Rejeição e oposição: Nada impediu a missão do Filho de Deus

Rejeicao e oposicao

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Embora a estrutura de títulos, tópicos e subtópicos seja rigorosamente fiel ao conteúdo oficial, os textos apresentados aqui são comentários inéditos, reflexões aprofundadas e aplicações práticas elaboradas pelo Pr. Francisco Miranda , fundador do IBI “Instituto Biblico Internacional” e do Teologia24horas .

Com uma linguagem clara e principalmente teológica, o Pr. Francisco Miranda oferece ao professor da EBD um conteúdo adicional, que aprofunda o estudo, valoriza a aplicação e amplia a compreensão das verdades expostas em cada lição.

Mesmo para quem já possui a revista impressa, a AULA MESTRE | EBD | Betel Dominical é uma oportunidade valiosa para aprofundar o preparo da lição, oferecendo uma abordagem teológica e pedagógica mais rica, que fortalece o ensino e contribui diretamente para a edificação da Igreja local.

Texto Áureo

“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.” (João 1.11 – ACF)

O texto áureo de João 1:11 é uma das declarações mais profundas sobre a rejeição do Messias por Israel.

O verbo grego ἦλθεν ( ēlthen , “veio”) está no aoristo, indicando um evento histórico concreto: a encarnação do Verbo (Jo 1.14).

A expressão “o que era seu” traduz o grego τὰ ἴδια ( ta idia ), literalmente “as suas coisas” ou “as suas propriedades”, referindo-se à Terra Santa (Sl 132.13-14), à herança de Israel (Dt 7.6; Is 5:1-7), e especialmente ao povo judeu, sobre o qual Ele tinha direitos legais e espirituais como seu Criador (Jo 1.3; Cl 1.16) e Redentor prometido (Is 9.6; Mq 5.2).

“os seus” vem do grego οἱ ἴδιοι ( hoi idioi ), “os seus próprios”, implicando um relacionamento íntimo e pessoal, como o de um pai com seus filhos (Êx 4.22; Is 1.2-4).

A palavra οὐ παρέλαβον ( ou parelabon , “não o receberam”) indica rejeição ativa, um desprezo deliberado à luz que veio ao mundo (Jo 3.19-20).

Este versículo ecoa Isaías 53.3: “Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens” , e aponta para o cumprimento das profecias messiânicas que previam a rejeição do Servo Sofredor (Sl 118.22; Zc 12.10).

Teologicamente, o texto enfatiza a dureza do coração humano (Mt 13.14-15; Rm 11.8) e, ao mesmo tempo, prepara o terreno para a gloriosa revelação do verso seguinte (Jo 1.12): que mesmo em meio à rejeição, há graça disponível para todo aquele que crê.

Verdade Aplicada

A Verdade Aplicada ressalta que a rejeição humana não frustrou o propósito divino. Jesus Cristo, o Filho de Deus ( ho huios tou Theou ), permaneceu inabalável em sua missão redentora, mesmo diante da oposição ferrenha dos líderes religiosos (Jo 5.18; Mt 26.3-4), da incompreensão popular (Jo 6.60-66) e da traição íntima (Jo 13.21-27).

Ele veio cumprir integralmente a vontade do Pai (Jo 4.34; 6.38), como o Servo Sofredor descrito em Isaías 53.10-12, e nada — nem a cruz, nem a coroa de espinhos, nem os cravos — foi capaz de deter o Seu amor sacrificial (Rm 5.8; Hb 12.2).

Mesmo sendo “rejeitado entre os homens” (Is 53.3), Ele não se desviou do Seu propósito eterno (Ef 1.4-7; At 2.23).

A expressão grega para “cumpriu” carrega a ideia de “plenitude” ( plēróō ), o que nos remete à declaração de João 19.30: Tetelestai — “Está consumado” — uma expressão que sela a perfeição da missão cumprida.

Assim, a fidelidade de Cristo diante da rejeição nos inspira a também perseverarmos na vocação que dEle recebemos (Fp 3.13-14; 1Pe 2.21).

