Poder e Autoridade na igreja: Como exercê-los para preservar a unidade?

Poder e Autoridade

O poder é uma realidade presente em todas as esferas da vida — no governo, na família e, inevitavelmente, na igreja.

Seu exercício molda as relações humanas, podendo edificar ou corromper, unir ou dividir, dependendo da forma como é aplicado.

Mas como o poder e a autoridade devem ser exercidos na igreja?
A Escritura nos ensina que, no Reino de Deus, o verdadeiro poder não se fundamenta na força bruta, no autoritarismo ou na dominação, mas na unidade dos crentes e no serviço sacrificial.

Jesus demonstrou que a autoridade espiritual se manifesta no amor, na humildade e na disposição de servir ao próximo.

Neste Refrigério Teológico, exploraremos três formas de poder — despótico, patriarcal e consensual — e compreenderemos, à luz da Palavra de Deus, como cada uma delas afeta a unidade da igreja e qual modelo a Bíblia nos orienta a seguir.

Olá, graça e paz, aqui é o seu irmão em Cristo, Pr. Francisco Miranda do Teologia24horas, que essa “paz que excede todo entendimento, que é Cristo Jesus, seja o árbitro em nosso coração, nesse dia que se chama hoje…” (Fl 4:7; Cl 3:15).

O Poder Despótico: Quando a força domina

O poder despótico é aquele que se impõe pela força, quem o detém acredita que pode governar sobre os outros porque é mais forte, tem mais recursos ou detém algum tipo de controle sobre os demais.

Esse tipo de poder é caracterizado pelo autoritarismo, onde a obediência não é fruto do respeito, mas do medo.

Exemplo Bíblico: Faraó e a escravidão de Israel

Na Bíblia, vemos um exemplo claro desse poder em Faraó, que escravizou os hebreus no Egito (Êxodo 1:8-14).

Ele usou a força para subjugar um povo, oprimindo-o com trabalho pesado e decretando a morte dos recém-nascidos israelitas para impedir seu crescimento numérico.

O poder despótico destrói a unidade e gera opressão, pois não há espaço para o amor, apenas para o controle.

Outro exemplo é o rei Nabucodonosor, que exigia adoração absoluta e puniu com a fornalha ardente os que não se curvaram à sua estátua (Daniel 3:1-6).

Ele usou o medo e a coerção para manter seu domínio, mas Deus mostrou que Seu poder é maior, livrando Sadraque, Mesaque e Abednego.

O perigo do poder despótico na Igreja

Infelizmente, esse tipo de poder pode ser visto até mesmo no meio cristão, quando líderes agem como senhores e não como servos.

Jesus advertiu contra isso:

“Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso serviçal.” (Marcos 10:43)

A igreja não pode ser governada pela coerção ou pelo medo, mas pela unidade e pelo amor mútuo.

O Poder Patriarcal: A autoridade paternalista

O poder patriarcal é um modelo de governo onde a autoridade se fundamenta na ideia de que quem governa sabe o que é melhor para os governados.

No contexto familiar, pode até fazer sentido em algumas situações, como quando um pai ensina um filho pequeno.

No entanto, esse poder se torna problemático quando impede o crescimento e a maturidade dos liderados.

Exemplo bíblico: Jacó e seus filhos

Jacó demonstrou um tipo de poder patriarcal sobre seus filhos.

Ele favoreceu José, o que gerou ciúmes e divisão na família (Gênesis 37:3-4).

Seu controle excessivo sobre as decisões gerou rivalidade entre os irmãos, demonstrando os riscos de um poder centralizado sem equidade.

Outro exemplo é Samuel, que, mesmo sendo um grande profeta, falhou ao tentar estabelecer seus filhos como juízes sobre Israel.

Eles não seguiram seus caminhos e abusaram da autoridade, levando o povo a desejar um rei (1 Samuel 8:1-5).

Esse caso mostra como o poder patriarcal pode se tornar uma barreira para o desenvolvimento saudável da liderança.

O perigo do poder patriarcal na Igreja

Quando uma igreja é governada de forma paternalista, os membros não são encorajados a crescer na fé e no conhecimento da Palavra.

Pastores e líderes se tornam “donos” da verdade e criam uma comunidade passiva e submissa.

O apóstolo Paulo combateu essa mentalidade ao afirmar:

“Até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” (Efésios 4:13)

A igreja deve promover o crescimento de cada membro, para que todos cheguem à maturidade espiritual e à verdadeira unidade em Cristo.

O Poder Consensual: O modelo bíblico

O terceiro modelo de poder é o poder consensual, que se baseia no reconhecimento das capacidades e dons de cada pessoa.

Esse é o modelo que mais se alinha com a Escritura, pois enfatiza a unidade e a colaboração dentro do Corpo de Cristo.

Exemplo bíblico: Moisés e os setenta anciãos

Moisés enfrentou dificuldades ao liderar sozinho o povo de Israel.

