O Evangelho do filho de Deus – A revelação da luz ao mundo

Evangelho

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É fundamental esclarecer que os textos da AULA MESTRE | EBD | Betel Dominical, não são cópias da revista impressa.

Embora a estrutura de títulos, tópicos e subtópicos seja rigorosamente fiel ao conteúdo oficial, os textos apresentados aqui são comentários inéditos, reflexões aprofundadas e aplicações práticas elaboradas pelo Pr. Francisco Miranda , fundador do IBI “Instituto Biblico Internacional” e do Teologia24horas .

Com uma linguagem clara e principalmente teológica, o Pr. Francisco Miranda oferece ao professor da EBD um conteúdo adicional, que aprofunda o estudo, valoriza a aplicação e amplia a compreensão das verdades expostas em cada lição.

Mesmo para quem já possui a revista impressa, a AULA MESTRE | EBD | Betel Dominical é uma oportunidade valiosa para aprofundar o preparo da lição, oferecendo uma abordagem teológica e pedagógica mais rica, que fortalece o ensino e contribui diretamente para a edificação da Igreja local.

Texto Áureo

“No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1.1 – ACF).

Este versículo declara que Jesus Cristo é o Verbo eterno de Deus , existente antes da criação , em comunhão perfeita com o Pai , e da mesma essência divina .

Ele não é criatura, mas Deus verdadeiro , o agente da criação e a revelação suprema do Pai. João 1.1 estabelece a base da fé cristã: Jesus é Deus encarnado , a Palavra viva que veio para salvar a humanidade.

Verdade Aplicada

O Evangelho de João apresenta Jesus como o Verbo eterno de Deus , que existia desde o princípio, estava com Deus e era Deus (Jo 1.1).

Esse Verbo se fez carne (Jo 1.14), cumprindo as promessas messiânicas do Antigo Testamento e revelando-se como o Cristo Prometido e o Filho de Deus . Ele não apenas veio ao mundo, mas foi enviado para nos salvar (Jo 3.16-17), oferecendo vida eterna a todos os que creem.

João enfatiza que Jesus é Deus encarnado , a Luz verdadeira que ilumina a humanidade, e que a fé nEle é o caminho para a salvação (Jo 20.31).

Objetivos da Lição

  • Conhecer o contexto histórico e religioso em que o Evangelho de João foi escrito, compreendendo as razões que motivaram sua ênfase teológica na divindade de Cristo.
  • Ressaltar as adversidades enfrentadas pelos cristãos na época de João, como perseguições, heresias e rejeição por parte dos judeus e do mundo greco-romano.
  • Compreender as diferenças entre o Evangelho de João e os sinóticos , identificando sua singularidade teológica, seu foco na identidade divina de Jesus e sua abordagem evangelística.

Textos de Referência

João 1:2-10
2 –
Ele estava no princípio com Deus.
3 – Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
4 – Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
5 – E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
6 – Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.
7 – Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele.
8 – Não era ele a luz, mas veio para que testificasse da luz.
9 – Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.
10 – Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.

Leituras Complementares

  • O Verbo se fez carne e habitou entre nós
    Segunda-feira – João 1.14 “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.”
  • João apresenta o Filho de Deus como o Salvador
    Terça-feira – João 1.12 “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome.”
  • O Filho de Deus ensinou sobre o perdão
    Quarta-feira – João 8.11 “E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.”
  • Quem crer no Filho tem a vida eterna
    Quinta-feira – João 3.16 “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
  • O Filho de Deus estava no princípio com o Pai
    Sexta-feira – João 1.2 “Ele estava no princípio com Deus.”
  • O Filho de Deus é antes de todas as coisas
    Sábado – Colossenses 1.17 “E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele.”

Hinos Sugeridos

  • Hino 88 – Vem à Luz | “Sai das trevas do pecado, vem à luz, vem à luz!”
  • Hino 111 – O Salvador | “Cristo, o bom Mestre, nos manda lutar…”
  • Hino 139 – Cristo à Porta Bate | “Cristo à porta bate já, ouve Sua voz de amor!”

Motivo de Oração

Ore fervorosamente para que mais pessoas, tocadas pelo Espírito Santo, reconheçam Jesus Cristo como o Filho de Deus, a verdadeira Luz que veio ao mundo, e O recebam como o único e suficiente Salvador.

