A unidade na Igreja: estamos construindo um altar ou uma torre?

A unidade na Igreja é um princípio essencial do Reino de Deus, quando as pessoas se unem em um propósito comum, tornam-se capazes de realizar grandes feitos.
No entanto, a Bíblia nos ensina que a unidade, por si só, não é suficiente; ela pode ser direcionada tanto para glorificar a Deus quanto para atender a interesses egoístas.
A história da Torre de Babel em Gênesis 11:1-6 nos mostra um exemplo claro disso, a humanidade, unida por uma mesma língua e um objetivo compartilhado, decidiu construir uma torre para exaltar seu próprio nome, em vez de cumprir a vontade de Deus.
Como resultado, o Senhor interveio e dispersou as nações, confundindo suas línguas e falas.
Essa lição continua extremamente relevante para a Igreja hoje: estamos buscando unidade para cumprir os propósitos de Deus ou para engrandecer nossos próprios projetos?
Neste Refrigério Teológico, vamos explorar como podemos construir uma unidade na Igreja que glorifique a Deus e não repita os erros de Babel.
Olá, graça e paz, aqui é o seu irmão em Cristo, Pr. Francisco Miranda do Teologia24horas, que essa “paz que excede todo entendimento, que é Cristo Jesus, seja o árbitro em nosso coração, nesse dia que se chama hoje…” (Fl 4:7; Cl 3:15).

A unidade de Babel: Uma aliança de rebelião
“E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala.” (Gênesis 11:1, ACF)
Neste versículo, a Bíblia faz uma distinção entre “uma mesma língua” e “uma mesma fala”.
À primeira vista, esses termos podem parecer sinônimos, mas possuem significados distintos quando analisados com profundidade.
“Uma mesma língua” (שָׂפָה – “Saphah”)
A palavra hebraica שָׂפָה (saphah) significa literalmente “lábio” e, por extensão, “idioma” ou “língua falada”. Isso indica que toda a humanidade falava o mesmo idioma, sem barreiras linguísticas que impedissem a comunicação.
“Uma mesma fala” (דְּבָרִים אֲחָדִים – “Devarim Achadim”)
A expressão דְּבָרִים אֲחָדִים (devarim achadim) pode ser traduzida como “palavras unificadas” ou “um só discurso”.
Isso não se refere apenas ao idioma, mas também à ideologia, visão e propósito comum, ou seja, não apenas falavam a mesma língua, mas também estavam alinhados em um mesmo pensamento e objetivo.
Essa diferença entre língua e fala é crucial para entender por que Deus interveio.
Ele não apenas confundiu as línguas (Gênesis 11:7), mas também interrompeu a coesão do pensamento humano.
- Se tivessem só uma mesma língua, mas pensamentos diferentes, o projeto poderia ter sido interrompido naturalmente.
- Mas como tinham uma mesma fala (ideologia única), Deus precisou agir para impedir que avançassem em sua rebeldia.
O problema não era apenas que falavam o mesmo idioma, mas que estavam unidos em uma mentalidade de rebelião contra Deus.
Isso revela dois aspectos importantes:
- Unidade humana sem Deus – Eles estavam unidos em pensamento e ação, mas seu propósito era egoísta e independente de Deus.
- Autossuficiência e orgulho – Em vez de se espalharem e cumprirem a ordem divina de povoar a terra (Gênesis 9:1), tentaram criar uma segurança própria através da construção de uma cidade e uma torre.
No entanto, Deus viu que essa unidade não estava alinhada com Sua vontade e interveio.
“E o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.” (Gênesis 11:6, ACF)
A unidade humana sem Deus pode levar a grandes conquistas, mas também pode se tornar uma força destrutiva quando usada para propósitos errados.
O problema da Torre de Babel não foi a unidade em si, mas o propósito errado da unidade.
A humanidade queria se exaltar ao invés de glorificar a Deus.
Por isso, o Senhor confundiu as línguas, quebrando a comunicação e, consequentemente, a unidade.
O poder da linguagem
A Bíblia ensina que as palavras têm poder para edificar ou destruir.
Provérbios 18:21 – “A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto.”
Um exemplo bíblico poderoso é o caso dos doze espias em Números 13.
Dez deles usaram a linguagem para espalhar medo e incredulidade, enquanto Josué e Calebe usaram a linguagem da fé.