Objetivos da Lição

  • Destacar que a rejeição não impediu a missão redentora de Jesus
    A missão redentora de Cristo — missio Dei — não foi anulada pela rejeição dos seus (Jo 1.11). Pelo contrário, ela foi fortalecida em obediência ao plano eterno de Deus (At 2.23; Is 53.10-11). A oposição dos homens não frustrou o propósito divino, pois Jesus “resolutamente manifestou o rosto para ir a Jerusalém” (Lc 9.51) e, mesmo sendo “desprezado e rejeitado” (Is 53.3), consumou a obra da cruz (Jo 19.30; Hb 9.12), redimindo o homem com Seu sangue (Ef 1.7; Ap 5.9).
  • Compreender o papel de João Batista como testemunha da luz
    João Batista é apresentado como mártys (μάρτυς) — testemunha fiel da Luz (Jo 1.6-8), uma figura profética que prepara o caminho do Messias (Is 40.3; Mt 3.3). Sua missão não era ser a luz, mas dar testemunho dela, apontando o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Sua voz no deserto confrontava o pecado e conduzia os corações ao arrependimento (Mt 3.1-2), cumprindo o papel de ponte entre o Antigo e o Novo Testamento (Lc 16.16).
  • Refletir sobre como reagimos às oposições em nossa vida cristã
    Assim como Cristo e João Batista enfrentaram rejeição, também os que seguem a Cristo são chamados a suportar aflições (2Tm 3.12; Jo 16.33). Devemos reagir com mansidão, perseverança e confiança em Deus, sabendo que a fidelidade no meio da oposição é sinal de maturidade espiritual (1Pe 2.19-23; Mt 5.10-12). A palavra hypomonē (υπομονή) no grego, traduzida como “paciência” ou “perseverança”, revela uma resistência ativa e corajosa diante das adversidades — virtude essencial para quem serve ao Senhor (Rm 5.3-5; Tg 1.2-4).

Textos de Referência – João 1

  1. Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele.
  2. Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.
  3. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
  4. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome;
  5. Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
  6. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

Leituras Complementares

  • SEGUNDA | Is 53.3 – O servo rejeitado.
  • TERÇA | Lc 4.24 – Nenhum profeta é bem recebido na sua terra.
  • QUARTA | Mt 21.42 – A pedra que os edificadores rejeitaram.
  • QUINTA | Jo 1.7 – João testificou da luz.
  • SEXTA | Jo 1.11-12 – Os seus não o receberam.
  • SÁBADO | Jo 1.14 – O Verbo se fez carne.

Hinos Sugeridos

  • Hino 23 – “Saudosa Lembrança”
    Este hino fala da esperança na Jerusalém Celestial, revelando que, apesar da rejeição terrena enfrentada por Jesus e por Seus seguidores, há um lar eterno preparado para os fiéis (Jo 14.1-3; Ap 21.2-4). Ele nos lembra que a missão redentora de Cristo garantiu-nos acesso à pátria celestial, onde não haverá mais oposição nem lágrimas.
  • Hino 118 – “Mais perto quero estar, meu Deus, de Ti”
    Um clamor por intimidade mesmo em tempos de rejeição. Assim como Jesus enfrentou oposição com firmeza e comunhão com o Pai (Mt 26.39; Lc 5.16), este hino nos inspira a buscar consolo em Deus nas horas difíceis, sendo fiéis à missão, mesmo no sofrimento (Sl 73.28; Tg 4.8).
  • Hino 400 – “Tu és fiel, Senhor”
    Este cântico exalta a fidelidade de Deus em meio às adversidades. Ele nos encoraja a crer que, assim como o Pai sustentou o Filho em Sua missão (Jo 8.29), também nos sustentará nas lutas e rejeições que enfrentarmos por causa do Evangelho (Lm 3.22-23; 1Co 1.9).

Motivo de Oração

Ore para que, assim como Cristo permaneceu firme diante da rejeição (Jo 1.11; Hb 12.2-3), também sejamos fortalecidos pelo Espírito Santo ( pneuma hagion ) para não desistirmos da missão que nos foi confiada (At 1.8; 2Tm 4.7).

Que o Senhor nos conceda coragem, mansidão e perseverança ( hypomonē ) para seguir proclamando a verdade, mesmo quando não formos compreendidos ou aceitos (Mt 5.10-12; 1Pe 4.14-16).

Clame para que a rejeição não nos faça recuar, mas nos leve a confiar ainda mais na fidelidade de Deus, que nos chamou e sustenta (1Ts 5.24; Is 41.10).

