humanidade em geral

João 3:16 é, sem dúvida, um dos versículos mais centrais e impactantes das Escrituras, encapsulando o cerne da mensagem do Evangelho.

A palavra “mundo” (kósmos) nesse contexto se refere à humanidade em geral, ou seja, ao conjunto das pessoas que fazem parte da criação de Deus e que foram afetadas pelo pecado.

O Amor de Deus pelo Mundo: O escopo da salvação

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16)

A grandeza desse versículo reside no fato de que ele declara quem Deus ama, como Ele amou e qual é o propósito desse amor. Ao utilizar a palavra “mundo”, João não está restringindo o amor de Deus a uma etnia, cultura ou grupo específico, mas enfatizando que sua oferta de salvação se estende a todas as nações e povos.

No Antigo Testamento, Israel foi escolhido como povo de Deus, mas o plano de redenção nunca foi exclusivo dos israelitas.

O chamado de Abraão já indicava que, por meio dele, todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gênesis 12:3).

João 3:16 reforça essa promessa ao mostrar que o sacrifício de Cristo não está limitado a um grupo particular, mas disponível para toda a humanidade.

O “Mundo” corrompido e a necessidade de redenção

Embora Deus ame o mundo, a Bíblia também ensina que esse mesmo “mundo” está em rebelião contra Ele. O apóstolo João mais tarde escreve:

“Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.” (1 João 2:15)

Isso não é uma contradição, mas uma distinção importante. No contexto de João 3:16, “mundo” refere-se à humanidade em sua totalidade como alvo do amor de Deus. Em 1 João 2:15, porém, o mesmo termo refere-se ao sistema pecaminoso que se opõe a Deus.

Essa diferença mostra a complexidade do termo kósmos e a profundidade da graça de Deus. Ele ama a humanidade apesar da sua rebelião e pecado. O amor de Deus não é condicionado pela nossa bondade, mas fundamentado na sua própria natureza (1 João 4:8).

O Amor de Deus e a responsabilidade humana

A frase “para que todo aquele que nele crê” é crucial em João 3:16. Isso indica que, embora a oferta da salvação seja universal, sua aplicação é condicional: somente aqueles que creem em Cristo serão salvos.

Essa tensão entre a universalidade da oferta e a especificidade da aplicação tem sido amplamente discutida na teologia cristã. Dois pontos centrais emergem desse debate:

  • A Expiação é Suficiente para Todos: Cristo morreu para prover um meio de salvação para toda a humanidade. Seu sacrifício é de valor infinito e adequado para redimir todas as pessoas.
  • A Expiação é Eficaz Apenas para os Crentes: A salvação não é automaticamente aplicada a todos, mas apenas àqueles que exercem fé em Cristo.

Isso exclui tanto o universalismo, que ensina que todos serão salvos independentemente da fé, quanto a ideia de que Deus ama apenas um grupo seleto. Deus ama o mundo, mas exige uma resposta de fé para que a salvação seja aplicada individualmente.

O mundo e a grande comissão

O alcance global da salvação em João 3:16 está diretamente conectado com a Grande Comissão de Jesus:

“Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” (Mateus 28:19)

Se o amor de Deus é pelo “mundo”, então o chamado da Igreja é proclamar esse amor a todas as nações. A universalidade da salvação exige uma resposta missionária: se Deus deseja alcançar o mundo, nós devemos ser os portadores dessa mensagem.

O Amor que transforma o mundo

João 3:16 nos ensina que:

  1. O amor de Deus é global – Ele ama toda a humanidade, independentemente de raça, cultura ou nacionalidade.
  2. O amor de Deus é sacrificial – Ele deu seu Filho para que tivéssemos a oportunidade de ser salvos.
  3. O amor de Deus exige resposta – A salvação é oferecida a todos, mas somente os que creem recebem a vida eterna.
  4. O amor de Deus impulsiona a missão – A Igreja deve proclamar essa verdade a todas as nações.

Portanto, ao dizer que Deus amou o mundo, João não está afirmando uma salvação universal automática, mas declarando que a oferta do Evangelho é para todos os povos e que a salvação está disponível para todo aquele que crer. Esse amor de Deus é tão imenso que nenhum pecador está além do alcance da graça divina, mas também tão justo que ninguém pode ser salvo sem fé em Cristo.

O “Mundo” como o sistema pecaminoso

No Evangelho de João e em outras partes do Novo Testamento, a palavra “mundo” (kósmos) frequentemente não se refere à criação material ou à humanidade em geral, mas a um sistema de valores e influências que são contrários a Deus.

Esse sistema é governado por Satanás e caracteriza-se por oposição ativa ao Reino de Deus e por promover um estilo de vida distante da vontade divina.

O Mundo como oposição ao Reino de Deus

No versículo João 15:19, Jesus declara:

“Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.”