Clame para que os corações endurecidos sejam quebrantados, que a cegueira espiritual seja removida (2Co 4.4) e que a mensagem do Evangelho alcance famílias, comunidades e nações inteiras com poder transformador.

Interceda especialmente por:

  • Aqueles que ainda não entenderam que Jesus é o Verbo que se fez carne (Jo 1.14);
  • Os que vivem em trevas, para que vejam a luz verdadeira que alumia todo homem (Jo 1.9);
  • E os que já ouviram sobre Cristo, mas ainda não O confessaram como Senhor e Salvador (Rm 10.9-10).

Que o Senhor levante uma geração de evangelizadores ousados e fiéis, e que o nome de Jesus seja exaltado entre os povos como o único caminho ao Pai (Jo 14.6).

Introdução

O Evangelho de João apresenta uma das mais sublimes e teologicamente profundas declarações da fé cristã: Jesus é o Verbo eterno de Deus, a plena revelação divina encarnada (Jo 1.1,14).

Ao contrário dos Evangelhos sinóticos, que enfatizam mais os aspectos históricos e narrativos da vida de Cristo, João inicia sua obra declarando a eternidade, a divindade e a igualdade do Filho com o Pai.

Ele afirma que o Verbo estava com Deus desde o princípio e que era Deus (Jo 1.1-2), sendo também o agente ativo da criação: “Todas as coisas foram feitas por ele” (Jo 1.3; cf. Cl 1.16; Hb 1.2).

Este Evangelho foi escrito em um contexto marcado por intensas perseguições e grande confusão doutrinária.

Cristãos enfrentavam oposição tanto do judaísmo legalista quanto das filosofias greco-romanas e das heresias gnósticas, que negavam a encarnação literal de Cristo (1Jo 4.2-3).

João escreve, portanto, para reafirmar a fé na verdadeira identidade de Jesus como o Filho de Deus, aquele que estava no mundo, foi rejeitado pelos seus, mas oferece poder para se tornarem filhos de Deus a todos quantos o recebem (Jo 1.10-12).

Sua intenção é clara: “para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31).

Neste estudo, analisaremos os fundamentos históricos e religiosos que cercam a redação do quarto Evangelho, reconhecendo sua singularidade na defesa da divindade de Cristo.

Também compreenderemos como João apresenta Jesus como a Luz verdadeira (Jo 1.9), que veio dissipar as trevas espirituais (Jo 8.12) e oferecer vida eterna a todos os que crerem (Jo 3.16).

A mensagem central do Evangelho de João continua ecoando em nossos dias: Jesus é Deus, é o Salvador, e é a única esperança para a humanidade (Jo 14.6; At 4.12).

Ponto de Partida

Jesus Cristo é o Filho de Deus, a verdadeira luz que resplandece nas trevas.

1 – O contexto histórico

O Evangelho de João foi escrito entre os anos 90 e 100 d.C., um período pós-apostólico marcado pela consolidação das primeiras comunidades cristãs e pelo aumento da hostilidade contra o cristianismo.

A separação entre judeus e cristãos se intensificava, especialmente após a destruição de Jerusalém em 70 d.C., quando muitos judeus passaram a ver os cristãos como uma seita herética.

João escreve a partir desse cenário tenso, não apenas para preservar a memória viva de Jesus, mas também para fortalecer a fé dos crentes diante das adversidades espirituais, culturais e doutrinárias (Jo 15.18-20; Ap 1.9).

Tradicionalmente, acredita-se que João escreveu esse Evangelho na cidade de Éfeso, na Ásia Menor, onde atuava como ancião entre as igrejas gentílicas (Ap 2.1-7).

João já era o último apóstolo vivo, e seu ministério havia amadurecido através de décadas de perseguição, cuidado pastoral e testemunho fiel.

Seu Evangelho, portanto, é o mais reflexivo e teológico dos quatro, escrito com o intuito de revelar que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus (Jo 20.31), combatendo ao mesmo tempo heresias como o gnosticismo incipiente, que negava a encarnação real do Verbo (1Jo 4.2-3).

Neste contexto hostil, o Evangelho de João cumpre um duplo propósito: pastoral e apologético . Ele reafirma aos crentes a identidade divina de Jesus — o Verbo que era Deus e estava com Deus (Jo 1.1) —, enquanto responde aos ataques teológicos e filosóficos do mundo greco-romano.

