Quantos animais de cada espécie entraram na Arca de Noé? Entraram dois ou sete pares?

Essa pode parecer uma pergunta boba, e que você já pensa saber a resposta. Mas, porém, entretanto, todavia quero te dizer que as coisas não são bem assim, quero lhe mostrar algo que talvez você nunca tenha percebido na sua própria Bíblia Sagrada.

Olá, graça e paz, aqui é o seu irmão em Cristo, Pr. Francisco Miranda do Teologia24horas, que essa PAZ que EXCEDE todo ENTENDIMENTO, que é CRISTO JESUS, seja o árbitro em nosso coração, nesse dia que se chama HOJE. (Fl 4:7; Cl 3:15)

Nesse Refrigério Teológico quero refletir com você sobre quantidade de animais que entraram na arca de Noé. Desde pequeno aprendemos que os animais entraram de dois em dois, ou seja, dois de cada espécie, um macho e uma fêmea.

“Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra. Faze para ti uma arca da madeira de gofer; farás compartimentos na arca e a betumarás por dentro e por fora com betume” (Gênesis 6:13,14)

Esse é um trecho de uma das passagens mais conhecidas da Bíblia – A Arca de Noé. Deus decide acabar com toda a carne, pois a terra estava cheia de violência. Mas Ele achou graça em Noé, e quis poupa-lo deste fim, na verdade ele poupou toda a humanidade.

Então Deus começa a instruir Noé para este feito, construir uma arca de aproximadamente 137x22x13m (CxLxA) e de três andares, isso porque haveria um dilúvio sobre a terra e a arca salvaria Noé, sua família e os animais.

Gênesis 6:17-22
17 Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda a carne em que há espírito de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra expirará.
18 Mas contigo estabelecerei a minha aliança; e entrarás na arca, tu e os teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos contigo.
19 E de tudo o que vive, de toda a carne, dois de cada espécie, farás entrar na arca, para os conservar vivos contigo; macho e fêmea serão.
20 Das aves conforme a sua espécie, e dos animais conforme a sua espécie, de todo o réptil da terra conforme a sua espécie, dois de cada espécie virão a ti, para os conservar em vida.
21 E leva contigo de toda a comida que se come e ajunta-a para ti; e te será para mantimento, a ti e a eles.
22 Assim fez Noé; conforme a tudo o que Deus lhe mandou, assim o fez.

Você deve estar pensando: — E aí? O que tem demais? Foram dois de cada espécie.

Sim, é isso o que o texto diz, dois de cada espécie, assim como aprendemos, um leão e uma leoa, um boi e uma vaca, um galo e uma galinha.

Deus pede dois animais de cada espécie, macho e fêmea, para “os conservar vivos” com Noé. A decisão de Deus ao colocar um macho e uma fêmea de cada espécie era para que houvesse continuação, para que procriassem.

Mas estudando mais detalhadamente o texto vi que existe a menção ali também da entrada de 7 pares de cada espécie, ou seja, sete pares, o macho e a fêmea. Surpreso?

(1) Na primeira parte da ordem de Deus a Noé, Deus orienta o seguinte: “De tudo o que vive, de toda carne, dois de cada espécie, macho e fêmea, farás entrar na arca, para os conservares vivos contigo” (Gênesis 6:19).

Boa parte dos leitores para a sua análise aqui, concluindo que Deus teria orientado que apenas dois de cada espécie entrassem na arca.

No entanto, a grande regra de ouro da interpretação bíblica é SEMPRE ler o contexto do texto. Isso ajuda a tirar conclusões mais corretas.

Agora vem a surpresa. Você sempre leu a Bíblia, sempre ouviu essa história, e talvez por isso sua percepção tenha se tornado um pouco insensível quanto aos detalhes da passagem. Isso prova o como estamos lendo a Bíblia, ou seja, qual a qualidade da nossa leitura. Digo isso porque certamente você desconhece a informação a seguir, de que não era somente um casal de cada espécie.