Introdução

A missão do Filho de Deus ( ho huios tou Theou ) não foi recebida com entusiasmo pelos seus contemporâneos, como profetizado: “Desprezado, e o mais rejeitado entre os homens” (Is 53.3).

O verbo hebraico usado em Isaías, ma’ăs (מָאַס), indica repúdio consciente.

O evangelista João declara: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1.11), usando o grego οἱ ἴδιοι ( hoi idioi ) — “os seus próprios”, sinalizando uma rejeição familiar, profunda e dolorosa.

Apesar disso, Jesus permaneceu firme, cumprindo a vontade do Pai ( thelēma tou Patros , Mt 26.39), revelando o caráter do Servo fiel (Fp 2.7-8).

Sua obediência plena ao Pai ( hupēkoos mechri thanatou , Fp 2.8) culminou na cruz, mas também na glorificação (Jo 17.4-5).

O plano eterno da redenção ( sōtēria ) não foi frustrado pela resistência humana, pois “o conselho do Senhor permanece para sempre” (Sl 33.11).

Nesta lição, refletiremos sobre como a oposição a Cristo foi enfrentada com firmeza, mansidão e determinação, servindo-nos de exemplo para continuarmos a missão do Reino mesmo em meio às rejeições (2Tm 3.12; Hb 12.1-3).

Que o Espírito Santo nos fortaleça a sermos perseverantes ( hypomonē ) até o fim (Ap 2.10).

Ponto de Partida

  • A rejeição não interrompe os planos de Deus.
    A rejeição humana não tem poder para frustrar os desígnios eternos de Deus ( boulē tou Theou – At 2.23). O fracasso da aceitação não compromete o cumprimento da missão divina, pois “o Senhor dos Exércitos jurou, dizendo: como pensei, assim sucederá; e como determinei, assim se efetuará” (Is 14.24). Ainda que Cristo tenha sido rejeitado pelos seus (Jo 1.11; Mt 21.42), Ele permaneceu centrado na vontade do Pai (Jo 6.38), demonstrando que os planos de Deus são irresistíveis ( Is 46.10; Pv 19.21 ). Portanto, a rejeição não é sinal de fracasso, mas oportunidade para a graça triunfar sobre a resistência (Rm 5.20).

1. A rejeição dos seus

Jesus, o Logos eterno (gr. λόγος – Jo 1.1), é declarado por João como o Criador de todas as coisas: “Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3; cf. Cl 1.16-17; Hb 1.2).

Ainda assim, o mundo criado por Ele não o reconheceu – οὐκ ἔγνω ( ouk egnō , Jo 1.10), termo grego que indica não apenas ignorância intelectual, mas rejeição relacional, uma recusa em conhecê-Lo intimamente (cf. Mt 11.27).

O Verbo se fez carne ( ho logos sarx egeneto , Jo 1.14) e veio para o que era seu ( ta idia , isto é, sua criação, sua aliança, sua nação), mas os seus ( hoi idioi , seus compatriotas judeus) não o receberam ( ou parelabon , Jo 1.11) — recusaram aceitá-Lo como Messias prometido (cf. Lc 4.24-29; Mt 23.37).

Esta rejeição foi antecipada profeticamente nas Escrituras hebraicas. Isaías 53.3 descreve o Servo Sofredor como “desprezado e rejeitado entre os homens” ; o termo hebraico ma’ăs (מָאַס) significa repelido com desprezo.

Salmo 118.22 anuncia: “A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a cabeça da esquina” , uma profecia messiânica confirmada por Jesus (Mt 21.42) e pelos apóstolos (At 4.11; 1Pe 2.7). O profeta Zacarias previu também que o Messias seria traspassado por aqueles a quem veio salvar (Zc 12.10).

A rejeição, porém, não foi um acidente, mas parte do eterno plano redentor ( boule tou Theou , At 2.23), no qual o Cristo seria entregue e morto pelos pecadores (Is 53.10; Mt 16.21).

O apóstolo Paulo escreve que o endurecimento de parte de Israel resultou na salvação dos gentios (Rm 11.11-12), revelando que até a rejeição foi usada por Deus para ampliar Sua graça (Rm 8.28).

