O Novo Nascimento – O diálogo transformador com Nicodemos

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É fundamental esclarecer que os textos da AULA MESTRE | EBD | Betel Dominical, não são cópias da revista impressa.
Embora a estrutura de títulos, tópicos e subtópicos seja rigorosamente fiel ao conteúdo oficial, os textos apresentados aqui são comentários inéditos, reflexões aprofundadas e aplicações práticas elaboradas pelo Pr. Francisco Miranda , fundador do IBI “Instituto Biblico Internacional” e do Teologia24horas .
Com uma linguagem clara e principalmente teológica, o Pr. Francisco Miranda oferece ao professor da EBD um conteúdo adicional, que aprofunda o estudo, valoriza a aplicação e amplia a compreensão das verdades expostas em cada lição.
Mesmo para quem já possui a revista impressa, a AULA MESTRE | EBD | Betel Dominical é uma oportunidade valiosa para aprofundar o preparo da lição, oferecendo uma abordagem teológica e pedagógica mais rica, que fortalece o ensino e contribui diretamente para a edificação da Igreja local.
Texto Áureo
“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17 – ACF)
O Texto Áureo de II Coríntios 5.17 revela que estar em Cristo é experimentar uma transformação radical operada pelo Espírito Santo: uma nova criação espiritual ( kainè ktísis ), onde a velha natureza, marcada pelo pecado e separação de Deus, é deixada para trás.
Essa nova vida não é uma reforma externa, mas uma regeneração interior, nascida do alto, que inaugura uma existência guiada pela fé, santidade e comunhão com Deus.
O versículo expressa a essência do novo nascimento: tudo se faz novo porque Cristo, o segundo Adão, inicia uma nova humanidade reconciliada com o Pai.
Verdade Aplicada
O conhecimento intelectual da Bíblia e a boa vontade não bastam para entrar no Reino de Deus; é necessário nascer de novo (Jo 3.3).
Nicodemos, mestre em Israel, conhecia as Escrituras, mas ainda precisava de regeneração espiritual, uma obra do alto (Jo 3.5; Tg 1.18).
A salvação não vem por esforço humano, mas pelo novo nascimento operado pelo Espírito Santo (Tt 3.5; Jo 1.13).
Sem essa transformação interior – descrita como nascer da água e do Espírito – ninguém pode ver a Deus (Jo 3.6; Hb 12.14).
É o Espírito que vivifica (Jo 6.63), e somente Ele pode gerar a nova criatura em Cristo (2 Co 5.17).
Objetivos da Lição
- Identificar a preocupação de Nicodemos com a sua própria situação espiritual.
Nicodemos era fariseu e membro do Sinédrio (Jo 3.1), um homem de elevada posição religiosa, conhecedor da Torá e respeitado como “mestre em Israel” (Jo 3.10). No entanto, apesar de sua autoridade e erudição, ele sentia um vazio espiritual profundo, o que o levou a buscar Jesus secretamente à noite (Jo 3.2). Esse gesto demonstra uma consciência de que algo ainda lhe faltava — não bastava a religiosidade externa, era preciso uma transformação interior (Sl 42.1-2; Is 55.1-3). - Destacar a importância do novo nascimento na vida do crente.
A nova criatura é o resultado desse nascimento espiritual (2 Co 5.17), sendo agora participante da natureza divina (2 Pe 1.4), guiada pelo Espírito (Rm 8.14) e chamada à santidade (Hb 12.14). É esse novo nascimento que torna o crente apto a compreender as coisas espirituais (1 Co 2.14-15) e a viver uma vida em conformidade com Cristo (Gl 2.20). - Saber que Nicodemos amou Jesus até a Sua morte.
A trajetória de Nicodemos no Evangelho de João mostra uma fé crescente. Após o encontro com Jesus em João 3, ele aparece novamente defendendo Jesus diante dos fariseus (Jo 7.50-52), demonstrando coragem diante da oposição. Finalmente, após a crucificação, Nicodemos trouxe cerca de cem arráteis (aproximadamente 30 kg) de mirra e aloés para preparar o corpo de Jesus para o sepultamento (Jo 19.39-40).
Textos de Referência
João 3:1-6
- E havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.
- Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.
- Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus;
- Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer?
- Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.
- O que é nascido da carne, é carne, e o que é nascido do Espírito, é espírito.
Leituras Complementares
- SEGUNDA | João 3:4 – Nicodemos questiona como um homem pode nascer sendo velho, revelando sua confusão diante da dimensão espiritual do novo nascimento.
- TERÇA | João 3:3 – Jesus afirma categoricamente que é necessário nascer de novo para ver o Reino de Deus, destacando a natureza indispensável da regeneração.
- QUARTA | João 7:45-53 – Nicodemos defende Jesus diante do Sinédrio, demonstrando que seu encontro com o Mestre já começava a gerar frutos de coragem e fé.
- QUINTA | João 3:7 – Jesus insiste: “Necessário vos é nascer de novo”, mostrando que o novo nascimento é universalmente exigido, independentemente de posição ou religiosidade.
- SEXTA | João 7:46 – Os guardas testemunham: “Nunca homem algum falou assim como este homem”, revelando o impacto singular das palavras de Jesus, inclusive para Nicodemos.
- SÁBADO | João 19:38,39 – Nicodemos participa do sepultamento de Jesus, trazendo mirra e aloés — um ato de amor e honra, fruto visível de sua transformação interior.