Gênesis 7:1-12 – ARA
1 Disse o Senhor a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque reconheço que tens sido justo diante de mim no meio desta geração.
2 De todo animal limpo levarás contigo sete pares: o macho e sua fêmea; mas dos animais imundos, um par: o macho e sua fêmea.
3 Também das aves dos céus, sete pares: macho e fêmea; para se conservar a semente sobre a face da terra.
4 Porque, daqui a sete dias, farei chover sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites; e da superfície da terra exterminarei todos os seres que fiz.
5 E tudo fez Noé, segundo o Senhor lhe ordenara.
6 Tinha Noé seiscentos anos de idade, quando as águas do dilúvio inundaram a terra.
7 Por causa das águas do dilúvio, entrou Noé na arca, ele com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos.
8 Dos animais limpos, e dos animais imundos, e das aves, e de todo réptil sobre a terra,
9 entraram para Noé, na arca, de dois em dois, macho e fêmea, como Deus lhe ordenara.
10 E aconteceu que, depois de sete dias, vieram sobre a terra as águas do dilúvio.
11 No ano seiscentos da vida de Noé, aos dezessete dias do segundo mês, nesse dia romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as comportas dos céus se abriram,
12 e houve copiosa chuva sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites.

Isso mesmo, o verso dois da sua Bíblia está certo, não foi erro de digitação. Algumas espécies de animais tiveram sete casais na arca e não apenas um. Deus pede sete casais de animais puros, e os impuros seriam apenas um casal.

Sobre as aves o texto não especifica se eram da mesma forma que os outros, ou se eram sete casais de toda espécie de aves.

Entretanto, é importante ressaltar que não há contradição nos dois textos. No primeiro, em Gênesis 6.17-22, Deus diz para fazer entrar na arca dois de cada espécie, de modo a conservar em vida. Já no segundo, em Gênesis 7.1-12, vemos uma explicação detalhada acerca da seleção dos animais. Ou seja, no mínimo dois de cada espécie entrariam.

Algumas dessas teriam sete casais ao invés de um. O capítulo sete detalha quais e quantos animais entrariam na arca. Antes Deus explica o que faria, e depois Ele explica como faria.

Vejamos o que o contexto nos mostra:

(2) Na sequência da ordem de Deus, já no período em que Noé iria entrar na arca, Deus detalha muito mais a ordem e diz a ele: “De todo animal limpo levarás contigo sete pares: o macho e sua fêmea; mas dos animais imundos, um par: o macho e sua fêmea” (Gênesis 7:2).

Observe que agora, sete dias antes de começar o dilúvio, Deus traz maiores pormenores da quantidade de animais de cada espécie. Temos a adição de dois termos: animais limpos e animais imundos.

Dos animais “limpos” Noé deveria levar 7 pares (7 machos e 7 fêmeas = 14 animais de cada espécie). Dos animais “imundos” deveria levar 1 par (1 macho e 1 fêmea = 2 animais de cada espécie).

A primeira diz que Noé pegou 7 pares dos animais puros, conforme o Senhor lhe prescreveu (Gn 7:2). Mas, após fazer uma seleção, apenas um par de cada entrou na arca com ele (Gn 7:15-16). De fato, Deus não teria ordenado que Noé levasse na arca 7 pares de cada espécie dos animais puros, mas que pegasse 7 pares, e desses escolhesse um par para entrar na arca.

O problema dessa primeira solução está em que se Deus disse para Noé levar consigo os animais na arca a fim de preserva-los, o mais lógico seria levar mais de um par dos animais puros, pois eles são usados nos sacrifícios (cf. Gn 8:20), e, sendo apenas um par, logo seriam extintos.

Mas devemos lembrar que, escolhendo um par dentre sete, Noé pôde escolher aqueles que logo dariam cria, sem que os sacrifícios causassem a extinção dos animais puros.