Essa passagem deixa claro que o “mundo” não significa toda a humanidade, mas sim um sistema espiritual e moral que se opõe aos valores do Reino de Deus.

Os discípulos foram chamados para fora desse sistema, o que inevitavelmente gera ódio e perseguição por parte do mundo.

Esse conceito é ampliado em outras passagens bíblicas, como:

  • 1 João 5:19“Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno.”
  • Efésios 2:2“Em que, noutro tempo, andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência.”

Aqui vemos que esse sistema pecaminoso não é neutro, mas está sob o domínio do maligno, influenciando a humanidade a permanecer em rebeldia contra Deus.

As características do sistema pecaminoso

O “mundo” como sistema pecaminoso tem algumas características fundamentais que o distinguem:

  1. Hostilidade a Deus e aos Seus Filhos – O mundo rejeita a verdade de Deus e persegue aqueles que se alinham com Cristo (João 17:14).
  2. Valores Invertidos – O que Deus considera santo, o mundo desconsidera; o que Deus reprova, o mundo exalta (Isaías 5:20).
  3. Influência Satânica – Satanás é chamado de “príncipe deste mundo” (João 12:31), pois domina essa estrutura de pensamento e comportamento.
  4. Atração pelo Pecado – O mundo seduz por meio da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da soberba da vida (1 João 2:16).
  5. Destino de Condenação – O sistema mundano está condenado ao fracasso e ao juízo final (1 João 2:17).

Esse sistema busca conformar as pessoas ao seu padrão, como Paulo alerta em Romanos 12:2:

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento.”

Isso significa que o seguidor de Cristo deve resistir à influência desse sistema e buscar a transformação pela verdade de Deus.

O chamado para ser luz em meio às trevas

Apesar de o sistema mundano se opor a Deus, os cristãos não são chamados a se isolar do mundo, mas a serem luz em meio às trevas (Mateus 5:14-16). Jesus orou ao Pai:

“Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.” (João 17:15)

Isso significa que os cristãos vivem no mundo, mas não pertencem a ele. Eles não devem adotar seus valores, mas sim influenciá-lo com os princípios do Reino de Deus.

Vitória sobre o mundo

Embora o mundo pareça poderoso, Cristo já o venceu:

“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (João 16:33)

A vitória de Cristo sobre o mundo nos dá esperança e segurança. Os que estão em Cristo não são escravos desse sistema e não precisam temê-lo, pois já foram libertos do seu domínio.

Separados, mas enviados ao Mundo

O conceito de “mundo” como sistema pecaminoso nos ensina que:

  1. O mundo é governado por Satanás e se opõe a Deus.
  2. Cristo nos chamou para fora desse sistema e nos separou para Ele.
  3. Os cristãos devem viver no mundo sem serem conformados com seus valores.
  4. Devemos resistir às influências mundanas e proclamar a verdade de Deus.
  5. Cristo já venceu o mundo, e em sua vitória encontramos segurança.

Assim, ser cristão significa viver como forasteiro em um mundo que rejeita Deus, permanecendo firme na fé e testemunhando a verdade do Evangelho.

O “Mundo” como todos os que serão salvos

A palavra “mundo” (kósmos) no Evangelho de João pode, em determinados contextos, referir-se não à humanidade como um todo, mas especificamente àqueles que, por meio da graça de Deus, receberão a salvação.

Esse conceito está enraizado na doutrina bíblica da eleição e na obra redentora de Cristo, que concede vida ao “mundo” no sentido daqueles que creem n’Ele.

O Pão de Deus e a Vida para o Mundo

Em João 6:33, Jesus declara:

“Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.”

A afirmação de Jesus deve ser compreendida à luz do contexto imediato.

Ele se apresenta como o verdadeiro pão do céu, contrastando com o maná que os israelitas receberam no deserto (Êxodo 16:35).

O maná sustentava fisicamente, mas Cristo, o Pão da Vida, concede vida espiritual e eterna.

A frase “dá vida ao mundo” precisa ser entendida corretamente:

  1. Cristo é a única fonte de vida eterna – Assim como o pão físico é essencial para a sobrevivência, Jesus é essencial para a salvação (João 6:35).
  2. A oferta da salvação é universal, mas sua aplicação é específica – Nem todos aceitam esse pão, pois muitos rejeitam a Cristo. O próprio capítulo 6 de João mostra que, após esse discurso, muitos discípulos deixaram de segui-lo (João 6:66).
  3. O mundo que recebe vida é composto por aqueles que creem – O versículo seguinte esclarece:“Porque esta é a vontade daquele que me enviou: que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna.” (João 6:40)
    Isso indica que “o mundo” que recebe vida não é toda a humanidade indiscriminadamente, mas os que creem em Cristo e participam dessa vida eterna.