Hinos Sugeridos – Harpa Cristã
- Hino 165 – “Ó que gozo é caminhar com Cristo”
Este hino celebra a alegria da nova vida em Cristo, que só é possível após o novo nascimento. A letra fala sobre deixar o mundo e seguir ao Senhor com paz e certeza da salvação (Jo 3.3; 2 Co 5.17). - Hino 227 – “Deixa penetrar a luz”
Inspirado em João 3.19-21, o hino exorta à rendição total à luz de Cristo, revelando que a regeneração começa quando deixamos o Espírito iluminar nosso interior, conduzindo-nos à verdade e ao arrependimento. - Hino 345 – “Transformação”
Este hino é uma perfeita ilustração do novo nascimento: “Do velho homem nada resta, tudo novo se tornou”. A letra ecoa 2 Coríntios 5.17 e enfatiza a ação sobrenatural de Deus ao criar uma nova criatura, regenerada e cheia do Espírito.
Motivo de Oração
Ore para que o Espírito Santo nos leve a reconhecer que o novo nascimento é indispensável para entrar no Reino de Deus (Jo 3.3,5).
Não basta religiosidade ou boas intenções — é preciso ser regenerado pelo Espírito (Tt 3.5; Jo 1.12-13).
Somente pela obra do Espírito Santo é possível deixar a morte espiritual (Ef 2.1) e viver como nova criatura em Cristo (2 Co 5.17).
Que o Senhor abra os olhos do entendimento (Ef 1.18), gere arrependimento (At 3.19) e um coração puro (Sl 51.10), para que todos experimentem a verdadeira vida espiritual.
Introdução
Nesta lição, estudaremos um dos encontros mais profundos registrados nas Escrituras: o diálogo entre Jesus e Nicodemos (Jo 3.1-21).
Nicodemos, um mestre da Lei e membro do Sinédrio, vai ao encontro de Jesus em busca de respostas espirituais.
Essa atitude revela que, mesmo entre os religiosos e eruditos da época, havia uma sede que a tradição e o conhecimento não podiam saciar (Sl 42.1-2; Ec 3.11). Seu questionamento sincero o levou ao centro da revelação divina:
“Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3.3).
A lição nos mostra que o maior de todos os encontros é com o Salvador – e que esse encontro não transforma apenas conceitos, mas a própria natureza do homem.
Jesus não aponta para reformas externas ou esforços meritórios, mas para uma regeneração espiritual sobrenatural , uma nova criação operada pelo Espírito Santo (Ez 36.26-27; Tt 3.5; Jo 1.12-13).
Nicodemos representa todos os que, embora conheçam as Escrituras, ainda não foram regenerados (1 Co 2.14).
Sua trajetória demonstra que a fé verdadeira vai além da religiosidade: ela requer humildade para reconhecer a própria insuficiência (Mt 5.3) e fé para crer na obra redentora de Cristo (Jo 3.14-16).
Essa fé salvadora só é possível quando o coração é transformado pelo Espírito, como prometido em Ezequiel e cumprido no Novo Testamento (Ez 11.19; 2 Co 3.6).
Portanto, esta lição nos chama à reflexão: sem o novo nascimento, não há visão espiritual, nem entrada no Reino de Deus (Jo 3.5; Hb 12.14).
Que o estudo desta narrativa nos leve a valorizar e proclamar a obra do Espírito Santo que nos faz novas criaturas (2 Co 5.17), recriadas em Cristo Jesus para uma vida de fé, santidade e obediência (Ef 2.10; Cl 3.10).
Ponto de Partida
O ponto de partida desta lição é a declaração central de Jesus a Nicodemos: “Necessário vos é nascer de novo” (Jo 3.7).
Esta afirmação não é uma sugestão, mas uma exigência divina para todos os que desejam ver e entrar no Reino de Deus (Jo 3.3,5).
O novo nascimento é uma transformação operada pelo Espírito Santo (Tt 3.5), que rompe com a velha natureza herdada de Adão (Rm 5.12) e gera uma nova criatura em Cristo (2 Co 5.17).
Não se trata de uma reforma moral, mas de uma obra sobrenatural que concede nova identidade, novo coração (Ez 36.26) e novo modo de viver (Ef 4.24), capacitando o crente a andar em novidade de vida (Rm 6.4).
1 – Conversando com o Filho de Deus
O encontro entre Nicodemos e Jesus, registrado em João 3, revela uma poderosa confrontação entre a religiosidade meritória dos homens e a regeneração espiritual exigida por Deus .
Nicodemos era um fariseu, membro do Sinédrio (Jo 3.1), com vasto conhecimento das Escrituras (Jo 3.10), respeitado por sua posição e zelo religioso (Fp 3.5-6).
No entanto, sua visita noturna a Jesus revela uma inquietação interior: ele reconhece os sinais (Jo 3.2), mas ainda não compreende o sinal maior – a necessidade de nascer de novo (Jo 3.3).
Esse contraste já era anunciado no Antigo Testamento.
Os profetas denunciaram a superficialidade da religião sem transformação (Is 29.13; Jr 4.4), e previram uma obra futura de Deus, que transformaria o coração do homem por meio do Espírito (Ez 36.26-27; Jr 31.33).
Nicodemos, embora piedoso, carecia dessa obra interior. Jesus, conhecendo seu coração (Jo 2.24-25), não se detém em elogios ou debate acadêmico, mas vai direto ao essencial:
“Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3.3).
O termo grego anóthen traduzido como “de novo” pode significar “do alto”, indicando que o novo nascimento é uma ação sobrenatural, vinda de Deus , não resultado do esforço humano (Jo 1.13; Ef 2.8-9).
Nicodemos representa os muitos que confundem informação com transformação, e religiosidade com conversão genuína (Mt 23.25-28).
