A miopia de Esaú
Uma pessoa míope não tem dificuldades para enxergar objetos próximos com nitidez, o problema está naqueles estão distantes, os quais são vistos de forma embaçada.
Fazendo um contraste da miopia com a vida cristã, a miopia espiritual é um grave problema para a visão do cristão, ou seja, ser míope na fé é, inclusive, algo que demonstra fragilidade e superficialidade de espírito.
Esaú, o filho mais velho de Isaque e Rebeca, e irmão gêmeo de Jacó, não avistou a bênção que lhe estava proposta e, enfocando apenas o “objeto próximo”, abdicou da sua primogenitura para satisfazer suas necessidades alimentares (Gn 25:34).
Olá, graça e paz, aqui é o seu irmão em Cristo, Pr. Francisco Miranda do Teologia24horas, que essa “paz que excede todo entendimento, que é Cristo Jesus, seja o árbitro em nosso coração, nesse dia que se chama hoje…” (Fl 4:7; Cl 3:15).
O nascimento de Esaú
Rebeca era estéril, mas num determinado momento Deus lhe abriu a madre e ela engravidou de gêmeos. Os gêmeos Esaú e Jacó lutavam dentro de seu ventre. A expressão original no hebraico em Gênesis diz literalmente que eles esmagavam um ao outro.
Devido a isso, Rebeca orou a Deus perguntando o porquê de estar ocorrendo aquilo em seu ventre. Deus então lhe respondeu que ela estava carregando duas nações, e lhe falou, inclusive, sobre as implicações históricas do nascimento de seus filhos, deixando claro que o mais velho serviria o mais jovem (Gn 25:23-26).
Quando se deu a ocasião do nascimento dos meninos, o primeiro a nascer foi Esaú, porém Jacó estava agarrado em seu calcanhar (Gn 25:24-26).
Esaú era o filho preferido de Isaque. Ele era um habilidoso caçador, que vivia percorrendo os campos, sua personalidade contrasta drasticamente com seu irmão Jacó, já que esse é descrito como alguém calmo e que vivia entre as tendas.
A Bíblia diz que Isaque gostava muito de comer das caças que seu filho lhe trazia. Talvez pelo favoritismo do pai por um dos filhos, e a brecha que tal comportamento causava no convívio familiar, Rebeca, a mãe, amava mais a Jacó (Gn 25:28-30).
Esaú vende o direito de primogenitura
A Bíblia descreve que Esaú havia chegado do campo exausto e com muita fome, e Jacó tinha preparado um guisado, um ensopado vermelho.
Quando Esaú pediu para comer do guisado, seu irmão explorou sua miséria e lhe propôs a venda de sua primogenitura.
O primogênito detinha a posição de honra dentro da unidade familiar, desfrutando de um status privilegiado e assumindo a responsabilidade de ser o protetor e líder da família.
O primogênito tinha direito a receber uma porção dobrada da herança paterna.
Além de todos esses aspectos, por se tratar da família de Abraão, devemos nos lembrar de que ali também havia a questão da herança do pacto abraâmico.
Ao desprezar sua primogenitura, Esaú também mostrou desprezo pelas bênçãos da Aliança e pelas promessas de Deus.
O principal problema de Esaú é descrito como um homem profano em Hebreus 12:16-17 “E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou”.
Profanar significa tornar comum algo santo ou especial. O episódio relatado na Bíblia para ilustrar essa falha de Esaú é a venda do seu direito de primogenitura por uma refeição.
Seu direito como primeiro filho traria benefício para ele e seus descendentes no futuro distante, enquanto a comida satisfaria seu desejo imediato. Pensou no presente e não no futuro. Não mediu bem as consequências dos seus atos.
Esaú foi chamado profano porque trocou algo de grande valor e importância por uma coisa de pouco valor.
Esse exemplo de Esaú é usado pelo autor de Hebreus, quase 2.000 anos depois do fato, para ensinar uma lição importante para os seguidores de Jesus. Devemos escolher bem, olhando para o futuro. E, principalmente, não devemos fazer comum algo santo e especial.
Em uma cultura dominada cada vez mais pela exigência da satisfação imediata de desejos, precisamos desse exemplo de Esaú.
A religião é boa e valiosa, mas pessoas egoístas distorcem e pervertem seu sentido. “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tiago 1:27).
O atual mundo religioso, porém, não busca a santidade e nem o serviço sacrificial. Os pregadores populares oferecem felicidade imediata e satisfação de desejos egoístas.
A religião dominante do nosso dia está cheia de encantamentos mágicos e pensamentos positivos e vazios para alcançar seus próprios objetivos.