O povo acreditou nos pessimistas e perdeu 40 anos no deserto.
Como estamos usando nossa linguagem? Para espalhar temor ou fé? Para edificar ou destruir?
O apóstolo Paulo destaca a importância de termos uma linguagem renovada em Cristo.
“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem” (Efésios 4:29)
O que falamos molda o que cremos e o que vivemos.
Se falamos derrota, vivemos na derrota. Se falamos fé, caminhamos em vitória.
O propósito de Deus para a unidade na Igreja
No contexto bíblico, a palavra “unidade” é traduzida do termo grego “ἑνότης” (henótēs), que significa “unidade” ou “unanimidade”, este termo deriva de “εἷς” (heis), que significa “um”.
No Antigo Testamento é frequentemente representado pelo termo hebraico “אֶחָד” (echad), que significa “um” ou “único”.
Unidade significa algo do que é um ou único, que não pode ser dividido, homogeneidade, uniformidade.
Ao confundir as línguas, Deus impediu que essa unidade continuasse no caminho da rebeldia.
O que aconteceu em Babel foi revertido em Atos 2, no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo deu aos discípulos outras línguas para proclamar o Evangelho.
Diferença entre as duas unidades:
- Babel: Unidade humana sem Deus → Confusão e dispersão.
- Pentecostes: Unidade pelo Espírito Santo → Evangelização e expansão do Reino.
A verdadeira unidade não vem de um esforço humano para alcançar o céu, mas de uma submissão ao Espírito Santo, que une os crentes em Cristo.
A oração sacerdotal de Jesus, registrada no capítulo 17 do Evangelho de João, nos versículos 21 a 23, o texto bíblico diz:
“Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim”.
Jesus fala da unidade que há dentro da Divindade e diz que essa unidade deve estar também com os discípulos.
Mas a unidade tem uma consequência prática, que é repetida duas vezes nesses versículos: “Para que o mundo creia…” e “A fim de que o mundo saiba…”.
A falta de unidade do povo de Deus dificulta que as pessoas cheguem à fé. Ela se torna um escândalo que provoca descrença.
O que provoca a divisão dos cristãos, do Corpo de Cristo? Na prática, os motivos são os mais diversos.
Alguns podem ser mesquinhos, como orgulho, poder e desentendimentos pessoais. Outras vezes, as situações são mais complexas, como diferenças doutrinárias e discordâncias sobre o que seja a verdade.
Um outro texto fundamental sobre a unidade está no capítulo 4 da Epístola de Paulo aos Efésios, nos versículos 3 a 6.
O texto ensina que a unidade é um presente de Deus, mas que deve ser conservada, pois pode ser destruída:
“Façam tudo para conservar, por meio da paz que une vocês, a união que o Espírito dá. Há um só corpo, e um só Espírito, e uma só esperança, para a qual Deus chamou vocês. Há um só Senhor, uma só fé e um só batismo. E há somente um Deus e Pai de todos, que é o Senhor de todos, que age por meio de todos e está em todos.”
A unidade não é um objetivo a ser alcançado, pois já existe em Deus: há um só Deus e Pai de todos, uma só fé e um só batismo.
Contudo, a unidade precisa ser conservada, pois pode ser perdida, isso significa que há uma tensão presente no texto, um paradoxo com o qual precisamos lidar diariamente: embora a unidade seja um dom divino, nós temos a responsabilidade de preservá-la.
O texto pode até parecer chocante quando consideramos o quadro do cristianismo atual.
A divisão e a competição entre as denominações e os desentendimentos entre líderes parecem indicar que a unidade da Igreja não existe e que ela deve ser buscada.
No entanto, o texto bíblico nos ensina que a unidade não deve ser criada, mas conservada. Por isso, a exortação: “Façam tudo para conservar, por meio da paz que une vocês, a união (unidade) que Cristo dá.”
Embora a unidade seja um presente que Deus nos dá, ela pode ser perdida, por isso, devemos agir com esforço e intencionalidade para preservá-la.
O que você tem feito para conservar a unidade da Igreja?
Como pode contribuir para que essa verdade bíblica se manifeste em sua comunidade de fé?