Seu estilo profundo, simbólico e espiritual visa não apenas informar, mas transformar : para João, crer não é apenas aceitar fatos, mas ter uma experiência pessoal com o Deus encarnado (Jo 17.3; Jo 11.25-27).

1.1 – A autoria material do Evangelho

A autoria do quarto Evangelho é tradicionalmente atribuída a João, o discípulo amado , conforme o testemunho unânime dos Pais da Igreja , como Irineu de Lião , Policarpo de Esmirna , Clemente de Alexandria , Teófilo de Antioquia e Eusébio de Cesareia .

Policarpo, discípulo direto de João, ensinou essa tradição aos seus ouvintes no século II. Irineu, por sua vez, escreveu: “João, o discípulo do Senhor, que também repousou sobre o seu peito, publicou o Evangelho enquanto vivia em Éfeso, na Ásia” (Contra as Heresias, III.1.1).

Internamente, o próprio Evangelho testifica sua origem apostólica. Em João 21.24, lemos:

“Este é o discípulo que testifica destas coisas, e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.”

Embora João nunca mencione seu nome diretamente , ele se identifica indiretamente como “ o discípulo a quem Jesus amava ” (Jo 13.23; 19.26; 20.2; 21.7,20).

Essa omissão é interpretada por muitos estudiosos como um sinal de profunda humildade , pois ele desejava exaltar a Cristo, e não a si mesmo (Jo 3.30).

Além disso, seu estilo vívido e detalhado revela alguém que foi testemunha ocular dos eventos (Jo 1.14; 2.6; 19.35).

Portanto, tanto os dados históricos da tradição cristã primitiva quanto a evidência interna do próprio texto reforçam que o Evangelho segundo João foi escrito pelo apóstolo que esteve intimamente ligado a Jesus, participou dos momentos mais reveladores do ministério terreno do Mestre, e foi movido pelo Espírito Santo para deixar um testemunho fiel e teológico da divindade de Cristo .

1.2 – A data e o local

A tradição da Igreja primitiva e os escritos dos Pais da Igreja apontam que o apóstolo João escreveu seu Evangelho na cidade de Éfeso , capital da Ásia Menor, entre os anos 90 e 100 d.C.

Esse período histórico está situado após a destruição de Jerusalém em 70 d.C. (Lc 21.6), um evento que abalou profundamente o judaísmo e favoreceu a separação definitiva entre judeus e cristãos.

João já era o último dos apóstolos vivos, um ancião respeitado entre as igrejas da região (cf. Ap 1.9-11), e provavelmente escreveu antes de ser exilado para a ilha de Patmos, onde recebeu a revelação do Apocalipse (Ap 1.9).

Éfeso era uma cidade cosmopolita, influenciada pela cultura helenística, pelo paganismo do culto a Diana (At 19.27-28) e por diversos movimentos filosóficos e heréticos.

Ali, João exerceu influência apostólica e pastoreou a maior igreja gentílica da época. Diante das ameaças do gnosticismo , que negava a verdadeira encarnação de Cristo, e do legalismo judaico , que insistia na justificação pela Lei, João responde com um Evangelho profundamente cristocêntrico, doutrinário e devocional (Jo 1.14; 8.32; 14.6).

A data e o local de sua redação revelam o propósito de João: consolidar a fé cristã diante das perseguições romanas , proteger a doutrina da encarnação e da divindade de Cristo e responder às heresias que ameaçavam a Igreja nascente .

Sua mensagem transcende o tempo ao proclamar que o Verbo eterno se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e verdade (Jo 1.14).

Ao escrever de Éfeso, João faz ecoar da Ásia para o mundo o clamor por uma fé genuína, centrada em Jesus, o Filho de Deus.

1.3 – Os destinatários

O Evangelho de João foi escrito para um público amplo, composto por judeus e gentios , que viviam em meio a tensões culturais, filosóficas e espirituais.

Seu objetivo era combater as heresias emergentes — como o gnosticismo , que negava a encarnação real de Cristo (1Jo 4.2-3), e o judaísmo legalista , que insistia na salvação pelas obras da Lei (Jo 5.10-16; At 15.1).

Ao apresentar Jesus como o Cristo prometido (Jo 4.25-26) e o Verbo eterno que se fez carne (Jo 1.14), João oferece uma resposta clara e cristocêntrica às dúvidas e desvios doutrinários da época.