Teologicamente, essa realidade revela que a obediência à vontade de Deus não garante aceitação pelos homens (2Tm 3.12), mas sim o privilégio de participar dos sofrimentos de Cristo (Fp 1.29; 1Pe 4.13).

O Cristo rejeitado tornou-se o Salvador glorificado, e os que O seguem também enfrentarão rejeição, mas com a certeza de que “bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem por minha causa” (Mt 5.11).

1.1. Os seus não o receberam

Jesus “veio para o que era seu” ( εἰς τὰ ἴδια ἦλθεν eis ta idia ēlthen , Jo 1.11), isto é, entrou na esfera de sua legítima propriedade — Israel, a nação que Ele mesmo formou (Is 43.1; Sl 100.3).

No entanto, “os seus” ( οἱ ἴδιοι hoi idioi ) — aqueles que deveriam reconhecê-Lo pelas promessas messiânicas (Gn 49.10; Mq 5.2; Is 9.6) — não o receberam ( παρέλαβον parelabon ), termo grego que denota não apenas omissão, mas resistência ativa.

Mesmo sendo a verdadeira luz ( phōs alēthinon , Jo 1.9), Cristo foi rejeitado por corações endurecidos, que preferiram o legalismo farisaico (Mt 15.9; Mc 7.13) à revelação viva do Verbo encarnado (Jo 1.14).

Essa rejeição cumpre as profecias messiânicas, como Isaías 53.3: “Era desprezado e rejeitado entre os homens” — onde o verbo hebraico ma’ăs (מָאַס) significa repelir com desprezo. Jesus denunciou essa cegueira espiritual ao afirmar: “Vós examinais as Escrituras… e não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo 5.39-40).

Sua luz confrontava diretamente as trevas religiosas de sua geração (Jo 3.19-20), revelando que muitos amaram mais a tradição humana do que a verdade divina (2Co 4.3-4).

Assim, o Verbo rejeitado torna-se a pedra angular que os edificadores desprezaram (Sl 118.22; Mt 21.42), mas que Deus exaltou soberanamente.

1.2. A glória do Verbo encarnado

Mesmo diante da rejeição dos homens (Jo 1.11), o Verbo eterno se fez carne ( ὁ λόγος σὰρξ ἐγένετο ho lógos sarx egeneto , Jo 1.14), expressão que marca o maior mistério da fé cristã: a encarnação do Deus invisível (1Tm 3.16; Cl 1.15).

O termo lógos (λόγος) remete à ideia de razão, palavra e expressão divina, já presente na criação (Gn 1.1; Jo 1.1-3).

Tornar-se carne ( sarx ) não significa apenas assumir corpo físico, mas também identificar-se plenamente com a condição humana (Hb 2.14-17), sem perder sua essência divina (Cl 2.9).

A encarnação é a ponte entre o céu e a terra, onde Deus se torna acessível, visível e relacional (Mt 1.23).

João testifica que vimos a sua glória — ἐθεασάμεθα τὴν δόξαν αὐτοῦ ( etheasámetha tḗn dóxan autoû ), glória esta que não era apenas esplendor externo, mas a Shekinah divina — a manifestação da presença de Deus entre os homens (Êx 40.34; Lc 2.9).

Esta glória era como a do Unigênito do Pai ( monogenēs para Patros ), indicando unicidade absoluta na essência e missão (Jo 1.18; Hb 1.3). Ele era cheio de graça e verdade ( plērēs charitos kai alētheias ), expressão que ecoa Êxodo 34.6, onde Deus se revela a Moisés como “misericordioso e verdadeiro”.

Em Jesus, a graça (favor imerecido) e a verdade (realidade absoluta) se encontraram perfeitamente (Sl 85.10; Jo 14.6), revelando a plenitude da divindade em forma humana.

1.3. A resistência à luz

A metáfora da luz em João é profundamente teológica: Jesus é apresentado como “a luz verdadeira” ( τὸ φῶς τὸ ἀληθινόν to phōs to alēthinon , Jo 1.9), que veio ao mundo para iluminar toda a humanidade.

No entanto, conforme João 3.19, “a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más” .

O verbo grego ēgapēsan (ἠγάπησαν) — “amaram” — expressa afeto deliberado e voluntário pelo pecado, demonstrando que a rejeição à luz não é ignorância inocente, mas escolha moral consciente (Rm 1.21; Ef 4.18-19).