A segunda diz que entraram na arca um par de todos os animais (Gn 7:8-9 – regra geral), exceto dos animais puros, que entraram 7 pares de cada espécie (Gn 7:2), pois Deus ordenou a Noé que levasse consigo um par de cada animal (Gn 6:19-20 – regra geral), exceto quanto aos animais puros, em que Noé teria que levar consigo 7 pares (Gn 7:2-3 – regra específica, exceção).

O problema dessa solução é que a Bíblia é clara ao afirmar que “Dos animais puros e impuros, das aves e de tudo o que se arrasta sobre a terra, entraram na arca com Noé, um casal, macho e fêmea, como o Senhor havia ordenado a Noé.” (Gn 7:8-9) Portanto, não poderia ser interpretado como regra geral, mas que também dos animais puros entraram na arca apenas um par de cada espécie.

Mas essa passagem admite uma interpretação que vem comumente sendo usada para os adeptos desta segunda solução: ela mostra como os animais entraram na arca, e não quantos animais entraram na arca.

Gn 7:8-9 não diz, necessariamente, que apenas um par de cada espécie dos animais puros entraram na arca com Noé, mas que entraram na arca com Noé, enfileiradamente, dois a dois, um par de cada espécie de animal, tanto puros quanto impuros, talvez para conferência ou por um outro critério de organização.

Assim, segundo essa solução, sete foram os pares de animais puros que entraram na arca com Noé, mas eles entraram dois a dois.

A melhor interpretação, então, seria de que: “Dos animais puros e impuros, das aves e de tudo o que se arrasta sobre a terra, entraram na arca com Noé, um casal [de cada vez], macho e fêmea, como o Senhor havia ordenado a Noé.” (Gn 7:8-9)

“De cada espécie que tem um sopro de vida um casal [de cada vez] entrou na arca de Noé. Eles chegavam, macho e fêmea, de cada espécie. Como Deus tinha ordenado a Noé. E o Senhor fechou a porta atrás dele.” (Gn 7:15-16)

Animais puros e impuros

Creio que você tenha ficado curioso quanto a essa distinção dos animais, mas antes lembre-se que quem acreditamos ter escrito Gênesis foi Moisés, ou seja, ele era conhecedor da lei dada a Deus para o povo.

Acredito que ao ter a revelação da Criação do Mundo, ele percebe que os animais que Deus poupou sete casais eram justamente os considerados puros na lei, e os demais, os impuros. Por isso vemos essas designações, puro e impuro, que era comum entre os hebreus.

A separação dos animais puros e impuros pode ser encontrada duas vezes no Pentateuco, a primeira em Levítico 11 e a segunda em Deuteronômio 14. Os dois textos são similares, mas um complementa o outro.

Destaquei alguns textos de ambas as ocorrências que nos dá um bom esclarecimento acerca da diferença entre puro e impuro. Vejamos:

“Falou o SENHOR a Moisés e a Arão, dizendo-lhes: fala aos filhos de Israel, dizendo: Estes são os animais, que comereis dentre todos os animais que há sobre a terra. Dentre os animais, todo o que tem unhas fendidas, e a fenda das unhas se divide em duas, e rumina, deles comereis. Destes, porém, não comereis; dos que ruminam ou dos que têm unhas fendidas; o camelo, que rumina, mas não tem unhas fendidas; esse vos será imundo” (Levítico 11:1-4)

“Nenhuma coisa abominável comereis. Estes são os animais que comereis: o boi, a ovelha, e a cabra. O veado e a corça, e o búfalo, e a cabra montês, e o texugo, e a camurça, e o gamo. Todo o animal que tem unhas fendidas, divididas em duas, que rumina, entre os animais, aquilo comereis. Porém estes não comereis, dos que somente ruminam, ou que têm a unha fendida: o camelo, e a lebre, e o coelho, porque ruminam mas não têm a unha fendida; imundos vos serão. Nem o porco, porque tem unha fendida, mas não rumina; imundo vos será; não comereis da carne destes, e não tocareis nos seus cadáveres” (Deuteronômio 14:3-8)

Tanto em Levítico como em Deuteronômio, Deus instrui acerca dos animais que vivem nos mares e também dos insetos. Apenas não os destaquei aqui por se tratarem de espécies não mencionadas no dilúvio.