Jesus desvela aqui um princípio irrevogável: sem regeneração, não há acesso ao Reino de Deus (Jo 3.5; Mt 18.3; Hb 12.14).
A regeneração é a ação soberana do Espírito Santo que vivifica o que estava morto em delitos e pecados (Ef 2.1-5), dando início à nova vida espiritual (Rm 6.4; Cl 2.13).
Portanto, este diálogo é um divisor de águas. Ele denuncia a insuficiência da religião baseada apenas em méritos humanos e exalta a necessidade da graça regeneradora (Tt 3.5), levando-nos a entender que o verdadeiro encontro com o Filho de Deus não apenas responde nossas perguntas, mas transforma nossa natureza.
1.1 – Um encontro improvável
Nicodemos era fariseu, “príncipe dos judeus” (Jo 3.1), membro do Sinédrio — o mais alto tribunal religioso e político de Israel.
Conhecido como mestre em Israel (Jo 3.10), sua formação o tornava um dos mais respeitados teólogos do seu tempo, alguém que julgava os outros à luz da Lei.
Mesmo assim, ele buscou Jesus, à noite (Jo 3.2), o que pode indicar tanto precaução diante de seus colegas quanto uma busca íntima e pessoal por algo que sua religiosidade não supria.
Sua aproximação revela que nenhum cargo religioso, status social ou saber acadêmico é suficiente para preencher o vazio espiritual do homem (Ec 3.11; Sl 42.1-2).
Mesmo os doutos necessitam de revelação (1 Co 2.6-14), pois o conhecimento sem transformação gera orgulho (1 Co 8.1), mas o novo nascimento gera vida (Jo 6.63).
O gesto de Nicodemos aponta para uma verdade central do Evangelho: a salvação é para todos — inclusive para os que ocupam posições de liderança (At 10.34-35).
Embora fosse parte de um grupo frequentemente criticado por Jesus (Mt 23.13-28), Nicodemos mostra que Deus não rejeita o coração contrito (Sl 51.17) e que o chamado ao novo nascimento alcança inclusive os líderes religiosos (1 Tm 2.4; 2 Pe 3.9).
O fato de ele buscar Jesus pessoalmente é significativo: aquele que julgava pela Lei agora se submete à Palavra encarnada (Jo 1.14).
Esse encontro, ainda que improvável aos olhos humanos, mostra que o Espírito sopra onde quer (Jo 3.8), alcançando até os mais improváveis com a graça transformadora de Deus.
1.2 – É necessário nascer de novo
Jesus, ao dialogar com Nicodemos, não ameniza a verdade nem adapta Sua mensagem às conveniências religiosas. Ele proclama com solenidade:
“Na verdade, na verdade te digo: aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3.3 – ACF).
A expressão grega amēn amēn legō soi (ἀμὴν ἀμὴν λέγω σοι), traduzida como “em verdade, em verdade te digo”, é uma fórmula de ênfase utilizada por Cristo para declarar verdades absolutas, divinamente autorizadas e inegociáveis .
O termo “nascer de novo” provém do grego gennēthē anóthen (γεννηθῇ ἄνωθεν), que pode ser traduzido tanto como “nascer de novo” quanto “nascer do alto”.
Essa ambiguidade proposital revela que o novo nascimento não é um esforço humano ou resultado de decisão racional, mas uma obra soberana de Deus (Jo 1.13; Tg 1.18), que vem “do alto” ( anóthen ) — ou seja, dos céus.
Nicodemos, embora fosse um fariseu piedoso, conhecedor da Lei e zeloso por sua religião (Fp 3.5-6), não compreendia que a vida eterna exigia mais que ortodoxia teológica e conduta moral.
Ele precisava de regeneração espiritual — palingenesía (παλιγγενεσία), como Paulo descreve em Tito 3.5.
A carne ( sarx , σάρξ) é incapaz de produzir fruto espiritual (Jo 3.6; Rm 8.8); somente o Espírito ( Pneuma , πνεῦμα) pode gerar uma nova natureza conforme a vontade de Deus (Jo 6.63; 2 Co 3.6).
Jesus complementa sua afirmação em João 3.5: “Aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.”
A água, aqui, remete à purificação interna prometida em Ezequiel 36.25 ( vezeraktî ‘alêkhem mayim ṭāhôrîm – וְזָרַקְתִּי עֲלֵיכֶם מַיִם טָהוֹרִים), enquanto o Espírito aponta para a vivificação do coração (Ez 36.26-27).
Trata-se de uma alusão clara à promessa da Nova Aliança, onde Deus substitui o coração de pedra por um coração de carne e faz habitar o Seu Espírito no regenerado (cf. Jr 31.33-34; Hb 8.10).
Esse novo nascimento é universalmente necessário :
“Não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10), e ninguém poderá ver nem entrar no Reino de Deus sem ele (Jo 3.3,5; Mt 18.3). Nem religião, nem tradição, nem mérito podem substituir a necessidade da regeneração (Ef 2.8-9).
Como diz Paulo: “Se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17).
É necessário nascer do Espírito para ser chamado filho de Deus (Rm 8.14-16), e somente os que passam por essa transformação poderão herdar o Reino eterno (1 Co 15.50; Hb 12.14).
Assim, nascer de novo é ser feito participante da nova criação de Deus (Gl 6.15), tendo a mente renovada (Rm 12.2), os afetos transformados (Cl 3.2), e o coração purificado pela fé (At 15.9).
Somente assim o homem pode ver o Reino — não com os olhos carnais, mas com os olhos da fé (Hb 11.1; Ef 1.18).