João escreve para um mundo imerso em filosofias humanas e tradições religiosas , revelando que a salvação não vem da sabedoria grega nem da observância da Lei , mas da fé no Filho de Deus (Jo 3.16; Ef 2.8-9).

Seu Evangelho é acessível tanto a judeus familiarizados com as Escrituras quanto a gentios influenciados pelo helenismo.

Por isso, ele explica tradições judaicas (Jo 6.4; Jo 7.2), traduz palavras hebraicas (Jo 1.38,41) e insiste que Jesus é o Salvador do mundo (Jo 4.42).

O propósito de João é pastoral e evangelístico: ele deseja que todos creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus , e que, crendo, tenham vida em Seu nome (Jo 20.31).

A abrangência dessa declaração demonstra que a mensagem de salvação é universal (Jo 1.12; At 10.34-35), e que o Evangelho transcende culturas, raças e religiões.

João escreve para conduzir seus leitores a um relacionamento pessoal com Cristo , a verdadeira Luz que ilumina a todo homem (Jo 1.9).

📌 Até aqui, aprendemos que:
João escreveu seu Evangelho para fortalecer a fé dos crentes em meio às perseguições, combater heresias e revelar que Jesus é o Verbo eterno, o Filho de Deus que dá vida aos que creem.

2 – O contexto religioso

O Evangelho de João foi redigido em um ambiente profundamente religioso e pluralista , marcado por conflitos doutrinários e interpretações distorcidas da verdade espiritual.

A mensagem joanina se ergue como uma voz profética que confronta o legalismo judaico, o racionalismo helênico e o misticismo gnóstico , ao apresentar Jesus como o Verbo eterno, o Filho de Deus, a única verdade e o único caminho de salvação (Jo 14.6).

João não se limitou a narrar eventos: ele construiu um Evangelho que responde com precisão teológica às heresias emergentes e reafirma a centralidade de Cristo em toda a revelação divina.

Ao declarar que o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14), João corrige os erros do judaísmo , que rejeitava a divindade de Cristo; do helenismo , que buscava a verdade em filosofias humanas; e do gnosticismo , que negava a encarnação do Filho de Deus.

Seu Evangelho apresenta Jesus como a Luz verdadeira (Jo 1.9), que não apenas esclarece, mas vence as trevas do engano religioso (Jo 1.5).

Neste contexto, a mensagem de João exige uma fé viva, que reconhece Cristo como a revelação perfeita do Pai (Jo 14.9; Hb 1.1-3).

A profundidade teológica do Evangelho de João não é apenas apologética, mas também evangelística.

Ele não debate por orgulho intelectual, mas por zelo pela verdade e pela salvação dos homens (Jo 3.17-18).

Diante das muitas vozes religiosas de sua época, João ergue o nome de Jesus como a expressão visível do Deus invisível (Cl 1.15), o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29), e o único mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5).

Sua mensagem permanece atual, pois ainda hoje o mundo está cercado por falsos cristos, falsas filosofias e religiosidades vazias.

2.1 – O judaísmo e o cristianismo

Durante o ministério de Jesus e nos anos posteriores, os líderes religiosos judeus rejeitaram com veemência a mensagem do Evangelho, pois ela confrontava o legalismo farisaico e a confiança na salvação pelas obras da Lei (Jo 5.16-18; Jo 9.22,34).

Os judeus criam que a justiça era alcançada por meio da estrita observância da Lei Mosaica, das tradições orais e da pureza ritual (Mc 7.5-8).

No entanto, Jesus revelou que a verdadeira justiça só é possível pela fé nEle , como o Filho enviado do Pai (Jo 3.16-18; Rm 3.20-22).

O apóstolo João destaca esse contraste de forma enfática em seu Evangelho.

Ele mostra que a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo , não pela Lei (Jo 1.17).

Os milagres e os ensinamentos de Jesus, ao invés de levarem os religiosos ao arrependimento, frequentemente provocavam oposição e perseguição (Jo 9.16; Jo 10.31-33).

João registra que os judeus procuravam matá-lo “porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.18).

Dessa forma, João corrige a falsa confiança no sistema religioso judaico e afirma que a salvação não depende da descendência de Abraão nem de práticas cerimoniais, mas da fé no Filho unigênito de Deus (Jo 8.39-44; Jo 1.12).

Em Cristo, os que creem são libertos da escravidão da Lei e introduzidos na graça (Gl 2.16; Rm 10.4).