A luz revela, denuncia e confronta (Ef 5.13), e isso perturba aqueles que se acomodaram nas trevas da religiosidade morta ou da vida sem arrependimento (Is 30.10-11; 2Tm 4.3-4).

Jesus afirmou: “Quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8.12), mas seguir a luz exige renúncia (Lc 9.23), confronto com a verdade (Jo 17.17) e transformação de vida (Rm 12.1-2).

Muitos resistem à luz por não quererem deixar suas obras ocultas (Jo 3.20), tornando-se semelhantes aos fariseus que “tinham olhos, mas não viam” (Mt 13.14-15).

A luz que salva também julga, pois ninguém pode permanecer neutro diante dela (Jo 12.46-48).

📌 Até aqui, aprendemos que: A rejeição sofrida por Cristo, longe de frustrar o plano divino, confirmou as profecias e revelou o compromisso inabalável do Verbo encarnado com a vontade do Pai. Mesmo sendo rejeitado pelos seus, Jesus manifestou a glória de Deus, iluminou as trevas e avançou firmemente em Sua missão redentora, provando que os propósitos de Deus jamais podem ser anulados (Jó 42.2; Is 46.10).

2. A missão de João Batista

João Batista foi “enviado por Deus” ( ἀπεσταλμένος παρὰ Θεοῦ apestalmenos para Theou , Jo 1.6), título que o posiciona como um autêntico profeta comissionado, como os antigos shaliah (שליח) — mensageiros com autoridade plena de quem os enviava.

Ele “não era a luz, mas foi enviado para dar testemunho da luz” (Jo 1.7), sendo esse testemunho traduzido do grego μαρτυρήσῃ ( martyresei ), que carrega não só o sentido de declarar, mas de atestar com a vida — até o sacrifício. Sua função não era brilhar por si, mas apontar para “a luz verdadeira que ilumina a todo homem” (Jo 1.9; cf. Mt 5.14-16), isto é, o Cristo eterno.

A voz de João era profética e escatológica: “Voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor” (Jo 1.23; Is 40.3).

O verbo hebraico qōrē’ (קֹרֵא) enfatiza uma convocação pública e urgente.

Ele cumpria seu chamado como precursor do Messias , alinhado à figura de Elias (Ml 4.5; Mt 11.14; Lc 1.17), preparando o povo por meio do batismo de arrependimento (Mc 1.4) e confrontando o pecado com coragem profética (Mt 3.7-10; Lc 3.19-20).

João não se deixou intimidar pela oposição dos fariseus e saduceus (Jo 1.19-27; Mt 21.25), nem buscou glória pessoal, pois afirmou com humildade: “Convém que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30).

Seu testemunho sobre Jesus foi cristocêntrico e sacrificial: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

Aqui, João conecta Jesus ao cordeiro pascal (Êx 12.5-13), ao servo sofredor de Isaías 53.7, e aos sacrifícios do templo — revelando que Cristo é o antítipo perfeito de toda a tipologia redentora do Antigo Testamento (Hb 9.12-14).

Sua missão se consumou não com glória humana, mas com prisão e martírio (Mc 6.17-29), fazendo de João um mártir da verdade, cuja fidelidade permanece como exemplo eterno (Hb 11.36-38).

Assim, João Batista representa o elo profético entre as alianças e o modelo de um ministério que exalta Cristo acima de tudo.

2.1. João: uma testemunha fiel

João Batista é descrito em João 1.6-7 como “um homem enviado de Deus” ( ἄνθρωπος ἀπεσταλμένος παρὰ Θεοῦ ánthrōpos apestalmenos para Theou ), expressão que revela não apenas sua origem divina, mas seu caráter profético e autoridade celestial.

Ele foi levantado como cumprimento direto de Isaías 40.3: “Voz do que clama no deserto” , sendo essa “voz” ( qōl , קוֹל) um eco da proclamação escatológica de arrependimento.

Sua missão era preparar o caminho para o Messias — “endireitai no ermo vereda a nosso Deus” (Is 40.3; cf. Ml 3.1), simbolizando um chamado ao realinhamento espiritual da nação.

O termo “testemunha” usado para João vem do grego μάρτυς ( martys ), raiz da palavra “mártir”, e indica alguém que testifica com veracidade, ainda que isso lhe custe a vida (Ap 2.13).