A regeneração é a chave da entrada, o início da jornada com Cristo e o fundamento de toda vida cristã autêntica (Cl 2.6-7).
1.3 – O que significa nascer de novo
Nascer de novo, segundo o ensino direto de Jesus em João 3.3-8 , é uma obra sobrenatural do Espírito Santo que produz uma nova existência espiritual no ser humano.
A expressão usada por Jesus é γεννηθῇ ἄνωθεν ( gennēthē anóthen ), que pode ser traduzida como “nascer de novo” ou “nascer do alto”.
Esse duplo sentido (temporal e celestial) enfatiza que a regeneração não é um retorno ao ventre físico , como Nicodemos supôs (Jo 3.4), mas uma geração espiritual oriunda do céu .
Esse nascimento “do alto” implica soberania divina: o novo nascimento não é da vontade da carne ( sarx , σάρξ), nem do sangue, nem da vontade do homem ( thelēma andros , θέλημα ἀνδρὸς), mas de Deus (Jo 1.13; cf. Tg 1.18 – ekousēsen hēmâs , ἐκούσησεν ἡμᾶς, “Ele nos gerou voluntariamente”).
Na teologia bíblica, esse evento é descrito por Paulo como regeneração ( palingenesía , παλιγγενεσία – Tt 3.5), termo que une palin (novamente) com génesis (origem, nascimento), indicando um novo princípio de vida . O profeta Ezequiel já havia profetizado esse ato soberano de Deus:
“E dar-vos-ei um coração novo… porei dentro de vós um espírito novo” (Ez 36.26).
Essa renovação envolve o intelecto ( nous , νοῦς – Rm 12.2), o espírito interior ( pneuma , πνεῦμα – 1 Ts 5.23), e os afetos e vontades (Ef 2.1-3), restaurando o homem segundo a imagem de Deus (Cl 3.10; Ef 4.24).
Essa nova criação ( kainē ktísis , καινὴ κτίσις – 2 Co 5.17) é caracterizada por obediência espiritual (Rm 8.14), desejo pela santidade (1 Pe 1.15-16), e comunhão com Deus (1 Jo 1.3-7).
Importa destacar que o novo nascimento não é uma resposta emocional, nem apenas um convencimento intelectual .
Ele é o milagre oculto da graça que nos torna, de fato, filhos de Deus ( tekna Theou , τέκνα Θεοῦ – Jo 1.12; Rm 8.16), herdeiros da promessa (Gl 4.7) e participantes da natureza divina ( theías physeōs koinōnoi , θείας φύσεως κοινωνοί – 2 Pe 1.4).
Essa nova vida vem acompanhada do selo do Espírito Santo ( sphragízō , σφραγίζω – Ef 1.13), que autentica a salvação e capacita o crente a produzir o fruto do Espírito (Gl 5.22-23).
O novo nascimento inaugura uma existência santificada, de acordo com a justiça e a verdade que há em Cristo (Ef 4.24), impulsionando o crente à maturidade espiritual (Hb 6.1) e à perseverança na fé (Cl 1.22-23).
Assim, nascer de novo é o início da vida cristã autêntica , onde o Espírito Santo — como no princípio da criação (Gn 1.2) — paira sobre o caos interior do homem e gera luz, ordem e vida eterna .
A regeneração reconcilia o homem com Deus (2 Co 5.18-19), liberta-o do domínio do pecado (Rm 6.6-14), e o insere em uma nova realidade:
“já não vivo eu, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20).
Sem esse novo nascimento, não há visão espiritual (Jo 3.3), entrada no Reino (Jo 3.5), nem salvação plena (At 4.12). É o milagre divino que marca o início da eternidade em nós.
📌 Até aqui, aprendemos que: o novo nascimento não depende de status, conhecimento ou tradição religiosa, mas de uma transformação operada pelo Espírito Santo por meio de uma experiência pessoal, viva e regeneradora com Cristo Jesus (Jo 3.3-7; Tt 3.5; 2 Co 5.17).
2 – Compreendendo o novo nascimento
O novo nascimento ( γεννηθῇ ἄνωθεν – gennēthē anóthen , “nascer do alto”) é um verdadeiro divisor de águas na experiência espiritual do ser humano.
Jesus deixa claro que não se trata de uma opção religiosa , mas de uma exigência absoluta para todos que desejam entrar no Reino de Deus (Jo 3.3,5).
O verbo gennáō (γεννάω), usado por Jesus em João 3, significa literalmente “gerar”, indicando que o novo nascimento é o início de uma nova vida, e não apenas uma reorientação moral ou adesão a princípios éticos.
Trata-se de um ato criativo divino , semelhante à criação original (Gn 2.7), mas agora uma criação espiritual (2 Co 5.17; Ef 2.10).
Essa regeneração não é fruto da carne ( sarx , σάρξ), ou seja, da natureza humana decaída e impotente para agradar a Deus (Rm 8.7-8).
É uma obra do Espírito Santo ( pneuma , πνεῦμα), conforme declarado por Jesus:
“O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3.6).
Paulo reforça essa distinção ao afirmar que “o homem natural [ psuchikos , ψυχικός] não compreende as coisas do Espírito de Deus” (1 Co 2.14).
É necessário, portanto, o sopro divino da regeneração, semelhante ao que aconteceu no vale de ossos secos (Ez 37.1-10), quando o Espírito deu vida onde antes havia morte (Ef 2.1-5).