Adoração do Deus eterno é substituída por shows realizados para agradar os “adoradores” que se dobram diante do trono do egoísmo. Deus, o único objeto válido de adoração, se torna apenas um instrumento manipulado pela criatura.
Esaú e a benção de Isaque
Na ocasião em que Isaque iria dar sua benção, Rebeca agiu com muita astucia e arquitetou um plano para que Jacó recebesse tal benção no lugar de irmão (Gn 27:1-10).
Quando Esaú voltou do campo e trouxe a seu pai um prato feito com sua caça que tanto lhe agradava, Isaque percebeu que havia sido enganado, e lhe contou que ele acabara de perder sua benção.
Esaú ficou profundamente entristecido com o que houve, implorou ao pai que lhe desse uma benção e culpou Jacó por toda aquela situação (Gn 27:34,36).
Todavia, a benção que foi dada a Jacó não poderia ser revertida. O escritor do livro de Hebreus depois enfatizou que Esaú foi incapaz de se arrepender verdadeiramente (Hb 12:16,17). Esaú também prometeu matar seu irmão Jacó (Gn 27:41).
Esaú se casou com duas esposas hetéias, e isso desagradou seus pais. Então ele tentou amenizar essa situação casando-se com uma descendente de Ismael na terra de Seir (Gn 28:6,9). Nessa mesma região Esaú fixou residência (Gn 36:8).
Esaú reencontra Jacó
Anos mais tarde, quando Jacó retornou da Mesopotâmia, os irmãos se reencontraram numa cena comovente. Jacó temia pelo momento do reencontro, e por isso pediu a Deus que aplacasse a ira de Esaú.
No momento do encontro, Esaú estava liderando 400 homens armados, mas demonstrou afeto e misericórdia abraçando e perdoando seu irmão (Gn 33:3-21).
Apesar de Esaú ter sido cordial, Jacó ainda desconfiava da genuinidade de seu perdão, mas, de fato, Esaú não desejava mais se vingar. Os irmãos se encontraram mais uma vez por ocasião do sepultamento de Isaque (Gn 35:29).
Os descendentes de Esaú
Os descendentes de Esaú foram os edomitas. Se os ânimos tinham se acalmado entre Esaú e Jacó, o mesmo não pode ser dito de seus descendentes.
O povo de Israel e o povo de Edom sempre estiveram travando intensas disputas e batalhas (Nm 20:18-21; 1Rs 11:14s; Sl 137:7).
Ambos os povos se odiaram e se desprezaram mutuamente, numa continua luta fratricida. O auge dessa tensão ocorreu entre o reinado de Davi e estendeu-se até o período posterior ao cativeiro babilônico.
Nada se sabe sobre o restante da vida de Esaú. Posteriormente seu nome é mencionado em Deuteronômio (2:3-29), no livro de Josué (Js 24:4), em uma lista genealógica (1Cr 1:34,35) e nas profecias dos profetas Jeremias, Obadias e Malaquias (Jr 49:7-10; Ob 1:6-21; Ml 1:2,3).
No Novo Testamento, Esaú aparece na exposição sobre o profundo significado teológico de sua rejeição e da eleição de Jacó pela soberana escolha de Deus (Rm 9; Hb 12:16s).
Conclusão
Os israelitas correram um grande risco de sucumbir devido à miopia espiritual que eles tiveram:
- 1) ante o Mar Vermelho: olharam para a dificuldade, e não para Deus;
- 2) ante Golias: olharam para o tamanho do gigante, e não para Deus;
- 3) ante a terra de Canaã: olharam para o poder do povo e para a fortificação da cidade, e não para Deus.
Graças a Deus, houve um Moisés, um Davi e uma dupla Josué e Calebe para limpar a visão do povo!
A miopia espiritual é um mal que precisa de conserto, nossa visão precisa de colírios divinos para enxergarmos melhor.
Nos olhos precisam de lentes que foquem nos projetos de Deus, devemos depender da graça de Deus para ver o que está longe com a mesma nitidez que vemos o que está perto.
Míopes, “olhai para mim, e sereis salvos” (Is 45:22), diz o Senhor Deus.
Espero que esse Refrigério Teológico, possa beneficiar no seu crescimento espiritual, faça suas considerações/comentários logo abaixo, compartilhe, discuta com o seu cônjuge, seus filhos, seus irmãos e amigos…
Não sei se você é uma dessas pessoas que têm dificuldades de entender a Bíblia. Eu já fui e sofri muito!
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Gracia y paz!🙏🏼
Me ha gustado mucho la reflexión teológica.
Bendiciones