Deus, então, orientou que ele escolhesse setenta anciãos para ajudá-lo na condução da nação (Números 11:16-17).

Aqui vemos o princípio do poder consensual, onde a liderança é reconhecida pela capacidade e não imposta pelo autoritarismo.

Outro exemplo ocorre na escolha de Davi como rei, ele não se impôs pela força, mas foi escolhido por Deus e reconhecido por Israel devido à sua integridade e capacidade de liderança (1 Samuel 16:1-13).

Diferente de Saul, que exerceu um governo instável e autoritário, Davi conquistou a confiança do povo e unificou Israel sob seu reinado.

Poder consensual e a Igreja primitiva

Na igreja primitiva, o poder era distribuído de maneira consensual, em Atos 6:1-7, vemos um exemplo claro disso quando os apóstolos pediram que a própria comunidade escolhesse homens cheios do Espírito Santo para servir às mesas.

A liderança não foi imposta, mas reconhecida pelo consenso dos fiéis.

Esse modelo reflete o ensinamento de Jesus:

“Qualquer que quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo.” (Mateus 20:27)

A unidade da igreja se fortalece quando o poder é exercido por aqueles que demonstram competência e compromisso com o serviço.

O Poder e a Unidade no Corpo de Cristo

A distinção entre poder e autoridade pode ser melhor compreendida através das palavras gregas usadas no Novo Testamento:

  • Poder (dýnamis, δύναμις) – Refere-se à capacidade ou força para realizar algo, muitas vezes associado ao poder divino (Lucas 24:49, Atos 1:8).
  • Autoridade (exousía, ἐξουσία) – Significa direito legal ou conferido para exercer domínio ou influência, geralmente concedido por Deus (Mateus 28:18, Romanos 13:1).

O poder pode ser imposto, mas a autoridade verdadeira é reconhecida e respeitada, ou seja, a autoridade espiritual não se impõe pela força, mas pelo caráter e pelo serviço.

Embora os termos “poder” e “autoridade” sejam frequentemente usados como sinônimos, há uma diferença fundamental entre eles.

  1. Poder é a capacidade de impor a vontade sobre os outros, seja por força, influência ou coerção. Pode ser conquistado por meio de riqueza, posição ou controle.
  2. Autoridade, por outro lado, é o direito legítimo de exercer poder, geralmente conferido por Deus ou por uma estrutura de governança reconhecida. A autoridade verdadeira não se impõe, mas é respeitada e reconhecida pelos que estão sob sua liderança.

Poder espiritual e Autoridade eclesiástica

A Bíblia diferencia o uso do poder no mundo espiritual e da autoridade no mundo físico.

Jesus disse:

“Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda força do inimigo, e nada vos fará dano algum.” (Lucas 10:19)

Aqui, “poder” (do grego dýnamis) refere-se à capacidade concedida por Deus para realizar obras sobrenaturais, como expulsar demônios e curar enfermos.

Esse poder espiritual é essencial para combater as forças malignas e cumprir a missão da igreja.

Por outro lado, a autoridade (exousía) está ligada à liderança eclesiástica e ao governo da igreja na Terra.

Paulo ensina sobre a autoridade dentro da igreja:

“Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas.” (Hebreus 13:17)

A autoridade eclesiástica não é baseada na imposição de regras rígidas, mas na responsabilidade pastoral de guiar e edificar o rebanho.

Assim, o poder é exercido no mundo espiritual, enquanto a autoridade é aplicada na liderança eclesiástica, sempre em conformidade com os princípios de Cristo.

Exemplos de liderança bíblica

A Bíblia apresenta diversos exemplos de líderes que ilustram a diferença entre poder e autoridade:

  • Moisés e Corá (Números 16) – Corá desafiou a autoridade de Moisés, desejando o poder para si. No entanto, Deus confirmou a autoridade de Moisés, e Corá foi julgado por sua rebeldia.
  • Neemias (Neemias 2:5-8, 6:15-16) – Neemias foi um exemplo de liderança baseada na autoridade divina e no serviço, reconstruindo os muros de Jerusalém sem coercionar ou buscar interesses próprios.
  • O Apóstolo Paulo (2 Coríntios 10:8-10) – Embora tivesse autoridade espiritual, Paulo não usou o poder para dominar, mas para edificar a igreja com amor e serviço.

Aplicações para a Igreja hoje

Para que a igreja seja saudável, é essencial que os líderes exerçam autoridade da maneira correta:

  • Evitar o autoritarismo e cultivar a autoridade espiritual legítima, baseada no serviço.
  • Prevenir o clericalismo e a centralização do poder dentro da igreja, garantindo que os dons dos membros sejam valorizados.
  • Desenvolver discernimento para reconhecer se um líder possui autoridade concedida por Deus ou se apenas busca poder humano.