O novo nascimento é também chamado de “lavacro da regeneração” ( loutron palingenesías , λουτρὸν παλινγενεσίας) em Tito 3.5, expressão que une a ideia de purificação ( loutron ) com a de um novo começo ( palingenesía – παλιγγενεσία), literalmente “nova gênese”.
Esse milagre invisível transforma a identidade do crente: ele é feito filho de Deus (Jo 1.12-13), tem o Espírito Santo habitando nele (Rm 8.9; 1 Co 6.19), torna-se templo de Deus (2 Co 6.16) e passa a viver segundo o Espírito (Gl 5.25).
A Bíblia mostra que esse nascimento espiritual é resultado direto da Palavra e do Espírito (1 Pe 1.23; Jo 3.5), e não de obras humanas (Ef 2.8-9).
Como no Antigo Testamento o coração de pedra precisava ser substituído por um coração de carne (Ez 36.26-27), o novo nascimento inaugura uma nova natureza, inclinada a obedecer a Deus e amá-Lo (1 Jo 5.1-4).
Essa transformação interior molda a conduta exterior (Mt 7.17-20), não como imposição, mas como fruto da nova vida recebida (Gl 5.22-23).
Portanto, compreender o novo nascimento é entender que ele marca o início da vida cristã autêntica , capacita o crente a ver e viver as realidades do Reino, e o habilita a uma nova caminhada de fé, santidade e comunhão com Deus (Hb 10.22; Rm 6.4; Cl 3.10). Sem ele, não há Reino, nem salvação, nem transformação verdadeira.
2.1 – O novo nascimento transforma vidas
A transformação operada pelo novo nascimento não é simbólica ou teórica — é real, profunda e abrangente.
Aquele que nasce do Espírito ( γεννηθέν ἐκ τοῦ πνεύματος – gennēthén ek tou pneumatos , Jo 3.6) deixa de viver segundo a carne ( sarx , σάρξ), e passa a andar segundo o Espírito ( pneuma , πνεῦμα), como ensina Paulo em Romanos 8.1-14.
A mente regenerada ( nous kainós , νοῦς καινός – Ef 4.23) é sensível à vontade de Deus e rejeita os padrões deste mundo (Rm 12.2).
A velha natureza — o velho homem ( palaios anthrōpos , παλαιὸς ἄνθρωπος) — é crucificada com Cristo (Rm 6.6), e a nova criatura ( kainē ktisis , καινὴ κτίσις) passa a viver pela fé no Filho de Deus (Gl 2.20).
Essa renovação não é superficial; é o cumprimento da promessa de Ezequiel 36.26-27, onde Deus promete dar um novo coração ( lēḇ ḥādāš , לֵב חָדָשׁ) e um novo espírito ( rûaḥ ḥăḏāšāh , רוּחַ חֲדָשָׁה*), capacitando o crente a andar em Seus estatutos.
Essa mudança se manifesta em frutos espirituais visíveis ( karpos tou pneumatos , καρπὸς τοῦ πνεύματος), conforme Gálatas 5.22-23: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e domínio próprio.
O crente regenerado experimenta um novo modo de viver — perdoa como foi perdoado (Ef 4.32), ama como foi amado (1 Jo 4.19), e busca agradar a Deus em tudo (1 Ts 4.1; 2 Co 5.9).
Seu desejo agora é fazer a vontade do Pai (Mt 7.21; Jo 6.40), refletindo a imagem de Cristo (Rm 8.29).
A verdadeira evidência do novo nascimento não está apenas em palavras, mas em uma vida transformada que revela, por meio da obediência e do fruto, que houve, de fato, um novo começo (Tg 2.17-20; Mt 7.16-20; 1 Jo 2.29).
Trata-se de uma regeneração integral: mente, coração, desejos, relações e propósitos, tudo é renovado à luz da nova identidade recebida em Cristo.
2.2 – A necessidade do novo nascimento
A declaração de Jesus a Nicodemos — “Necessário vos é nascer de novo” (Jo 3.7) — não é opcional nem culturalmente relativa.
No original grego, o verbo dei (δεῖ) usado aqui expressa obrigatoriedade divina , ou seja, “é necessário, é imprescindível”.
O novo nascimento ( gennēthē anóthen , γεννηθῇ ἄνωθεν), que pode ser traduzido como “nascer do alto”, é o ponto de partida inegociável da vida cristã .
Não importa o histórico religioso, a herança familiar ou a moralidade pessoal — todos pecaram (Rm 3.23), e todos carecem de regeneração (Tt 3.5; Jo 1.12-13).
A entrada no Reino ( basileía tou Theou , βασιλεία τοῦ θεοῦ) está condicionada a essa transformação espiritual, não a práticas externas ou méritos humanos (Ef 2.8-9; Mt 18.3).
O novo nascimento nos liberta da morte espiritual herdada de Adão (Ef 2.1; Rm 5.12) e nos insere na vida eterna prometida por Cristo (Jo 3.15-16; 1 Jo 5.11-12).
Trata-se de uma nova criação espiritual (2 Co 5.17), que nos torna sensíveis à voz do Espírito (Rm 8.14) e nos capacita a compreender e praticar os princípios do Evangelho (1 Co 2.14-16; Hb 8.10).
Sem essa regeneração interior, o homem continua cego espiritualmente (2 Co 4.4), insensível à verdade (Jo 8.43) e incapaz de agradar a Deus (Rm 8.8).
É por meio desse novo nascimento que o Espírito Santo nos sela (Ef 1.13), nos ensina (Jo 14.26), e nos conduz em santidade até a glorificação (Rm 8.30).
Portanto, a regeneração é a porta de entrada para uma vida verdadeiramente cristã , e o início da jornada eterna com Deus.