João é o modelo de fidelidade profética, pois não negociou a verdade diante dos fariseus (Jo 1.19-27), nem diante de Herodes (Lc 3.19-20).

Seu ministério foi marcado pela coragem, pela integridade e pela centralidade em Cristo, pois ele mesmo declarou: “Eu sou a voz… mas no meio de vós está alguém que vós não conheceis” (Jo 1.23, 26).

Ele apontava para o outro, recusando qualquer forma de exaltação pessoal — sendo, assim, uma verdadeira testemunha fiel do Cordeiro de Deus.

2.2. Preparando o caminho

João Batista cumpriu com precisão a profecia de Isaías 40.3: “Preparai o caminho do Senhor” .

A expressão hebraica pannū derek YHWH (פַּנּוּ דֶּרֶךְ יְהוָה) traz a ideia de remover obstáculos espirituais, alinhando o coração do povo à vinda do Messias (Ml 3.1).

Por meio de uma pregação incisiva e confrontadora, João clamava: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 3.2), sendo que o termo grego metanoeite (μετανοεῖτε) expressa não apenas tristeza pelo pecado, mas uma mudança radical de mente e direção.

João desafiava diretamente o pecado das autoridades religiosas (Mt 3.7-10), alertava sobre o juízo iminente (Mt 3.12), e ensinava sobre justiça prática (Lc 3.10-14).

Seu batismo no Jordão simbolizava purificação e preparo espiritual, não apenas ritual (Mc 1.4; Jo 1.31).

Ao abrir os corações para a chegada do Filho de Deus, João rompeu com a religiosidade estéril da época, preparando um povo sensível à revelação de Jesus como o Cordeiro de Deus.

Sua missão não era formar discípulos para si, mas conduzi-los ao verdadeiro Mestre (Jo 3.28-30).

2.3. Humildade no serviço

João Batista demonstrou profunda consciência de seu lugar no plano divino ao afirmar: “Aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar” (Mt 3.11) e “…não sou digno de desatar-lhe a correia das sandálias” (Jo 1.27).

Essa declaração, à luz da cultura judaica, tem enorme peso: desatar as sandálias era tarefa do mais humilde servo (cf. Rute 4.7-8), e João, o maior nascido de mulher (Mt 11.11), se coloca abaixo disso diante de Cristo.

A expressão grega οὐκ εἰμὶ ἱκανὸς ( ouk eimi hikanos ) – “não sou digno” – revela profunda reverência e autonegação.

Sua humildade não era falsa modéstia, mas fruto de uma espiritualidade centrada na glória de Deus.

João compreendia que seu papel era apontar para o Messias, não ocupar o lugar d’Ele. Por isso declarou: “Convém que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30).

Tal atitude exalta a centralidade de Cristo ( Christocentricidade ) no ministério profético e serve de exemplo para todos os que servem no Reino: liderar é servir, e servir é se esconder atrás da cruz (2Co 4.5; Gl 6.14).

📌 Até aqui, aprendemos que: João Batista foi uma testemunha fiel e destemida, chamado por Deus para preparar os corações para a vinda do Messias. Com coragem profética e profunda humildade, ele confrontou o pecado, chamou ao arrependimento e apontou para Cristo como o Cordeiro de Deus. Sua vida exalta a centralidade de Jesus e nos inspira a servir com fidelidade, mesmo diante da oposição (Lc 1.76-79; Jo 3.30; Mt 11.10).

3. Nada impediu a missão do Filho de Deus

A missão de Jesus, o Filho de Deus ( ho Huios tou Theou , Jo 3.18), não foi interrompida pela rejeição dos líderes religiosos (Mc 3.6; Mt 23.13-28), nem pela indiferença das multidões (Jo 6.66), nem mesmo pelas forças espirituais da maldade (Lc 4.1-13; Ef 6.12).

Ele “manifestou o rosto para ir a Jerusalém” (Lc 9.51), indicando decisão resoluta ( stērizō , firmeza inabalável) em cumprir até o fim a missão redentora confiada pelo Pai (Jo 4.34; 6.38-39).

Ainda que traído (Jo 13.21), abandonado (Mc 14.50) e condenado injustamente (Lc 23.4), Jesus não recuou, pois sua motivação era a obediência plena à vontade divina (Fp 2.8; Hb 10.7).