Obstáculos à unidade na Igreja e como superá-los
A falta de unidade muitas vezes surge por motivos como:
- Egoísmo e orgulho (Filipenses 2:3)
- Falta de perdão (Efésios 4:32)
- Falsas doutrinas (2 Pedro 2:1)
- Fofocas e contendas (Tiago 3:16)
Um exemplo bíblico da ruptura da unidade foi a Torre de Babel (Gênesis 11:1-9), embora o povo estivesse unido em linguagem e propósito, sua unidade estava em rebeldia contra Deus.
Como resultado, o Senhor confundiu suas línguas e dispersou a humanidade, isso nos ensina que a unidade deve estar alinhada com a vontade divina, pois uma unidade sem Deus resulta em divisão e juízo.
Para superar esses desafios, a Igreja deve cultivar:
- Humildade e serviço mútuo (João 13:14)
- Prática constante do perdão (Mateus 6:14-15)
- Discernimento e ensino correto da Palavra (2 Timóteo 2:15)
- Um espírito de amor e cooperação (Romanos 12:10) A falta de unidade muitas vezes surge por motivos como:
- Egoísmo e orgulho (Filipenses 2:3)
- Falta de perdão (Efésios 4:32)
- Falsas doutrinas (2 Pedro 2:1)
- Fofocas e contendas (Tiago 3:16)
- Para superar esses desafios, a Igreja deve cultivar:
- Humildade e serviço mútuo (João 13:14)
- Prática constante do perdão (Mateus 6:14-15)
- Discernimento e ensino correto da Palavra (2 Timóteo 2:15)
- Um espírito de amor e cooperação (Romanos 12:10)
Como construir uma verdadeira unidade
Se quisermos construir uma unidade que glorifique a Deus, precisamos seguir alguns princípios fundamentais:
- Unidade baseada na vontade de Deus (Efésios 4:3) – Devemos buscar uma unidade que esteja alinhada com os princípios do Reino.
- Propósito coletivo centrado em Cristo, não no ego humano (Filipenses 2:3) – A unidade da Igreja não deve servir interesses individuais, mas sim a glória de Deus.
- Comunicação edificante, não desagregadora (Efésios 4:29) – Nossa fala deve fortalecer e não enfraquecer a comunhão.
- Oração e dependência de Deus para manter a unidade verdadeira (João 17:21) – Precisamos buscar ao Senhor para manter a unidade pelo Espírito Santo.
Conclusão
A unidade na Igreja não pode ser como a unidade de Babel, que buscava engrandecer o homem.
Ao contrário, deve ser como a unidade da Igreja primitiva, que crescia porque estava fundamentada em Cristo e na ação do Espírito Santo.
Se a Igreja buscar sua própria glória, ela se tornará como Babel.
Mas se buscar a glória de Deus, será como a Igreja de Atos 2, cheia do Espírito e eficaz para o Reino.
A pergunta que fica é: Como temos vivido a unidade dentro da Igreja? Estamos nos unindo para glorificar a Deus ou para construir nossas próprias torres?
Espero que este Refrigério Teológico tenha edificado sua vida espiritual!
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Vivemos tempos em que a unidade na Igreja é visível — mas muitas vezes construída sobre projetos humanos, estratégias institucionais e agendas pessoais, e não sobre a vontade soberana de Deus.
A Torre de Babel nos ensina uma verdade desconfortável: nem toda união agrada ao Senhor.
Mas… e se redirecionássemos a unidade na Igreja para o centro que nunca deveria ter sido abandonado?
E se Cristo voltasse a ser o propósito, o fundamento e o alvo de nossa comunhão?
E se Gênesis 11 escondesse chaves espirituais para discernirmos entre uma unidade carnal e uma unidade santa?
“E o Senhor disse: Eis que o povo é um… e agora nada lhes será restrito do que intentarem fazer.” (Gênesis 11:6, ACF)
Unidade verdadeira não constrói torres para homens, mas altares para Deus.
Neste Refrigério Teológico, você vai aprender:
🔹 Por que Babel revela o perigo de uma unidade sem Deus
🔹 A diferença entre a unidade de Babel e a unidade de Atos 2
🔹 Como Jesus orou para que fôssemos UM como Ele e o Pai são UM
🔹 O papel da linguagem, do propósito e do Espírito na verdadeira unidade
🔹 Como restaurar a unidade na Igreja centrada em Cristo
Chega de alianças em torno de torres que Deus jamais pediu para construir. É hora de alinhar propósito, linguagem e coração ao Céu.