2.3 – A ação do Espírito Santo no novo nascimento
O Espírito Santo é apresentado nas Escrituras como o agente ativo e indispensável na obra da regeneração . Jesus afirmou a Nicodemos:
“O que é nascido do Espírito é espírito” (to gegennēmenon ek tou Pneumatos pneuma estin – τὸ γεγεννημένον ἐκ τοῦ Πνεύματος πνεῦμά ἐστιν, Jo 3.6).
Isso significa que a nova vida espiritual não é produto da carne ( sarx , σάρξ), mas do Espírito ( Pneuma , Πνεῦμα), cuja ação invisível é comparada ao vento: “O vento sopra onde quer… assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (Jo 3.8).
Ele é o sopro divino que ressuscita as almas mortas , tal como no vale de ossos secos, quando o rûaḥ (רוּחַ, “vento”, “espírito”) de Deus trouxe vida onde havia morte (Ez 37.9-10).
Paulo confirma: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a Sua misericórdia nos salvou, pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo” (Tt 3.5).
É o Espírito Santo que convence o pecador do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8), desperta a fé no coração (1 Co 12.3; Ef 2.8), gera a nova vida (Jo 1.13; Gl 4.6), e passa a habitar permanentemente no crente como selo de propriedade divina (Ef 1.13; Rm 8.9).
A nova criatura ( kainē ktísis , καινὴ κτίσις) nasce do Espírito, é guiada por Ele (Rm 8.14), fortalecida por Ele (Ef 3.16), santificada por Ele (1 Pe 1.2) e transformada de glória em glória pela Sua operação (2 Co 3.18).
Assim como o Espírito pairava sobre as águas no princípio (Gn 1.2), Ele paira agora sobre os corações regenerados, produzindo vida, luz e ordem.
Sem o agir contínuo do Espírito Santo, não há novo nascimento, nem crescimento espiritual, nem santificação real (Gl 5.16-25; 1 Ts 4.7-8). Ele é o fundamento, o guia e o poder da nova vida em Cristo.
📌 Até aqui, aprendemos que: o novo nascimento é uma obra indispensável da salvação, que transforma completamente o ser humano e só pode ser realizada pelo Espírito Santo. Ele não é opcional, mas o início da vida cristã autêntica (Jo 3.3,5; Tt 3.5), produzindo uma nova criatura em Cristo (2 Co 5.17) e capacitando o crente a viver segundo o Espírito (Rm 8.14).
3 – Nicodemos no Evangelho de João
A figura de Nicodemos no Evangelho de João é um retrato vívido do processo de fé crescente que culmina em rendição e discipulado genuíno.
Ele aparece três vezes no quarto Evangelho, cada vez revelando um estágio diferente de sua jornada espiritual.
Seu primeiro encontro com Jesus ocorre em João 3.1-21 , onde, como um fariseu ( pharisaios , φαρισαῖος) e “príncipe dos judeus” ( archōn , ἄρχων), ele procura o Mestre à noite ( nuktos , νυκτός), o que simboliza tanto a escuridão literal quanto espiritual (Jo 3.2; cf. Jo 1.5; 1 Ts 5.5).
Sua saudação, “Rabi, bem sabemos que és Mestre vindo de Deus” (Jo 3.2), mostra respeito, mas ainda não fé salvadora. Jesus, no entanto, vai direto ao essencial: “necessário vos é nascer de novo” (Jo 3.7).
O uso do termo grego anóthen (ἄνωθεν) — “do alto” ou “de novo” — destaca que essa transformação não vem do saber religioso, mas do agir soberano do Espírito (Jo 3.5-8; Tt 3.5; Ez 36.26-27).
A segunda aparição de Nicodemos ocorre em João 7.45-52 , durante um debate entre os fariseus.
Neste episódio, ele se posiciona em favor de Jesus com coragem e moderação, questionando: “Porventura julga a nossa lei a algum homem sem primeiro o ouvir e ter conhecimento do que faz?” (Jo 7.51).
Embora sua fé ainda pareça incipiente, já é suficiente para gerar oposição de seus colegas (Jo 7.52).
Aqui vemos o amadurecimento de sua fé: aquele que buscava em segredo agora começa a se expor em público .
A forma como ele é identificado neste texto (“aquele que de noite se dirigira a Jesus”) reforça a progressão espiritual — da escuridão para a luz (cf. Jo 1.9; Ef 5.8).
A culminação de sua jornada espiritual é encontrada em João 19.38-39 , onde, após a crucificação de Cristo, Nicodemos aparece novamente — desta vez para cuidar do corpo do Senhor.
Juntamente com José de Arimateia, ele traz cerca de cem arráteis (aproximadamente 33 kg) de mirra e aloés — uma quantidade digna de reis — para embalsamar o corpo de Jesus. O texto destaca:
“E foi também Nicodemos (aquele que anteriormente se dirigira de noite a Jesus), levando quase cem arráteis de um composto de mirra e aloés” (Jo 19.39).
Esse gesto, custoso e corajoso, representa sua rendição total a Cristo , mesmo quando muitos discípulos haviam fugido (Mt 26.56).
Aquele que começou na escuridão agora honra publicamente o Cristo crucificado, em cumprimento à profecia de Isaías 53.9.
A trajetória de Nicodemos no Evangelho de João revela que o novo nascimento pode ser vivido como um processo de fé crescente , embora a regeneração em si seja um ato instantâneo do Espírito.
Ele passa de buscador a defensor, e por fim, adorador silencioso e fiel. Sua história reflete a verdade de Filipenses 1.6:
“Aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo.”