Conexão com a unidade cristã

O mau uso da autoridade pode gerar divisões e enfraquecer a comunhão dos santos:

  • A autoridade deve ser exercida de maneira que preserve a unidade da igreja, conforme Efésios 4:3: “Esforçando-vos por guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.”
  • A liderança servil é o modelo bíblico para manter a unidade, seguindo o exemplo de Cristo (Filipenses 2:5-7).
  • A autoridade mal utilizada causa disputas, mas bem exercida promove crescimento e maturidade espiritual.

Exemplos bíblicos

  • Jesus e os Fariseus: Os fariseus tinham poder religioso sobre o povo, mas não possuíam autoridade legítima diante de Deus, pois ensinavam doutrinas humanas ao invés da verdade divina (Mateus 15:9).
  • Pilatos e Jesus: Quando Pilatos tentou usar seu poder para intimidar Jesus, o Senhor respondeu: “Nenhuma autoridade terias contra mim, se de cima não te fosse dada” (João 19:11), mostrando que a autoridade vem de Deus.
  • Davi e Saul: Saul tinha o poder do reinado, mas Davi já possuía a autoridade espiritual dada por Deus. Davi não tentou tomar o trono à força, mas esperou que Deus o estabelecesse como rei legítimo (1 Samuel 24:6-7).

O perigo do poder sem autoridade

O exercício do poder sem autoridade legítima pode levar ao abuso e à tirania.

Quando líderes na igreja buscam exercer poder sem que tenham a autoridade espiritual dada por Deus, surgem divisões, manipulações e perda da verdadeira unidade no Corpo de Cristo.

O exercício da autoridade na Igreja

O apóstolo Paulo ensina que a autoridade na igreja deve ser exercida com humildade e serviço:

“Tende cuidado de vós mesmos e de todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.” (Atos 20:28)

A verdadeira autoridade na igreja vem do chamado de Deus e do reconhecimento dos dons espirituais e ministeriais pelos irmãos, e não da imposição ou do desejo pessoal de controle.

A grande questão que surge é: como a autoridade deve ser exercido para promover a unidade na igreja?

  1. A autoridade deve ser baseado no amor e no serviço. Jesus deu o maior exemplo ao lavar os pés dos discípulos (João 13:14-15). Líderes que servem geram unidade, pois demonstram humildade e compromisso com o bem-estar do próximo.
  2. A autoridade deve promover o crescimento dos outros. Paulo instruiu Timóteo a capacitar outros para que também pudessem ensinar (2 Timóteo 2:2). Uma liderança saudável não centraliza o poder, mas compartilha responsabilidades e incentiva o desenvolvimento dos irmãos.
  3. A autoridade deve ser distribuída com base no reconhecimento dos dons. Em 1 Coríntios 12:28, Paulo descreve como Deus estabeleceu diferentes ministérios na igreja. Cada um deve exercer sua função conforme a graça que lhe foi dada, promovendo a unidade do Corpo de Cristo.

Perguntas para reflexão e discussão

  • Como podemos identificar líderes que exercem autoridade legítima e aqueles que apenas buscam poder?
  • Em nossa igreja/trabalho/família, estamos servindo com humildade ou buscando domínio?
  • Como podemos ajudar a construir um ambiente onde a autoridade seja reconhecida e não imposta?

Conclusão

O poder, quando mal utilizado, corrompe a liderança, sufoca a comunhão e destrói a unidade da igreja, afastando as pessoas de Deus.

Quando líderes exercem poder sem a devida autoridade espiritual, surgem abusos, opressão e divisão.

O poder que visa controlar, em vez de edificar, torna-se um entrave ao crescimento espiritual e ao avanço do Reino de Deus.

Por outro lado, quando exercido sob os princípios bíblicos, o poder torna-se uma ferramenta poderosa para edificação, serviço e fortalecimento do Corpo de Cristo.

Jesus nos deixou o exemplo supremo de liderança servil, ensinando que a verdadeira autoridade não se impõe pela força, mas se conquista pelo amor, pela humildade e pelo serviço sincero ao próximo.

Para que a igreja permaneça saudável, é essencial equilibrar poder e autoridade.

“Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso serviçal.” (Marcos 10:43)

“Esforçando-vos para guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.” (Efésios 4:3)

O poder espiritual nos capacita para enfrentar as forças do mal e operar milagres no sobrenatural, enquanto a autoridade eclesiástica deve ser exercida com justiça, temor a Deus e responsabilidade pastoral.

Ambos devem convergir para um mesmo propósito: a unidade e o crescimento espiritual do povo de Deus.

Que possamos seguir o modelo de Cristo, usando o poder que Ele nos concedeu para edificar, fortalecer e servir uns aos outros.

Que a autoridade dada por Deus seja sempre exercida com humildade e compromisso, para que a igreja se mantenha forte, unida e repleta da presença do Espírito Santo!

Espero que este Refrigério Teológico tenha edificado sua vida espiritual!

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