Os animais considerados puros eram importantes para duas coisas: alimento e sacrifício. Podemos acreditar que esse diferenciado número de animais puros fosse para além de manter a espécie, também servirem de alimento e de oferta para sacrifício.

“Então falou Deus a Noé dizendo: sai da arca, tu com tua mulher, e teus filhos e as mulheres de teus filhos. Todo o animal que está contigo, de toda a carne, de ave, e de gado, e de todo o réptil que se arrasta sobre a terra, traze fora contigo; e povoem abundantemente a terra e frutifiquem, e se multipliquem sobre a terra. Então saiu Noé, e seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus filhos com ele. Todo o animal, todo o réptil, e toda a ave, e tudo o que se move sobre a terra, conforme as suas famílias, saiu para fora da arca. E edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo o animal limpo e de toda a ave limpa, e ofereceu holocausto sobre o altar” (Gênesis 8:15-20).

Como vemos, Noé tomou alguns animais e aves limpos, puros, e os ofereceu em holocausto sobre o altar ao Senhor. Se não houvesse sete casais destes animais, hoje nós não os conheceríamos.

“Toda a ave limpa comereis. Porém estas são as que não comereis: a águia, e o quebrantosso, e o xofrango, e o abutre, e o falcão, e o milhafre, segundo a sua espécie. E todo o corvo, segundo a sua espécie. E o avestruz, e o mocho, e a gaivota, e o gavião, segundo a sua espécie. E o bufo, e a coruja, e a gralha, e o cisne, e o pelicano, e o corvo marinho, e a cegonha, e a garça, segundo a sua espécie, e a poupa, e o morcego” (Deuteronômio 14:11-18)

Conclusão

Este Refrigério Teológico não apenas nos traz um esclarecimento curioso, mas também nos mostra algo infeliz em nosso meio e que estou tentando desconstruir através do Teologia24horas, o fato de conhecermos apenas pelo ouvir, temos que nos manter vigilantes quanto a isso e crer sempre na Palavra de Deus.

Dessa forma, concluímos que na arca de Noé tivemos a entrada de 1 par de cada espécie de animais chamados de “imundos” e também 7 pares de cada espécie de animais chamados “limpos”.

Concluímos também que a primeira parte da ordem de Deus (dada em Gênesis 6) é mais resumida e geral com relação aos animais, porém, depois, mais próximo do momento do dilúvio, a ordem se torna mais detalhada.

Toda essa matemática nos ajuda a entender como Deus cuidou de cada detalhe, como ele de fato cuida de tudo, gerencia tudo, organiza tudo para nos abençoar!

Façamos como os judeus de Bereia e examinemos as escrituras: “E logo os irmãos enviaram de noite Paulo e Silas a Bereia; e eles, chegando lá, foram à sinagoga dos judeus. Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim. De sorte que creram muitos deles, e também mulheres gregas da classe nobre, e não poucos homens” (Atos 17:10-12).

Espero que esse Refrigério Teológico, possa beneficiar no seu crescimento espiritual, faça suas considerações/comentários logo abaixo, compartilhe, discuta com o seu cônjuge, seus filhos, seus irmãos e amigos…

Não sei se você é uma dessas pessoas que têm dificuldades de entender a Bíblia. Eu já fui e sofri muito!

Mas não me dei por vencido, não me deixei ser derrotado pelas circunstâncias e muito menos pelas adversidades.

E você, como anda sua leitura da Bíblia? Seu entendimento? Você tem se dedicado a aprender mais da Palavra de Deus?

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Seu irmão em Cristo, Pr. Francisco Miranda do Teologia24horas, um jeito inteligente de ensinar e aprender!