O Evangelho de João anuncia, assim, que a justificação vem pela fé e não pela Lei , e que Jesus é o único mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5).

2.2 – O helenismo e o cristianismo

O helenismo , sistema de pensamento nascido da fusão entre a cultura grega e as civilizações conquistadas por Alexandre, o Grande, moldou profundamente o mundo greco-romano no qual o cristianismo primitivo se desenvolveu.

Esse pensamento valorizava o racionalismo filosófico , a busca pelo conhecimento abstrato, e exaltava o ideal humano como meio de alcançar o sentido da existência.

No entanto, ao buscar explicações para a vida fora da revelação divina , o helenismo tornou-se uma base fértil para heresias e confusão espiritual (Cl 2.8).

João confronta esse pensamento apresentando Jesus como o Logos divino — o Verbo eterno — não como um conceito filosófico, mas como uma Pessoa real que se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.1,14).

A escolha do termo “Logos” por João não foi acidental: ele reinterpreta um termo grego conhecido, atribuindo-lhe um conteúdo cristocêntrico e revelacional .

Jesus não é uma ideia abstrata, mas a Luz verdadeira que veio ao mundo para iluminar todo homem (Jo 1.9). Ele é a revelação perfeita de Deus, a única fonte de verdade, plenitude e sentido (Jo 14.6).

Diante da aridez espiritual da filosofia helênica, João responde com uma mensagem encarnacional: Deus se tornou acessível, visível e redentor por meio de Cristo (Hb 1.1-3; Cl 2.9).

A verdade que o helenismo buscava por meio da razão, João declara estar plenamente manifesta na pessoa de Jesus .

Ele afirma que a verdadeira sabedoria e vida só são encontradas nAquele que é a Luz do mundo (Jo 8.12) e que, longe dEle, nenhuma filosofia humana pode conduzir à salvação (1Co 1.20-24).

2.3 – O gnosticismo e o cristianismo

O gnosticismo foi uma das heresias mais perigosas enfrentadas pela Igreja Primitiva.

Essa filosofia religiosa ensinava que a matéria era intrinsecamente má , e somente o mundo espiritual era puro.

Com base nessa crença dualista, os gnósticos negavam que o Cristo divino pudesse ter assumido um corpo físico , pois isso implicaria que Deus teria se unido ao mal.

Essa doutrina negava tanto a encarnação quanto a expiação , pois considerava inaceitável que o Salvador morresse fisicamente em uma cruz.

João combate o gnosticismo de forma clara e contundente. Logo no início de seu Evangelho, ele afirma:

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós…” (Jo 1.14 – ACF),
proclamando que Jesus é o Deus encarnado , plenamente divino e plenamente humano. Em sua primeira epístola, ele reafirma essa verdade essencial:
“Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus…” (1Jo 4.2-3).
A negação da encarnação é classificada por João como manifestação do espírito do anticristo , tamanha a gravidade dessa heresia.

A doutrina bíblica da encarnação é central para o Evangelho, pois é através da carne de Cristo que a humanidade pôde contemplar a glória de Deus (Jo 1.18; Hb 2.14).

Sem encarnação, não há cruz; sem cruz, não há redenção. João enfatiza que o Cristo que tocou, ensinou, chorou e morreu era real, físico e divino (1Jo 1.1-3).

Assim, ele não apenas refuta o gnosticismo, mas estabelece um fundamento inabalável para a fé cristã: Jesus, o Verbo eterno, tornou-se homem para salvar a humanidade perdida (Fp 2.6-8; Hb 4.15; 1Tm 3.16).

📌 Até aqui, aprendemos que:
O Evangelho de João combate heresias como o legalismo judaico, o racionalismo helênico e o gnosticismo, afirmando com clareza que Jesus é o Verbo eterno, Deus encarnado e a única verdade que salva.

3 – O propósito

Mais do que uma narrativa histórica dos feitos de Jesus, o Evangelho de João foi escrito com um propósito espiritual e evangelístico claro : conduzir o leitor a uma fé viva no Filho de Deus. João declara isso explicitamente:

“Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31 – ACF).

Seu Evangelho não se limita a relatar milagres ou discursos; ele os apresenta como sinais que revelam a identidade divina de Cristo , o Verbo que se fez carne (Jo 1.14), a Luz do mundo (Jo 8.12), a Ressurreição e a Vida (Jo 11.25), e o único Caminho ao Pai (Jo 14.6).