3.1 – Nicodemos reconheceu Jesus como Mestre
Nicodemos, embora fosse um mestre em Israel (Jo 3.10), membro da seita dos fariseus e do Sinédrio — a mais alta corte religiosa e política judaica — surpreende ao reconhecer Jesus como um Mestre vindo de Deus:
“Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele” (Jo 3.2).
No grego, a palavra usada por Nicodemos é διδάσκαλος ( didáskalos ), que equivale ao termo hebraico רַבִּי ( rabbî , “meu mestre”).
É notável que alguém com tamanha autoridade religiosa se dirija a Jesus com esse título, especialmente sendo Ele um jovem galileu sem formação rabínica formal (Jo 7.15).
Nicodemos aqui rompe com o orgulho teológico típico dos fariseus (Mt 23.5-7), revelando não apenas percepção espiritual, mas também uma postura de humildade — marca dos que verdadeiramente desejam conhecer a Deus (Pv 11.2; Sl 25.9; Tg 3.13).
A atitude de Nicodemos confirma o princípio bíblico de que a verdadeira sabedoria não vem do homem, mas do alto :
“Mas a sabedoria que do alto vem é primeiramente pura, depois pacífica, moderada…” (Tg 3.17).
Apesar de pertencer a um grupo que, em sua maioria, rejeitou Jesus (Jo 7.48; Mt 23.13), Nicodemos se abre ao testemunho dos sinais ( sēmeia , σημεῖα) realizados por Cristo, reconhecendo neles a presença e aprovação divina (Jo 2.23; At 2.22).
Ele demonstra que o verdadeiro sábio é aquele que, como Salomão em sua oração (1 Rs 3.9), busca discernimento e se submete à revelação divina , mesmo que isso confronte suas estruturas religiosas.
Nicodemos é exemplo de que, para entrar no Reino, é preciso primeiro reconhecer que há um Rei — e Jesus, o verdadeiro Rabi enviado do Pai, é quem ensina não só com palavras, mas com autoridade espiritual (Mt 7.28-29; Jo 6.68).
3.2 – Nicodemos defendeu Jesus
A segunda aparição de Nicodemos ocorre em João 7.50-52 , em meio a uma reunião do Sinédrio onde os fariseus conspiravam contra Jesus. Nesta ocasião, ele se levanta e questiona seus colegas:
“Porventura julga a nossa lei a algum homem sem primeiro o ouvir e ter conhecimento do que faz?” (Jo 7.51).
Esse posicionamento revela um avanço significativo desde o primeiro encontro com Cristo. O verbo usado para “julgar” é krinō (κρίνω), e Nicodemos apela ao princípio legal da própria Torá (Dt 1.16-17; Êx 23.1-2), demonstrando não apenas integridade jurídica, mas também o início de uma identificação com Jesus.
Ainda que suas palavras sejam cautelosas, sua coragem está em crescimento , pois agora ele fala publicamente em favor d’Aquele que havia buscado secretamente. Ele começa a transitar da neutralidade acadêmica para a defesa ética, preparando-se para a entrega plena que viria mais adiante (Jo 19.39).
Este momento é símbolo de uma fé que está germinando .
A “semente” lançada por Jesus em João 3 (cf. Lc 8.11; 1 Pe 1.23 – sperma , σπέρμα – “semente”) começa a dar sinais de vida.
Nicodemos está sendo transformado de forma progressiva, o que ilustra o agir paciente do Espírito Santo na alma humana (Jo 16.13; Fp 1.6).
Sua atitude mostra que amar a Jesus é também se dispor a defendê-Lo, mesmo em ambientes hostis (Mt 10.32-33; 2 Tm 1.8).
Embora ainda tímido, ele já dá frutos de justiça e verdade (Ef 5.9), mostrando que o novo nascimento nem sempre é acompanhado de manifestações emocionais imediatas, mas se evidencia por uma vida cada vez mais moldada à imagem de Cristo (Rm 8.29).
3.3 – Nicodemos no sepultamento de Jesus
Em João 19.39 , após a crucificação, Nicodemos reaparece trazendo cerca de cem arráteis ( litras , λίτρας) — aproximadamente 33 kg — de mirra e aloés para o sepultamento de Jesus.
Essa quantidade era reservada para o sepultamento de reis e nobres (2 Cr 16.14), indicando não apenas respeito, mas profunda reverência e reconhecimento da realeza de Cristo .
A mirra ( smýrna , σμύρνα) era usada tanto na unção sacerdotal (Êx 30.23) quanto nos rituais funerários (Mc 15.23), enquanto o aloés ( aloē , ἀλόη) simbolizava pureza e preservação.
O gesto de Nicodemos, portanto, é uma confissão silenciosa de fé , digna de quem agora entende Jesus não apenas como Mestre (Jo 3.2), mas como o Messias sofredor profetizado em Isaías 53.9.
O que começou com uma visita noturna termina com uma demonstração pública de amor, honra e fidelidade .
Aquele que “viera de noite” (Jo 3.2; Jo 7.50) agora aparece em plena luz do dia, desafiando o medo e a vergonha (Jo 19.38-39; Mt 5.14-16).
Esse ato corajoso, feito ao lado de José de Arimateia, também discípulo secreto (Jo 19.38), cumpre o princípio de Mateus 10.32: “Todo aquele, pois, que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai.”
Nicodemos se torna, assim, um símbolo da fé que amadurece — uma fé que começa hesitante, cresce em discernimento, e termina em rendição total.