O Mundo e a doutrina da eleição

A Bíblia ensina que Deus, em Sua soberania, escolheu um povo para Si. Em João 6:37, Jesus diz:

“Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.”

Esse versículo mostra que há um grupo de pessoas que o Pai deu ao Filho, e são esses que de fato virão a Cristo.

Isso está em harmonia com a ideia de que o “mundo” que recebe vida refere-se aos eleitos, aqueles que Deus escolheu desde a fundação do mundo (Efésios 1:4-5).

Outros textos joaninos também sustentam essa interpretação:

  • João 10:11“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.” Aqui, Jesus especifica que sua morte é em favor de suas ovelhas, não de todos sem distinção.
  • João 17:9“Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus.” Aqui, Jesus distingue claramente entre o mundo incrédulo e aqueles que pertencem ao Pai.

A expiação e sua aplicação eficaz

Outro ponto crucial é a relação entre a obra de Cristo e aqueles a quem ela é aplicada.

Em João 6:44, Jesus afirma:

“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.”

Isso mostra que há um chamado eficaz, no qual aqueles a quem Deus escolheu são irresistivelmente atraídos a Cristo.

O mundo que recebe vida, portanto, não é toda a humanidade sem exceção, mas aqueles que o Pai concedeu ao Filho.

Isso se alinha com a teologia reformada da redenção particular ou expiação eficaz, que ensina que Cristo morreu para garantir a salvação de um grupo específico de pessoas – os eleitos – e que essa redenção será aplicada a eles de maneira infalível.

O Mundo e a grande comissão

Embora “mundo” possa referir-se aos eleitos em alguns contextos, isso não significa que a Igreja deva restringir sua pregação a um grupo seleto.

Pelo contrário, a Grande Comissão ordena que o Evangelho seja pregado a toda criatura (Marcos 16:15), pois:

  1. A pregação é o meio pelo qual Deus chama os seus eleitos (Romanos 10:14-17).
  2. A identidade dos eleitos não nos foi revelada, portanto, devemos proclamar a Palavra a todos.
  3. Aqueles que pertencem a Deus responderão ao chamado (João 10:27 – “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem”).

O Mundo que será salvo

O uso da palavra “mundo” em João 6:33 nos ensina que:

  1. Cristo concede vida àqueles que creem nEle.
  2. A salvação não é aplicada automaticamente a toda a humanidade, mas àqueles que Deus escolheu.
  3. A doutrina da eleição e da expiação eficaz explicam por que apenas um grupo recebe essa vida.
  4. A pregação do Evangelho deve ser universal, pois Deus usa esse meio para chamar os seus escolhidos.

Portanto, ao dizer que Cristo “dá vida ao mundo”, João está falando da totalidade dos que serão salvos, aqueles que efetivamente participarão da redenção por meio da fé em Cristo, conforme determinado pelo plano soberano de Deus.

Conclusão

O termo “mundo” (κόσμος, kósmos) no Evangelho de João possui diferentes significados e deve ser interpretado com atenção ao contexto em que é empregado:

  • O mundo como a criação material – Em João 1:10, refere-se ao universo físico criado por Deus, que manifesta Sua glória, mas que, devido à queda, não reconheceu o Criador.
  • O mundo como a humanidade em geral – Em João 3:16, destaca a abrangência do amor de Deus, que oferece a salvação a todos os povos e nações, sem distinção.
  • O mundo como o sistema pecaminoso – Em João 15:19, representa a estrutura de valores corrompidos, oposta a Deus e sob o domínio de Satanás, que resiste ao Reino de Cristo.
  • O mundo como os eleitos – Em João 6:33, aponta para aqueles que efetivamente receberão a vida eterna, os quais Deus, em Sua soberania, conduziu à fé em Seu Filho.

Diante dessas nuances, os estudantes de teologia devem se aprofundar no estudo do contexto bíblico, a fim de evitar interpretações equivocadas que possam comprometer a fidelidade doutrinária.

A Palavra de Deus requer precisão e diligência, para que seja ensinada com exatidão e proclamada com clareza.

O verdadeiro Evangelho revela que a oferta da salvação é universal, mas sua aplicação é condicional.

Deus, em Seu amor, disponibiliza a redenção a todos os povos e nações, mas somente aqueles que respondem com fé em Cristo são justificados e recebem a vida eterna.

Portanto, compreender corretamente o significado de “mundo” no Evangelho de João não é um mero exercício acadêmico, mas uma necessidade teológica crucial.

Esse entendimento nos protege contra erros doutrinários, reforça a centralidade da fé para a salvação e renova a urgência da proclamação do Evangelho a todas as nações, para que o mundo, no sentido dos que crerão, conheça a verdadeira vida em Cristo.

Espero que este Refrigério Teológico tenha edificado sua vida espiritual!

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