A cruz, símbolo máximo da vergonha e sofrimento (Hb 12.2), tornou-se, paradoxalmente, o trono da vitória eterna (Cl 2.14-15).

O verbo grego tetelestai (τετέλεσται), pronunciado por Jesus em João 19.30 — “Está consumado” —, indica missão cumprida, dívida paga, propósito completado.

Nenhuma força humana ou espiritual pôde frustrar o eterno plano da redenção (Ef 1.4-10; At 2.23), pois Ele veio para “buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19.10) — e o fez com excelência.

Assim, a missão do Filho de Deus é o testemunho supremo de que a fidelidade e o amor divino triunfam sobre toda oposição.

3.1. A missão continuou

Jesus, consciente de Sua missão desde antes da fundação do mundo (1Pe 1.20; Ap 13.8), não se intimidou com críticas, rejeição ou perseguição.

Ele declarou: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra” (Jo 4.34), revelando um compromisso absoluto com o propósito do Pai ( thelēma tou Patros – Mt 26.39).

Mesmo sendo acusado de blasfêmia (Jo 10.33), difamado (Mt 11.19), ameaçado de morte (Jo 11.53) e traído (Mt 26.48-49), Jesus prosseguiu com firmeza até o Calvário, onde “foi contado com os transgressores” (Is 53.12; Lc 22.37), cumprindo integralmente as Escrituras (Lc 24.27, 44).

O termo grego plēroō (πληρόω), usado para “cumprir” as profecias, indica plenitude e exatidão.

Cada passo de Jesus foi marcado pelo cumprimento profético: desde Seu nascimento (Is 7.14; Mt 1.22), ministério (Is 61.1-2; Lc 4.17-21), até Sua morte e ressurreição (Sl 22; Is 53; Mt 27.35).

Sua perseverança nos ensina que a oposição não é sinal de fracasso, mas parte do caminho da obediência que glorifica ao Pai (Jo 17.4; Hb 5.8).

A missão não parou; ela avançou com poder e propósito eterno.

3.2. A cruz não foi o fim

A cruz de Cristo não foi um fracasso trágico, mas o ápice do plano redentor de Deus ( sōtēria tou Theou – Hb 2.3).

Desde o Éden, a morte do Messias já era prevista (Gn 3.15), e ao longo das Escrituras, a cruz foi anunciada como instrumento de expiação (Is 53.4-6; Sl 22.16-18).

Jesus mesmo afirmou: “Para isso vim ao mundo” (Jo 18.37), e que “o Filho do Homem será entregue… e crucificado” (Mt 20.18-19), mostrando que Sua morte era voluntária, vicária e predeterminada (At 2.23).

A expressão usada por Paulo em 1Co 1.18, “a palavra da cruz” ( ho logos tou staurou ), é a síntese do poder de Deus que salva.

Contudo, a cruz não foi o ponto final. A ressurreição, no terceiro dia (Lc 24.6-7), foi o selo de aprovação divina, confirmando que Jesus cumpriu com perfeição tudo o que o Pai determinou (Rm 1.4; At 13.30-33).

O túmulo vazio não só valida a identidade messiânica de Jesus (Sl 16.10; At 2.27), como também garante que a missão foi consumada com êxito (Jo 19.30; Hb 9.12).

A cruz é o caminho, mas a ressurreição é a vitória — sinal de que nenhuma oposição humana ou espiritual pode deter os propósitos eternos do nosso Deus (Rm 8.31-39).

3.3. O impacto eterno

O impacto da missão de Jesus transcende o tempo e alcança gerações.

Porque Ele não desistiu (Hb 12.2-3), hoje milhões são salvos, reconciliados com Deus e vivem em novidade de vida (2Co 5.17-19).

A obra da cruz produziu frutos eternos: salvação ( sōtēria , σωτηρία – Ef 2.8), reconciliação ( katallagē , καταλλαγή – Rm 5.10), e vida abundante ( zōē perissos , ζωὴν περισσόν – Jo 10.10).

Jesus é o mediador da nova aliança (Hb 8.6; 1Tm 2.5), o caminho para o Pai (Jo 14.6) e a fonte da vida eterna (Jo 3.16; Jo 17.3).