Ele nos mostra que a regeneração, embora seja uma obra instantânea do Espírito (Jo 3.5-6), pode ser acompanhada de um processo progressivo de revelação, coragem e testemunho público (2 Pe 3.18; Cl 2.6-7).
A Luz que ele buscou na escuridão agora brilha plenamente em sua vida (Jo 1.9; Jo 8.12).
📌 Até aqui, aprendemos que: o novo nascimento, embora instantâneo em sua origem espiritual, manifesta-se como um processo progressivo de amadurecimento que conduz o crente da busca silenciosa à confissão pública e corajosa da fé (Jo 3.2; Jo 7.51; Jo 19.39; Mt 10.32; Fp 1.6).
Conclusão
A trajetória de Nicodemos nos ensina que a verdadeira fé não está enraizada em posição religiosa, status social ou conhecimento teológico, mas no novo nascimento ( gennēthē anóthen – γεννηθῇ ἄνωθεν), ou seja, na regeneração “do alto” operada pelo Espírito Santo ( Pneuma , Πνεῦμα).
Ele era um didáskalos (διδάσκαλος, “mestre”) em Israel (Jo 3.10), conhecedor da Lei, mas carecia da vida espiritual que só o Espírito concede (Jo 3.6-8; Tt 3.5).
O seu encontro com Jesus — o Verbo encarnado ( Logos , Λόγος – Jo 1.14) — marca o início de uma jornada de fé crescente que culmina em rendição total (Jo 19.39), revelando que a regeneração é ponto de partida da vida no Reino de Deus (Jo 3.3,5; Mt 18.3).
Jesus afirma que sem nascer da água e do Espírito , ninguém pode entrar no Reino (Jo 3.5), indicando que a salvação é fruto da ação soberana e graciosa de Deus (Jo 1.13; Ef 2.8-9).
O novo nascimento não é uma reforma moral, mas uma nova criação espiritual ( kainē ktisis , καινὴ κτίσις – 2 Co 5.17), que concede ao crente um novo coração (Ez 36.26), nova mente (Rm 12.2), novo espírito (Ez 11.19) e nova cidadania (Fp 3.20).
Por isso, para experimentar o Reino de Deus ( basileía tou Theou , βασιλεία τοῦ θεοῦ) em sua plenitude, é preciso nascer de novo, pela fé em Cristo , o único que pode gerar vida eterna (Jo 3.15-16; 1 Pe 1.3,23).
Nicodemos nos ensina que quem verdadeiramente encontra Jesus jamais permanece o mesmo — é transformado de glória em glória pelo Espírito do Senhor (2 Co 3.18).
📖 Versículo-chave para reflexão:
“Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.”
(João 3.3 – ACF)
✅ Aplicação Prática da Lição
Reflita sobre sua experiência com Cristo: você já nasceu de novo? Que frutos da nova vida estão evidentes em sua jornada? Que áreas ainda precisam ser entregues ao Espírito Santo?
📢 Desafio da Semana
Compartilhe com alguém seu testemunho de novo nascimento e ore para que essa pessoa também experimente a regeneração pelo Espírito de Deus.
Seu irmão em Cristo, Pr. Francisco Miranda do Teologia24horas, um jeito inteligente de ensinar e aprender!
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Essa aula Mestre EBD” Escola Bíblica Dominical” lição do 3 trimestre/2025 e fundamental para compreender uma das verdades do Evangelho: Quem não nascer de novo, não pode ver nem entrar no reino de Deus ” (joão 3.3,5)
Nicodemos representa todos nós religiosos, estudiosos, bem intencionados, mas que ainda carecem de uma regeneração operada pelo espirito santo (Tt3.5) Jesus nos mostra que o novo nascimento é mais de uma reforma de hábitos, que nós faz uma nova criatura em cristo (2 Co 5.17).
Aula abençoada da revista Betel, que fala de Jesus Cristo, o filho de Deus a verdade que transforma vidas.
Nessa Aula eu tbm pude entender o amor de Joao pelo Senhor Jesus.
Com esse amor entendo que temos que amar a Deus sobre todas as coisas, obedecendo sua palavra.
Nessa Aula tô aprendendo que nascer de novo e mais do que pensava, e uma decisão particular de cada cristão, se realmente quiser entrar no reino de Deus, terá que nascer de novo para ser transformado pelo amor de Deus o Espirito Santo dele.
Essa AULA METRE EBD, tá sendo muito produtiva no meu conhecimento Biblico, toda aula que estudo eu choro pq o espirito santo de Deus me tocar com amor.
aula abençoada.
Essa AULA MESTRE | EBD “Escola Bíblica Dominical” | Lição 5 – Revista Betel Dominical | 3º Trimestre/2025 é fundamental para compreendermos uma das verdades mais solenes do Evangelho:
“Quem não nascer de novo, não pode ver nem entrar no Reino de Deus” (Jo 3.3,5).
Nicodemos representa todos nós — religiosos, estudiosos, bem-intencionados — mas que ainda carecem de uma regeneração operada pelo Espírito Santo (Tt 3.5).
Jesus nos mostra que o novo nascimento é mais do que uma reforma de hábitos: é uma nova criação, gerada do alto, que nos faz novas criaturas em Cristo (2 Co 5.17).
Esta lição confronta a religiosidade, expõe o coração e chama à vida espiritual autêntica, que só nasce do Espírito.
Com linguagem clara e profundidade teológica, o Pr. Francisco Miranda oferece ao professor da EBD um conteúdo adicional e transformador, que: aprofunda o estudo, valoriza a aplicação e amplia a compreensão bíblica e espiritual de cada lição.
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