O Evangelho de Mateus é, sem dúvida, uma obra fascinante e profundamente estruturada, projetada para conectar o Antigo e o Novo Testamento de maneira memorável e impactante.

Seu autor, Mateus, antes conhecido como Levi, um ex-cobrador de impostos, apresenta uma narrativa rica em detalhes e organização que reflete sua formação metódica e amor por números.

Este Refrigério Teológico se propõe a explorar as características marcantes desse Evangelho, a intenção teológica por trás de sua estrutura e como ele comunica a história da salvação com uma elegância sem precedentes.

Olá, graça e paz, aqui é o seu irmão em Cristo, Pr. Francisco Miranda do Teologia24horas, que essa “paz que excede todo entendimento, que é Cristo Jesus, seja o árbitro em nosso coração, nesse dia que se chama hoje…” (Fl 4:7; Cl 3:15).

Mateus: O cronista da Genealogia e das Profecias

Logo no primeiro capítulo, Mateus demonstra sua inclinação única para a organização e os detalhes.

Ele apresenta a genealogia de Jesus em três grupos de 14 gerações (Mt 1:17), algo que não é apenas um recurso narrativo, mas uma forma de destacar a soberania de Deus na história da redenção.

A soma das gerações aponta para um planejamento divino que culmina em Cristo, o Messias prometido.

Outro exemplo dessa atenção aos detalhes é encontrado em Mt 17:24-27, quando Mateus narra o pagamento do imposto do templo com uma moeda encontrada na boca de um peixe.

Este relato é exclusivo de Mateus, reforçando sua tendência em destacar eventos relacionados à economia e à providência divina.

Além disso, as parábolas e relatos de Mateus frequentemente contêm valores monetários ou numéricos, como na parábola dos trabalhadores da vinha (Mt 20:1-16) ou no preço da traição de Judas (Mt 26:15).

Estruturação da narrativa: Paralelismos dos discursos

Mateus organiza sua narrativa em estruturas literárias que funcionam como molduras teológicas.

Um exemplo é encontrado entre (Mt 4:23 e 9:35), onde os versículos descrevem Jesus ensinando, pregando e curando, criando um ciclo temático que reforça a missão messiânica.

Essa organização não é casual; ela guia o leitor a perceber o ministério de Jesus como o cumprimento das promessas proféticas do Antigo Testamento.

Mateus também estrutura seu Evangelho em cinco grandes discursos (Mt 5–7; 10; 13; 18; 24–25), ecoando deliberadamente os cinco livros do Pentateuco.

Este paralelismo não apenas conecta Jesus a Moisés, mas também posiciona Jesus como o novo legislador e libertador do povo de Deus.

Esses discursos abrangem desde o Sermão do Monte, onde Jesus redefine a lei (Mt 5–7), até o discurso escatológico, que revela os eventos finais da história humana (Mt 24–25).

Mateus e seu público: Um Evangelho para os Judeus

Uma característica central do Evangelho de Mateus é seu foco em um público judeu.

Mateus cita o Antigo Testamento mais de 60 vezes, frequentemente utilizando expressões como “para que se cumprisse” (Mt 1:22; 2.15; 4.14), reforçando a ideia de que Jesus é o cumprimento das Escrituras.

Um exemplo significativo é a citação de Is 7:14 em Mt 1:23, onde Mateus identifica Jesus como Emanuel, “Deus conosco”.

Essa abordagem também se reflete na maneira como Mateus retrata eventos familiares aos leitores judeus.

A história de José, marido de Maria, mãe de Jesus, é um exemplo notável.
Mateus estabelece paralelos entre José, o pai adotivo de Jesus, e José do Gênesis.

Ambos são guiados por sonhos, levam suas famílias ao Egito e são instrumentos de salvação para seus respectivos povos.

Esses paralelos não são apenas literários, mas teológicos, destacando como Deus age de maneira consistente na história.

Tipologia no Evangelho de Mateus: José, Jacó e a Salvação

Mateus apresenta uma narratividade tipológica que conecta José e Jacó no Novo Testamento com os personagens homônimos do Antigo Testamento.

Essa tipologia é evidente nos seguintes pontos:

Nome dos patriarcas: Assim como no Antigo Testamento, onde Jacó teve um filho chamado José, Mateus menciona que José, marido de Maria, mãe de Jesus, é filho de um homem chamado Jacó (Mt 1:16). Essa similaridade nos nomes aponta para um padrão divino.
Guiados por sonhos: Deus comunica-se com José do Antigo Testamento por meio de sonhos (Gn 37:5-11) e faz o mesmo com José, marido de Maria, mãe de Jesus (Mt 1:20; 2:13,19). Essa repetição enfatiza a soberania de Deus em conduzir Sua história redentiva.
Viagem ao Egito: No Antigo Testamento, José leva sua família ao Egito para salvá-la da fome (Gn 46.1-7). No Novo Testamento, José leva sua família ao Egito para protegê-la da perseguição de Herodes (Mt 2:13-15). Ambos os eventos resultam na preservação do povo escolhido de Deus.

O cumprimento profético

Mateus utiliza essas conexões para mostrar que a história de Jesus é uma repetição tipológica da história do povo de Israel, mas com um alcance universal e definitivo.

Jesus não apenas cumpre a lei e os profetas, mas também inaugura uma nova época de salvação.

Assim como José do Gênesis salvou sua família da fome, Jesus é levado ao Egito para ser salvo e depois trazido de volta para salvar não apenas Israel, mas todos os que creem nEle.

Aplicações práticas para hoje

O Evangelho de Mateus nos desafia a reconhecer como Deus está presente em cada detalhe da história, orquestrando eventos para cumprir Seus propósitos.

Isso nos ensina:

Confiança na soberania divina: Assim como Deus guiou José por sonhos, Ele também dirige nossas vidas com propósitos maiores do que podemos imaginar.
Fidelidade às escrituras: Mateus nos lembra que cada promessa de Deus se cumpre em Cristo. Devemos estudar e aplicar as Escrituras em nossa vida com a mesma diligência que Mateus demonstra.
Reconhecimento do plano da Redenção: Entender a conexão entre o Antigo e o Novo Testamento nos ajuda a ver a história da salvação como um todo coerente e a compartilhar esse plano com outros.

Conclusão

O Evangelho de Mateus é um testemunho impressionante da soberania de Deus e de Seu plano de salvação.

Ao conectar o Antigo e o Novo Testamento, Mateus demonstra que Jesus é o cumprimento das promessas divinas e o centro da história da salvação.

Ao estudarmos este Evangelho, somos inspirados a confiar em Deus, aprofundar nossa compreensão das Escrituras e participar ativamente em Seu plano redentor para o mundo.

Espero que este Refrigério Teológico tenha edificado sua vida espiritual!

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