João seleciona cuidadosamente os episódios que reforçam o caráter salvador, eterno e redentor de Jesus , visando não apenas informar, mas transformar o coração daquele que lê (Jo 3.16-18).

Entre os quatro Evangelhos, o de João é o mais teológico, pois mergulha nas profundezas da identidade e missão do Filho de Deus .

Ele não foca apenas no que Jesus fez, mas em quem Jesus é : o Verbo eterno (Jo 1.1), o Filho unigênito do Pai (Jo 3.16), o Bom Pastor (Jo 10.11), o Pão da Vida (Jo 6.35), a Água Viva (Jo 4.14).

Seu propósito é formar crentes maduros, convictos e transformados , pois só por meio da fé em Cristo há vida verdadeira, abundante e eterna (Jo 10.10; 17.3).

3.1 – Um Evangelho distinto dos demais

O Evangelho de João se diferencia dos sinóticos — Mateus, Marcos e Lucas — tanto em estrutura quanto em conteúdo.

Enquanto os sinóticos apresentam uma abordagem cronológica, geográfica e narrativa do ministério de Jesus, João segue uma linha mais teológica, espiritual e interpretativa , com ênfase na identidade divina de Cristo .

Seu objetivo não é apenas contar o que Jesus fez, mas revelar quem Jesus é : o Verbo eterno, Deus encarnado (Jo 1.1-14).

João deixa de fora muitos eventos relatados nos outros Evangelhos, como o nascimento de Jesus, o batismo por João Batista, as tentações no deserto, as parábolas e a instituição da Ceia.

Em contrapartida, ele registra eventos únicos e reveladores , como a conversa com Nicodemos sobre o novo nascimento (Jo 3.1-21), o diálogo com a mulher samaritana (Jo 4.4-26), a cura do cego de nascença (Jo 9) e a poderosa ressurreição de Lázaro (Jo 11.1-44).

Esses episódios destacam o propósito espiritual da mensagem: conduzir o leitor ao reconhecimento de Jesus como o Cristo, o Filho de Deus (Jo 20.31).

Além disso, João organiza seu Evangelho em torno de sete sinais e sete declarações “Eu sou” , que reforçam a revelação de Jesus como Deus.

Ex.: “Eu sou o pão da vida” (Jo 6.35), “a luz do mundo” (Jo 8.12), “o bom pastor” (Jo 10.11), e “a ressurreição e a vida” (Jo 11.25).

Esse enfoque torna seu Evangelho profundamente doutrinário , uma verdadeira fonte para o discipulado, a evangelização e a formação teológica da Igreja.

3.2 – A teologia joanina

A teologia joanina se distingue por sua profundidade cristocêntrica e por sua ênfase na revelação divina por meio do Verbo encarnado .

João inicia seu Evangelho com uma das declarações mais profundas das Escrituras:

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1 – ACF).

Aqui, o apóstolo apresenta Jesus como o Logos eterno , preexistente à criação, plenamente divino e pessoalmente envolvido na criação de todas as coisas (Jo 1.3; Cl 1.16; Hb 1.2).

Para João, a identidade de Jesus não é construída com o tempo — ela é eterna e absoluta .

Os grandes eixos temáticos da teologia joanina giram em torno de palavras-chave que aparecem com frequência ao longo do Evangelho, como: (Jo 3.16,18,36), vida eterna (Jo 5.24; 17.3), luz (Jo 1.4-5,9; 8.12), amor (Jo 13.34-35), verdade (Jo 1.17; 8.32; 14.6), e o Espírito Santo como Consolador (Jo 14.16-17,26).

O verbo “crer” ( pisteuō , no grego) aparece mais de 90 vezes , sempre no presente do indicativo, indicando uma fé contínua e ativa , que transforma o ser humano e o conduz à salvação.

Além disso, João enfatiza a ação do Espírito Santo , apresentado como o “ Consolador ” ( Paraklētos , Jo 14.16), aquele que viria para ensinar, lembrar as palavras de Cristo, convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.7-13).

A teologia joanina é, portanto, experiencial e relacional , apontando para uma fé que não é apenas doutrinária, mas vivencial, marcada por intimidade com Cristo, transformação interior e compromisso com a verdade .

3.3 – João nos ensina a evangelizar

O Evangelho de João não apenas apresenta doutrina — ele revela um modelo poderoso de evangelismo , centrado na pessoa de Jesus e no amor redentor de Deus.