O termo “eterno” em grego, aiōnios (αἰώνιος), não se refere apenas a duração sem fim, mas a uma qualidade de vida que procede diretamente de Deus.

A missão de Cristo abriu um novo e vivo caminho (Hb 10.19-20), fazendo-nos participantes da natureza divina (2Pe 1.4) e herdeiros da glória eterna (Rm 8.17-18).

O que começou na cruz continua frutificando no coração de cada crente regenerado, sendo perpetuado pela proclamação do Evangelho até que Ele venha (Mt 28.19-20; Ap 7.9-10).

A missão cumprida de Jesus é a base do nosso chamado e a razão da nossa esperança.

📌 Até aqui, aprendemos que: Nada — nem rejeição, nem oposição religiosa, nem poderes espirituais — foi capaz de deter o Filho de Deus. Com firmeza, obediência e amor sacrificial, Jesus cumpriu com excelência a missão de salvar a humanidade. A cruz não foi derrota, mas triunfo, e Sua ressurreição confirma que o plano eterno de Deus se cumpriu perfeitamente para gerar salvação, reconciliação e vida eterna (Jo 19.30; Hb 5.9; Rm 8.31-34).

Conclusão

A rejeição de Jesus pelos seus — “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1.11) — não frustrou o plano soberano de Deus ( boulē tou Theou , At 2.23).

Ao contrário, confirmou o que já fora profetizado: “Era desprezado e rejeitado entre os homens” (Is 53.3), onde o termo hebraico ma’ăs (מָאַס) expressa uma recusa consciente e desprezível.

Ainda assim, o Filho permaneceu fiel ( pistos , πιστός – Hb 3.2), enfrentando a cruz com firmeza (Lc 9.51), e declarando ao final: “Está consumado” ( tetelestai , τετέλεσται – Jo 19.30), indicando missão concluída com perfeição.

Sua fidelidade diante da oposição tornou-se modelo de obediência sacrificial (Fp 2.8; Hb 12.2-3).

Esse exemplo nos chama à perseverança ( hypomonē , ὑπομονή – Rm 5.3; Tg 1.12), mesmo quando formos rejeitados, mal interpretados ou perseguidos por causa do Evangelho (Mt 5.10-12; Jo 15.20).

A fidelidade cristã não depende da aceitação dos homens, mas da certeza de que Deus governa todas as coisas (Dn 4.35; Rm 8.28).

Como o Pai sustentou o Filho até a cruz, também nos sustenta em nossa missão (2Co 4.8-10), pois “fiel é o que vos chama, o qual também o fará” (1Ts 5.24).

Portanto, que sejamos achados fiéis, cumprindo nossa parte no plano eterno, confiantes de que o Reino de Deus jamais será frustrado (Mt 16.18; Ap 5.10).

Diante da fidelidade de Cristo, mesmo sendo rejeitado, traído e crucificado, somos chamados a uma reflexão profunda: temos permanecido fiéis à missão que Deus nos confiou, mesmo quando não somos compreendidos ou aceitos?

Jesus não recuou diante das adversidades; Ele enfrentou a oposição com coragem e obediência, sabendo que o Pai estava no controle de todas as coisas (Jo 17.4; Hb 5.8).

Hoje, você pode estar lidando com rejeições, críticas ou até perseguições.
Mas lembre-se: a missão é maior do que o momento, como João Batista apontou para Cristo com humildade, e como o próprio Cristo seguiu até o fim, você também é chamado a perseverar, sabendo que há frutos eternos sendo gerados pela sua fidelidade.

Não desista. Não pare. Deus está com você, e o que Ele começou, Ele mesmo há de completar (Fp 1.6). Amém.

📖 Versículo-chave para reflexão:

“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome” (João 1.12 – ACF)

📌 Aplicação Prática da Lição

Mesmo quando enfrentamos rejeição ou oposição, devemos manter nosso compromisso com a missão que Deus nos confiou, pois ela não depende da aceitação humana, mas da fidelidade divina.

📢 Desafio da Semana

Evangelize alguém que esteja enfrentando rejeição e compartilhe com ela o amor do Filho de Deus que nunca desiste de ninguém.

Seu irmão em Cristo,  Pr. Francisco Miranda do Teologia24horas, um jei​to inteligente de ensinar e aprender!​

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