A evangelização, segundo João, é relacional, direta e cheia de compaixão . Ele registra encontros transformadores onde Cristo rompe barreiras sociais, étnicas, religiosas e morais para alcançar pessoas em profunda necessidade espiritual.

Um exemplo marcante é o diálogo com a mulher samaritana (Jo 4.1-26), onde Jesus quebra tabus de gênero e etnia para anunciar a salvação a uma alma sedenta.

Outro exemplo é a conversa com Nicodemos , um líder religioso que, embora conhecedor da Lei, precisava nascer de novo (Jo 3.1-21).

João também narra o perdão oferecido à mulher adúltera (Jo 8.1-11) e o milagre da cura do cego de nascença (Jo 9), mostrando que a evangelização é uma ação de misericórdia, que restaura, esclarece e transforma.

A cada encontro, Jesus manifesta a graça e a verdade (Jo 1.17), revelando que a fé salvadora nasce do confronto amoroso com a verdade divina (Jo 8.32).

Para João, evangelizar é testemunhar a identidade de Jesus como o Filho de Deus (Jo 20.31), é anunciar vida eterna mediante a fé (Jo 3.16), é convidar os homens a saírem das trevas para a luz (Jo 12.46).

Seu Evangelho nos inspira a comunicar o Evangelho com clareza, ousadia e sensibilidade , oferecendo ao mundo não um sistema religioso, mas um encontro com o Salvador vivo e presente .

João nos ensina que evangelizar é amar como Cristo amou, falando a verdade que liberta (Jo 13.34-35; Jo 8.36).

📌 Até aqui, aprendemos que:
O Evangelho de João foi escrito com o propósito de conduzir os homens à fé viva em Jesus como o Cristo, o Filho de Deus, apresentando-O como o Verbo eterno, a fonte de vida e verdade, e o centro de toda evangelização eficaz.

Conclusão

O Evangelho de João se destaca como a expressão mais elevada da revelação da divindade de Cristo nas Escrituras Sagradas .

Desde suas primeiras palavras, João declara que Jesus é o Verbo eterno , que estava com Deus e era Deus (Jo 1.1-2).

Essa afirmação não é apenas poética, mas profundamente doutrinária: Jesus é coeterno, consubstancial e inseparável do Pai , sendo Ele mesmo o Deus Criador que se fez carne (Jo 1.14).

Em meio às trevas espirituais que assolam a humanidade desde a Queda, João anuncia que a Luz verdadeira veio ao mundo para iluminar todo homem (Jo 1.9), oferecendo redenção e revelação.

Diante das muitas heresias do primeiro século — como o gnosticismo que negava a encarnação, o judaísmo que rejeitava a messianidade de Jesus, e o helenismo que exaltava a razão humana acima da revelação — João apresenta Cristo como o centro absoluto da fé .

Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29), o único mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5), e o caminho, a verdade e a vida (Jo 14.6).

Não há salvação fora Dele, não há verdade além Dele, e não há luz sem Ele (Jo 8.12).

Seu Evangelho é uma convocação ao arrependimento e à fé, não baseada em obras ou filosofias, mas na revelação plena de Deus em Cristo (Hb 1.1-3).

Portanto, a mensagem central de João continua viva e poderosa: crer em Jesus é ter vida eterna (Jo 3.16; Jo 5.24).

Essa vida não é apenas futura, mas presente — é comunhão com o Pai por meio do Filho (Jo 17.3).

Que cada crente valorize a riqueza espiritual do Evangelho de João, pregue com ousadia a identidade divina de Cristo e viva como reflexo da Luz que transforma. Louvemos ao Senhor por essa gloriosa revelação que nos libertou das trevas e nos firmou na verdade eterna (Cl 1.13; Jo 8.32).

📖 Versículo-chave para reflexão:

“Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo” (João 1.9 – ACF).

📢 Desafio da Semana

Compartilhe com alguém nesta semana João 1.12 e ore para que essa pessoa receba Jesus como Salvador.

✅ Aplicação Prática da Lição

O Evangelho de João nos desafia a testemunhar com ousadia que Jesus é o Filho de Deus e a Luz do mundo. Que nossa fé seja fortalecida diante das trevas do tempo presente.

Seu irmão em Cristo,  Pr. Francisco Miranda do Teologia24horas, um jei​to inteligente de ensinar e aprender!​

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